Boletim do dia 04 de Janeiro
Filhos e filhas,
Um feliz e abençoado Ano Novo. Espero que todos tenham passado muito bem, na companhia da família, amigos e pessoas amadas. Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, onde podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom.
Começo o ano propondo a busca, o caminho da paz. Essa paz tão necessária no mundo, nos relacionamentos e internamente também, porque se estamos bem, se estamos equilibrados em Deus, podemos receber um desaforo sem reagir; podemos ser provocados, mas não levar a provocação adiante. É essa paz que nós temos que cultivar.
Se encontrarmos essa paz em Cristo, ao invés de sermos motivo de discórdia, seremos instrumentos da paz. Semeadores da concórdia, semeadores de um jeito diferente de viver. Para isso, primeiro temos que acreditar na paz, acreditar e saber de onde ela vem. E, ela vem de Deus, por Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai senão por Ele (cf. Jo 14,6).
Jesus se diz o caminho. Ele é a porta estreita, como diz em outro momento, a porta difícil de atravessar. Porém, para passar por Jesus é necessário entender sua proposta. O caminho que significa seguir os seus passos, e assumir as consequências do discipulado. O caminho que significa resignação, esvaziamento, obediência a Deus.
Precisamos ter confiança de que Ele nos auxilia. Precisamos confiar em Jesus, confiar no seu amor, confiar no seu ato redentor e salvífico. Podemos até achar que o mundo está perdido, que a humanidade está perdida, mas não está. Jesus já pagou um alto preço pela humanidade, um preço de sangue derramado na cruz. A humanidade não está caminhando para o caos, porque Ele já conseguiu a vitória.
O Reino já está no meio de nós. Embora, às vezes, não seja fácil enxergá-lo no meio de tantos valores contrários. O Reino de Deus está entre nós como uma semente lançada no coração de cada pessoa. A semente da Palavra já foi lançada na humanidade e em cada um, basta deixar a água que jorra do peito aberto de Cristo ser a primeira chuva para que esta semente germine.
É a água que brota do coração de Jesus, a água límpida, cristalina, repleta de minerais, de graças, de bênçãos, que fará brotar. É a confiança que fará brotar em nós a esperança, que fará brotar em nós os valores do Reino. Se deixarmos a semente do mal permanecer em nós e alimentarmos o vício do pecado, ele produzirá a morte.
Se, confiarmos em Jesus e permitirmos que a água que brota do seu coração venha a nós, o fruto da graça germinará. A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!
Um abençoado ano de paz a todos!
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 18 de Janeiro
Filhos e filhas,
Celebrar São Sebastião nos dias de hoje, quando só temos notícias de crise e intolerância mundo afora, significa que devemos aprender com o santo e superar as dificuldades, nunca desanimar, sempre levantar e continuar o trabalho.
São Sebastião nasceu na França e logo foi com os pais para Milão, na Itália. Nas terras italianas, cresceu na fé cristã e ficou famoso como valente soldado e depois capitão da guarda do imperador Romano. Os cristãos eram perseguidos na época e muitos foram presos e martirizados, porém São Sebastião conseguiu ajudar muitos irmãos presos por seguirem o Cristo, dando alimento e animando-os a perseverarem na fé em Deus.
Sebastião foi denunciado por um soldado e o imperador Diocleciano sentiu-se traído e tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo. Mas Sebastião, com firmeza, se defendeu, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã e a socorrer os aflitos e perseguidos.
O imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, amarraram-no a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.
Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas. Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.
Diocleciano ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma. Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas. Assim aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica construída nas catacumbas pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.
São Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida e fidelidade mesmo diante das contrariedades e perseguições. Que ele interceda junto a Jesus para que sejamos cada vez mais autênticos em nossa fé.
E conforme falei no programa de rádio, inspirado na partilha dos ouvintes/telespectadores, envio abaixo as orações para ter uma boa noite de sono. Acharam que eu tinha esquecido, né? Não esqueci não! Que São José dormindo vele nosso sono e nos livre da insônia. Amém.
São José, velai meu sono
São José, guarda providente da Sagrada Família, vigiai o meu sono,
afastai de mim a insônia, os pesadelos e todo mal.
Assim como fizeste com Jesus, velai meu sono, São José.
Não desprezeis as minhas súplicas, mas acolhei-as piedosamente.
Confortai todos aflitos e angustiados,
que a ansiedade não os prive de uma boa noite de sono.
São José, velai meu sono
Amém
Oração antes de dormir
Agora que o clarão da luz se apaga, / a vós nós imploramos, Criador:
com vossa paternal misericórdia, / guardai-nos sob a luz do vosso amor.
Os nossos corações sonhem convosco: / no sono, possam eles vos sentir.
Cantemos novamente a vossa glória / ao brilho da manhã que vai surgir.
Saúde concedei-nos nesta vida, / as nossas energias renovai;
da noite a pavorosa escuridão/ com vossa claridade iluminai.
Ó Pai, prestai ouvido às nossas preces, / ouvi-nos por Jesus, nosso Senhor,
que reina para sempre em vossa glória, / convosco e o Espírito de Amor.
Ficai conosco
Ficai conosco, Senhor, nesta noite, e vossa mão nos levante amanhã cedo, para que celebremos com alegria a ressurreição de vosso Cristo. Que vive e reina para sempre.
O Senhor todo-poderoso nos conceda uma noite tranquila e, no fim da vida, uma morte santa.
Amém.
Oração da Noite (Movimento de Schoenstatt)
Querido Deus, aqui estou, o dia terminou, quero orar, agradecer.
O meu amor eu Te ofereço. Te agradeço, meu Deus, por tudo o que Tu me deste.
Guarda-me a mim, ao meu irmão, ao meu pai e à minha mãe.
Muito obrigado, meu Deus, por tudo quanto me deste, dás e darás. Amém
Em teu Nome, Senhor, descansarei tranquilo.
Boletim do dia 01 de Fevereiro
Pai Nosso
Filhos e filhas,
A verdadeira oração é uma lembrança de Deus, um frequente despertar da “memória do coração” (CIC 2697). A oração é fruto da vida, é um filho que fala com seu Pai dos cansaços, das conquistas e frustrações, alegria e tristezas, êxitos e fracassos.
O elemento essencial para a oração é um coração humilde e contrito. A condição necessária para receber gratuitamente o dom da oração é colocar-se como disse Santo Agostinho, um “mendigo” de Deus.
Quando os discípulos pediram: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1), Jesus ensinou-lhes a oração do “Pai Nosso”. Dois Evangelistas fazem essa narração. Lucas, de forma mais breve, com apenas 5 petições (Lc 11, 1ss) e Mateus, de forma mais longa, com 7 petições (Mt 6, 9ss). Este último é a que usamos para a nossa oração.
O “Pai Nosso” é chamado oração dominical e oração do Senhor, porque não foi feita por mãos humanas, mas revelada pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. A primeira parte do “Pai Nosso” é na verdade um pôr-se na presença de Deus nosso Pai. A segunda parte são as petições em relação às nossas necessidades.
Ao ensinar os Apóstolos a rezarem, Jesus começa com “Pai”. Isso demostra que essa palavra já tinha sido elaborada, fazia parte do cotidiano e havia sido internalizada. Ele verbaliza aquilo que a sua filiação sentia.
Segundo São Tertuliano, o “Pai Nosso” é, na verdade, o resumo de todo o Evangelho. Nele, Jesus revela a sua relação com o Pai. Na estrutura, nas petições dessa oração, Jesus coloca a ordem e os valores das coisas que devemos pedir. São Mateus, propositalmente, dispõe o “Pai Nosso” em seguida as bem-aventuranças. É como se fosse uma necessidade rezarmos essa oração para sermos bem-aventurados.
Chamar Deus de Pai é uma ousadia filial e Ele quer que sejamos ousados, porque o filho não tem medidas: ele pede, implora, chora, grita e esperneia, mas não desiste. Somos autorizados por Jesus a ter essa ousadia, pois não estamos nos relacionando com um Deus abstrato ou distante. Jesus estabelece uma relação íntima entre nós e o Pai.
O filho sempre puxa ao pai nas coisas boas e ruins. Chamamos Deus de Pai e Ele O é, mas será que nos parecemos com Ele? Isso também requer outra atitude: a de ter um coração humilde e confiante, um coração de criança, de filho, de quem se submete, quem aceita e obedece.
Quando Jesus diz: “Pai Nosso” e não “Pai meu”, Ele exclui uma fé individualista. Ele quebra toda e qualquer possibilidade de exclusão do outro no processo da salvação. Ao rezarmos “Pai Nosso”, entramos em profunda comunhão com todos os irmãos crentes ou não, com aqueles que já encontraram Deus e os que não O encontraram ainda. Incluímos os justos e pecadores.
Então, rezar o “Pai Nosso” é sair do individualismo. É compreender que o amor de Deus é sem fronteira e nossa oração também deve ser assim.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Deus abençoe
Boletim do dia 22 de Fevereiro
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas,
Já estamos na Quaresma, o Carnaval acabou. Termina a “festa da carne” para começar a festa da misericórdia. Termina a festa das fantasias e das aparências para começar a festa do perdão e da reconciliação. No início da Quaresma recebemos as Cinzas em sinal de que aceitamos e queremos fazer uma caminhada de purificação, de arrependimento e de conversão.
Ao recebermos a imposição das cinzas, lembramos da nossa condição humana, cheia de incoerências, fraquezas, infidelidade. O gesto da imposição das cinzas é um gesto externo, mas deve ser fruto de uma vontade interna de mudança e conversão. As cinzas são dos ramos bentos do ano anterior e cada um, ao recebê-las, deve ter em seu coração a vontade de se voltar para Deus e se deixar reconciliar com Ele.
É o próprio Deus quem nos dá essa oportunidade, esse presente e nos propicia essa reconciliação. Como diz São Paulo: “Em Nome de Cristo nós vos suplicamos deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20b). Esse é o sentido da Quaresma, nos permitir reconciliar com Deus através daquilo que nos diz a profecia de Joel, própria da liturgia da Quarta-feira de Cinzas: rasgando o coração (cf. Jl 2,13).
É muito forte! Não é abrir o coração, é rasgar o coração. É dizer: “Senhor eu não sou nada. Eu rasgo meu coração e me derramo na Vossa presença. Eu rasgo meu coração e tiro todas as resistências à minha conversão”.
Jamais devemos olhar a Quaresma como um fardo pesado, mas sim como escreveu São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, que no momento favorável Deus nos ouviu e no dia da salvação, Ele nos socorreu. É agora o momento, é agora o dia da salvação (2Cor 6,2).
Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.
Por isso, no início da Quaresma de 2023, os convido a fazer essa oração:
Senhor Jesus, conduze-me no bom uso do meu livre arbítrio.
Inspira-me, Senhor, a fazer a opção pelo bem.
Fortalece o meu caráter, Senhor,
Fortalece minha vontade,
E, se por acaso, em algum momento desse dia,
eu me sentir tentado a sair do Teu caminho,
Manda teus anjos e envolverem
para que eu jamais me desvie do bom caminho.
Faze, Senhor, que eu possa transbordar o amor que sinto por Ti.
Amém
Uma santa Quaresma a todos!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 01 de Março
Lembro que estamos na Quaresma, tempo favorável à conversão, tempo de preparação para a Páscoa do Senhor. Devemos exercitar a nossa espiritualidade neste tempo de reconciliação e viver com Cristo, sua Paixão, morte e ressurreição. Sugiro também, uma boa confissão.
São João Paulo II, em uma Carta à Penitenciaria Apostólica, diz que o Sacramento da Reconciliação, “pela diligente análise da consciência, não é só um instrumento destinado a destruir o pecado, mas também um precioso exercício da virtude da humildade e sinceridade. É uma escola insubstituível de espiritualidade, um trabalho altamente positivo e intenso de regeneração da alma” (cf. Alocuções e Carta Apostólica de João Paulo II à Penitenciaria Apostólica).
Outro exercício que proponho é a contemplação da Via Sacra, meditar e rezar acompanhando os passos de Jesus rumo ao calvário. E sobre isso, gostaria de partilhar algo que aconteceu comigo alguns dias atrás e sugerir como exercício.
Eu estava contemplando a Via Sacra, e fiquei pensando como cada “personagem”, vamos dizer assim, tem um olhar diferente para Jesus. O olhar do soldado que batia em Jesus era um olhar de quem estava cumprindo uma ordem e castigando um malfeitor. O olhar de Pilatos era o olhar político, de quem queria agradar a multidão, mas que devia fazer justiça, acabou lavando as mãos e corroborando a condenação.
Já o olhar de Simão Cireneu, era de solidariedade, de ajuda para chegar até o fim, mesmo que forçado. O olhar de Verônica era de quem estava ajudando, um pequeno consolo, dentro das próprias forças, para alguém desfigurado. Na Crucificação, o olhar de João era o olhar do discípulo ao Mestre que tanto amou e de quem tanto aprendeu. Já o olhar de Maria, ah esse era um olhar de mãe, com um coração ao mesmo tempo dilacerado pela dor, mas também esperançoso, não sabendo exatamente como, mas aquele não seria o final do seu Filho amado.
Então, na minha oração me perguntava, qual é o meu olhar para Jesus? Como eu olho o crucificado? O que ele suscita ao meu coração? Grandes místicos da Igreja tiveram experiências lindíssimas ao contemplar o Crucificado. São Pio de Pietrelcina ficava horas contemplando. E por isso, sugiro um exercício, diante do Crucificado contemple e se pergunte: "como eu olho para Jesus? Qual é o meu olhar para a Paixão de Cristo"? Não é necessária uma resposta escrita e bem formulada, mas sim um ensinamento para a alma.
Que Deus abençoe e conceda uma Santa e abençoada Quaresma.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 8 de Março
Filhos e filhas,
A oração é a arma mais poderosa de um cristão, pois nos aproxima de Deus. E somos convidados nesse tempo da Quaresma a exercitarmos ainda mais essa prática que nos torna íntimos de Deus: a oração pessoal e também comunitária.
A oração é uma mão de duas vias, nós falamos, nós calamos, Deus nos fala, nós ouvimos. Porém, na maioria das vezes, para nós a oração é “eu falo, eu desabafo, Deus escuta”. Só que Deus também quer falar e não deixamos. Não esperamos para ouvi-Lo.
Na oração deve haver um diálogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o Amado. Tomemos por exemplo um casal apaixonado, às vezes, não precisam falar muito com palavras, pois se falam com o olhar. O amor se expressa pelos olhos. É tão bonito o amor. Quem nunca amou na vida vai morrer sem ter conhecido um dos grandes milagres de Deus, porque o amor verdadeiro é sublime.
O amor entre a alma e o amado, Deus. É o que diz São João da Cruz, num poema:
“Oh! Feliz ventura
Sair, indo à procura do amor,
do meu Amado! ”
Nas Sagradas Escritura é só ler o Livro do Cântico dos Cânticos para entender o que é uma alma apaixonada por Deus.
Santa Tereza D’Avila nos ensina: “assim se espera na oração, ao meu ver é um comércio interior de amizade em que nós conversamos a sós com Deus, com esse Deus, que nós sabemos sermos amados, a oração busca do coração que é como o desejo de encontrar o amado”.
É isso que a oração faz. Não tem água morna para quem reza, não tem só “mais ou menos”. Se nós conseguíssemos um pouquinho, uma centelha desse amor, uma faísca desse amor do Espírito Santo em nosso coração, então nossa oração seria fervorosa, nós gostaríamos de estar mais na presença do amor que é Deus, porque nossa alma sente necessidade.
O vazio que muitos sentem que não tem bem material que preencha, nem joia, nem roupas de grife. Esse vazio só Deus preenche, esse vazio é o lugar de Deus. A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.
Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas. Nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.
Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
Quero ainda, parabenizar todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher! Que Deus as cubra com bênçãos e graças para que continuem trazendo a face feminina de Deus a esse mundo tão carente de cuidado e amor.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 15 de Março
Filhos e filhas,
A Quaresma já vai adiantada, domingo, dia 19 de março, já será o 4º Domingo da Quaresma e aproveito para exortar, não espere a Semana Santa para se confessar e se preparar adequadamente para a Páscoa do Senhor. Nas próximas semanas, vou aprofundar sobre a importância desse Sacramento.
Hoje, quero destacar uma festa muito importante para a Igreja e todos os fiéis, a Festa de São José, esposo da Virgem Maria, tradicionalmente celebrada no próximo dia 19. Esse ano, pela data cair em um domingo, a festa litúrgica desse grande santo e protetor da Igreja e da Obra Evangelizar, será antecipada para o sábado.
Eu particularmente tenho muita devoção a São José e cada vez mais aprendo com esse grande santo. São José é apresentado como um homem justo que observa a lei, um trabalhador, humilde e apaixonado por Maria, o homem dos sonhos e não sonhador.
Diante do incompreensível, São José prefere colocar-se de lado, mas depois Deus lhe revela a sua missão. E assim José abraça a sua tarefa, o seu papel, e acompanha o crescimento do Filho de Deus, sem julgar. Ele ajudou Jesus a crescer, a se desenvolver. Assim procurou um lugar para que o filho nascesse; cuidou dele; ajudou-o a crescer; ensinou-lhe a profissão e certamente muitas outras coisas.
Em todos lugares procuro ter uma imagem de São José dormindo, propago o que aprendi com o Papa Francisco: “Eu gostaria de dizer a vocês também uma coisa muito pessoal. Eu gosto muito de São José porque é um homem forte e de silêncio. No meu escritório, eu tenho uma imagem de São José dormindo, e dormindo, ele cuida da Igreja. Quando eu tenho um problema ou uma dificuldade, e o escrevo em um papelzinho e o coloco embaixo da imagem de São José, para que ele sonhe sobre isso. Isso significa: para que ele reze por este problema”.
São José, mesmo dormindo continua intercedendo por nós, pelas famílias e pela Igreja. O culto a São José começou no século IX e um dos primeiros títulos que utilizaram para honrá-lo foi “nutritor Domini”, que significa “guardião do Senhor”. Ele ainda é o padroeiro da Igreja Universal, da boa morte, das famílias, dos pais, das mulheres grávidas, dos viajantes, dos imigrantes, dos artesãos, dos engenheiros e trabalhadores. E também é padroeiro das Américas, Canadá, China, Croácia, México, Coréia, Áustria, Bélgica, Peru, Filipinas e Vietnã.
A devoção a São José é tão preciosa, que vários santos já fizeram declarações sobre este santo venerado por todos os outros santos como o grande teólogo São Tomás de Aquino também ensina:
“Alguns santos receberam o privilégio de nos proteger em casos especiais; a São José, porém, foi conferido o encargo de nos socorrer em todas as necessidades”.
Uma das maiores santas da história do cristianismo, Santa Teresa de Jesus (ou de Ávila), era profundamente devota a São José. Vem dela o seguinte e extraordinário testemunho:
“Tomei por meu advogado e patrono o glorioso São José e a ele me confiei com fervor. Este meu pai e protetor me ajudou na necessidade em que me achava e em muitas outras mais graves, em que estava em jogo a minha honra e a salvação da minha alma. Vi claramente que a sua ajuda me foi sempre maior do que eu pudesse esperar. Não me lembro de ter jamais lhe rogado uma graça sem a ter imediatamente obtido. E é coisa que maravilha recordar os grandes favores que o Senhor me fez e os perigos de alma e corpo de que me livrou por intercessão deste santo bendito. A outros santos parece que Deus concedeu socorrer-nos nesta ou naquela precisão, mas experimentei que a todas o glorioso São José estende o seu patrocínio. O Senhor quer assim nos mostrar que, tal como esteve sujeito a ele na terra, onde ele podia comandá-lo como pai adotivo, assim também no céu atende tudo o que ele pede. (…) Não conheci pessoa que lhe fosse verdadeiramente devota e lhe prestasse particular serviço sem fazer progressos na virtude. Ele ajuda muitíssimo quem a ele se recomenda. Há já vários anos que, no dia da sua festa, eu lhe peço alguma graça e sempre sou ouvida. Se o que peço não é tão reto, ele o ajeita para meu bem maior (…) Peço apenas, pelo amor de Deus, que quem não me crer faça a prova e verá por experiência quão benéfico é confiar-se a este glorioso Patriarca e lhe ser devoto”.
Inspirado por esses e tantos outros santos devotos, suplico: São José, rogai por nós!
Deus abençoe
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 29 de Março
Filhos e filhas,
Nós estamos em um tempo propício para a confissão, um dos Sacramentos de cura. Não estou falando de uma confissão direta com Deus, porque esse tipo de confissão, para nós católicos, é insuficiente. Estou falando da confissão sacramental que passa pelos ouvidos do padre, o Sacramento da Penitência e da Reconciliação.
Mas quem inventou a confissão? Está no Evangelho segundo João: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 21, 21-23). Ou seja, o próprio Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Confissão.
Jesus Cristo, o médico dos médicos, curou e perdoou os pecados e quis que Igreja continuasse, pela força do Espírito Santo, a sua obra da cura e salvação. E como podemos realizar isso? Através da confissão!
Para explicar os benefícios deste Sacramento usarei as palavras do Papa Pio XII: “A confissão não só perdoa os pecados, mas dá força para evitá-los”. Ainda segundo Pio XII, são seis os resultados da confissão: autoconhecimento, humildade, pureza de coração, força de vontade, direção espiritual e aumento da graça.
De confissão em confissão crescemos na graça de Deus, e para bem confessarmos, a contrição, o verdadeiro arrependimento vem em primeiro lugar. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a contrição consiste “numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (CIC 1451). Quando uma pessoa está realmente arrependida ela se torna maleável, fácil de ser esculpida como uma pedra sabão.
Outro ponto importante: a confissão precisa ser de forma clara e concisa para que seu confessor entenda imediatamente. Pedir perdão em pensamento não basta, se faz necessária a confissão dos pecados. Se o padre te conhece e o seu pecado te trouxer constrangimentos, procure outro sacerdote, mas não deixe de confessar. Lembrando que a confissão é o exercício da humildade.
De qualquer forma, se um pároco contar algo escutado no ato da confissão ou agir pelo que ouviu pode ser excomungado. Uma vez, antes da missa, uma pessoa me confessou algo relativo com o tema da homília daquele dia, que já estava preparada. Eu não podia mais fazer aquele sermão, porque eu podia deixar entender ao penitente que estava levando ao público o seu pecado. Tive que mudar.
Um dos princípios para uma boa confissão é não querer continuar no pecado. Mas por que pecamos? Porque temos o livre arbítrio. A liberdade de dizer o que queremos e de fazer o que queremos nos permite realizar atos contrários ao Criador.
Segundo São João, há pecados que levam a morte (1João 5,16), mas para isso existe uma combinação de fatores a se considerar: é preciso que a pessoa tenha pleno conhecimento de que aquilo que está fazendo é pecado. Outro exemplo é quando há consentimento, ou seja, a pessoa tem tempo de refletir, escolher e mesmo assim comete aquela infração.
Outro fato é ter liberdade plena, sem condicionamentos, nem frustrações e mesmo assim pecar.
Disto resultou a opinião de Santo Agostinho que disse que é muito difícil cometer pecado mortal, mas não é impossível. Quem morre em pecado grave sem arrependimento, tem a morte eterna.
É tempo de confissão, é tempo de conversão.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 10 de Maio
Filhos e filhas,
Estamos há poucos dias de celebrar o Dias das Mães e aproveito a data para escrever sobre Maria, a Mãe de todas as mães, exemplo de fé e amor para todos os seus filhos.
Concebida sem pecado, Maria é a serva fiel que se entregou totalmente a Deus e, aceitando ao convite da graça com seu “sim”, se torna um modelo de quem faz a vontade do Pai e imagem da comunidade comprometida com o plano da salvação.
Do Antigo ao Novo Testamento, muitos são os personagens exaltados, mas a nenhum outro foi reservado um papel tão especial na obra de salvação como foi o papel de Maria. Seu ventre foi o terreno fértil, no qual Deus, pelo Espírito Santo, fecundou o verbo. Jesus, Nosso Senhor e Salvador. No seio de Maria, Deus se fez uma criança e veio habitar entre nós.
O Magistério da Santa Igreja, no Concílio Vaticano II, inspirado em São Tomaz de Aquino, apontou a Maria Santíssima como modelo de virtudes. A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si (CIC 1803).
Na Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição sem mancha que lhe é própria (cf. Ef. 5,27), os fiéis ainda têm de trabalhar para vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos (cf. Lumen Gentium, 65).
Maria foi a serva humilde que nunca atraiu para si mesma a atenção. Encontramos, na Bíblia, pouquíssimas palavras pronunciadas por Maria. Porém, ela foi preparada desde sempre para ser a Mãe do Filho de Deus, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“Ao longo de toda a Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão de santas mulheres. No princípio está Eva: a despeito de sua desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que será vitoriosa sobre o Maligno e a de ser a mãe de todos os viventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filho, apesar de sua idade avançada. Contra toda expectativa humana, Deus escolheu quem era tido como impotente e fraco para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de Samuel, Débora, Rute, Judite e Ester, e muitas outras mulheres. Maria se sobressai entre (esses) humildes e pobres do Senhor, que dele esperam e recebem com confiança a Salvação. Com ela, Filha de Sião por excelência, depois de uma demorada espera da promessa, completam-se os tempos e se instaura a nova economia”. (CIC 489)
Maria continuou com sua missão junto aos apóstolos: “Ao final desta missão do Espírito, Maria torna-se a ‘Mulher’, nova Eva, ‘mãe dos viventes’, Mãe do ‘Cristo total’. É nesta qualidade que ela está presente com os Doze, ‘com um só coração, assíduos à oração’ (At 1,14), na aurora dos ‘últimos tempos’ que o Espírito vai inaugurar na manhã de Pentecostes, com a manifestação da Igreja”. (CIC 726)
Ela é a Mãe da Igreja, a mãe que intercede por nós junto a Jesus. Como nas Bodas de Caná, ela continua a ver nossas necessidades e leva-las ao Filho, ao mesmo tempo continua sempre a nos dizer: “Façam tudo o que meu Filho vos disser”. (cf. Jo 2,5)
Termino citando São Francisco de Sales: “Não existe devoção a Deus sem amor à Santíssima Virgem”.
Que Deus abençoe e fortaleça todas as mães.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 17 de Maio
Filhos e filhas,
Quem verdadeiramente ama, reza. Quem verdadeiramente reza, ama. Somos chamados a ser tocados pelo Senhor através de uma vida de oração, para que o amor Dele se manifeste em nós. Todos os dias somos chamados a estar na presença de Deus em oração. Mas para nos colocarmos diante Dele é preciso, primeiramente, silenciar o nosso interior, para então fazer uma oração. Mas o que rezar?
Rezar a Palavra de Deus, rezar a vida, pedir mais graças santificantes que temporais. É importante que em cada oração o coração esteja junto, aquilo que rezamos precisa ser nossa vida. Uma alma sem oração é como carro sem gasolina, ou seja, não funciona. O combustível mais seguro para que Deus nos mantenha no caminho do bem é a oração, a fé e o amor.
Ninguém experimenta o amor de Deus se não viver na Sua presença. Quem não leva a sério sua vida com Deus, se perde. Não importa se consagrado, religioso, sacerdote ou leigo, se perde. Portanto, devemos sempre olhar para a bússola de Deus, a fim de sabermos para onde estamos indo. Todo problema espiritual que tivermos, devemos prestar a devida atenção, pois está em risco a nossa salvação.
Uma das formas de cuidar da nossa vida espiritual é através dos Sacramentos, principalmente a Confissão. Eu não consigo entender alguém que diz ser da Igreja Católica e não tem uma vida de confissão.
Temos que purificar a nossa fé, não podemos ficar com o coração dividido. Ou somos inteiros de Deus ou não somos nada. Deus não tenta ninguém, mas Ele permite que sejamos tentados. Ele é forte e poderoso, mas o inimigo existe e quer semear em nosso coração a dúvida e a confusão.
Nossa alma tem fome de Deus e precisa ser alimentada em Deus, através do Sacramento da Eucaristia, ela é o alimento eterno. Temos necessidade de comungar. Ao receber Jesus, na verdade, é Ele que nos envolve com seu amor.
Devemos dar mais valor a Eucaristia, é preciso, após cada comunhão, adorar Cristo Vivo dentro de nós, isso nos cura. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus, e se em algum momento da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos diante Dele e recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti.
Boletim do dia 24 de Maio
Filhos e filhas,
Estamos em uma semana especial, no próximo domingo celebramos Pentecostes, a efusão do Espírito Santo. Somos convidados a vivenciar um verdadeiro cenáculo, onde Maria estará conosco, como esteve com os onze apóstolos (cf. At 1, 12-14), pedindo para que Deus derrame sobre nós o seu Santo Espírito e assim sejamos transformados e revigorados no seu amor.
O Pentecostes foi um derramamento de uma unção, de um Espírito Santo que vem sobre nós, sobre a Igreja, e a sustenta alicerçada em Jesus. O fogo do Espírito Santo incendiou o coração dos Apóstolos fazendo com que eles tivessem uma transformação.
Ao sair do Cenáculo, Pedro não era o mesmo de quando entrou. Assim como também João não era mais o mesmo quando entrou com Maria. Eles sentiram aquela força que veio do alto para capacitá-los, para realmente fazer com que eles fossem para o mundo.
Ao celebrarmos esta festa, devemos realmente viver um novo Pentecostes. Cada vez mais, nós católicos batizados, que participamos da Igreja em diversas funções, como leitores, cantores, entre outros, não sejamos meros “papa hóstias”. Não sejamos meros cristãos que participam da Igreja, mas vem e voltam da mesma maneira.
Nada toca o coração. Com nossas almas geladas, tanto faz como tanto fez porque falta pentecostes, falta unção. Não deixamos o fogo do Espírito queimar a alma. Não cedemos a Deus e Ele não consegue trabalhar em nós. Temos o título de cristão, mas não temos unção de cristão.
Comungamos Jesus, mas não fazemos comunhão com Ele. Rezamos da boca para fora e vivemos numa hipocrisia, porque não deixamos que o Espírito Santo faça o que fez com os apóstolos. Deveríamos permitir e pedir que o Espírito Santo viesse sobre nós e queimasse o que é fútil, pueril, o que é máscara, o que é alma gelada e coração duro.
Estamos com as portas do coração fechadas e, às vezes, queremos também fechar as portas da própria Igreja, quando com tanto empenho nosso Papa e bispos nos colocam a necessidade de uma nova evangelização.
Precisamos nos fazer e fazer discípulos de Jesus. Se não estamos conseguindo, alguma coisa está errada. Se não estamos conseguindo ajudar a construir um mundo melhor e a ser luz é porque não temos a luz.
E por fim, gostaria de ressaltar que Pentecostes é a festa da união, da compreensão e da comunhão humana. Por isso nesta semana somos convidados a rezar pela unidade dos cristãos, para que todos nós, que acreditamos em Jesus Cristo, possamos nos ater naquilo que nos une, pois “Acaso Cristo está dividido?” (cf. 1Cor 1,13). Não somos de Paulo, nem de Apolo, somos todos de Jesus Cristo.
Para que permaneçamos unidos em Cristo, rezemos pedindo o Espírito Santo:
"Divino Espírito Santo,
Derrama sobre mim, neste dia, os teus dons.
Peço os dons da Sabedoria, do Entendimento,
da Ciência, do Conselho, da Fortaleza,
da Piedade e do Temor de Deus.
Divino Espírito Santo,
Há tantas coisas que não compreendo.
Há tantas respostas que não tenho.
Há tantas decisões a serem tomadas.
Divino espírito Santo, amor do Pai e do Filho,
Inspira-me sempre o que devo pensar,
o que devo dizer e como devo dizer.
O que devo calar, o que devo escrever, como devo agir.
Inspira-me o que devo fazer para obter a tua glória
e a minha própria santificação.
Amém."
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 07 de Junho
Filhos e filhas,
“Tomai e comei, isto é o Meu corpo. Tomai e bebei, todos vós, isto é o Meu sangue. O sangue da aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26, 26-27)
Em nenhum versículo da Sagrada Escritura, a Eucaristia é apresentada como um mero “símbolo” do corpo de Cristo. Na verdade, nela está presente o próprio Cristo: corpo, sangue, alma e divindade. Essa é a verdadeira doutrina sobre a Eucaristia ensinada por Cristo e pelos apóstolos, até porque se a Eucaristia fosse apenas um “símbolo”, uma “lembrança”, ela não poderia se constituir num alimento para a vida eterna.
A Eucaristia sempre foi considerada o “Sacramento da Igreja”, estando, portanto, no centro da vida paroquial e da comunidade que dela participa. Não se edifica uma comunidade se esta não tiver sua raiz e seu centro na Eucaristia, lembra o Concílio Vaticano II (Presbyterorum Ordinis 6).
Nosso Senhor Jesus instituiu a Eucaristia na noite em que foi entregue aos soldados romanos, enquanto ceava com os apóstolos. Inaugurou o rito eucarístico, oferecendo aos apóstolos o sacramento do pão e do vinho, Seu próprio corpo e sangue em comida e bebida, e mandando que fizessem o mesmo em Sua memória. Portanto, delegou o poder de realização deste sacramento até o Seu retorno.
São João Paulo II assim falou sobre a Eucaristia: “Debaixo das aparências do pão e do vinho consagrados, permanece conosco o mesmo Jesus dos Evangelhos, que os discípulos encontraram e seguiram, viram crucificado e ressuscitado, cujas chagas Tomé tocou, prostrando-se em adoração e exclamando: ‘Meu Senhor e meu Deus’”.
Deus tem colocado em meu coração uma necessidade de valorizarmos mais ainda a Jesus Sacramentado. Nós, católicos, temos o privilégio de podermos adorar a Jesus. Mas tenho ressaltado que esse privilégio é também responsabilidade nossa de mostrar o real valor da Eucaristia.
Olhar para Jesus no Sacramento do Altar é ter a consciência de que somos amados por Deus e reconhecer os sinais desse amor presentes nos acontecimentos da nossa vida, em todos os pontos e vírgulas da nossa história.
Fazer uma experiência da presença real de Jesus é também amá-Lo e verificar se nosso coração está inteiro n’Ele ou dividido. É descobrir onde deixamos cada pedaço do nosso coração e pedir que o Espírito Santo revele qual parte dele não pertence ao Senhor.
É deixarmo-nos forjar no fogo do Espírito Santo, para que os pedaços do nosso coração sejam fundidos como uma única peça, uma única joia, a qual não mais se separe em pedaços e pertença inteiramente ao Senhor, um coração adorador.
Para que possamos ter mais amor a Eucaristia, convido a rezar comigo esta pequena ladainha a Jesus Eucarístico:
Eu creio Senhor e professo a Vossa presença real na Eucaristia.
Mas já peço: aumentai a minha fé.
Coração Eucarístico de Jesus, em Vós confiamos.
Cura de nossas enfermidades, em Vós confiamos.
Libertador de nossos males, em Vós confiamos.
Remédio eterno, em Vós confiamos.
Alimento salutar, em Vós confiamos.
Força dos fracos, em Vós confiamos.
Alívio dos pecadores, em Vós confiamos.
Socorro dos enfermos, em Vós confiamos.
Jesus Eucarístico, eu creio e professo a Vossa presença na Eucaristia e por isso Senhor espero confiante a Vossa ação em minha vida.
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 14 de Junho
Filhos e filhas
Nessa semana, celebramos um santo muito popular, Santo Antônio (13/06) que junto com São João (24/06) e São Pedro (29/06) formam os santos juninos, responsáveis por grandes festejos no país inteiro. Eles são exemplos de vida e devemos venerá-los com piedade e amor, mas ainda recebo muitos questionamentos de como eles intercedem por nós. Por isso, aproveito esta mensagem para elucidar um pouco sobre o assunto da intercessão.
Sabemos que o único intercessor entre Jesus e Deus, é o próprio Jesus Cristo. Mas até chegar a Jesus, os santos são intercessores. Nossa Senhora é a advogada, mas o único a interceder perante Deus é Jesus. Outras religiões falam que estamos errados, porque na Bíblia está escrito que o único intercessor é Jesus Cristo, isto é verdade. Mas, muitos se esquecem, que primeiro temos que chegar até Jesus. É nesta chegada até Jesus, que está a Mãe e os santos como intercessores.
Querem um exemplo da intercessão de Maria? “ Bodas de Cana”, quando se dirige a Jesus e diz: “Filho, eles não têm mais vinho”. Mesmo dizendo que sua hora não havia chegado, bastou sua Mãe pedir para Jesus atender. O poder de intercessão de Nossa Senhora a Jesus é tão grande que doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, aquela que tem, por meio da súplica a seu Filho, o poder onipotente! E, ainda a "Medianeira junto a Cristo mediador". Assim, Cristo é o único mediador entre Deus e os homens; e Nossa Senhora uma medianeira junto a Cristo.
Nós católicos rezamos todo domingo, na missa a oração do Creio e lá rezamos que nós acreditamos na comunhão dos santos, por isso os santos também intercedem a Jesus, quando suplicamos a eles.
Além da intercessão dos santos, nós também podemos ser intercessores, ao fazer a oração de intercessão, segundo o próprio Catecismo da Igreja Católica (cf. § 2634-36). Porém, para ser um intercessor, como costumo pedir ajuda nas orações públicas que faço, este, precisa ter amizade com Deus. Porque a prece do injusto não chega ao Pai. Não pode se tornar um intercessor na vida em espírito, ou em um grupo de oração de uma paróquia, quem não acredita naquilo e por aquilo que reza.
O intercessor deve sempre pedir a Deus que o afaste de tudo aquilo que lhe cause dúvida na fé. Deve ter uma vida consagrada. A maior parte das pessoas, falha na intercessão por não ter disciplina. Deve confessar regularmente e ter uma vida sacramental.
Vejam, quem se coloca entre Deus e alguém, tem que estar forte. Para estar forte tem que ter confessado e comungado. Dois exercícios espirituais: Jejum e caridade são as armas poderosas de um intercessor.
Quem se sentir chamado a interceder deve procurar na sua Igreja, em grupos de oração, na Renovação Carismática Católica, em ministérios e nas secretarias, pois existem escolas de formação para intercessor.
Por fim lembro que a intercessão é algo que nunca deve falhar, tanto que a melhor definição de Intercessão que eu já ouvi na vida é esta: “Intercessão é carregar o outro, de joelhos dobrados”.
Espero ter ajudado e que Nossa Senhora, Santo Antônio, São João, São Pedro e todos os santos, intercedam por nós junto a Jesus. Amém.
Deus abençoe
Padre Reginaldo Manzotti
Mensagem do dia 28 de Junho
Às vezes, nossos pedidos não são atendidos pela matéria da nossa prece, ou seja, porque não sabemos pedir. Mas São Paulo nos garante: “O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus”. (Rm 8, 26-27).
Deus somente nos atende quando aquilo que pedimos é realmente o que necessitamos. Muitas vezes, nós, em nossa fragilidade e pequena concepção das coisas, pedimos aquilo que seria mais fácil, ou que resolveria nossa situação no momento. Deus vai além. Deus enxerga corretamente aquilo que precisamos, e sempre nos atende naquilo que realmente necessitamos.
Com toda a certeza, Deus somente dá o que é melhor para nós. Temos que distinguir numa prece o que é nossa vontade, o que é capricho, e o que nos é realmente necessário. Deus não deixa nos faltar o necessário.
A fé ilumina a razão e entre elas não deve haver oposições. Segundo São Tomás de Aquino, a razão e a fé se realizam juntas. Mesmo reconhecendo a autonomia da razão, afirma que ela sozinha é incapaz de penetrar nos mistérios de Deus, apesar de ser Deus a sua finalidade. Para ele a razão presta um precioso serviço à fé. Ela é serva da fé (Suma Teológica II-II).
O São João Paulo II inicia a encíclica Fé e Razão (Fidelis et Ratio) afirmando: “A Fé e a Razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” (João Paulo II. Fidelis et Ratio. p.5). Devemos sempre buscar o equilíbrio entre a fé e a razão.
O mesmo se dá em relação à ciência. A fé precisa da ciência para não se tornar doentia. Já a ciência precisa da fé para não se tornar devastadora, e colocar suas descobertas a serviço do mal. A fé e a ciência têm um objetivo comum: a verdade. Elas não se contrapõem na afirmação: milagre é uma intervenção direta de Deus, e serve para nos edificar na fé.
Então, filhos e filhas todos os testemunhos de curas e milagres só irão realmente edificar a nossa alma, se tivermos fé.
Finalizo citando a Carta aos Hebreus: “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se chegar a Ele é necessário que se creia primeiro que Ele existe e que recompensa os que O procuram” (Hb 11, 6).
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 05 de Julho
Iniciamos o mês de julho, mês muito celebrativo para a Obra Evangelizar é Preciso, pois no dia 16 comemoramos nossa Madrinha, Nossa Senhora do Carmo. Sobre ela, falarei oportunamente, apenas quero ressaltar a importância de sempre termos Maria como nossa Mãe e intercessora nesse mundo.
Como rezamos na oração da Salve Rainha: “A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Às vezes esse nosso mundo parece um vale de lágrimas e ainda assim, Jesus nos pede que caminhemos de forma transparente, com a ajuda de Nossa Senhora, devemos agir de tal forma que nossas ações não deponham contra nós, que a nossa forma de agir seja de acordo com a luz.
Nós vivemos em sociedade, estamos sob uma lei, sob uma constituição. Estamos sob o peso de uma justiça humana, mas nós nunca devemos esquecer que não somos deste mundo, a nossa pátria final é junto de Deus, então nossa alma anseia por esta volta a Deus.
Estamos no mundo, mas não somos do mundo, por isso Jesus intercede ao Pai: “Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do Maligno” (Jo 17,15). Veja o que diz Nosso Senhor: “Pai proteja meus discípulos, proteja o meu rebanho do Maligno. Proteja de tudo aquilo que é força do mal e para que eles recebam esta graça diz ao final “eu me ofereço em favor deles” (cf. Jo 17,12-19).
Gente, que coisa linda! Que gesto de amor! “Eu me ofereço Pai, eu me consagro por eles. Guarde-os do Maligno”. Lembro que quando escrevi o livro Batalha Espiritual, enviei para correção teológica, e toda vez que iniciei a palavra maligno, inimigo, satanás, com letra minúscula, o censor de tal livro, Frei Clodovis Boff, que é uma pessoa de um conhecimento incrível, é maravilhoso, ele me devolveu circulado com o início em maiúsculo. Por que estou citando isto? Porque o mal existe e não podemos subestimá-lo. Porque a tentação não vem de Deus, como disse São Tiago: “Quando tentado, que ninguém diga: “Deus está me tentando”. Porque Deus não é tentado a fazer o mal nem tenta a ninguém”. (Tg 1,13)
Deus permite as tribulações, não como um castigo para punir, para nos fazer sofrer, mas para nos corrigir. Como um Pai que nos ama e nos aceita como filhos, Deus nos corrige (cf. Hb 12,6-8). Muitos quando passam por tribulações acabam desistindo de tudo ou veem na tribulação uma ausência de Deus, e não é verdade. A tribulação, principalmente, é sinal de que estamos no caminho.
As provações nos tiram do mundo e, de alguma forma, nos elevam para Deus, porque nas provações produzimos frutos de uma fé transformada, amadurecida, purificada. Produzimos frutos de esperança e perseverança. Aprendemos a esperar em Deus, não cruzar os braços e esperar que Deus faça tudo, mas um esperar ativo, uma presença ativa em Deus. A provação aumenta nossa confiança em Deus e o quanto somos necessitados do Seu amor. Deus nos dá forças para lutar e nos livra do mal.
Como escreveu Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, em seu livro Jesus de Nazaré, citando São Cipriano: “Quando dizemos ‘livrai-nos do mal’, então nada mais resta para pedir. Quando nós alcançamos a proteção pedida contra o mal, então estamos seguros e protegidos contra tudo o que o demônio e o mundo possam realizar. Que medo poderia vir do mundo para aqueles cujo protetor no mundo é Deus? Esta certeza deu suporte aos mártires e permitiu-lhes estarem alegres e confiantes num mundo cheio de ameaças e eles mesmos ‘salvos’ no mais profundo de si, libertados para a verdadeira liberdade”.
Quando nos colocamos na presença de Deus, vencemos e mantemos viva a esperança de um dia saciar Nele a nossa alma, definitivamente!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Mensagem do dia 12 de Julho
Filhos e filhas
No próximo domingo celebramos a Festa da madrinha da Obra Evangelizar, Nossa Senhora do Carmo. Comentar sobre essa devoção mariana em particular, é como descrever a relação com minha mãe biológica. Sempre terei a sensação de ter deixado para trás algum aspecto importante devido a tantos momentos de conforto, consolação e graças que dela tenho recebido.
Nesta devoção, lanço-me sem medo e a ela recorro diariamente nas três Ave-marias diárias e no uso ininterrupto do Santo Escapulário. No dia de minha ordenação, a Nossa Senhora do Carmo, consagrei minha vida sacerdotal.
Posteriormente, quando mais necessitei, numa gravíssima doença de minha irmã, a Nossa Senhora do Carmo clamei em prantos e a ela atribuo a graça da cura recebida de Deus. Em meu sacerdócio, inúmeras vezes, ao ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermo, fiz a imposição do escapulário e sou testemunha de verdadeiras graças.
Por tudo isso, quando Deus suscitou no meu coração a Obra Evangelizar é Preciso, não poderia ser diferente, Nossa Senhora do Carmo é nossa madrinha, sempre com seu manto estendido para receber todas as necessidades da Obra, com os associados, os pedidos e súplicas para levá-los a Deus.
A história de Nossa Senhora do Carmo é antiga e remonta aos tempos dos cruzados. Por volta de 1155, muitos deles, fatigados pelas batalhas empreendidas para conquistar a Terra Santa, fixaram-se no chamado Monte Carmelo, montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo. Desejosos de uma vida autenticamente cristã, ali se estabeleceram e fundaram uma capela dedicada à Virgem Maria, razão pela qual ficaram conhecidos como Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Posteriormente, em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação oficial da Igreja à Ordem fundada pelos monges carmelitas. Em 1235, os mouros voltaram à Terra Santa e promoveram brutal perseguição contra os cristãos. Para sobreviver, os monges separaram- se em dois grupos, cabendo a um deles a missão de defender o mosteiro, mas acabaram mortos e sua morada foi incendiada. O outro grupo dispersou-se em três regiões distintas: Sicília, na Itália; Creta, na Grécia; e Aylesford, na Inglaterra. Nesta última localidade, em 1238, chegaram a fundar um mosteiro, porém não foram aceitos pelas autoridades eclesiásticas locais e enfrentaram a ameaça de extinção.
Em 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, durante oração feita a Nossa Senhora pelo superior da Ordem, São Simão Stock, pedindo um sinal de sua proteção que fosse visível aos inimigos, o Escapulário da Virgem do Carmo foi entregue por Nossa Senhora com a seguinte promessa: “Recebe, meu filho muito amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.
Após essa aparição, a perseguição deixou de ocorrer e a Ordem tornou-se conhecida em toda a Europa, atraindo muitos adeptos. O Escapulário, por sua vez, foi incorporado aos objetos de uso corrente dos cristãos, como sinal da manifestação do Amor da Virgem Maria e símbolo de vida cristã dedicada a Deus.
Jesus, em seus últimos momentos de vida, nos dá aquilo que é mais precioso e nos deixa como testamento de amor: “Eis aí tua mãe”. Ser devoto de Maria é tomar posse do presente de Jesus. Nos “agarrarmos” a ela, nos mantêm fiéis a Seu Filho Jesus, de modo particular sob o título de Nossa Senhora do Carmo que traz o Santo Escapulário.
Acredito fielmente que em Nossa Senhora do Carmo aplica-se o que São Bernardo de Claraval testemunhou sobre Maria: “Quem recorreu à vossa proteção não foi por vós desamparado, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Mensagem do dia 26 de Julho
Filhos e filhas
Nesta semana quando celebramos o Dia dos avós (26/07), em memória a São Joaquim e Sant’Ana, os pais de Nossa Senhora e, por conseguinte, avós de Jesus, gostaria de começar com este ensinamento, da Carta de São Paulo a Tito: “Aconselhe igualmente os jovens, para que em tudo tenham bom senso” (Tt 2, 6).
Como é edificante uma família que valoriza os avós, nesse caso, todos ganham! As crianças são beneficiadas porque convivem com gerações diferentes, aprendem a valorizar os idosos e mantêm o sentimento de pertença familiar. Alguns estudos indicam até que a convivência com os avós, fornece valores sólidos e apoio emocional aos netos.
Os pais também são beneficiados porque pode contar com uma ajuda na formação dos filhos. Porque, quando os avós não têm a função de educar os netos e justamente por isso, fica mais fácil ser conselheiro, companheiro e contribuir para o desenvolvimento deles. Não estou dizendo que os pais não podem realizar tal tarefa, porém a responsabilidade diária exige uma forma de tratamento diferente de quem ajuda temporariamente.
E convenhamos, hoje em dia, é graças aos avós que ainda temos crianças nas catequeses em nossas comunidades, pois os pais estão demasiadamente preocupados e ocupados no trabalho para garantir o melhor para os filhos, que muitas vezes, não quero generalizar, não tem “tempo” para a educação espiritual dos filhos. E aqui não posso deixar de lembrar que essa é uma responsabilidade dos pais.
A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e fraternidade, colaboradora da obra da Criação. Seu papel é fundamental na formação dos filhos, já que aos pais é dada a responsabilidade de formar pessoas conscientes e cristãs. Eles são representantes legítimos de Deus perante os filhos que devem ser conduzidos nos valores do Evangelho.
A Igreja sempre reconheceu e exaltou a importância da família para a construção de uma sociedade equilibrada, justa e fraterna. São João Paulo II, a descrevia como a célula mãe da sociedade e a conclamava a ser um santuário de amor, uma pequena igreja doméstica. O Papa Francisco nos ensina que “A família é um elemento essencial para todo e qualquer progresso humano e social sustentável”. E repito, feliz é a família que valoriza os avós, sejam idosos ou não, pois já nos ensina o livro dos Provérbios: “Os netos são a coroa dos anciãos, e os pais são a honra dos filhos” (Pr 17,6).
Jesus fala de edificar a casa na rocha firme (cf. Mt 7,24-27), e a casa edificada na rocha é uma família que pratica a Palavra, é temente a Deus. O alicerce de nossa casa é a rocha e a única rocha é Jesus Cristo.
Muitas vezes permitimos que os fundamentos de nossa família comecem a ruir quando guardamos mágoas, dissabores, segredos; quando deixamos de rezar, quando não percebemos que os corações estão se distanciando. Mas é possível novamente fundamentar na rocha quando se volta a Deus. Voltar a Deus é reedificar os alicerces da família.
Senhor, por intercessão de São Joaquim e Sant’Ana, rogais pelos idosos e amparai as famílias.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Julho
Filhos e filhas
São Pio, protetor da Obra Evangelizar, nos convida: “Contemplemos com devoção o sangue de Jesus derramado até a última gota por nós na cruz pela redenção da humanidade”.
O mês de julho é dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. Essa devoção sempre esteve presente na Igreja, começou com São João Batista que apresentou Jesus ao mundo dizendo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Sem o Sangue desse Cordeiro não há salvação. O Sangue precioso de Cristo foi prefigurado também naquele sangue do cordeiro pascal que os judeus colocaram nos umbrais das portas de suas casas, no dia da Páscoa, na saída do Egito, para que o anjo exterminador não fizesse mal ao primogênito daquela casa. É sinal do Sangue do Cristo que nos protege de todos os males do corpo e da alma.
Na tradição da Igreja, o Papa Bento XIV (1740-1748) ordenou a missa e o ofício em honra ao Sangue de Jesus, que foi estendida à toda Igreja por decreto do Papa Pio IX (1846-1878). São Gaspar de Búfalo (1786-1837) propagou fortemente esta devoção, sendo chamado como o “Apóstolo do Preciosíssimo Sangue”.
Nessa semana e adentrando a próxima, estou fazendo, no programa Experiência de Deus, a novena do Preciosíssimo Sangue de Cristo, que jorraram das Santas Chagas de Jesus. E muitas graças e bênçãos foram e estão sendo derramadas, o Sangue de Cristo tem valor infinito, pois uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa (cf. Carta Apostólica “Inde a Primis”, São João XXIII).
São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus mediante “a aspersão do seu sangue” (1Pe 1, 2). “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo” (1Pe 1,19).
São Paulo também nos diz: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5,8-9).
O Sangue de Cristo nos purifica de todo pecado: “Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1, 7).
“Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu Sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém.” (Ap 1, 5)
Por fim, finalizo enviando a oração ao Preciosíssimo Sangue de Cristo:
Preciosíssimo Sangue de Cristo
Lava-me, Senhor, com Teu Sangue precioso, derrama o Sangue das Tuas Chagas, mãos, pés, do Teu lado aberto. Lava-me com Teu Sangue por inteiro: corpo, alma e espírito. Envolve com Teu Sangue, a minha mente, o meu coração, a minha vontade e os meus sentimentos. Estou pedindo: derrama o Teu Sangue precioso sobre toda a minha pessoa.
Senhor Jesus, que o Teu Sangue seja a minha defesa, minha fortaleza, minha guarda e que nada do maligno possa atingir a mim e a minha família, pelo poder do Teu Sangue precioso derramado sobre mim e sobre todos os que agora apresento em oração.
(diga o nome das pessoas por quem oferece esta novena)
Senhor Jesus, que derramastes Teu sangue precioso em remissão dos nossos pecados, humildemente peço essa graça que tanto necessito:
(fazer o pedido)
Agradecemos, Jesus, por Teu Sangue e por Tua Vida. Damos graças por termos sido salvos e sermos preservados de todo o mal. Damos graças pela redenção obtida por Teu Sangue.
A minha defesa é o Sangue de Jesus.
A minha proteção é o Sangue de Jesus.
A minha cura é o Sangue de Jesus.
A minha fortaleza é o Sangue de Jesus.
Diante do Teu Sangue, Jesus, o inimigo é repelido e foge. Todo joelho se dobra nos céus, na terra e nos infernos, porque esse Sangue tem poder. Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas
No próximo domingo celebramos o dia dos pais e a também a vocação à família. Sim, filhos e filhas, o casamento não é para todos, é necessário ser vocacionado para o matrimônio. Uma vocação de muita importância, pois é da família que brotam todas as outras vocações específicas.
A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e fraternidade, colaboradora da obra da Criação. Seu papel é fundamental na formação dos filhos, já que aos pais é dada a responsabilidade de formar pessoas conscientes e cristãs. Eles são representantes legítimos de Deus perante os filhos que devem ser conduzidos nos valores do Evangelho.
Ressalto que a paternidade é muito mais do que simplesmente transmitir material genético na geração de outro indivíduo. Trata-se de um dom que o pai é convocado a viver, no seio da família. Isto é uma vocação e um chamado de Deus, colaborar com o Seu plano da criação. Por isto, no segundo domingo do mês de agosto, mês das vocações, celebramos o dia dos pais e iniciamos a Semana Nacional da Família.
E, que honra cabe aos pais serem chamados com o substantivo que Jesus nos ensinou a chamar Deus, Abá, Pai, Paizinho. Mas, também que responsabilidade serem para seus filhos a primeira imagem que eles farão de Deus. A figura do pai é tão importante no contexto familiar que Deus desejou que seu Filho Jesus vindo ao mundo, tivesse um. José foi o escolhido para assumir a paternidade do menino Deus.
A sociedade de hoje dá pouco valor à família. É difícil ser um verdadeiro pai num mundo de tantos contra valores, em que o amor acaba sendo medido pelos bens materiais. Por isto, tenho falado com muita insistência, os filhos precisam do conforto que os pais podem proporcionar. Mas precisam também, e muito, de carinho, afeto, amor, companheirismo, bom exemplo e correção, como nos diz o Livro do Eclesiástico:
“Aquele que ama o seu filho, corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde! Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele. E nele mesmo se gloriará entre os seus amigos! Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso e entre seus amigos será honrado por causa dele. O pai morre e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. Durante a sua vida viu o seu filho e nele se alegrou; quando morrer não ficará aflito. Não tem do que se envergonhar perante seus adversários. Pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos. Alguém que manifestará gratidão aos seus amigos. Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas”. (Eclo 30,1-7)
Por tudo isso, convido- o a rezarmos por todos os pais, que saibam ser sinal de Deus para seus filhos:
Senhor, olhai todos os pais do mundo,
para que, com amor e dedicação,
eduquem os seus filhos na fé cristã e para a vida.
Protegei todos os pais que se dedicam de corpo e alma à sua família.
Iluminai todos os pais que não querem assumir sua paternidade.
Iluminai todos os pais que desprezam seus filhos e esposas.
Enfim, olhai por todos os pais, para que assumam
e vivam com alegria sua vocação paterna.
Amém!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 06 de Agosto
Filhos e filhas
Na última semana, mais propriamente dia 09, a igreja celebrou Santa Teresa Benedita da Cruz, uma santa católica, com raízes judaicas e filósofa. A história dela é muito bonita, ela aproveitou seu conhecimento em filosofia e fez um estudo mais aprofundado nos escritos de São João da Cruz. Ela entendeu que a vida humana, compreendida à luz da ciência da cruz, se trata principalmente da elevação da alma ao Deus pela Cruz.
E trago esse assunto hoje nessa mensagem porque tenho percebido, através das partilhas de vida, seja no rádio, TV, ou mesmo pessoalmente que muitos não sabem lidar com o sofrimento, por isso quero hoje refletir sobre esse assunto.
O Senhor permite, em sua sabedoria e pedagogia da Cruz, a provação e a tribulação para nos tocar, talvez pela atrição, para o grande anseio de Deus, que cheguemos à contrição. Ele tem um propósito para todos nós e não permitiria algo ruim em nossas vidas somente para nos prejudicar.
Deus só permite aquilo que pode se transformar em algo bom. Ele não brinca conosco, Ele cuida de nós como algo muito valioso. Nós somos muitos preciosos para Ele. Tudo que falamos de Deus é pouco no que se refere ao que verdadeiramente Ele é. Se nós conseguimos imaginar que Deus é capaz de nos ferir para nos curar é porque ele nos reserva algo de bom, como nos diz Oséias: “Ele nos feriu e há de tratar-nos, Ele nos machucou e há de curar-nos” (Os 6, 1).
Às vezes, Deus pode nos ferir para nos purificar, não por crueldade ou não nos amar, mas porque nos criou à sua imagem e semelhança, porque nós somos preciosos para Ele. Ele sabe o quanto vivemos presos em vícios, em coisas fúteis e situações que dão alegrias muito passageiras, mas Ele quer o melhor de nós.
Deus permite passarmos por uma noite escura da fé, como nos ensina São João da Cruz, para crescermos espiritualmente. O próprio Jesus, na Sexta-feira Santa, se sentiu abandonado pelo Pai a ponto de dizer: “Eloi Eloi lama sabactani?” , que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (cf. Mt 27,46), mas Ele não desistiu. Ferido, Jesus provou um silêncio profundo de Deus, mas não recuou. Ferida também estava Nossa Senhora aos pés da cruz de Jesus, não deve ter sido fácil contemplar o Filho, inocente, morrendo daquela forma. Mas ela foi capaz de sepultá-lo e ainda se encontrar e rezar com aqueles que O abandonaram. Ela o fez na esperança da madrugada da Ressurreição.
Muitas vezes somos insensíveis aos apelos de Deus, formamos um escudo em nós mesmos, e a flecha divina tem dificuldade de penetrar, porque quanto mais sedimentados aos apegos das paixões, ao mundanismo, à satisfação pela satisfação, menos sensibilidade temos para Deus. E por isso sofremos.
Deus não tenta ninguém, mas Ele permite que sejamos tentados. Ele é forte e poderoso, mas o Inimigo existe e quer semear em nosso coração a dúvida e a confusão. Nossa alma tem fome de Deus e precisa ser alimentada em Deus, principalmente através do Sacramento da Eucaristia, o alimento eterno. Ao receber Jesus, na verdade, é Ele que nos envolve com seu amor.
Quem dera se nós deixássemos nos encontrar com Deus, e aviso que a cada momento Ele tenta nos encontrar. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus, e se em algum momento da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos diante Dele e recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 23 de Agosto
Filhos e filhas
Nos próximos dias 27 e 28 deste mês celebramos dois grandes exemplos de fé da nossa Igreja: Santa Mônica e Santo Agostinho. Uma mãe repleta de fé em Deus e que gerou seu filho também para a graça com muitas lágrimas e oração. E como Deus é rico em misericórdia, Agostinho não só se converteu, como se tornou santo e doutor da Igreja Católica.
Santo Agostinho, no seu livro “Confissões” relata um dos últimos diálogos que teve com sua mãe, que aqui transcrevo para edificar a nossa fé:
"Ao aproximar-se o dia de sua morte – dia que só tu conhecias e nós ignorávamos – sucedeu, creio que por tua vontade e de modo misterioso como costumas fazer, que ela e eu nos encontrássemos sozinhos, apoiados a uma janela, cuja vista dava para o jardim interno da casa onde morávamos, em Óstia Tiberina. Afastados da multidão, procurávamos, depois das fadigas de uma longa viagem, recuperar as forças, tendo em vista a travessia marítima. Falávamos a sós, muito suavemente, esquecendo o passado e avançando para o futuro. Tentávamos imaginar na tua presença, tu que és a verdade, qual seria a vida eterna dos santos, aquela que “os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o coração do homem não percebeu”. Abriram-se os lábios do coração à corrente impetuosa da tua fonte, fonte de vida que está em ti, para que, aspergidos por ela, nossa inteligência pudesse meditar sobre tão grande realidade.
Assim falávamos, se bem que de modo e com palavras diversas. No entanto, Senhor, tu sabes como nesse dia, durante esse colóquio, o mundo, com todos os seus prazeres, perdia para nós todo valor, e minha mãe me disse; 'Meu filho, por um só motivo eu desejava prolongar a vida nesta terra: ver-te católico antes de eu morrer. Deus me satisfez amplamente, porque te vejo desprezar a felicidade terrena para servi-lo. Por isso, o que é que estou fazendo aqui?'". (Confissões, livro IX)
Lendo esse belo relato, nos resta apenas pedir o que estamos rezando na novena: “Santa Mônica e Santo Agostinho, levai-me à verdadeira conversão”. Esse deve ser o nosso desejo. Deus quer que criemos relação com Ele, dotados de uma vida interior que nos faça voltar a ser o que Ele sempre desejou para nós: seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus. Ele quer que sejamos perfeitos como Ele, o que exige conversão.
Não se trata de algo que conseguimos fazer do dia para a noite e sim de um processo — contemplação, ascetismo (autocontrole do corpo e busca de Deus), devoção, piedade, espiritualidade — por meio do qual somos chamados a nos sentar com Deus e com Ele passarmos todas as tardes, sem vergonha de nossa “nudez”. Sem precisar criar “filtros” para ser aceito pelo Senhor e ser como Ele nos fez.
Uma das virtudes fundamentais nesse processo chama-se “temor de Deus”. A palavra temor não quer dizer medo, e sim reverência, um amor reverente. Devemos pedir que o Senhor introduza em nossa mente o santo temor, para nos conscientizarmos da nossa indignidade e da necessidade de arrependimento. Esse é o caminho espiritual que nos afasta do mal e nos conduz para o próximo e para o Criador.
Temer a Deus e amá-Lo são as duas faces da mesma graça recebida, a qual nos dá o discernimento para distinguir entre o puro e o impuro, o santo e o profano. O que possibilita a percepção daquilo que não é de Deus é justamente o santo temor.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 06 de Setembro
Filhos e filhas
O que é a vida sem o amor de Deus? Nada! Porque o amor do Senhor nos faz ter esperança.
O Papa Bento XVI na primeira encíclica de seu pontificado, DEUS CARITAS EST, explicando a passagem “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (1 Jo 4, 16), nos explica que essas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho. Além disso, no mesmo versículo, João oferece-nos, por assim dizer, uma fórmula sintética da existência cristã: Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem (DCE 1).
É uma verdade que a palavra “amor” está mais do que desgastada nos dias de hoje, mas não podemos perder sua referência, pois o amor de Deus por nós é eterno! Jesus nos ama a ponto de entregar sua vida por nós e somos chamados a viver essa experiência. O amor exercitado em nós deve ser tal como o de Deus.
O que é amar para Jesus Cristo? É amar sem limites. Para Ele importa mais a vida dos outros do que a Sua própria vida; para Ele amar é entender que amor é sacrifício, é gratuito e incondicional, é sacrifício.
Ninguém busca o sofrimento, mas a dimensão do sacrifício é necessária para o amor! Jesus não buscou o sofrimento e nenhum de nós deve buscá-lo! Deus se manifesta quando nos alegramos, quando dizemos: “Vale a pena viver!”.
O amor começa na criação, somos frutos dele. Deus não nos ama por aquilo que fazemos, não nos ama visando se merecemos ou não o Seu amor. No coração do Pai, todos nós somos amados.
E assim como Deus nos ama, Ele pede que nós amemos o próximo. O amor ao próximo é um reflexo do amor que temos por Deus. E sobre isso, volto a citar a encíclica de Bento XVI:
“Se alguém disser: "Eu amo a Deus", mas odiar a seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão ao qual vê, como pode amar a Deus, que não vê? » (1 Jo 4, 20). Neste texto se destaca o nexo indivisível entre o amor a Deus e o amor ao próximo: um exige tão estreitamente o outro que a afirmação do amor a Deus se torna uma mentira, se o homem se fechar ao próximo ou, inclusive, o odiar. O citado versículo joanino deve, antes, ser interpretado no sentido de que o amor ao próximo é uma estrada para encontrar também a Deus, e que o fechar os olhos diante do próximo torna cegos também diante de Deus (DEC 16).
Quem ama até sente mágoa, mas não as guarda para si; quem ama sente raiva, mas não age por meio dela. Nós começamos a ser cristãos quando percebemos que Deus nos ama com amor eterno. O amor de Deus é tão grande, porque Ele é capaz de abraçar o pecador com o pecado, de lavá-lo, purificá-lo e ainda convidá-lo a sentar-se à mesa com Ele.
Não esperem o milagre para ter fé. Deus nos amou primeiro; nos ama sem merecermos, mesmo sendo pecadores. Não há amor autêntico a Deus e ao próximo sem sacrifício!
Não precisamos ser reféns dos nossos sentimentos, porque a vontade e o amor de Deus nos salvam. Quando amamos alguém, não o amamos pelo que ele é, mas pela autenticidade do Senhor.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 18 de Outubro
Filhos e filhas
A Palavra de Deus é realmente um tesouro da nossa fé, Ela é viva e sempre nos surpreende. Tema esse provocado pela leitura orante da Palavra de Deus, Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
6 Deus fará o que é justo: vai mandar tribulações para aqueles que os oprimem, 7 e a vocês, que são agora oprimidos, como também a nós, ele dará descanso, quando o Senhor Jesus se manifestar. Ele virá do céu com seus anjos poderosos, 8 em meio a uma chama ardente. Virá para vingar-se daqueles que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho do Senhor Jesus. 9 O castigo deles será a ruína eterna, longe da face do Senhor e longe do esplendor da sua majestade. 10 Nesse dia, o Senhor virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado em todos aqueles que acreditaram. (2Ts 1,6-10)
Às vezes não gostamos muito de pensar que esse mundo terá um fim, e que haverá um julgamento final. Mas, na Sagrada Escritura, não podemos escolher somente as partes que gostamos, tudo faz parte do processo de salvação, inclusive a consumação dos tempos. Mas não é porque não nos agrada que não existe. Você pode até me perguntar: Padre, existe juízo final? E eu responderei, sim, existe!
O fato de Jesus estar demorando para voltar, já se passaram dois mil anos, não significa de que não irá cumprir a promessa (cf. Mt 24, 36-50), haverá simum Juízo final. E para aqueles que acreditam que este acontece na hora da morte, eu digo, esta é apenas “metade da verdade”. Na hora que nós morremos, nós temos o chamado juízo particular e depois haverá o juízo universal. Nós rezamos no creio “Ele virá a julgar os vivos e os mortos”.
Todos aqueles que faleceram, já passaram pelo juízo particular. O próprio Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. (...) Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre. No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor” (CIC 1021-1022).
Então na hora da nossa morte, ficaremos frente a frente com a Verdade, saberemos de tudo, até as oportunidades perdidas. Hoje nós não sabemos como é, mas na hora da morte nós teremos consciência de todos os pecados, de tudo que deixamos de fazer, como nos diz a Escritura: “ Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido” (Lc 12,2). Nessa hora brotará em nosso coração um grande arrependimento e seremos julgados sobre o amor.
Sobre o Juízo Final, o Catecismo nos fala que acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva sobre a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte (Ct 8,6).
Espero que esse pequeno esclarecimento nos ajude a buscar sempre a verdadeira conversão. Eu creio que pelas Santas Chagas de Jesus, fomos curados e muitas conversões irão acontecer.
Por isso peço orações pelos frutos do evento XVI Evangelizar Fortaleza. Que realmente seja de muita graça e bênção para que cada vez mais pessoas conheçam e amem Jesus Cristo.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 01 de Novembro
Filhos e filhas
Começando o penúltimo mês do ano, a Igreja, como Mãe e Mestra nos convida a desviar nosso olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, e voltarmos para a dimensão de Deus, à dimensão da eternidade e da santidade. É que somos convidados a viver ao celebrar a Solenidade de Todos os Santos, transferida para o domingo, e a Comemoração de todos os fiéis defuntos, o Dia de Finados, no dia 02 de novembro.
É importante reforçar que todos nós temos a vocação à santidade. Muitos têm a concepção de que santos são aqueles que tiveram feitos extraordinários, que fizeram milagres e por isso estão nos altares de nossas igrejas. Porém, é possível se santificar pela pequena via, como fez Santa Terezinha do Menino Jesus. É possível alcançar a santificação vivendo a nossa realidade do dia a dia. Sempre digo que os grandes gestos nos tornam heróis e os pequenos nos tornam santos.
A santidade consiste em buscar a face de Deus e ser santo como Ele é Santo (Mt 5,48). Viemos de Deus, nossa alma anseia por Deus, temos saudades do Criador, está em nossa essência. Por isso buscamos a santidade, todo dia procuramos saciar o latente desejo que temos de Deus, e somos plenamente saciados em Jesus que se dá em comida e bebida (cf. Jo 6,52-59). Jesus nos nutre naquilo que somos por excelência, aquilo que fomos e um dia seremos, face a face com o Criador.
Essas reflexões sobre a santidade ficam mais latentes quando olhamos para a finitude da vida aqui na terra, reflexão proposta pelo dia de Finados, quando somos convidados a lembrar e rezar por nossos entes queridos que já faleceram e todos que já morreram. E sempre com a proximidade desta data, vem a pergunta: por que rezamos pelos mortos? Existe uma vida após a morte?
E ainda nesta mensagem quero me debruçar sobre a oração pelos que já faleceram, e ressaltar que este é lícito e inclusive está na Sagrada Escritura.
O Segundo livro dos Macabeus, nos diz: “ (Judas Macabeu) tendo feito uma coleta mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Ele considerava que aos falecidos na piedade está reservada uma grandíssima recompensa. SANTO E SALUTAR ESSE PENSAMENTO DE ORAR PELOS MORTOS, para que sejam livres dos seus pecados” (2Mac 12,38-45).
Também, São Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, faz essa oração pelo amigo Onesíforo: “Que o Senhor lhe conceda a graça de obter misericórdia do Senhor naquele dia” (2 Tm 1,18). Comparando os versículos 15 a 18 do capítulo 1, com o versículo 19 do capítulo 4 desta mesma Carta, notamos que Onesífero já era morto, porque nestes textos, São Paulo se refere nominalmente a outras pessoas, e quando seria o caso de nomear Onesíforo, seu grande amigo e benfeitor, ele não o faz, mas só se refere à casa e à família de Onesíforo. Daí se conclui que ele não era mais do número dos vivos. E São Paulo reza por ele, pedindo que o Senhor tenha dele misericórdia.
Esses dois textos citados são os mais clássicos, porém há outros ainda, mas o importante é rezar pelos falecidos, que encontrem a Misericórdia de Deus. Por isso, transcrevo aqui uma oração que está no Ofício das Almas Benditas:
Onipotente e misericordioso Deus e Senhor nosso, supremo dominador dos vivos e dos mortos, pelos merecimentos infinitos do vosso Unigênito Filho, e também pelos grandes merecimentos da sempre Virgem Maria, sua Mãe, e por todos os merecimentos dos bem-aventurados, concedei propício o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos, pelas quais fazemos estas preces para que, livres do Purgatório, vão gozar da eterna glória, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Que sejamos santos, como Deus é Santo!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 08 de Novembro
Filhos e filhas
Ninguém gosta de sofrer, mas muitas vezes não temos escolha. Infelizmente, a dor, o sofrimento e as doenças fazem parte da condição humana. Mas precisamos ter sempre a consciência de que Deus não manda sofrimentos e tribulações, pois Ele é o Sumo bem, a plenitude do amor e um Pai Amoroso que nos quer felizes. Mas, então por que o sofrimento existe?
Um dos grandes teólogos do nosso tempo, Papa Bento XVI, nos ensinou por muito tempo a termos um alicerce espiritual. Certa vez, ao ser perguntado sobre o porquê de crianças nascerem cegas ou sem um dos seus membros, ele se abaixou e com humildade disse: “eu não sei”. Embora Bento XVI seja um grande teólogo, com humildade, reconheceu o mistério de Deus que nos envolve.
Diante da dor e do sofrimento, costumamos questionar a razão de estarmos enfrentando tamanha adversidade. A nossa vida é feita de muitos “por quês”. Por que esta doença? Por que essa dor? Por que meu filho nasceu com esta doença? Por que eu? Por que comigo? Essa “noite escura” é terrível e precisamos ter a consciência de que ela começa dentro do nosso coração. Mas então como fazer para lidar com a dor e o sofrimento?
Contemplando a Cruz de Cristo para, ao contemplá-la, mergulharmos neste entendimento da dor e do sofrimento. Ao olharmos para o sofrimento de Jesus na Cruz, somos chamados a contemplar também a nossa dor. E antes de continuar, preciso alertar que gostar da dor é considerado uma patologia, uma doença. A medicina e a ciência se empenham em minimizar nossas dores, é lícito e necessário, devemos sempre buscar a causa para não mais sofrermos com a dor.
Porém, enquanto a dor não passa, podemos aprender com ela, a dor é pedagógica. Ela nos ensina. Todos querem seguir ao Senhor Glorioso. Poucos são aqueles que querem seguir ao Senhor Crucificado. Diante de uma dor, nossa primeira reação é a de negar este sofrimento. E, logo em seguida, o segundo passo é o do “por quê”. Os nossos “por quês” devem nos levar ao “para que”. É preciso descobrir, dentro deste mistério que é o sofrimento humano, a razão pela qual enfrentamos determinada dor. É preciso aceitar a dor. Mas não de uma forma passiva.
Jesus assumiu a nossa condição humana em tudo, exceto no pecado. E em Cristo conseguimos redimensionar esta experiência dolorosa do sofrimento na própria vida. O sofrimento nos amadurece. Diante do sofrimento somos trabalhados por Deus em nos abrirmos ao próximo. Jesus era tão humano, tão humano, que não media esforços para ajudar as pessoas.
Meus irmãos, precisamos ser mais humanos! Quantos casamentos não teriam terminado, quantos relacionamentos entre pais e filhos não estariam em crise, se estivéssemos mais atentos às fragilidades dos outros. E isto se adquire como um fruto que vem da contemplação de Cristo na Cruz. A liberdade mal-usada provoca dor, sofrimento.
Existem muitas coisas em nossas vidas que ficarão sem respostas. Morreremos sem saber e entender os tais “por quês”! Por isso, o importante é o “para que” deste sofrimento. Jesus passou pelo Calvário e a gente se pergunta: “Para que Jesus morreu na Cruz?” Ele morreu para revelar esta verdade: o Pai nos ama!
Jesus se entregou na Cruz por todos. Porém, não adianta apenas dizer que “Jesus cura tudo”. Com certeza Ele pode curar tudo. Eu mesmo, já testemunhei o Senhor realizando muitos milagres. No entanto, a cura de Jesus é bem mais ampla. Ele nem sempre irá curar aquilo que eu quero, mas sim o que é necessário em minha vida.
Mas, a partir do momento em que uma pessoa se fecha numa redoma, no seu próprio sofrimento, ela vai se destruindo. Ao contrário, quando decide abrir-se ao outro, ao serviço e à entrega por amor, ela vai sendo restaurada. Quando perdemos uma pessoa amada, choramos, ficamos olhando para sua foto, relembrando os momentos... Tudo isso é permitido, é válido por um tempo, o tempo do luto. Só que depois é preciso continuar a viver. Assim conseguiremos redimensionar esta dor. E a melhor forma de redimensioná-la é entregando-se por amor aos irmãos.
A dor santifica. A cruz liberta.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 22 de Novembro
Filhos e filhas
Estamos já no final do ano e no próximo domingo celebraremos o último domingo do calendário litúrgico, a Solenidade de Cristo Rei. Essa festa nos recorda que devemos permitir o reinado de Cristo em nossos corações e em nossas vidas.
Jesus tenta nos explicar o que é esse Reino, usando várias comparações nas parábolas do capítulo 13 do Evangelho de Mateus: “O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo. É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos” (Mt 13,31- 32).
“O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa” (Mt 13,33).
“O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo” (Mt 13,44).
“O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra” (Mt 13,45-46).
Nestas comparações vemos como vale a pena lutar para instaurar o Reino de Deus. Mas como vivê-lo e antecipá-lo? Vivendo as obras de misericórdia, nós anteciparemos o Reino, com coisas muito mais simples do que pensamos. Imaginamos uma revolução total do mundo, mas isso não se fará com canhões, nem com bomba atômica, mas com a revolução da consciência humana, dos anseios do ser humano.
Jesus Rei do Universo tem o mundo em suas mãos, mas o ser humano nas suas opções, por não acreditar no Reino, não está cuidando bem esse mundo. Ele nos deu para que o administrássemos e não estamos fazendo isso bem. Muitos me perguntam por que Deus não interfere logo, não julga os bons e os maus, faz logo uma limpeza? Porque Deus fez de Seu Filho Rei e Bom-Pastor.
Jesus estabelece os critérios e coloca de forma clara que: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da Terra serão reunidos diante Dele, e Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então, o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!” (Mt 25,31-34).
Esses são os que de alguma forma anteciparam o Reino, de alguma forma se empenharam em fazer com que a vontade do Senhor se manifestasse. Nós não somos uma religião de só pregar o céu, cruzar os braços e esperar o “depois”. Nós somos uma religião de esperança e de compromisso. Então, o Reino que queremos um dia e que certamente viveremos, tem que perpassar a história.
Se alguém se perguntar: “Como eu sei se serei um bendito do Pai e sentarei à Sua direita?”, não é difícil e ninguém vai ter surpresa se levar a sério o evangelho. O céu, o inferno, não é surpresa no julgamento final. Creio que quando nos apresentarmos na frente de Deus, nós já iremos sabendo o que fizemos. Se nossas ações atrapalharam ou anteciparam o Reino. Para que isto não aconteça, por que não mudar agora? Por que não fazer o Reino de Deus acontecer no hoje da nossa história? Se cada um de nós mudarmos nossas consciências, nossa forma de ver as coisas, mudaremos o mundo.
Proclamemos o senhorio de Jesus consentindo que Ele reine em nossas vidas, praticando o amor, o direito e a justiça.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 08 de Dezembro de 2023
Filhos e filhas
Ó Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
Neste tempo do Advento somos agraciados com duas celebrações marianas, a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (08/12) e a Virgem de Guadalupe (12/12). Somos convidados a olhar para aquela que vai nos trazer o Salvador, a verdadeira Mãe, a Arca da verdadeira aliança, Nossa Senhora.
A figura da Virgem Maria, grávida, e quero lembrar que na imagem de Guadalupe, Nossa Senhora se mostra grávida, simboliza a Igreja inteira à espera do Salvador. Maria é a terra fecunda para acolher a semente do Reino, é a imagem do povo da antiga Aliança à espera do Salvador.
São Paulo VI, Papa, em sua exortação apostólica Marialis Cultus nos ensina que:
No tempo do Advento a Liturgia recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo no período de 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor.
Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, "bem vigilantes na oração e... celebrando os seus divinos louvores". (MC 3,4).
Maria é sempre caminho que leva a Cristo. Nenhum encontro com ela pode deixar de ser encontro com o próprio Cristo. No seio de Maria, Deus se fez uma criança e vem habitar entre nós. Isso a torna a nova arca da aliança. A obra da redenção iniciou no ventre de Maria.
Neste peregrinar, rumo a salvação, nós temos o amparo de Nossa Senhora; não para o passado, tentando encontrar Jesus na gruta de Belém do ontem, mas é um peregrinar para a gruta de Belém do amanhã, onde nós, de fato, devemos contemplar Deus face a face.
Deus que sabe da nossa fragilidade, Ele foi gente de carne e osso e foi tão humano, tão humano que só podia ser Deus.
Sabendo que nós, nessa caminhada capengamos, caímos, todo ano Ele nos dá esta oportunidade de fazer novamente brilhar a luz e que, se por acaso, nós estivermos em caminhos errados, tortuosos, retomemos o caminho para gruta, retomemos e condicionemos a nossa vida pessoal e familiar na busca de Deus.
E Maria, sempre está ao nosso lado. No Natal, quem nasce não é mais um dos grandes personagens, é Nosso Deus, ou partimos do princípio que, quem nasce é o Deus Encarnado, ou a nossa fé é vã.
Que, sempre amparados por Nossa Senhora, possamos viver intensamente essa preparação para termos um santo e feliz Natal.
Deus abençoe
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 13 de Dezembro
Boletim do dia 13 de Dezembro
Filhos e filhas
No próximo sábado, teremos a já tradicional Missa Por um Natal Solidário. E todos os anos o tema é “Natal com Jesus é Natal” justamente para ressaltarmos o verdadeiro sentido do Natal, isto é, voltarmos a ser gente.
O grande mistério de Deus, que assume a forma de uma criança, no fundo, é nos dizer que Ele não errou quando nos criou. Que por mais que o ser humano seja capaz de grandes crueldades como matar, destruir, extorquir o próprio irmão e se transformar num monstro, Deus se tornou um de nós para dizer: “Eu os criei certos”. E, nós somos chamados a olhar para a nossa humanidade e nos perguntarmos: “O que eu me tornei?” Somos convidados a fazer uma reflexão, se nós estamos mais humanos, mais movidos pela compaixão, voltados para o sofrimento, para a tolerância ou ao contrário? Se estamos nos tornando cada vez mais desumanos, distantes e indiferentes?
O Natal está muito ligado ao final do ano, dentro dessa magia: o final e o recomeço. Muitos não entendem que Deus se faz mostrar, no que chamamos de magia de Natal, o ser humano fica mais frágil, com mais saudade. Lembramos mais daqueles que já morreram, ficamos mais fracos, ficamos sensitivos, e isso porque Deus toma uma iniciativa. Ele faz uma curvatura no céu e desce a Terra, e pelo fato de Deus realmente descer no Natal, Ele consegue fazer algo que não conseguimos: amolecer nosso coração.
Se há magia, é a magia de Deus, que no tempo do Natal nos faz ficarmos melhores, porque Deus nos torna mais humanos. Por isso, o tempo de Natal é o tempo de revermos o que realmente é importante para nós. Um bom exercício é nos perguntarmos com quem poderemos contar se algo nos acontecer. Enumeremos cinco pessoas, e depois nos perguntemos se estamos tratando bem essas pessoas que vão cuidar, zelar e nos acompanhar até o fim. Temos expressado amor, ternura, compaixão ou são os que mais sofrem?
Natal é termos coragem de olhar para nossa história e não querermos continuar da mesma forma. A impressão que tenho, pelas partilhas que recebo, é que todos nós temos o nosso lixo. E todos nós sabemos que se deixarmos o lixo dentro de casa, ele cheira mal, apodrece.
E é assim em nossa vida, a sensação que se tem, é que tomamos banho, colocamos perfumes, roupas limpas, mas sempre estamos com o nosso lixo de frustrações, mágoas, ressentimentos e traumas e ao invés de fazermos o que se faz com lixo, mandar embora, nós passamos uma vida agarrados com aquele saco de lixo, fermentando, azedando, estragando.
Será que não é hora de fecharmos esse ciclo e dizer: “Jesus, eu deixo este fardo. Isso é um lixo em minha vida, eu não quero carregar”? Se não podemos mudar o nosso ontem, podemos construir nosso amanhã, mas ficamos agarrados ao nosso saco de lixo, achando que um dia vamos precisar.
Natal é uma manifestação de Deus muito profunda em nossa vida. É a oportunidade de cada ano procurar o que de melhor temos dentro de nós. Nunca pensemos “eu sou assim, eu vou ser sempre assim”, porque talvez o que nos tornamos hoje, não é o que Deus pensou para nós.
Então por que não mudar? Por que carregar o lixo, por que continuar no abismo, caminho de desumanização, se não estamos felizes? Por que não procurar o melhor de nós? Se para isso teremos que fazer mudança, então façamos. A vida é uma só, não tem uma segunda chance e nós somos aquilo que permitimos ser.
Deus se permitiu se tornar humano, porque Ele sabe que quanto mais humano formos, mais divino seremos. No Natal, Deus levanta uma grande bandeira: “Eu acredito em você, porque eu te conheço. Eu te fiz, eu sei que coloquei uma parte de mim quando te criei, então seja como eu”.
Se Deus confia na humanidade, quem somos nós para duvidar? Que este Natal de 2023, propicie uma mudança, para melhor em todos nós. Amém!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 20 de Dezembro
Filhos e filhas
Estamos na semana do Natal. Domingo pela manhã celebraremos o 4º Domingo do Advento e no período da noite já será a Missa da Noite de Natal, mais conhecida como Missa do Galo.
Neste ano de 2023, mais uma vez Jesus nasce. Deus se desnuda, diante de mim e de você, para trazer luz e será que nós vamos recusar a luz de Deus? Vamos continuar errantes neste mundo, fazendo besteira, construindo muros, construindo armas de destruição, incentivando e colocando lenha nos conflitos, nas discórdias?
Deus assumiu a forma humana e não podemos esquecer-nos de algo fundamental: Deus entrou na humanidade para dizer “O que fiz foi bem feito e, como ser humano, eu já experimentei todas as limitações, então vocês também podem ser santos”.
Esse mistério da humanidade de Deus é tão profundo. Ele se tornar um de nós, é uma decisão da vontade de Deus tão grande que Ele se desnuda de toda majestade para dizer eu os amo incondicionalmente.
Ele veio trazer a luz para quem andava errante no mundo, vagando na escuridão, mas parece que São João se deu conta de que nem todos viram a luz e se viram a luz rejeitaram. (cf. Jo 1,9-12)
Natal é essa luz que vem para brilhar no horizonte da família e dizer: encontre no perdão, a luz de Cristo. Perdoe, volte, fez besteira, corrija. Olhe para esta pessoa que está ao seu lado e pense: “Ela está, como eu, buscando a Deus! Então eu vou dar a ela o meu braço e vamos junto seguir na luz”.
Geralmente os presentes que oferecemos no Natal vêm com o prazo de validade muito curto. Podemos comprar o melhor presente do mundo para uma criança, é novidade no dia de Natal, talvez três, quatro dias, uma semana, depois, acabou! O presente que Deus nos dá é para sempre. Ofereçamos também um presente que vai para a vida inteira, nosso amor, nosso sorriso, nosso afeto, nosso perdão, um abraço a quem faz tanto tempo que não abraçamos.
Diga para a pessoa que está do seu lado, o quanto ela é importante para você. São palavras que parece mero romantismo, mas fazem tão bem para o ouvido e para o coração. A grande magia do Natal, o grande mistério do Natal é o amor de Deus por nós.
Eu gostaria de instigar e incentivar você, que está lendo esse texto, seja o exemplo de Deus, se desnude, tire a armadura, tire a máscara, tire a hipocrisia, não tenha medo de renascer, de voltar às essências da sua humanidade porque, às vezes, a gente se torna algo que nós não reconhecemos. Certas situações nos fazem tomar decisões que vão contra a nossa natureza e vamos nos tornando pessoas amargas, tristes, desanimadas.
Aproveite o Natal e tente recuperar o que de melhor você tem. Aquele sorriso largo, aquele coração que era bom, aquela pessoa que era capaz de chorar de emoção. Resgate em você aquela pessoa que era capaz de acreditar, que era boa, simples, verdadeira, autêntica, amorosa, não deixe a vida lhe estragar.
Volte a ser bom, porque Deus é bom.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 27 de Dezembro
Filhos e filhas
Estamos na oitava do Natal, ou seja, ainda estamos vivendo a alegria do nascimento do nosso Redentor. Deus vem ao encontro do seu povo, como profetizou Isaías: “Nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama Conselheiro Maravilhoso, Deus Forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz. Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim” (Is 9,5-6a).
Nessa semana da virada, rezamos e pedimos ao Deus Menino que a paz não tenha fim em nosso lar e nosso coração. Porém, a paz não é apenas ausência de guerras, claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, violência de todo tipo, a vida humana não está valendo mais nada.
Porém, esta última mensagem do ano, quero dedicar à paz interior. Na ânsia pela paz, muitos, na virada do ano, se vestirão de branco e farão simpatias; procurando a paz onde jamais a encontrarão, porque a paz que o mundo nos oferece é ilusória, é passageira. A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’.
Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.
Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado. Mas, Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado.
E, porque Jesus veio a nós, a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).
O medo é um dos inimigos da paz, porque nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando.
A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz, Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo, por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.
A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas à luz da verdade, se esconde. Por isso, quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado, não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.
Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas o mal também irradia. Então, nessa semana da virada, escolhamos irradiar a luz, o bem.
É o que desejo a todos para 2024, que possamos irradiar a luz de Jesus para todos que andam nas trevas.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti