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quinta-feira, 13 de março de 2025

SÃO LUÍZ GONZAGA

 21 DE JUNHO – DIA DE SÃO LUÍS GONZAGA



São Luís Gonzaga – “O Deus que me chama é Amor”

Altíssimo foi o grau de santidade por ele alcançado pela via da inocência. Nada de terreno o atraía, vivia em contemplação e todas as suas ações estavam em conformidade plena com os desígnios divinos.

Então, o que faremos, Irmão Luís? — perguntou o Padre Provincial, ao entrar no quarto do enfermo.

— Estamos a caminho, Padre.

— Para onde?

— Para o Céu… Se não impedirem meus pecados, espero, pela misericórdia de Deus, ir para lá.

Esta era a disposição de alma do jovem noviço da Companhia de Jesus, que interrompera seus estudos de Teologia por força de uma grave doença e há três meses jazia prostrado no leito. Oito dias antes, predissera que estes seriam para ele os últimos.

“Morrerei esta noite”

Já pela manhã, pediu o Viático, o qual só lhe foi trazido à tarde, por julgarem-no ainda com saúde. Passou o dia em atos de fé, petição e adoração. Os padres jesuítas não se consolavam por perder o santo irmão, e tentavam persuadi-lo de que sua hora ainda não chegara. Ele, inflexível, respondia:

— Morrerei esta noite. Morrerei esta noite.

Padres e noviços de todas as casas, tendo sabido da predição de sua morte, acorreram para despedir-se dele, encomendar-se às suas orações e pedir seus últimos conselhos. A doença minara-lhe a saúde do corpo, mas a alma a cada momento crescia em santidade. Assim, atendia a todos com afeto, prometendo lembrar-se deles no Céu.

Tendo anoitecido e vendo o Padre Reitor que Luís ainda falava com facilidade, concluiu que não morreria nessa noite e deu ordem aos irmãos para se recolherem a dormir. Ficaram no quarto apenas dois sacerdotes para auxiliar o enfermo, além do seu confessor, São Roberto Belarmino.

Luís não escondia sua profunda alegria. Ir para o Céu, unir-se definitivamente com Deus: era o que mais almejara durante sua curta vida!

Passado algum tempo, disse ao confessor:

— Padre, podeis fazer a encomendação.

O sacerdote logo a fez, com muita compenetração e devoção. Recolhido, calmo e confiante, Luís aguardava o momento supremo, o qual não tardou: por volta das vinte horas, com os olhos fixos no crucifixo que segurava em suas mãos, entrou serenamente nas terríveis dores da agonia. Nenhum gemido lhe saiu dos lábios, seu olhar não se desviou um instante sequer d’Aquele que tanto sofrera por nós na Cruz. Pronunciando o Santíssimo Nome de Jesus, entregou sua alma a Deus na mais inteira paz.

O perfeito pensa constantemente em Deus

Luís Gonzaga era dessas almas diletas, sobre as quais Deus derrama graças e dons em superabundância para mantê-las na inocência. Altíssimo foi o grau de santidade alcançado por ele nessa via. Nada de terreno o atraía, vivia em contemplação e todas as suas ações estavam em conformidade plena com os desígnios divinos. 
Primeira comunhão de São Luís Gonzaga. Igreja da Companhia de Jesus, Quito-Equador. (imagem: Arautos do Evangelho)

Eis como o famoso dominicano Padre Garrigou-Lagrange descreve uma alma nesse estado de perfeição:

“Depois da purificação passiva do espírito, os perfeitos conhecem a Deus de uma maneira quase experimental, não mais passageira, porém quase contínua. Não somente durante as horas da Missa, do Ofício Divino ou demais orações, mas também no meio das ocupações exteriores, sua alma permanece voltada para Deus. Por assim dizer, eles não perdem sua presença e guardam a união atual com Ele.

“Compreenderemos com facilidade a questão se a analisarmos em contraposição ao estado de alma do egoísta. Este pensa sempre em si mesmo e, naturalmente, refere tudo a si; entretém-se sem cessar consigo mesmo sobre suas veleidades, suas tristezas, ou suas superficiais alegrias; sua conversa íntima, por assim dizer, é incessante, mas vã, estéril e esterilizante para todos. O perfeito, ao contrário, em lugar de pensar em si, pensa constantemente em Deus, em Sua glória, na salvação das almas e, para isso, faz tudo convergir para este objetivo, como por instinto. Sua conversa íntima não é consigo mesmo, mas com Deus”.1

Vejamos alguns episódios da existência terrena, breve, mas pervadida de santidade, de São Luís Gonzaga, que refletem bem sua inocente alma.

Retidão desde a infância

Nasceu em 9 de março de 1568, no castelo de Castiglione, Itália. Foi o primeiro filho de Dom Fernando Gonzaga, Marquês de Castiglione e Príncipe do Sacro Império, e de Dona Marta Tana, dama da Rainha Isabel de Valois.

Muito agradava à marquesa ver quão bem seu filho assimilava, desde pequeno, suas maternais instruções de piedade. Seu pai, porém, se inquietava, pois temia que a devoção o desviasse da carreira das armas, à qual se destinavam os primogênitos.



Quando Luís tinha cinco anos de idade, o marquês recebeu ordem de partir para Túnis à frente de três mil homens da infantaria italiana e, devendo passar em revista as tropas na cidade de Casalmaior, levou-o consigo, para acostumá-lo ao sabor das armas. Passou o menino lá alguns meses e, na convivência com a soldadesca, aprendeu algumas palavras indecorosas, as quais passou a repetir, sem saber seu significado.

De volta a Castiglione, foi repreendido por seu preceptor, e não apenas nunca mais proferiu tais palavras, mas manifestava grande enfado quando ouvia alguém pronunciá-las. Muito se envergonhou por essa falta e, quando já religioso, costumava contá-la para “provar” como fora mau desde criança.

Devoção a Maria e virtudes exemplares

Quando Luís fez nove anos de idade, Dom Fernando o levou, juntamente com seu irmão Rodolfo, para a corte do Grão-duque da Toscana. A Providência Divina utilizou esses dois anos em que ele viveu em Florença para fazê-lo progredir nos caminhos da santidade. A leitura de um livro sobre os mistérios do Rosário fez desabrochar em sua alma a devoção a Maria Santíssima. Contribuiu também para tal a fervorosa devoção a Nossa Senhora da Anunciata, venerada nessa cidade. Tanto se lhe inflamou o coração pela Virgem que quis oferecer a Ela seu voto de virgindade.



As diversas virtudes já eram robustas em sua alma. Adquirira uma completa guarda dos sentidos, uma obediência total aos superiores, além de um profundo recolhimento de alma e elevação de espírito.

Deus rapidamente construía a bela catedral da alma de Luís, o qual, com a simplicidade de uma criança, deixava-se conduzir pelo Pai celestial. Tendo passado para a corte de Mântua, não só conservou os hábitos de oração, mas sublimou-os pelas práticas de mortificação. Obrigado pelos médicos a seguir uma dieta alimentar, para curar-se de uma enfermidade, tomou tal gosto pela penitência que, ultrapassando as receitas indicadas, entregou-se aos mais rigorosos jejuns. Considerava ter feito uma lauta refeição quando comia um ovo inteiro!

Intensa vida sobrenatural

De volta ao solar paterno, foi cumulado de graças místicas extraordinárias. Quando se punha a considerar os atributos divinos, experimentava uma tão grande consolação que derramava lágrimas suficientes para empapar vários lenços. Algumas vezes ficava tão arrebatado que perdia completamente os sentidos exteriores. Sua mente estava toda posta no sobrenatural, e sobre as coisas de Deus versavam todas as suas palavras.

Em 1580, chegou a Castiglione o Cardeal Carlos Borromeu, Visitador Apostólico do Papa Gregório XIII. Muito se admirou o Cardeal por ver como aquele pequeno “anjo” discorria sobre os temas da Religião. No final de duas horas de conversa com ele, decidiu o Cardeal dar-lhe por primeira vez a Sagrada Eucaristia.

Aos treze anos de idade sentiu o chamado religioso. Por ser ainda muito jovem, nada comunicou a seus pais, mas redobrou suas austeridades. Aboliu o uso da lareira em seu quarto; levantava-se de madrugada e, de joelhos, rezava durante longo tempo, mesmo durante os rigores do inverno lombardo.

Cada vez mais inquieto à vista dos progressos do filho na trilha da piedade, o Marquês de Castiglione decidiu, para distraí-lo, dirigir-se com toda a família para Madri e colocá-lo como pajem do filho do rei Felipe II. Luís, entretanto, com a alma ancorada em Deus, permaneceu firme e resoluto em seus propósitos, no meio dos prazeres e honras da corte.



Conquista da permissão paterna

“Para qual ordem religiosa sou chamado?” — perguntava-se o jovem pajem. Optou pela Companhia de Jesus. Além da nobre função do ensino à qual esta se dedicava, motivou essa escolha o fato de os jesuítas serem proibidos, pela regra, de ascender a qualquer cargo, salvo se por ordem direta do Papa. Assim, renunciaria para sempre não só às honras do mundo, mas também às eclesiásticas.

Gritos de cólera e ameaças de açoites foi a resposta do marquês ao pedido de seu filho para entregar-se a Deus, na Ordem fundada por Santo Inácio. Usou de sua influência para conseguir que algumas altas dignidades eclesiásticas tentassem dissuadi-lo de sua vocação, ou ao menos fazê-lo entrar por um caminho que conduzisse às possíveis honras do cardinalato. Não tiveram sucesso maior que o das ondas furiosas do mar sobre a rocha. Pediu-lhe o pai, então, que esperasse a volta à Itália para decidir. Não podia se conformar em perder aquele filho tão dotado, no qual pusera toda a esperança da principesca casa dos Gonzaga.

Começou, então, um período de dois árduos anos de luta para conquistar a permissão paterna de abandonar tudo e seguir a Cristo. Foi a mais dura — e talvez a mais gloriosa — fase de sua vida. Essa luta encerrou-se com um episódio comovedor: certo dia o marquês, olhando pelo buraco da fechadura do quarto de seu filho, viu-o ajoelhado e se flagelando. Só então dobrou-se e lhe deu a tão almejada autorização.

A alegria de entrar na casa do Senhor

“Que alegria quando me vieram dizer: vamos subir à casa do Senhor!” (Sl 121, 1). Chancelada pelo imperador a renúncia pública a seus direitos de filho primogênito, entrou Luís no noviciado da Companhia de Jesus, em Roma. Em todos os lugares por onde passou, o nobre religioso deixou atrás de si o suave aroma de suas virtudes. Despojou-se de tudo quanto podia lembrar sua antiga condição, buscando para si as humilhações e o último lugar. Chegava a enrubescer de vergonha ao ouvir elogios à nobreza de sua família. 
Morte de São Luís. Museu da Santa Cova, Manresa-Espanha (imagem: Arautos do Evangelho).

Os noviços disputavam lugar a seu lado nas horas de recreação, pelo prazer de participar de suas elevadas conversas. E consideravam seus objetos pessoais como verdadeiras relíquias. No estudo de Filosofia e Teologia, mostrou-se tão sábio que defendeu, com aplausos, uma tese diante de três Cardeais e outras autoridades.

Vendo seus superiores o valor da joia que tinham em mãos e, ao mesmo tempo, a fragilidade de sua saúde, multiplicaram os desvelos por ele. Recorreram em vão a uma mudança de ares, na esperança de que lhe faria bem. À vista do insucesso dessa terapêutica, o Padre Reitor deu-lhe ordem de, por um determinado período, não se deter em pensamentos elevados, pois talvez estes o estivessem prejudicando…

Permitiu a Providência esse equívoco para fazer brilhar mais ainda as qualidades de alma daquele “anjo”. Dessa vez a obediência, por ele tão amada, custou-lhe grandes esforços: sair de seu constante estado de oração — confessou a um de seus companheiros — era um enorme tormento, pois, mal se distraía, seu pensamento voava para a consideração dos mistérios divinos.

Vítima da caridade

Em 1591, sua caridade para com o próximo encontrou uma ótima ocasião para expandir-se até o heroísmo: atender as pobres vítimas da peste que assolava a Cidade Eterna. Não tardou, porém, em ser ele próprio contagiado.

Mas Deus, que decidira colher tão cedo este viçoso lírio, não quis levá-lo antes de ele espargir seus últimos perfumes. Três meses de uma febre ardente, aceita com total abnegação, encerraram os 23 anos de sua permanência na Terra.

Seu confessor, São Roberto Belarmino, afirmou que São Luís tinha levado uma vida perfeita e fora confirmado em graça.2 Mais tarde, declararia Santa Madalena de ­Pazzi, a propósito de uma visão que tivera da glória imensa da qual gozava no Céu este filho de Santo Inácio de Loyola: “Enquanto viveu, Luís manteve seu olhar sempre atento em direção ao Verbo, e é por isso que ele é tão grande. […] Oh! Quanto ele amou na terra! É por isso que hoje no Céu possui Deus numa soberana plenitude de amor”.3

Luís Gonzaga foi beatificado por Paulo V, em 1605, e canonizado a 13 de dezembro de 1726, por Bento XIII, quem o declarou padroeiro da juventude.

Modelo de santidade no amor

“No entardecer de nossa vida, seremos julgados segundo o amor”.4 É para esse amor, em uma entrega total, que Deus nos chama desde a juventude, tal qual o fez ao moço rico do Evangelho: “Vem e segue-Me!” (Mt 19, 21).

Que a juventude atual — tão carente de modelos a seguir e tão confundida acerca do amor — não tome a atitude do moço rico, entristecendo-se por ter de desapegar-se das coisas do mundo, mas reencontre o exemplo de seu patrono, São Luís Gonzaga. A isso a incentivou o saudoso Papa João Paulo II, dirigindo-se aos jovens de Mântua:

“São Luís é sem dúvida um santo a ser redescoberto em sua alta estatura cristã. É um modelo indicado também à juventude de nosso tempo, um mestre de perfeição e um experimentado guia no caminho da santidade. ‘O Deus que me chama é Amor, como posso circunscrever este amor, quando para isto seria pequeno demais o mundo inteiro?’— lê-se em uma de suas anotações”.5

_______________Ir. Maria Teresa Ribeiro Matos, EP

_____Notas

1 GARRIGOU-LAGRANGE, OP, Réginald. Les trois ages de la vie intérieure. 7.ed. Paris: Les éditions du Cerf, 1951, v.II, p.555-556.
2 Cf. CEPARI, Pe. Virgilio. Vida de São Luís Gonzaga. Roma: Officina Poligrafica, 1910, p.37.
3 GUÉRANGER, Prosper. L’année liturgique. 14.ed. Tours: Alfred Mame et fils, 1922, v.III, p.253.
4 SAN JUAN DE LA CRUZ. Avisos y sentencias, n.57. Burgos: Biblioteca Mística Carmelitana, 1931, v.XIII, p.238.
5 Homilia em Castiglione, por ocasião do IV centenário da morte do santo, 22/6/1991.

☞ NOTA: Para conhecer acerca da devoção de São Luís Gonzaga ao Sagrado Coração, CLIQUE AQUI.

(Fonte: revista Arautos do Evangelho, nº 102, Junho/2010, “Vida de Santos”)

fonte: https://soutodoteumaria.com.br/21-de-junho-dia-de-sao-luis-gonzaga/

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SÃO LUÍS (GONZAGA) E O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 

Santo Inácio de Loyola e São Luís Gonzaga adorando o Sagrado Coração de Jesus.

Em abril de 1600, no convento de Santa Maria dos Anjos, em Florença, estava a extática (Santa) Magdalena de Pazzi a considerar, com dez de suas Irmãs, uma preciosa relíquia – um osso de um dedo de S. Luís. Enquanto consigo revolvia de que bela alma fora instrumento aquele osso que tinha na mão, arrebatada de improviso a contemplar à glória de São Luís, em alta voz, como por vezes costumava, de modo que as outras Irmãs puderam escrever suas palavras, exclamou: “Oh! quanta é a gloria de Luís, filho de Inácio! … Quando era mortal dispensava setas ao Coração do Verbo; e agora, no céu, essas setas repousam em seu coração; porque aquelas comunicações que ele merecia com os atos de amor e união que fazia, agora as entende e goza …”.

Serafim em carne humana, abrasado no divino amor, Luís ateou sempre na contemplação da cruz e da Humanidade sacratíssima de Cristo as chamas que nesta terra o consumiam e ao presente o beatificam no céu.

O incêndio de pura caridade para com seu estremecido Jesus, que lavrava nesse coração ilibado, com muita razão lhe mereceu que espontaneamente os fieis considerem a essa virtude como característica própria de S. Luís e nele vejam um dos mais notáveis precursores da virgem de Paray no culto do Coração dulcíssimo de nosso Redentor.

Poucos dias depois das revelações de Paray, o Pe. Croiset, em seu famoso livro sobre a devoção ao Coração de Jesus, entre outros meios para alcançar um terno amor ao Coração divino apontava o recurso especial ao “Beato Luís Gonzaga”.

Por isso escrevia-lhe Santa Margarida Maria, a 10 de agosto de 1689: “Visto como V. R. indica a devoção ao Beato Luís Gonzaga como meio eficaz para alcançar um grande amor ao Coração Santíssimo de Jesus, ser-lhe-íamos muito agradecidas, se nos quisesse mandar uma imagem dele, do mesmo tamanho que a do Pe. De la Colombière, para colocá-la em nossa capela do Sagrado Coração…

Esse mesmo livro traz uma gravura, em que vem representada a Virgem SS. em ato de apontar o Coração de Jesus a São Francisco de Sales e a S. Luís Gonzaga, como para indicar, na pessoa do primeiro a ordem da Visitação, a qual pertencia Santa Margarida Maria, e no segundo a Companhia de Jesus, que deu à Santa, como diretor, o Ven. Pe. De la Colombière. São Luís Gonzaga intercedendo pelo jovem noviço Nicolau Celestini.

Outro apostolo igualmente incansável do Coração divino, o Pe. de Gallifet, em seu livro não menos celebre, sobre as excelências do culto do Sagrado Coração, também concede a São Luís lugar de destaque entre as almas de modo especial consagradas a esse culto suavíssimo.

Se durante a vida foi S. Luiz um Serafim abrasado no amor do Coração de Jesus, mostrou-se, depois da sua morte, apóstolo de nossa devoção querida. Para comprová-lo, quero, aqui, em poucas linhas, referir um fato que teve grande fama. Deu-se o acontecimento três dias após o breve apostólico de Clemente XIII que, para toda a Igreja, instituía a festa do Sagrado Coração, designando para a mesma a primeira sexta-feira depois da oitava do Corpo de Deus.

Em 1675, jazia gravemente enfermo, no noviciado romano da Companhia de Jesus, o jovem Nicolau Celestini. Tudo sofria com admirável paciência o exemplar noviço, e com inteiríssima resignação à vontade de Deus. Tinha, porém, um ardente desejo de não passar desta vida sem confortar-se com o Viatico do Senhor. Mais se inflamou neste desejo santo, ao ouvir os discursos que faziam os circunstantes sobre o Sacratíssimo Coração de Jesus, de que fora devotíssimo, e cuja festa havia sido, poucos dias antes, a 7 de fevereiro, aprovada pela Santa Sé.

Acrescia a isto que, não podendo ele ver absolutamente nada, contudo, quando se lhe punha diante dos olhos uma devota imagem do Sagrado Coração, contemplava-a com atenção e claramente a distinguia, o que aumentou nele a confiança de que seus anseios seriam satisfeitos. Rogou, pois, que lhe dessem de beber água misturada com um pouco da farinha milagrosamente multiplicada por São Luís. Assim se fez, e a segunda vez a prova deu feliz resultado, por onde pôde receber o sagrado Viático, e ainda uma vez apertar ao peito o Coração do amoroso Jesus, antes de o ver, já sem véu, como esperava, no paraíso.

Desenganado do médico, aguardava sereno o fatal desenlace, quando, de um modo portentoso, interveio a prolongar-lhe a vida o nosso São Luís. O que se deu, narrou-o o próprio Celestini, e disse como naquela manhã, estando a ponto de ser novamente assaltado de convulsões, começara a ver a imagem de São Luís, que não pudera ainda ver em todo o tempo da doença, e que assim continuara a vê-la por toda a manhã. Ultimamente, tinha-o visto como inflamar-se de improviso, e resplandecer com luz brilhantíssima, do meio da qual, em certo modo, saíra, adiantando-se para ele, o amabilíssimo São Luís, não de perfil e só em busto, como no quadro, mas inteiro e com o rosto voltado para o enfermo. Estava vestido como o representa o relevo no altar do Colégio Romano; na mão esquerda trazia um crucifixo, ficando livre a direita. Com esta tinha-lhe o Santo feito sinal de se aproximar, e Nicolau se esforçara por achegar-se a ouvir o que queria seu celeste amigo; mas, recaindo logo de costas e tornando-se a deitar, continuara sempre a vê-lo, sem poder-se ter que não exclamasse: “Quanto sois belo, meu S. Luís!” A um novo aceno do Santo, levantara-se outra vez, e ouvira dele estas palavras: “Que queres, a saúde ou a morte?” Ao que respondendo Nicolau: “Seja feita a vontade de Deus”, prosseguiu o benigníssimo Santo: “Pois que na tua doença nada mais desejaste que o Sagrado Viático, e em tudo o mais te conformaste com a vontade de Deus, o Senhor, por minha intercessão, te conserva a vida, contanto que cuides em te aperfeiçoar, e procures em todo o tempo dela propagar o culto do Sagrado Coração de Jesus, que é sumamente agradável ao céu.”

Dito isto, lançou-lhe a bênção, e deixando-o completamente são, desapareceu.

 

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 ( https://www.imagensbonitas.com.br/2022/06/sao-luiz-gonzaga.html)

ORAÇÃO A SÃO LUÍS GONZAGA

Ó Luís Santo, adornado de angélicos costumes, eu, indigníssimo devoto vosso, recomendo-vos singularmente a castidade da minha alma e do meu corpo. Rogo-vos, por vossa angélica pureza, que intercedais por mim ante o Cordeiro lmaculado, Cristo Jesus, e sua Mãe Santíssima, a Virgem das Virgens, e me preserveis de todo o pecado grave. Não permitais que eu seja manchado com nódoa alguma de impureza; mas, quando me virdes em tentação ou perigo de pecar, afastai de meu coração todos os pensamentos e afetos impuros, e, despertando em mim a lembrança da eternidade, e de Jesus crucificado, imprimi profundamente no meu coração o sentimento do santo temor de Deus; e inflamai-me no amor divino, para que, imitando-vos na terra, mereça gozar de Deus convosco no Céu. Amém.

Pai Nosso, Ave Maria. (100 dias de indulgencia, uma vez ao dia. Pio VII, 6 de março de 1806. Vid. Beringer-Steinen, t. I, 192 1, n . 512, p. 245-246).

NOTA: São Luís Gonzaga foi festejado no último domingo, dia 21 de Junho.

(Fonte: in São Luiz Gonzaga Padroeiro da Juventude Catholica, Esboço Biographico e Devocionario, Casa Mayença, São Paulo/1926, Cap. XVII e Devocionário, pp. 64-69 e 79-80. Texto revisto e atualizado)

fonte; https://soutodoteumaria.com.br/sao-luis-gonzaga-e-o-sagrado-coracao-de-jesus/