BOLETIM DO DIA 12 DE JANEIRO
Filhos e filhas,
Ainda
estamos na segunda semana de janeiro, tempo de reflexão e planejamento.
Por isso, nesta mensagem quero destacar o Dom da Sabedoria, tão
importante para que nossos empreendimentos em todas as áreas da nossa
vida, inclusive na vida espiritual, tenham bom êxito.
E para entender o que é a Sabedoria, transcrevo aqui um trecho do capítulo 8 do livro de Provérbios:
12 Eu, a Sabedoria, sou vizinha da sagacidade, e tenho o conhecimento e a reflexão. 13 Temer ao Senhor é odiar o mal. Por isso, eu detesto o orgulho e a soberba, o mau comportamento e a boca falsa. 14 Eu possuo o conselho e o bom senso; a inteligência e a fortaleza me pertencem. 15 É através de mim que os reis governam e os príncipes decretam leis justas. 16 Através de mim, os chefes governam e os nobres dão sentenças justas. 17 Eu amo os que me amam, e os que me procuram me encontrarão. 18 Comigo estão a riqueza e a honra, a prosperidade e a justiça. 19 O meu fruto vale mais do que ouro puro, e a minha renda vale mais do que prata de lei. 20 Eu caminho pela trilha da justiça, e ando pelas veredas do direito, 21 para levar riquezas aos que me amam e encher os seus cofres. (Pr 8,12-21)
A sabedoria vem antes da criação, como o Catecismo da Igreja Católica nos explica:
Cremos
que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo não é o produto
de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o
mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas
participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade: "Pois tu
criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e foram
criadas". (Ap 4,11). (CIC 295).
Ou
seja, estamos refletindo sobre a sabedoria que, por instância divina,
desvela o mundo e a vida para quem a busca. O Catecismo da Igreja
aponta:
Antes
de se revelar ao homem em palavras de verdade, Deus se lhe revela pela
linguagem universal da criação, obra de sua Palavra, de sua Sabedoria: a
ordem e a harmonia do cosmo que tanto a criança como o cientista
descobrem, "a grandeza e a beleza das criaturas levam, por analogia, à
contemplação de seu Autor" (Sb 13,5), "pois foi a própria fonte da
beleza que as criou" (Sb 13,3).
A
Sabedoria é um eflúvio do poder de Deus, emanação puríssima da glória
do Todo-Poderoso; por isso nada de impuro pode nela insinuar-se. É
reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e imagem de
sua bondade (Sb 7,25-26). A sabedoria é mais bela que o sol, supera
todas as constelações. Comparada à luz do dia, sai ganhando, pois, a luz
cede lugar à noite, ao passo que, sobre a Sabedoria o mal não prevalece
(Sb 7,29-30). Enamorei-me de sua formosura (Sb 8,2). (CIC 2500).
Que Deus abençoe e conceda sabedoria. Amém.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 19 de Janeiro
Filhos e filhas,
Começo
agradecendo todas as felicitações e principalmente orações pelos meus
27 anos de vida sacerdotal, que celebrei na última sexta-feira, dia 14.
Sou muito feliz como padre e peço, com muita humildade, que rezem por
mim.
Nos
próximos dias, a liturgia nos reserva a memória de alguns santos
mártires da Igreja: São Fabiano, São Sebastião (20/01) e Santa Inês
(21/01). Aproveito para lembrar o que é o martírio de acordo com o
Catecismo da Igreja Católica (n.2473):
“O
martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa
um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo,
morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da
verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de
fortaleza. ‘Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será
concedido chegar até Deus’ - Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad
Romanos, 4, 1: SC 10bis, p. 110 (Funk, 1, 256) ”. (CIC 2473)
Os
mártires só alcançam essa graça, pois possuem uma profunda intimidade
com Deus. É essa intimidade que nós também devemos buscar, para sempre
testemunharmos Jesus Cristo no mundo. E para alcançar essa intimidade, a
oração é fundamental no processo.
A
oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração
converte, a oração verdadeira nos impulsiona. Muitas vezes, nossas
orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos,
ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos
tocar por Deus.
Está
sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus
não quer, mas sim porque não deixamos, nós não O escutamos. Na mesma
proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a
cuidar do espírito. Se, na mesma proporção que buscamos manter a
sobrevivência do corpo buscássemos manter a sobrevivência da alma, não
seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e
desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um
momento para a intimidade com Deus.
A
oração é um combate e nós devemos lutar contra tudo aquilo que nos faz
desanimar. Como a sensação de fracasso, ressentimento, decepção, de não
termos sido atendidos. Chamo a atenção para o que diz, um dos Padres do
Deserto: “Não te aflijas quando não receberes imediatamente de Deus,
o objeto de teu pedido: é que Ele quer fazer-te ainda maior bem, por
tua perseverança em permanecer com Ele na oração” (Evágrio Pôntico).
Termino citando mais um grande Santo de nossa Igreja, Santo Afonso de Ligório: “É
preciso que nos convençamos de que da oração depende todo o nosso bem.
Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer das tentações; dela
depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a
salvação eterna”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 09 de Fevereiro
Filhos e filhas,
Estamos
nos aproximando do dia de Nossa Senhora de Lourdes, dia 11/02, quando
também é celebrado o Dia Mundial do Enfermo, sendo este ano o 30º. Em
sua mensagem para esse dia, o Papa Francisco escolheu como tema “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
Assistir
os enfermos é uma das Obras de Misericórdia. Lembrando que essas obras
são inspiradas na Palavra de Deus e são tradição da Igreja (CIC § 2447),
sete são obras de misericórdia espirituais e sete corporais.
Os
Evangelhos relatam, abundantemente, momentos em que Jesus acolhe,
atende, socorre e cura os doentes. Às vezes eram levados a Ele no
entardecer (cf. Mc 1,32-34), em outras pediam que Ele fosse até a casa
do enfermo, como fez o oficial que pediu a cura do filho que estava
morrendo (cf. Jo, 4, 46-53). Vale lembrar a ação de Jesus, quando na
casa de Pedro, cura sua sogra (cf. Mt 8, 14-15). Jesus se desdobrou em
misericórdia para com os doentes.
A obra de misericórdia assistir os doentes começa
na família quando se lida com doenças prolongadas e, às vezes,
irreversíveis. Seja em qualquer idade ou por qualquer problema de saúde,
que podem ser, entre tantos.
Trata-se
também de um trabalho voluntário em hospitais, asilos e casas de
recuperação terapêutica. Estende-se a uma pastoral urbana que visite e
acompanhe aqueles que, nos grandes centros urbanos vivem a dor de sua
enfermidade na solidão e no esquecimento.
De
forma profética, esta obra de misericórdia questiona a ausência de uma
pastoral de saúde, tanto em nossas comunidades paróquias, como nos
hospitais, que efetivamente possam marcar presença nestes momentos de
fragilidade e vulnerabilidade do ser humano.
Muitos
se perguntam: o que fazer para um doente gravemente enfermo? A resposta
é simples, às vezes nada, apenas “estar” presente junto ao que sofre.
Misericórdia e solidariedade é estar perto de quem sofre, mesmo sem
entender a extensão do sofrimento, pois o pulsar e o latejar da dor é
próprio só de quem está machucado.
Assistir
os doentes até o fim é uma obra de misericórdia conflitante a toda e
qualquer ideia de eutanásia e similares. Implica inclusive em oferecer,
além de recursos físicos e terapêuticos necessários, a assistência
religiosa e espiritual. Fato este que familiares estão se esquecendo e
negligenciando.
Tudo
isso na gratuidade em servir os mais necessitados e sofredores, sabendo
que Nossa Senhora nunca abandona o cuidado com os seus filhos. Por
isso, convido a todos a rezarmos pelos enfermos, pedindo a intercessão
de Nossa Senhora de Lourdes:
Nossa Senhora de Lourdes, Virgem Santíssima e Mãe,
Vós que aparecestes a Bernadete em uma gruta, mostrando que no silêncio da vida encontramos o Deus revelado.
Nossa Senhora de Lourdes, quando ela cavou o chão, viu brotar o olho d'água, lembrando Jesus, fonte de Água Viva.
Nossa
Senhora, milhares e milhares de pessoas, durante todo o ano, se dirigem
à gruta de Lourdes, em macas, cadeiras de rodas, levadas pela motivação
da restauração da fé e da recuperação da saúde.
Nossa Senhora, intercedei perante Deus por todos os enfermos, de um modo particular aquelas que estão num leito de hospital.
Sim, Virgem, aqueles que hoje irão fazer uma cirurgia e pediram nossas orações.
Todos
os que estão abandonados pelas famílias, aqueles que estão nas UTIs,
nas enfermarias, nos leitos das casas, nos corredores dos hospitais.
Aqueles que não têm a oportunidade de ter um tratamento digno, aqueles que estão desenganados dos médicos.
Nossa Senhora de Lourdes, fazei derramar a graça de Deus sobre estas pessoas.
Virgem Mãe, intercedei por nós e obtende a graça de que necessitamos.
Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós e por todos os enfermos.
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 16 de Junho
Filhos e filhas,
"Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o
ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeiramente uma
comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida" (Jo 6,54-55).
Começo
essa reflexão com um versículo sobre o Pão da Vida, que é Jesus, para
nos lembrarmos de que Corpus Christi, celebrado nesta quinta-feira. Este
dia não é somente um feriado, já que para nós católicos é um dia de
manifestarmos publicamente nossa fé em Jesus Cristo, presente na Sagrada
Eucaristia.
Em
minhas homilias e reflexões tenho falado do privilégio e da
responsabilidade de sermos a única Igreja em que Jesus se faz presente
em corpo, sangue, alma e divindade em nossos sacrários. Tenho exaltado a
importância de que em toda quinta-feira faça-se uma visita a Capela do
Santíssimo, prestar alguns minutos, pelo menos, de adoração.
Reforço
essa recomendação porque é na Eucaristia, filhos e filhas, que Jesus
oferece a si mesmo como força espiritual para nos ajudar na caminhada
rumo ao céu, principalmente a colocar em prática o mandamento de amar
uns aos outros como Ele nos amou.
No capítulo 6 do Evangelho segundo São João, conhecido como discurso do “Pão da Vida”, Jesus afirma que ele é “o pão vivo que desceu do céu”,
ou seja, Ele nos diz que o Pai o enviou ao mundo como o alimento de
vida eterna e por isso Ele vai sacrificar a si mesmo, a sua carne.
Na
cruz, Jesus deu o seu corpo e derramou o seu sangue. O Filho do homem
crucificado é o verdadeiro Cordeiro pascal, que nos faz sair da
escravidão do pecado e nos apoia no caminho para a terra prometida. E a
Eucaristia é o Sacramento da sua carne, dada para vivificar o mundo.
Quem se nutre deste alimento permanece em Jesus e vive por Ele.
Nutrir-se
de Jesus na Eucaristia significa abandonar-nos com confiança a Ele e
deixar-nos guiar por Ele. Trata-se de acolher Jesus no lugar do próprio
“eu”. Desta forma, o amor gratuito recebido de Cristo na Comunhão
eucarística alimenta o nosso amor por Deus e pelos nossos irmãos que
encontramos no cada dia.
Por fim, finalizo esta mensagem com um trecho da belíssima Lauda Sion, de São Tomás de Aquino, para nossa reflexão nesta Solenidade de Corpus Christi:
Faz-se carne o pão de trigo,
faz-se sangue o vinho amigo:
deve-o crer todo cristão.
Se não vês nem compreendes,
gosto e vista tu transcendes,
elevado pela fé.
Pão e vinho, eis o que vemos;
mas ao Cristo é que nós temos
em tão ínfimos sinais...
Alimento verdadeiro,
permanece o Cristo inteiro
quer no vinho, quer no pão.
É por todos recebido,
não em parte ou dividido,
pois inteiro é que se dá!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas, Tenho
convicção de que para Deus nada é impossível. Ele está sempre pronto a
nos escutar e não é indiferente às contingências da nossa vida,
especialmente aquelas que nos impõem maior dificuldade.
Trago
esse tema inspirado na santa que a Igreja celebra no próximo domingo,
dia 22 de maio, Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis.
Ela traz esse título porque em sua própria vida enfrentou provações que
pareciam intransponíveis, mas confiando na ação divina, venceu todas.
O
exemplo dela só reafirma que, quando Deus permite a ocorrência de uma
provação, Ele está agindo como Pai zeloso, que utiliza esses desafios
para nosso amadurecimento e para nos transmitir lições valiosas, porque
nos ama. Como afirma a Carta aos Hebreus: “O Senhor corrige a quem
ele ama e castiga a quem aceita como filho. E qual é o filho que não é
corrigido pelo pai? Pelo contrário, se vocês não são corrigidos como
acontece com todos, então vocês são bastardos e não filhos” (Heb 12, 6-8).
Vale
lembrar que mesmo as situações difíceis podem trazer boas
oportunidades, já que muitas pessoas crescem e conseguem se estabelecer
em tempos de crise. Espiritualmente, também podemos colher bons frutos,
pois toda tribulação traz consigo um estímulo à verdadeira conversão,
levando-nos à perseverança e a uma profunda experiência com Deus.
Cabe
a nós não dar ouvidos às investidas do Inimigo e manter a serenidade.
Se ficarmos apavorados, imersos em pensamentos negativos — “Deus se esqueceu de mim!”, “Deus não me ama!”, ou “Por que Deus não me escuta?” —, estaremos agindo exatamente como o Diabo quer.
Não
há montanha que o Deus do impossível não consiga mover. Se a graça está
demorando é porque o Altíssimo está caprichando e preparando o melhor
para nós. A oração que sai de nosso coração não passa despercebida e
atinge o coração de Deus.
Acredite: Ele tem os melhores planos para nós, conforme revelou o profeta: “Sim,
eu conheço os desígnios que formei a vosso respeito — oráculo do Senhor
—, desígnios de paz e não de desgraça, para vos dar um futuro e uma
esperança. Vós me invocareis, vireis e rezareis a mim, e eu vos
escutarei. Vós me procurareis e me encontrareis, porque me procurareis
de todo coração; eu me deixarei encontrar por vós” (Jr 29, 11-14).
Façamos,
portanto, uso daquilo que o Senhor quer dar. Não me refiro a bens
materiais, mas à força, à paz e à serenidade para carregarmos a cruz de
cada dia. Sigamos o conselho do apóstolo Paulo: “Não vos inquieteis
com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração
e pela súplica, em ação de graças. Então, a paz de Deus, que excede
toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo
Jesus” (Fl 4, 6-7).
Quando
existe fé verdadeira, não há lugar para incertezas. Todos os dias,
somos chamados a reagir de diferentes modos diante das dificuldades e o
Senhor Jesus está a garantir: “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (2 Cor 12, 9a).
O
sofrimento aproxima-nos d’Ele e é n’Ele que devemos depositar nossa
confiança. Isso significa que, para superarmos esses momentos de
tribulação, não devemos concentrar nossa atenção nas dificuldades e sim
na presença de Jesus, que disse: “Neste mundo, tereis aflições, mas tende coragem; eu venci o mundo” (Jo 16, 33).
Jesus
é nosso parceiro de caminhada, assim como foi de Santa Rita de Cássia,
dando-nos força e segurança. Ele venceu a morte e prometeu estar conosco
até o fim. Com Ele nos amparando, não há o que temer. No amor a Jesus,
pelas Suas Santas Chagas, a vitória chegará.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti