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quarta-feira, 10 de março de 2021

Boletins do padre Reginaldo Manzotti- ano 2021

 


06 de Janeiro de 2021

Filhos e filhas,

Feliz 2021! Que neste novo ano que se inicia, possamos ainda mais confiar em Deus e superar desafios, na humildade e fraternidade.

É o primeiro boletim do ano, é tempo de renovar as esperanças, fazer novos planos, traçar metas em todas as áreas de nossa vida. Deus nos reserva muitas graças e nos quer felizes, mas pelo livre arbítrio que nos concedeu, tudo dependerá do nosso esforço pessoal e disciplina. Sempre é possível avançar mais rumo àquilo que Deus pensou para nós e Jesus veio revelar: uma vida plena e abundante.

A Igreja sempre reconheceu e exaltou a importância da família para a construção de uma sociedade equilibrada, justa e fraterna. São João Paulo II a descrevia como a célula mãe da sociedade e a conclamava a ser um santuário de amor, uma pequena Igreja doméstica.

A família foi colocada à prova no ano de 2020, como também nos anos anteriores. Mas, em particular, as famílias tiveram que, juntos, aprender a conviver frente a uma nova realidade que exige tantos dos pais, quanto dos filhos.

Por isso, sugiro algumas reflexões para que em 2021 toda família viva em harmonia e paz:

Perdoem-se sempre

O perdão é o remédio para a cura espiritual do ser humano. O perdão liberta e nos devolve a paz. Ao se perdoarem sobre algo que os magoou e acertarem como devem agir, não toquem mais no assunto.

Mantenham o respeito

Busquem focar a atenção naquilo que os une, nos pontos comuns. Rezem um pelo outro e busquem seguir com o olhar para o mesmo horizonte. O sucesso ou o fracasso da relação depende de quem faz parte dela, ou seja, do casal. Não abandonem o barco antes de começarem a remar. Não desistam na primeira dificuldade. Sejam persistentes e façam tudo o que puderem para sempre reavivar a chama do sentimento que um dia fez com que quisessem passar a vida inteira juntos.

Na vida de fé

Devemos dar graças ao Senhor e confiar a Ele nossas preocupações por meio de nossas orações, conforme São Paulo recomenda: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias, apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4, 6). O Espírito Santo, que ensina a Igreja e a faz recordar de tudo o que Jesus disse, também educa para a vida de fé.

Essas são apenas algumas orientações em algumas áreas importantes da vida que nos proporcionarão um ano melhor e uma vida mais feliz.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 27 de Janeiro

Filhos e filhas,

A fé é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos os homens, sem exceção. Chamamos de dons infusos a fé, a esperança e a caridade.

A fé é como uma semente. Quando nascemos, Deus planta em nós a semente da fé e nós nascemos com esta semente. É uma semente em potencial, que ainda não é ato, mas compete a nós darmos condições materiais para que a fé cresça.  Ou seja, a fé é dom de Deus que não nasce separadamente da vontade humana, porque ninguém acredita se não quiser. Também ninguém acredita sem que Deus o permita.

A fé precisa ser estimulada, precisa ser exercitada e para isso, requer algumas atitudes importantes. Podemos tomar como exemplo o dom de tocar violão. A pessoa tem o dom mas precisa treinar, estudar e exercitar.

Para exercitar a fé precisamos ter caridade, pois a fé cresce na prática da caridade. Outro exercício fundamental é a vivência sacramental. Buscar os sacramentos da confissão e da comunhão, mesmo que não tenha vontade e não o faça por sentimento.

Santa Teresa D’Ávila ensinava que quando se tem vontade de ir à missa, vai. Mas, se no domingo seguinte não se tem, não se deve deixar de ir, porque é justamente quando se vai sem ter vontade, que se vai pela fé. É o mesmo com a oração: quando se reza sem vontade, sem prazer, se age pela fé e o valor desta oração é dobrado. Não é uma questão de sentir prazer, sentir vontade, é uma questão de atitude. Não podemos reduzir a fé ao sensacionalismo, ao sentimento de estar com vontade ou não.

E por fim, mas não menos importante, quem deseja exercitar a fé deve realizar com constância a leitura da palavra de Deus. A fé unida a inteligência e a razão voa com maior facilidade. Voltemos ao exemplo do dom da música, se não exercitamos os dedos, a memória auditiva e a habilidade, nós perdemos este dom, pois não o desenvolvemos. Assim também é com a fé.

Gostaria de salientar que Jesus não menciona se há oração fraca ou forte, porém Jesus diz: “Tudo que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt 21, 22). A fé, dom de Deus, deve crescer a cada dia em nós.

Grande ou pequenina como um grão de mostarda, mas capaz de transportar montanhas (Mt 17, 20), mais preciosa que o ouro segundo São Pedro (1Pd 1, 7) a fé exige uma verdadeira pessoal e intransferível experiência com Jesus Cristo. Pessoal e intransferível porque cada discípulo terá que fazer a sua.

A partir dessa experiência com Jesus Cristo, a fé nos compromete a realizar, momento a momento, o que Deus espera de nós.

“Fé é acreditar no que você não vê; a recompensa da fé é ver o que você acredita” (Santo Agostinho).

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

17 de Fevereiro

Filhos e filhas,

Já estamos na Quaresma e mais uma vez a Pandemia nos impõe muitas penitências. E mesmo com todas as restrições, começou o tempo de conversão, tempo favorável para um “voltar-se para Deus”. Começou a caminhada para a Páscoa do Senhor.

Já falando da Páscoa, padre? Explico. Ao comentar o salmo 148, Santo Agostinho nos fala do mistério pascal de Cristo celebrado pela Igreja em dois momentos pedagógicos. O primeiro é aquele que antecede a Páscoa e que denominamos de Quaresma e Semana Santa. Já o segundo refere-se ao mistério pascal da ressurreição e glorificação ao Senhor.

Tudo que celebramos na Igreja está inserido no mistério Pascal, principalmente a Quaresma. Num primeiro momento, somos chamados a perceber um Cristo Senhor que enfrentou tribulações, tentações, traições e por fim, a morte, dando-nos uma grande lição com sua obediência ao Pai até as últimas consequências: a crucificação.

Tudo na Quaresma está estabelecido para favorecer a conversão. Porém, não entendamos conversão como mero fruto de nossa capacidade de autocrítica ou de um sincero exame de consciência, mas sim como dom de Deus que vem a nós por Cristo Jesus.

Nesse sentido, todo esforço de viver intensamente a Quaresma através das obras da penitência (jejum, oração e caridade) é para aperfeiçoar a santidade já recebida no batismo. A Quaresma é um tempo muito forte para todos nós, para purificação e iluminação. Tudo favorece a isso.

Observe os sinais externos que a própria Igreja nos dá. Analise a abertura da Quaresma que é feita na Quarta-feira de Cinzas, quando elas são colocadas na nossa cabeça lembrando o próprio Cristo que nos pede “Convertei-vos e crede no Evangelho”, mesmo que nesse ano de uma forma diferente.

Atente para a cor roxa com a qual os sacerdotes se vestem e são revestidos alguns altares, nas flores e ornamentações, demonstrando a sobriedade que o tempo exige.

Perceba o silêncio dos Aleluias e Glórias não entoados nas nossas assembleias litúrgicas, a espera de explodirem com o Cristo, que vencerá a morte na madrugada da ressurreição.

Escute atentamente a liturgia da palavra que, nos cinco domingos da Quaresma, propicia um mergulho profundo nas águas do batismo, que brotam do cordeiro imolado. Você já se deu conta que sempre no primeiro domingo da Quaresma, a liturgia versa sobre a tentação de Jesus no deserto, como exemplo para superarmos nossos próprios demônios?

Reze a Via Sacra como exercício penitencial, colocando nossos pés nas pegadas de nosso Senhor, que foi obediente ao Pai até o fim. Exalte a cruz através da qual Cristo redimiu e salvou toda a humanidade. Intensifique as obras da penitência quaresmal: o jejum, a oração e a caridade.

Celebre com intensidade e profundidade o mistério pascal no tempo da Quaresma!

“Com Cristo quero viver, com Cristo quero sofrer para com Cristo Ressuscitar”.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 Boletim do dia 24 de Março

Filhos e filhas,

Na próxima sexta-feira acontece a Live ‘Compromisso de Amor’ e, desde já, eu te convido para acompanhar e participar! Nossa intenção é ajudar o maior número de pessoas que conseguirmos. Por isso, peço que você colabore fazendo a doação de alimentos durante a live. É nosso dever de cristão estender a mão a quem precisa e alimentar os famintos.

Feito esse convite, quero abordar nesta mensagem um assunto muito necessário hoje em dia: o ato de PERDOAR. O perdão deve acontecer, principalmente, por se tratar de um preceito de Nosso Senhor. Não devemos perdoar por sermos movidos por amor, complacência ou benevolência, mas sim porque foi isso que Jesus nos pediu.

Quem se fecha à graça do perdão fica preso ao passado, à dor, à magoa, à raiva e às vezes até ao desejo de vingança, sentimentos tóxicos que acabam bloqueando o futuro. Além disso, podem gerar doenças psicossomáticas, pois reduzem a imunidade do organismo e abrem espaço para as enfermidades oportunistas.

Há também aqueles que acham difícil perdoar porque ainda não entenderam que perdoar não se trata de desculpar, minimizar a ofensa sofrida e fingir que nada aconteceu. Agir dessa forma significa mascarar o problema, como colocar um curativo em cima de uma ferida que ainda contém sujeira. Ela pode até aparentar estar cicatrizada, mas, por baixo da casca, a infecção permanece. Insisto: a ferida precisa ser raspada e sangrada para acontecer a cicatrização. Desculpar não é perdoar.

O perdão só cura quando reconhecemos a dor, conversamos sobre a ofensa. E, apesar de admitir ao outro que ele agiu mal e nos machucou, escolhemos não alimentar a tristeza, não guardar ressentimentos e, em Deus, perdoamos suas fraquezas e limitações. Quando se perdoa, não se esquece. A memória do que passamos não se apaga e nem Deus pede façamos isso. Mas, se no momento em que lembrarmos daquilo que nos fizeram brotar o sentimento de mágoa ou dor, é sinal de que não houve perdão. Quando perdoamos de fato, a lembrança daquilo que foi cometido contra nós deixa de ter poder destrutivo e não desperta mais emoções negativas e nos proporciona força para prosseguir. Já os que não trilham esse caminho, tendem a se tornar agressivos e vingativos.

Jesus nos ensinou a rezar na Oração do Pai Nosso: “perdoai-nos, assim como perdoamos quem nos tem ofendido”. São Paulo também recomenda essa prática em sua carta aos Colossenses ao afirmar: “Suportem-se uns aos outros e se perdoem mutuamente, sempre que tiverem queixa contra alguém. Cada um perdoe o outro, do mesmo modo que o Senhor perdoou vocês” (Cl 3,13). Jesus, na cruz nos dá o grande exemplo: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Não guardemos magoas, não fiquemos rancorosos, não azedemos nossa alma, pois a ausência do perdão bloqueia até a oração

A Quaresma é, por excelência, o tempo propício à conversão e reconciliação com Deus. Por isso, se você guarda alguma mágoa, pequena ou grande, aproveite esse tempo forte e faça a experiência do perdão. Liberte-se para realmente viver a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

Boletim do dia 31 de Março

Filhos e filhas,

“Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha chegado a sua hora. A hora de passar deste mundo para o Pai. Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (Jo 13,1)

Estamos em plena Semana Santa, que se iniciou com o Domingo de Ramos. Mais uma vez em plena Pandemia, o que nos leva a fazer dos nossos lares local de celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Nesta Quinta-feira Santa, começaremos o Tríduo Pascal, que é o coração da liturgia cristã.

Jesus Cristo, em sua vida e missão, assume e conduz à perfeição o que prefigurava a Páscoa antiga. A memória do Êxodo, como passagem da escravidão para a liberdade, encontra sua culminância na atitude de amor e de serviço de Jesus Cristo.

Celebrar o Tríduo Pascal é celebrar toda a história de nossa salvação. É viver intensamente a memória da passagem de Jesus Cristo no meio de nós. Com sua atitude de amor ao Pai e serviço aos irmãos, Jesus marca de uma maneira decisiva a história da humanidade e inaugura uma nova maneira de viver como irmãos e como filhos de um mesmo Pai.

Cremos que ele é o Alfa e o Ômega, a revelação do Deus da Aliança e Sua vida e a missão manifestam de forma perfeita o que é o amor e a fidelidade de Deus.

A cruz, escândalo aparente de um Deus que fracassa, torna-se o lugar referencial de salvação para a humanidade. A morte foi vencida e o amor tem a última palavra.

Fazer a memória da Paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus com as celebrações que nos propõe a Igreja é tornar-se contemporâneo desses acontecimentos salvíficos. É para nós cristãos a memória de um acontecimento fundador de nossa identidade cristã. É Ele o fundamento da nossa fé e de nosso agir cristão.

Nós, os seguidores de Jesus Cristo, somos os responsáveis por esta memória. Mas, esta memória cristã é comprometedora, de tal maneira que o caminho do servidor não é tranquilidade, mas sim luta, doação e serviço até as últimas consequências, a exemplo de nosso Mestre e Senhor.

Assim, para o discípulo seguidor de Jesus Cristo, a vida é um constante caminhar em que Deus é a fonte e também a meta a se alcançar. Em Jesus Cristo, o Pai já nos fez entrar, no que Ele nos prometeu e que será plenamente manifestado quando da vinda de Seu filho na glória, como está escrito na Carta aos Hebreus: “Não temos aqui a nossa pátria definitiva, mas buscamos a pátria futura” (Hb 13, 14).

Não é ao paraíso perdido que nós sonhamos voltar. A Pátria que buscamos é a cidade nova, a Jerusalém celeste. Ou seja, o Reino definitivo, a Aliança plenamente realizada, objeto de nossa esperança cristã.

Se somos Igreja que celebra o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus é porque cremos que para toda a humanidade hoje, apesar das ameaças e da violência assustadora, Ele é a luz, a esperança e a Boa Nova de salvação.

Procuremos com todo o empenho preparar e viver bem a celebração do Tríduo Pascal, para que possamos participar frutuosamente do Mistério da nossa salvação, que culmina com a Celebração da Páscoa do Senhor.

O Domingo da Páscoa é como diz o Salmista: “O dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!”. Por isso, nenhum cristão católico pode deixar de celebrar a Eucaristia neste dia.

É o dia do Povo de Deus fazer o grande eco: “Jesus ressuscitou! Ele está vivo! Alegrai-vos!”

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 


 

Boletim do dia 14 de Abril

Filhos e filhas,

Em tempos difíceis, como este que estamos vivendo, o amor e cuidado com o próximo devem ser intensificados. E o “próximo” não somos nós que escolhemos, é a vida que nos interpõe. Ninguém pode escolher seu “próximo”, é o momento que nos traz. Podemos estar saindo para comprar pão e o “próximo” estar ali, entre a casa e a panificadora.

Foi o próprio Jesus quem nos ensinou isso na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,30-37). O próximo se coloca em nossa vida como se colocou na vida do sacerdote que virou as costas e foi embora, na vida do levita que também passou e não se tocou até que chega o Bom Samaritano.

Quando Jesus conta a Parábola, está falando que nós somos chamados a sermos hoje Bons Samaritanos. Fico pensando naquele homem, que apanhou dos ladrões e foi deixado, quase morto, e Jesus diz que o samaritano o levou para a hospedaria. Jesus é o Bom Samaritano, é aquele que é capaz de passar pelos caminhos e acolher aqueles que estão precisando de misericórdia. Ele os leva para a hospedaria, que é seu coração. Conforta-me pensar que Jesus age dessa forma, recolhendo aqueles que caíram e se perderam, porque se não nos cuidarmos, nos perdemos.

Por isso, quanto mais pudermos, sejamos misericordiosos. Perdoemos mais. Se alguém nos fez alguma ofensa, perdoemos. Isso conta pontos no céu e Deus agirá dessa forma conosco. Sempre fique com essa imagem: “Eu quero ser o Bom Samaritano”.

Jesus viu a humanidade caída e compadeceu-se. Ele viu que o ser humano foi assaltado, roubaram das pessoas a esperança, tiraram das pessoas a fé. Os acontecimentos da vida minam, tiram, esfacelam a imagem de Deus em nós e deixam-nos machucados e desfalecidos à beira do caminho. Mas, podemos contar com a misericórdia divina, pois Jesus se tornou um de nós. Ele desceu até nós e se encheu de compaixão.

Ele levantou o gênero humano, assumindo nossas culpas e levando consigo nossas dores. Ele nos tomou nos braços, derramou seu sangue para nos lavar do pecado e nos ofereceu o óleo de seu Espírito. Nos carregou e levou à hospedaria da casa do Pai, que é a Igreja. Jesus já pagou as despesas na cruz, deu tudo o que tinha. Entregou as duas moedas de prata, o sangue e a água que saíram de Seu Coração transpassado e disse: Eu voltarei e tudo que a Igreja faz e tudo o que também nós fizermos a mais para aqueles que estão caídos Ele restituirá em graças.

Tenho observado como as pessoas realmente estão machucadas, como estão precisando que ajamos como o bom samaritano. Há muitos feridos em nosso caminho e não podemos passar por eles e desviar. Às vezes, nós somos miseráveis também na ajuda ao próximo, o que a nossa direita faz a nossa esquerda já cobrou faz tempo ou nossa língua fica contando para todo mundo e vai se inflando nosso ego.

Se hoje somos o Bom Samaritano para alguém, amanhã corremos o risco de necessitarmos de alguém para nos acudir, pois podemos estar caídos pelas frustrações e lambadas que levamos da vida. Ninguém está imune a isso. Vamos ser sinceros, somos cobrados a cada instante. É uma cobrança atrás da outra e se não nos cuidarmos, dormimos angustiados e acordamos preocupados, porque a vida é assim.

Jesus nos ensina que a compaixão é uma atitude tão profundamente humana quanto divina. Por isso, deixemo-nos amar pelo Bom Samaritano e amemos nosso próximo como Bom Samaritano.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

Boletim do dia 21 de Abril

Filhos e filhas,

A vitória com Deus é certa! Temos essa certeza porque Jesus Ressuscitou, venceu a morte e nos garantiu a vida eterna. Mas, para chegarmos até a glória da ressurreição, é necessário também passar pela Cruz. Na Cruz está a redenção e Jesus só ressuscitou porque morreu. Por isso, é fundamental em nossa vida aceitarmos a cruz, na certeza de que com Deus a vitória é certa.

O caminho de Jesus passa pelo calvário e em nosso itinerário de discípulos missionários de Cristo. Compreender as últimas frases de Nosso Senhor Jesus é primordial. São João cita como sendo sete, mas em particular a última é a confirmação e realização de tudo que Jesus passou: “Tudo está consumado.” (Jo 19,28) Consumatum est, tudo foi bem feito, tudo está completo. A última palavra de Jesus é como a última observação que Deus faz no livro do Gênesis, quando tendo criado tudo disse que tudo era bom (cf. Gn 1,31).

Consumatum est, tudo foi feito para nossa salvação, para nossa redenção. Cristo não só se esvaziou fisicamente, Ele se sente abandonado a ponto de gritar: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?” (cf. Mt 27,46). Ele certamente buscou em Deus uma resposta e Ele cobriu o mundo com as trevas. A mesma que cobria a Terra, narrada no livro do Gênesis antes da criação do mundo. No 1º dia Deus fez a luz e Ele começa a criar o mundo dizendo, faça-se a luz. Ele podia ter feito o homem, mas Deus fez a luz (cf. Gn 1,1-3). E no primeiro dia da semana, no raiar do sol, as mulheres foram ao túmulo e não encontraram Jesus. No 1º dia da semana, Deus disse faça-se a luz e no primeiro dia da semana, Jesus fez a luz nascer de novo para a humanidade.

A ressurreição vai contra qualquer princípio humano, antropológico, biológico e escatológico. Ele venceu o diabo, Ele venceu seus algozes, Ele venceu o sepulcro e aqui reside a minha e a tua fé! Se você caminhar até a Sexta-feira Santa ou Sábado Santo e parar por aí, tudo acabou, pois a vitória de Jesus está no primeiro dia da semana. Cristo ressuscitou, essa é a diferença!

Se Jesus tivesse terminado num sepulcro eu não seria padre e você não seria católico, porque morrer todo mundo vai e não tem glória nenhuma em morrer. Se olharmos para os grandes imperadores, todos morreram e os grandes impérios ruíram. Então, o que fez a diferença é o fato de Jesus Cristo ter morrido na cruz? Também não! Pouco antes de Jesus morrer na cruz, mais de seis mil judeus foram crucificados de Roma até a Judeia. O que faz a diferença em Jesus Cristo é o fato de que foi o único que morreu e voltou à vida. O sepulcro estava vazio, aqui tem algo de novo.

Na nossa vida há uma única certeza: a certeza de que ninguém vai viver eternamente na Sexta-feira Santa. Não se iluda, a maior parte da nossa vida é peleja, é sofrimento, é tribulação. Todos têm dificuldades, mas a diferença é a certeza da vitória, seja nessa ou na outra vida, garantida por Cristo na Ressurreição. O poder do inimigo no homem foi cruel, mas Aquele (Jesus) que foi obediente e humilde viu a mão de Deus, que O ressuscitou.

Todos nós que entendermos que não importa como, nem em que circunstâncias, não importa em que silêncio ou a sensação de abandono, obedecer a Deus é o melhor caminho para sermos vitoriosos. Tudo estava consumado e Jesus foi vitorioso.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Filhos e filhas,

Quando as tribulações e sofrimentos são grandes, a intercessão é fundamental para permanecermos firmes. Tenho recebido muitas partilhas dolorosas de perdas e enfraquecimento da fé. E, nessas horas, a intercessão é um apoio que não nos faz cair no desespero.

Interceder é pedir algo em favor de uma outra pessoa. É colocar-se entre Deus e alguém, rogando pela sua causa e necessidade, como São Tiago nos exorta a fazer: “orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia” (Tg 5,16). Na intercessão, aquele que reza “não procura seus próprios interesses, mas sobretudo dos outros” (Fl 2, 4), e reza mesmo por aqueles que lhe fazem mal (CIC 2635).

A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, principalmente dos pecadores. Jesus Cristo, se coloca entre Deus e os homens, como intercessor. No plano da salvação, Cristo se consagra em favor da humanidade. Então, entre Deus e a humanidade, ali bem no meio, está um intercessor que é Jesus.

A Carta aos Hebreus fala de Jesus depois da sua morte, ressurreição e ascensão: “Este, porque vive para sempre, possui um sacerdócio eterno.  É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor” (Hb 7, 24-25).

Assim como no batismo, somos chamados a nos associarmos ao único intercessor, que é Jesus. A missa, que é uma ação de graças, na verdade também é uma intercessão. Jesus se coloca como “o consagrado”, aquele que se entregou, para que a humanidade tivesse vida.

O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras. Na vida de Moisés, temos o exemplo da eficácia da intercessão. Em várias ocasiões, Moisés eleva à Deus suplicas em favor do povo e obtém de Deus o perdão para o povo, e, a mudança da sentença que Deus já resolverá executar (Nm 14,13-21; Êx 32,11-14).

Os Evangelhos apresentam mais exemplos de suplicas de intercessão dirigidas a Jesus, como por exemplo nas Bodas de Cana (Jo 2, 1-11); Jairo intercedendo pela família (Mc 5, 22-23); o oficial do Rei que suplica pelo filho (Jo 4, 47-53); o Centurião intercedendo pelo seu servo (Mt 8, 5-6); ainda podemos considerar como um ato de intercessão o gesto dos quatro homens que trouxeram o paralítico e desceram seu leito pelo telhado, fazendo-o chegar a Jesus (Mc 2, 3-4).

Sabemos que o único intercessor entre Jesus e Deus é o próprio Jesus Cristo. Mas, até chegar a Jesus os santos são os intercessores. Nossa Senhora é a advogada, o próprio Jesus nos deu como mãe e intercessora.

Rezemos sempre um pelos outros, porque intercessão é carregar o outro, de joelhos dobrados.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 Boletim do dia 02 de Junho de 2021

Filhos e filhas,

“Tomai e comei, isto é o Meu corpo. Tomai e bebei, todos vós, isto é o Meu sangue. O sangue da aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26, 26-27)

Em nenhum versículo da Sagrada Escritura, a Eucaristia é apresentada como um mero “símbolo” do corpo de Cristo. Na verdade, nela está presente o próprio Cristo: corpo, sangue, alma e divindade. Essa é a verdadeira doutrina sobre a Eucaristia ensinada por Cristo e pelos apóstolos, até porque se a Eucaristia fosse apenas um “símbolo”, uma “lembrança”, ela não poderia se constituir num alimento para a vida eterna.

A Eucaristia sempre foi considerada o “Sacramento da Igreja”, estando no centro da vida paroquial e da comunidade que dela participa. Não se edifica uma comunidade se esta não tiver sua raiz e seu centro na Eucaristia, lembra o Concílio Vaticano II (Presbyterorum Ordinis 6).

Nosso Senhor Jesus instituiu a Eucaristia na noite em que foi entregue aos soldados romanos, enquanto ceava com os apóstolos. Inaugurou o rito eucarístico, oferecendo aos apóstolos o sacramento do pão e do vinho, Seu próprio corpo e sangue em comida e bebida, e mandando que fizessem o mesmo em Sua memória. Portanto, delegou o poder de realização deste sacramento até o Seu retorno.

São João Paulo II assim falou sobre a Eucaristia: “Debaixo das aparências do pão e do vinho consagrados, permanece conosco o mesmo Jesus dos Evangelhos, que os discípulos encontraram e seguiram, viram crucificado e ressuscitado, cujas chagas Tomé tocou, prostrando-se em adoração e exclamando: ‘Meu Senhor e meu Deus’”.

Desde a Quinta-feira Santa de 2017, Deus tem colocado em meu coração uma necessidade de valorizarmos ainda mais Jesus Sacramentado. Nós, católicos, temos o privilégio de podermos adorar a Jesus. Mas, tenho ressaltado que esse privilégio também nos dá a responsabilidade de mostrar o real valor da Eucaristia.

Olhar para Jesus no Sacramento do Altar é ter a consciência de que somos amados por Deus e reconhecer os sinais desse amor presentes nos acontecimentos da nossa vida, em todos os pontos e vírgulas da nossa história.

Fazer uma experiência da presença real de Jesus é também amá-Lo e verificar se nosso coração está inteiro n’Ele ou dividido. É descobrir onde deixamos cada pedaço do nosso coração e pedir que o Espírito Santo revele qual parte dele não pertence ao Senhor.

É deixarmo-nos forjar no fogo do Espírito Santo, para que os pedaços do nosso coração sejam fundidos como uma única peça, uma única joia, a qual não mais se separe em pedaços e pertença inteiramente ao Senhor, um coração adorador.

Termino essa mensagem com uma das orações ensinadas pelo anjo em Fátima, aos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco, que creio ser próprio de um coração adorador:

“Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.” Amém

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

Boletim do dia 16 de Junho

Filhos e filhas,

Já estamos no meio do ano de 2021, vivendo a mais de um ano um marco na história. Essa época nos faz valorizar a fé que recebemos, seja da nossa família ou de outra fonte. Devemos ser gratos, pois é agora que nossa fé nos sustenta – e o encontro com Jesus nunca foi tão importante.


 

Um encontro capaz de nos curar e transformar nossas vidas. O relacionamento com Jesus cura a visão da nossa própria existência, que acaba adquirindo um novo sentido. Quem faz essa experiência do “encontro” fica tão preenchido de Jesus que não consegue reter só para si a graça, a alma e o coração curado, que se torna um coração evangelizador.

Jesus não nos força a nada, não arromba nosso coração. Mas, quando damos pelo menos uma brechinha, Ele entra lentamente em nossa vida e realiza maravilhas. Quando percebemos, já não conseguiremos viver sem Ele, pois todo nosso ser é tomado por Ele. E essa experiência do Seu amor e da Sua presença é que nos leva à mudança.

Passamos a querer imitar o Mestre, tentar agir como Ele, tentar ver as coisas e as pessoas com o olhar semelhante ao Dele e vamos descobrindo o verdadeiro sentido da nossa vida. Seguir Jesus requer autenticidade e fidelidade, a Ele ninguém engana, pois Ele conhece os nossos pensamentos e sentimentos. Quando pensamos em procurá-Lo, Ele já nos encontrou.

Só encontramos nossa felicidade, nossa vida plena em Jesus Cristo. Não adianta buscar em outro lugar ou pessoa. Santo Agostinho compreendeu isto e lamentava: “Tarde Te amei... Eu poderia ter encontrado esta felicidade antes”. Podemos encontrar Jesus e não ser mais um serviçal, ser como Ele mesmo nos chamou “amigos”. Ninguém é servo de Jesus. Somos amigos e foi Ele quem nos autorizou e confirmou esta amizade (cf. Jo 15,15). Essa experiência pessoal com Jesus é fundamental e é essa experiência que traz a alegria de Deus.

Você já foi olhado por Jesus? Ou melhor, você já olhou nos olhos de Jesus, quando está diante do Santíssimo? Isso é de um valor incomensurável, se ajoelhar em frente do Sacrário e fazer como Santa Teresinha de Lisieux, “Jesus, tua menina chegou, tua menina está aqui”, Não precisa rezar, somente se colocar sob o olhar de Jesus. Se sentir vontade de chorar, chore. Se sentir vontade de cantar, cante. Se não sentir vontade de fazer nada, não faça. Apenas saber que está sob o olhar de Jesus basta.

Jesus nos olha com amor (cf. Mc 10,21). Você já sentiu esse olhar de Jesus que diz: “Eu te amo!”? Esse olhar de Jesus muda toda a nossa vida e nos leva a uma experiência de amor tão grande que nos faz nos apaixonar por Ele a ponto de afirmar: “Jesus é meu amado, é a razão da minha vida!”

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

São João Batista

A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado, sendo o único santo cujo nascimento e martírio são celebrados

No dia 24 de junho, festejamos a natividade de São João Batista. João Batista, nome que significa “Deus é propício”, é o precursor de Jesus, aquele que preparou os caminhos do Senhor. No tempo litúrgico, João Batista nasceu cerca de seis meses antes de Jesus; portanto a Festa de São João foi fixada no dia 24 de junho, seis meses antes da véspera do Natal. A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado, sendo único santo cujo nascimento e martírio são celebrados.

Filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, João nasceu seis meses antes de Jesus. Em Lucas, é narrada a dificuldade que Isabel viveu para gerar um filho, pois acreditava que era estéril. E a idade avançada também era mais uma dificuldade. Mas essas dificuldades não existem para o Nossa Senhor. Por isso, enviou o anjo Gabriel para comunicar a seu esposo, Zacarias, que sua esposa teria um filho e que ele seria o grande percursor de Messias. Zacarias duvidou e, por isso, Gabriel lhe disse que ficaria mudo até que tudo fosse cumprido. Meses depois, quando Maria recebeu o anúncio de que seria a Mãe do Salvador, a Virgem foi ver sua prima Isabel e permaneceu ajudando-a até o nascimento de São João.

São João e o batismo

João Batista pregava um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. Aqueles que reconheciam seus pecados e se arrependiam eram purificados na água, praticando principalmente no Rio Jordão. Logo, foi questionado pelos judeus quem era, pois alguns acreditavam que ele era o Messias. João respondia prontamente, lembrando uma profecia de Isaías: “Eu sou a voz que clama no deserto; endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1, 23). Na sequência, perguntaram a ele com que autoridade ele batizava o povo e João afirmou “Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado” (Jo 1, 26-27). Quando batizou Jesus Cristo, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”!

Em suas pregações, não poupava críticas ao rei local, Herodes, Rei de Roma na Peréia e na Galileia. Denunciava, principalmente, a vida adultera do rei, pois este tinha se unido a Herodíades, sua cunhada. Passado um tempo, Salomé, filha de Herodíades, dançou para Herodes. O rei ficou deslumbrado com ela e disse que daria tudo o que lhe pedisse. Então, ela influenciada pela mãe Herodíades pede a cabeça de São João Batista numa bandeja. Herodes, assim o fez, como havia prometido diante dos convivas. (Mar 6.14-29).

Rezemos a São João Batista:

São João Batista, voz que clama no deserto: “Endireitai os caminhos do Senhor. Fazei penitência, porque no meio de vós está quem vós não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias”, ajudai-me a fazer penitência das minhas faltas para que eu me torne digno do perdão daquele que vós anunciastes com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo”.

São João, pregador da penitência, rogai por nós.

São João, precursor do Messias, rogai por nós.

São João, alegria do povo, rogai por nós. Amém.

fonte: https://pt.aleteia.org/2021/06/22/sao-joao-o-precursor-de-jesus-cristo

 

BOLETIM DO DIA 07 DE JULHO

Filhos e filhas,

A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão meu guia. Retira-te satanás!

Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno!

Começo esta mensagem com a oração de São Bento, devido à proximidade de sua festa litúrgica. São Bento foi um homem que lutou bravamente contra o mal. Ele é o fundador da ordem dos beneditinos que tem como lema "Ora et Labora", ou seja, "Reza e Trabalha". São Gregório, no livro dos Diálogos, descreve São Bento como um homem que recebeu o dom da sabedoria desde sua mais tenra idade e insiste sobre um carisma que era peculiar a Bento: o discernimento dos espíritos.

Durante sua vida, utilizando-se de seu dom do discernimento, São Bento encontrou três brechas por onde o Inimigo pode entrar em nosso coração, lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos de mais vigilância. Como uma casa assolada por goteiras, à primeira vista não são encontradas rachaduras, mas basta uma chuvinha para que o inconveniente se manifeste.

Primeira brecha: A COBIÇA

É a idolatria das coisas. Por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o apego às coisas da terra. São Bento coloca como símbolo desta brecha o porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. Nesta brecha a luta acontece na reorientação dos desejos. É preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade e desapego.

Segunda brecha: A VAIDADE

É a idolatria do outro como objeto de prazer. É a necessidade de ser reconhecido e amado distorcida, pois esquece da relação de fraternidade com o próximo e pensa apenas em si mesmo. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser bem visto pelos outros, elogiado, ter status, ser admirado. Aqui São Bento usa o símbolo do Pavão. É preciso reorientar esta necessidade natural e boa de ser reconhecido e amado. É dizer com sua vida e todo o seu coração: “Senhor, vosso é o Reino, o Poder e a Glória”. Se na primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória, nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade, do diálogo, da comunhão com Deus e com próximo. Para isso, é fundamental a mansidão e a simplicidade.

Terceira brecha: O ORGULHO

É querer dominar tudo para si. Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de “si mesmo”. Aqui São Bento ilustra com o símbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura sua independência. É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta espiritual, às vezes Deus nos dá a graça da humilhação como uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a brecha do orgulho.

As lições de São Bento são muito atuais, uma vez que somos tentados todos os dias. Muitos se deixam levar por uma falsa neutralidade, acreditando ser possível “manter-se em cima do muro”, mas a verdade é que ou estamos trabalhando para o Reino de Deus, ou estamos a serviço do reino de Satanás. Que São Bento nos ajude nesse combate contra o mal.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Boletim do dia 14 de Julho

Filhos e filhas,

Estamos próximos da festa de Nossa Senhora do Carmo, Madrinha da Obra Evangelizar é Preciso. Acredito fielmente que em Nossa Senhora do Carmo aplica-se o que São Bernardo de Claraval testemunhou sobre Maria: “Quem recorreu à vossa proteção não foi por vós desamparado, Ó Clemente, Ó Poderosa, Ó sempre Virgem Maria”.

Seu histórico narra que, na Idade Média, monges atuavam como cavaleiros cruzados. Por volta de 1155, muitos deles, fatigados pelas batalhas empreendidas para conquistar a Terra Santa, fixaram-se no chamado Monte Carmelo, montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo e cujo nome significa “jardim” ou “campo fértil”. Desejosos de uma vida autenticamente cristã, ali se estabeleceram e fundaram uma capela dedicada à Virgem Maria, razão pela qual ficaram conhecidos como Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.

Posteriormente, em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação oficial da Igreja à Ordem fundada pelos monges carmelitas. Em 1235, os mouros voltaram à Terra Santa e promoveram brutal perseguição contra os cristãos. Para sobreviver, os monges separaram- se em dois grupos, cabendo a um deles a missão de defender o mosteiro, mas acabaram mortos e sua morada foi incendiada. O outro grupo dispersou-se em três regiões distintas: Sicília, na Itália; Creta, na Grécia; e Aylesford, na Inglaterra. Nesta última localidade, em 1238, chegaram a fundar um mosteiro, porém não foram aceitos pelas autoridades eclesiásticas locais e enfrentaram a ameaça de extinção.

Em 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, durante oração feita a Nossa Senhora pelo superior da Ordem, São Simão Stock, pedindo um sinal de sua proteção que fosse visível aos inimigos, o Escapulário da Virgem do Carmo foi entregue por Nossa Senhora com a seguinte promessa: “Recebe, meu filho muito amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.

Após essa aparição, a perseguição deixou de ocorrer e a Ordem tornou-se conhecida em toda a Europa, atraindo muitos adeptos. O Escapulário, por sua vez, foi incorporado aos objetos de uso corrente dos cristãos, como sinal da manifestação do Amor da Virgem Maria e símbolo de vida cristã dedicada a Deus.

Jesus, em seus últimos momentos de vida, nos dá aquilo que é mais precioso e nos deixa como testamento de amor: “Eis ai tua mãe”. Ser devoto de Maria é tomar posse do presente de Jesus. Nos “agarrarmos” a ela nos mantêm fiéis a Seu Filho Jesus, de modo particular sob o título de Nossa Senhora do Carmo que traz o Santo Escapulário.

A forma mais clássica de ver o Escapulário é como sendo um avental que se usa quando está a serviço. Portanto, usar o Santo Escapulário, eu uso desde os dez anos, é senti-lo toda vez que você passar a mão no peito e lembrar que está a serviço de Nosso Senhor e Maria nos protegendo.

O Escapulário tem o propósito em duas vias: uma, o nosso comprometimento com Jesus por Maria, assim como ela foi a serva fiel também nós trabalharemos pelo Reino de Seu Filho Jesus Cristo. Por outra via, é um carinho de Maria para conosco. Na mesma disposição que temos em servir, Ela tem para conosco e nos dá um pedaço do seu manto para nos proteger. Nas horas em que nos sentimos desencorajados ela nos sustenta. Na hora em que nos sentirmos abatidos, ela nos afaga. Na hora em que nos sentirmos cansados, Ela será nosso descanso. É a Mãe a nos dizer: “Não desanimem porque a vitória vem depois da cruz”.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 Boletim do dia 21 de Julho de 2021

 




Filhos e filhas,

O Papa Francisco instituiu o próximo domingo, dia 25 de julho, como o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. Verdade que no Brasil a data já era comemorada no dia 26, em memória a São Joaquim e Sant’Ana, os pais de Nossa Senhora e, por conseguinte, avós de Jesus. Por isso dedico essa mensagem a esse tema e já começo com este ensinamento, da Carta de São Paulo a Tito:

Aconselhe igualmente os jovens, para que em tudo tenham bom senso” (Tt 2, 6).

Como é edificante uma família que valoriza os avós, nesse caso, todos ganham! As crianças são beneficiadas porque convivem com gerações diferentes, aprendem a valorizar os idosos e mantêm o sentimento de pertença familiar. Alguns estudos indicam até que a convivência com os avós, fornece valores sólidos e apoio emocional aos netos.

Os pais também são beneficiados porque pode contar com uma ajuda na formação dos filhos. Quando os avós não têm a função de educar os netos, e justamente por isso, fica mais fácil ser conselheiro, companheiro e contribuir para o desenvolvimento deles. Não estou dizendo que os pais não podem realizar tal tarefa, porém a responsabilidade diária exige uma forma de tratamento diferente de quem ajuda temporariamente.

E convenhamos, hoje em dia, é graças aos avós que as crianças são iniciadas na fé, pois os pais estão demasiadamente preocupados e ocupados no trabalho para garantir o melhor para os filhos. Não quero generalizar, mas os pais não têm “tempo” para a educação espiritual dos filhos. E aqui não posso deixar que lembrar que essa é uma responsabilidade dos pais.

A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e fraternidade, colaboradora da obra da Criação. Seu papel é fundamental na formação dos filhos, já que aos pais é dada a responsabilidade de formar pessoas conscientes e cristãs. Eles são representantes legítimos de Deus perante os filhos que devem ser conduzidos nos valores do Evangelho.

A Igreja sempre reconheceu e exaltou a importância da família para a construção de uma sociedade equilibrada, justa e fraterna.

São João Paulo II, a descrevia como a célula mãe da sociedade e a conclamava a ser um santuário de amor, uma pequena igreja doméstica. O Papa Francisco nos ensina que “A família é um elemento essencial para todo e qualquer progresso humano e social sustentável”.

E repito, feliz é a família que valoriza os avós, sejam idosos ou não, pois já nos ensina o livro dos Provérbios: “Os netos são a coroa dos anciãos, e os pais são a honra dos filhos” (Pr 17,6).

Jesus fala de edificar a casa na rocha firme (cf. Mt 7,24-27), e a casa edificada na rocha é uma família que pratica a Palavra, é temente a Deus. O alicerce de nossa casa é a rocha e a única rocha é Jesus Cristo.

Muitas vezes permitimos que os fundamentos de nossa família comecem a ruir quando guardamos mágoas, dissabores, segredos; quando deixamos de rezar, quando não percebemos que os corações estão se distanciando. Mas é possível novamente fundamentar na rocha quando se volta a Deus. Voltar a Deus é reedificar os alicerces da família.

Senhor, por intercessão de São Joaquim e Sant’Ana, rogais pelos idosos e amparai as famílias.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tenho um grande amor por Nossa Senhora. Você que me acompanha a mais tempo, sabe disso. E faço questão de celebrar e exaltar Nossa Senhora Aparecida, pois sou fruto e testemunha viva do seu poder intercessor.

Nessa mensagem destaco duas, entre tantas, virtudes de Nossa Senhora que creio mais inspiram o povo brasileiro: a ESPERANÇA e a FORTALEZA.

Maria é modelo da perfeita Esperança. Demonstrou isso desde sua juventude, quando ardentemente desejou a vinda do Messias. Depois, ao guardar o segredo da filiação divina de Jesus, esperançosa de que José a compreenderia assim que o próprio Deus lhe explicasse.

Teve esperança em Deus quando precisou fugir para o Egito e salvar o Menino Jesus do extermínio imposto por Herodes aos recém-nascidos (Mt 2, 13-14), e novamente durante as Bodas de Caná, ao pedir para fazerem o que Jesus dissesse (Jo 2,5).

Imitar a esperança de Maria é esperar em Deus, é não se desesperar nem desanimar diante das dificuldades e sofrimentos. Mas, como Ela, voltar para Deus na oração, com a convicção de que Ele nos ajudará e só quer o nosso bem.

Maria nos ensina a Fortaleza quando, ao ver todo o sofrimento do seu Filho, manteve-se firme, de é junto à cruz (Jo 19,25), acompanhando-O em todas as suas provações. Essa presença silenciosa de Maria, na hora da dor, que devemos ter como exemplo em nossa vida.

Às vezes, quando nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, por doença ou acidente e pelas quais já não podemos fazer mais nada, não encontramos palavras que confortem. Contudo, mesmo sem verbalizar, nossa presença é de grande ajuda, pois aquele que sofre sabe estar acompanhado em seu calvário.

Maria entendeu isso e, diante da cruz, não pronunciou uma palavra sequer. Pelos Evangelhos sabemos que Jesus falou, enquanto Maria permaneceu de pé, forte, perseverante. Não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui, filho, estou ao Teu lado”.

Certamente, não é fácil. Muitas vezes, dá até vontade de “dormir hoje e acordar apenas quando tudo passar”, como se diz popularmente. Mas, o exemplo de Maria nos ensina a perseverar, nos mantendo firme em meio a pequenos e grandes sofrimentos.

São muitas virtudes que Maria tem, inúmeras, mas nessa semana da padroeira do Brasil, destaco essas duas, para que seja inspiração para o povo brasileiro. E pedindo a intercessão da Mãe, que tenhamos esperança de dias melhores para nossa nação e fortaleza para, juntos, construir um país justo e fraterno.

Que Deus, por intercessão de Nossa Senhora, abençoe a todos nós. Amém

Padre Reginaldo Manzotti

 

Boletim do dia 11 de Agosto de 2021

Filhos e filhas,

Somos convidados nessa semana a voltar as atenções para a família. Aqui em nosso país, estamos em plena Semana Nacional da Família, que tem como tema a “A alegria do amor na família”, em sintonia com a vivência do Ano Família Amoris Laetitia, convocado pelo Papa Francisco. Como lema, foi escolhido um trecho do livro do Eclesiástico “Dá e recebe, e alegra a ti mesmo” (Eclo 14, 1).

E na família, o amor se traduz em gestos concretos, principalmente na relação entre o casal. O relacionamento entre marido e mulher é um conjunto de sentimentos, gestos e ações que precisam ser bem trabalhados senão o amor pode acabar.

Em várias partilhas que ouço, percebo que o que mais machuca duas pessoas envolvidas numa relação e que vai arranhando o amor, matando o companheirismo e acabando com a convivência é a desconsideração. Isto é, não valorizar as qualidades e apontar sempre os defeitos do outro.

Quando a desconsideração se torna crônica, provavelmente o casal chegou perto da dissolução, porque o ser humano não suporta viver numa relação em que nunca é valorizado. Por isso, ressalto que a valorização do outro precisa acontecer no dia a dia do relacionamento. Não uma valorização extraordinária, num momento especial ou em datas especiais, mas no cotidiano, porque é aí que a relação vai se enfraquecendo.

Ninguém se casa para ser infeliz, carregando o peso de uma relação que, às vezes se torna até doentia, abusiva, onde não há momentos de alegria, de prazer, não há cumplicidade. Filhos e filhas, o casamento é para que um faça o outro feliz! E para isso, devemos sempre reservar o nosso melhor para a família.

Jesus fala de edificar a casa na rocha firme (cf. Mt 7,24-27). A casa edificada na rocha é uma família que pratica a Palavra, é temente a Deus. E eu e minha casa serviremos ao Senhor, está dizendo que praticaremos a vontade de Deus. Seremos tementes a Deus. O alicerce de nossa casa é a rocha e a única rocha é Jesus Cristo.

Muitas vezes, permitimos que os fundamentos de nossa família comecem a ruir quando guardamos mágoas, dissabores, segredos; quando deixamos de rezar, quando não percebemos que os corações estão se distanciando. Mas é possível fundamentar mais uma vez na rocha quando se volta a Deus. Voltar a Deus é reedificar os alicerces da família. “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15) deveria ser o lema das famílias.

A Igreja é muito feliz em nos propor uma Semana da Família, de intensificar as orações pela família. Tenho falado em meus programas que nessa semana temos que levantar nossas mãos, assim como Moisés, e interceder pela família. Carente de muitas orações e atenção.

Em sua homilia do Encontro das Famílias, o Papa Francisco assim falou: “O verdadeiro vínculo é sempre com o Senhor. Todas as famílias têm necessidade de Deus: todas, todas! Necessidade da Sua ajuda, da Sua força, da Sua bênção, da Sua misericórdia, do Seu perdão. E requer simplicidade. Para rezar em família requer simplicidade! Quando a família reza unida, o vínculo torna-se mais forte”.

Vale a pena investir na família, ela traz alegria e realização a todos nós.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 Boletim do dia 22 de Setembro de 2021

 


Filhos e filhas,

Estamos nos aproximando do dia de São Pio de Pietrelcina, celebrado neste dia 23. Um santo moderno, pois faz pouco mais de 20 anos que foi canonizado e ainda temos muito o que aprender com ele. Nesta mensagem, quero destacar a intimidade dele com Deus. São Pio desde de criança deixou-se atrair por Deus e ao longo da vida foi estreitando os laços, tornando-se um santo.

Quem dera se nós também, um dia, tenhamos tamanha intimidade com Deus, assim como São Pio. Mas primeiro, filhos e filhas, precisamos nos encontrar com Ele, pois só encontramos nossa felicidade e nossa vida plena em Jesus Cristo, não adianta buscar em outro lugar ou pessoa.

Podemos encontrar Jesus e não ser mais um serviçal, ser como Ele mesmo nos chamou “amigos”. Ninguém é servo de Jesus. Somos amigos e foi Ele quem nos autorizou e confirmou esta amizade (cf. Jo 15,15). Essa experiência pessoal com Jesus é fundamental, é essa experiência que traz a alegria de Deus.

Lembremos de Natanael (cf. Jo 1,43-51): “Eu te vi embaixo da figueir. Isso é lindo demais, esse olhar de Jesus, que é profundo. Basta esse olhar para transformar corações. Como Natanael podemos nos perguntar: De onde Jesus me conhece? A resposta de Jesus certamente será: “Eu te vejo, eu te conheço antes que você me conhecesse, eu te encontrei antes mesmo de você me encontrar, eu te amei antes de você me amar!”

Você já foi olhado por Jesus? Ou melhor, você já olhou nos olhos de Jesus, quando está diante do Santíssimo? Isso é de um valor incomensurável, se ajoelhar em frente do Sacrário e fazer como Santa Teresinha de Lisieux, “Jesus, tua menina chegou, tua menina está aqui”, não precisa nem rezar, somente se colocar sob o olhar de Jesus. Se sentir vontade de chorar, chore. Se sentir vontade de cantar, cante. Se não sentir vontade de fazer nada, não faça. Apenas saber que está sob o olhar de Jesus basta.

Jesus nos olha com amor (cf. Mc 10,21). Você já sentiu esse olhar de Jesus que diz: “Eu te amo!”? Esse olhar de Jesus muda toda a nossa vida e nos leva a uma experiência de amor tão grande que nos faz nos apaixonar por Ele a ponto de afirmar: “Jesus é meu amado, é a razão da minha vida!”

Com certeza, São Pio, sentiu esse olhar de Jesus. Por isso, rezava aquela oração que rezo e até fiz questão de cantar, Fica Senhor Comigo. Convido a acessar as plataformas digitais, ouvir e rezar essa lindíssima oração:

Fica Senhor comigo, pois preciso da tua presença para não te esquecer.

Sabes quão facilmente posso te abandonar.

Fica Senhor comigo, porque sou fraco e preciso da tua força para não cair.

Fica Senhor comigo, porque és minha vida, e sem ti perco o fervor.

Fica Senhor comigo, porque és minha luz, e sem ti reina a escuridão.

Fica Senhor comigo, para me mostrar tua vontade.

Fica Senhor comigo, para que ouça tua voz e te siga.

Fica Senhor comigo, pois desejo amar-te e permanecer sempre em tua companhia.

Fica Senhor comigo, se queres que te seja fiel.

Fica Senhor comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, quero que se transforme num lugar de consolação para ti, um ninho de amor.

Fica comigo, Jesus, pois se faz tarde e o dia chega ao fim; a vida passa, e a morte, o julgamento e a eternidade se aproximam. Preciso de ti para renovar minhas energias e não parar no caminho. Está ficando tarde, a morte avança e eu tenho medo da escuridão, das tentações, da falta de fé, da cruz, das tristezas. Oh, quanto preciso de ti, meu Jesus, nesta noite de exílio.

Fica comigo nesta noite, Jesus, pois ao longo da vida, com todos os seus perigos, eu preciso de ti. Faze, Senhor, que te reconheça como te reconheceram teus discípulos ao partir do pão, a fim de que a Comunhão Eucarística seja a luz a dissipar a escuridão, a força a me sustentar, a única alegria do meu coração.

Fica comigo, Senhor, porque na hora da morte quero estar unido a ti, se não pela Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.

Fica comigo, Jesus. Não peço consolações divinas, porque não as mereço, mas apenas o presente da tua presença, ah, isso sim te suplico!

Fica Senhor comigo, pois é só a ti que procuro, teu amor, tua graça, tua vontade, teu coração, teu Espírito, porque te amo, e a única recompensa que te peço é poder amar-te sempre mais. Com este amor resoluto desejo amar-te de todo o coração enquanto estiver na terra, para continuar a te amar perfeitamente por toda a eternidade.

Amém.

São Pio de Pietrelcina, rogai por nós!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 

 

Boletim do dia 10 de Novembro de 2021

 


Filhos e filhas,

Um dos ensinamentos mais desafiadores que Jesus nos deixou foi o perdão. Muitas são as passagens nos Evangelhos que Jesus nos exorta a isso, em uma específica, ele nos diz que devemos perdoar várias vezes no mesmo dia: “Se ele (o teu irmão) pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo” (Lc 17,4).

Imagine a situação: em um único dia, uma pessoa te ofende muitas vezes e vem, arrependida, pedir perdão, ainda assim devemos perdoá-la? Sim, filhos e filhas, lembrando que perdoar não é só sentimento, não é apenas uma questão emocional, mas é decisão, vontade. Perdoar é libertar-se, não é mágica, é vontade e muita decisão.

Tanto que na oração que Jesus nos ensinou, o Pai Nosso, a sexta e a sétima petições são relacionadas a esse tema: “Perdoai as nossas ofensas”, essa parte tudo bem, Jesus deveria ter parado por aí, Ele teria proclamado a misericórdia de Deus, mas o grande problema foi que continuou a oração “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Volto a citar, em muitas parábolas Jesus ensina o sentido do perdão, como a do funcionário que foi perdoado pelo rei numa grande quantia e esse quando encontra um companheiro que lhe deve uma quantia ínfima, não o perdoa (cf. Mt 18,21-35).

Jesus falou muito da necessidade de perdoar sempre e nos deu o exemplo. Rezar e perdoar, na verdade, requer de nós um exame de confiança permanente. Quem eu ainda não perdoei? Quem ainda me falta perdoar? Quando rezamos o Pai Nosso, colocamos para Deus algo extremamente perigoso, porque estamos dizendo: “Pai, eu acredito na Vossa misericórdia, mas me perdoe na mesma proporção que eu perdoo”.

Interessante que nós podemos ver nisso uma armadilha e um aprendizado. Nós sabemos que Deus perdoa, mas só conseguiremos ser perdoados por Ele na medida em que perdoarmos os nossos irmãos. Por isso, muitas vezes, confessamos mais de uma vez e não conseguimos sentir o perdão de Deus, porque provavelmente perdoamos pouco.

Quem muito ama, muito perdoa. Portanto, quanto mais perdoarmos, mais o perdão de Deus sentiremos. Quanto mais perdoamos, mais o amor de Deus sentiremos. Um coração que se entrega ao Espírito Santo, um coração de filho que realmente reza ao Pai, consegue ter três atitudes que ninguém consegue a não ser pela fé: compaixão, purificar a memória e transformar a ofensa em intercessão.

Então, a petição “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” quer dizer perdoar a ponto daquilo que era mágoa, ferida, transformar-se em compaixão. Com este espírito de filho do Pai misericordioso conseguimos a purificação da memória, daquela lembrança dolorida, os registros negativos e traumas são purificados. A partir do momento que perdoamos e temos nossa memória purificada, o que era motivo de sofrimento transforma-se em motivo de intercessão, em oração por aquela pessoa.

Então peçamos, filhos e filhas, que o perdão cure os ressentimentos para que sejamos livres para amar a Deus e ao próximo, superando as desavenças e vivendo em paz e harmonia. Façamos um exame de consciência, rastreando quais os pecados que Deus nos mostra e peçamos perdão, rezando ao Senhor:

"Senhor, permito que trabalhes em mim.

Coloco-me como barro em Tuas mãos.

Permito, Senhor, que mexas em mim.

Aceito a presença do Teu Espírito Santo.

Dá-me, Senhor, a clareza das minhas feridas.

Dá-me, Senhor, a clareza das minhas amarguras.

Creio que vieste trazer vida em plenitude, dá-me esta vida.

Reconstrói-me Senhor, refaz-me no Teu amor.

Aceito ser trabalhado.

Aceito passar por essa transformação.

Quero, Senhor, sobre mim, Teu perdão.

Aceito esse bálsamo que cura.

Quero este bálsamo que vai cicatrizar minhas feridas.

Hoje, Senhor, me apropriarei da graça do perdão.

Hoje, Senhor, com a Tua graça, eu quero perdoar.

Perdoo aqueles que me feriram.

Sim, Senhor, porque me amaste primeiro, eu posso perdoar!

Hoje, Senhor, quero me libertar das mágoas.

Hoje, Senhor, quero buscar a felicidade.

Quero, preciso e, com a Tua graça, Senhor, conseguirei.

Amém."

 

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 Boletim do dia 17 de Novembro de 2021

Filhos e filhas,

No próximo domingo, encerrando o ano litúrgico, a Igreja celebra a Festa de Cristo Rei. Lançar um olhar sobre a imagem de Cristo padecente na cruz, pobre, obediente, resignado e sobre a imagem de Cristo Rei é contrastante.

Tiraram a coroa de espinhos e colocaram uma coroa do mundo. Tiraram o cajado de pastor e colocaram um cetro de poder. Engano da Igreja? Não. Jesus é o Rei do Universo. Sua autoridade não se origina de um poder que oprime, mas do amor e do serviço. Cristo é Rei na Cruz, é Rei glorificado.

Ele conquistou a realeza pelo humilde serviço, assumindo nossa humanidade e se entregando na cruz para nos remir da maldição do pecado, como nos ensina São Paulo:

“Sendo Ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2,6-11).

A festa de Cristo Rei nos recorda que devemos permitir que Cristo reine em nossos corações e em nossas vidas, de lutarmos para que o Seu Reino seja instaurado desde agora no mundo. Jesus tenta nos explicar o que é esse Reino, usando várias comparações:

“O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo. É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos” (Mt 13,31-32).

“O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa” (Mt 13,33).

“O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo” (Mt 13,44).

“O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra” (Mt 13,45-46).

Nestas comparações vemos como vale a pena lutar para instaurar o Reino de Deus. Mas como vivê-lo e antecipá-lo? Vivendo as obras de misericórdia, nós anteciparemos o Reino, com coisas muito mais simples do que pensamos. Imaginamos uma revolução total do mundo, mas isso não se fará com canhões, nem com bomba atômica, mas com a revolução da consciência humana, dos anseios do ser humano.

Jesus Rei do Universo tem o mundo em suas mãos, mas o ser humano nas suas opções, por não acreditar no Reino, não está cuidando bem esse mundo. Ele nos deu para que o administrássemos. E para bem administrar, proclamemos o senhorio de Jesus consentindo que Ele reine em nossas vidas, praticando o amor, o direito e a justiça.

 Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 


 Boletim do dia 08 de Dezembro de 2021

Filhos e filhas,

Ave, ave sempre Virgem Santa Maria,

Mãe do verdadeiro Deus, Senhor do Céu, Senhor da Terra

És o templo do Deus vivo, és do Amor revelação

Ouve Mãe nosso lamento, és auxílio e compaixão

Nada me entristeça, nada me preocupe se estou no teu olhar

Doce mãe de Guadalupe

As aparições da Virgem Maria que firam oficializadas pela Igreja sempre deixaram profundas marcas na história, na alma e no coração dos fiéis. Em alguns casos, deixaram provas contundentes, como ocorreu em Tepeyac, noroeste da Cidade do México, no século XVI.

Na tilma do índio Juan Diego, Maria fez estampar sua imagem milagrosamente. E, ainda hoje, essa peça de vestuário permanece sem sinais de deterioração. O fenômeno desafia a ciência e seus pesquisadores, que são unânimes em afirmar: o manto de Guadalupe, que se encontra exposto na basílica de mesmo nome, no México, é de natureza divina.

A Mãe de Guadalupe, Padroeira das Américas, título dado por São João Paulo II em 1979, é digna de verdadeiros tratados também no que se refere a aspectos sociais, políticos e religiosos. Não por acaso, fez questão de manifestar-se a um índio por meio do rosto de uma jovem morena com traços europeus, sendo a mão direita mais branca que a esquerda, além de outros elementos evidentes de sua intenção de pôr fim ao separatismo e reforçar a importância da solidariedade entre os povos e culturas.

Devoto-me à Mãe de Guadalupe por ter escolhido como um dos primeiros sinais de sua maternidade a cura do tio moribundo de Juan Diego e empenho-me em propagá-la como intercessora dos doentes. Tão irrefutáveis sãos os testemunhos de graças recebidas nesse sentido.

Devoto-me à Mãe de Guadalupe por utilizar como sinal de sua manifestação as rosas, levadas como prova ao bispo daquela localidade. Apesar de impróprias para o lugar e o clima no momento da aparição, ainda assim o topo da montanha estava repleto de rosas perfumadas e umedecidas pelo orvalho, para que nossa obediência a seu amado Filho Jesus exale como perfume de santidade.

Para aqueles que duvidam da aparição de Maria em Guadalupe, a Virgem impôs-se num manto para ser lembrada. Quem tem olhos veja, pois o que se vê é suficiente para ter fé!

Por isso, nesta semana mariana, quando celebramos a Imaculada Conceição de Maria e Nossa Senhora de Guadalupe, peçamos que a Mãe nos envolva em seu manto.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 


 Bolettim do dia 29 de Dezembro de 2021

Filhos e filhas,

Estamos na oitava do Natal, ou seja, ainda estamos vivendo a alegria do nascimento do nosso Redentor. Deus vem ao encontro do seu povo, como profetizou Isaías: “Nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama Conselheiro Maravilhoso, Deus Forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz. Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim” (Is 9,5-6a).

Nessa semana da virada, rezamos e pedimos ao Deus Menino que a paz não tenha fim em nosso lar e nosso coração. Porém, a paz não é apenas ausência de guerras. Claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, violência de todo tipo, a vida humana não está valendo mais nada.

Mas nesta mensagem, me refiro especialmente à paz interior. Na ânsia pela paz muitos, na virada do ano, se vestirão de branco e farão simpatias; procurando a paz onde jamais a encontrarão, porque a paz que o mundo nos oferece é ilusória, é passageira. A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’.

Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.

Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado. Mas, Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado.

E, porque Jesus veio a nós a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).

O medo é um dos inimigos da paz, porque nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando.

A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz, Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo. Por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.

A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas à luz da verdade, se esconde. Por isso quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas e promovendo as discórdias.

Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas o mal também irradia. Então, nessa semana da virada, escolhamos irradiar a luz, o bem.

É o que desejo a todos para 2022, que possamos irradiar a luz de Jesus para todos que andam nas trevas.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti