Advento quer dizer
chegar, como se pode deduzir da própria palavra. Origina-se do verbo latino
advenire. É um dos sete tempos do Ano Eclesiástico (ou Ano Litúrgico), aquele dedicado à preparação para as festas da
vinda (chegada, advento, nascimento) de Nosso Senhor Jesus Cristo, há tanto tempo predito pelos Profetas e esperado das Nações.
O Senhor apareceu à Abrahão e lhe disse: “Sai de teu país, deixa tua família e vem para a terra que te mostrarei. Eu te farei pai de um grande povo, e em ti hão de ser abençoadas todas as nações da terra”.
Estas últimas palavras referem-se ao Redentor do mundo, que devia nascer da raça de Abraão, e nele todos os povos haviam de encontrar uma fonte de salvação e de bênção.
O Advento tem a duração de quatro semanas. Começa no domingo mais próximo da festa de Santo André (30 de novembro). Essas quatro semanas representam os quatro mil anos durante os quais o mundo esperou a vinda do Messias.
Portanto, para os católicos de hoje, devem ser semanas de anelos e ânsias pela vinda do Reinado Social do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, segundo o exemplo dos patriarcas que ansiosamente aguardavam a vinda do Salvador porque compreendiam que esta vinda era necessária e avaliavam quanto seria vantajosa para a humanidade toda.
No tempo do Advento os paramentos são roxos (conforme o rito tradicional), como sinal de tristeza e penitência. No primeiro Domingo do Advento o tema proposto para consideração e meditação é a respeito da segunda vinda do Filho de Deus e do Juízo Final (fim do mundo).
(Coroa do Advento)
A coroa do Advento é um dos muitos símbolos do Natal.
Por meio de seu formato circular e de suas cores, expressa a esperança e convida à alegre expectativa. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha.
Nós, católicos, adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno.
Os ramos verdes são sinais de esperança. Em alguns lugares, envolve-se a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus manifestado pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A figura geométrica da coroa (circular) tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e sem fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.
As quatro velas referem-se aos quatro domingos que antecedem o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo Nosso Senhor, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.
Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o Domingo da Alegria, cuja cor litúrgica é rosa.
Nos oito dias que precedem o Natal (17 a 23 de dezembro) são rezadas as antífonas chamadas
grandes antífonas dos Ós, por começarem todas com a invocação ao Salvador, tiradas dos escritos do Antigo Testamento.
FONTE:http://www.aascj.org.br
Advento,
Misericórdia e nova Ecologia
O tempo do Advento nos
prepara para o Natal de Jesus. Sempre chegamos atrasados, pois, o mercado já antecipa
o “advento do consumo”. O Papa Francisco alertou sobre o “Natal falso”, isto é,
sem Jesus, pois Ele é o advento, a chegada, a expectativa da nova humanidade.
Ele é a boa noticia para o mundo. Na realidade, passamos pelo Advento e pelo
Natal, muitas vezes sem Jesus. Estamos na época do “pós-Jesus”.
O Advento de 2015,é marcado pelo Ano
Santo da Misericórdia e pela esperança de uma “nova ecologia” com a Conferência
Mundial sobre a Ecologia em Paris. Estes acontecimentos pretendem renovar a
face da terra. Querem trazer remédios eficazes para o mundo inteiro tão ferido
pelas atentados e pela depredação da natureza. Queremos o advento da vida e da
paz.
A misericórdia tem a força de criar
reconciliação entre os povos e promover a elevação dos pobres. O amor
misericordioso é visceral, materno, cheio de ternura e de perdão. “É preciso
acreditar na revolução da ternura” (Papa Francisco). É urgente a “cultura da
misericórdia” como limite ao mal, à violência e à pobreza.
Enfim, misericórdia é o nome mais bonito de Deus e a melhor medicina para a
proximidade humana.
As obras de misericórdia
corporais e espirituais são em si mesmas um projeto sócio-politico-econômico.
Elas são uma “política da caridade”. São mensagens de confiança e propostas de
esperança. O orvalho, o bálsamo, o perfume e o remédio da misericórdia vão
transformar os desertos em jardins. A misericórdia é a chave que abre a porta
de uma nova mentalidade social, um novo estilo de vida, um novo modelo de
existência. A misericórdia não é intimista, pelo contrário, tem influência e
eficácia social.
Todos esperamos também o a advento de
uma nova ecologia. O atual sistema é insustentável. Mas, acreditamos na
capacidade que o homem tem de mudar. O homem pode superar-se. Não podemos
deixar depois de nós ruinas, desertos e lixo para as futuras gerações. São
muitos os pecados que cometemos contra a criação e a vida. A natureza geme,
sofre e se revolta. Chegou a hora de decidir em prol da vida na terra.
A deterioração ecológica
tem suas raízes na deterioração ética e cultural. Os homens de fé e de boa
vontade não olham as previsões catastróficas com desprezo e ironia. Não escondem
este problema grave debaixo do tapete. Clamam por mudanças radicais e globais.
O advento de uma nova
ecologia tem alto preço. Crescemos na sensibilidade ecológica, mas, a política
e a indústria se fazem de surdas. Cúpulas Mundiais, Protocolos, Convenções,
Declarações, Conferências já se pronunciaram, apontaram rumos e soluções. A
política e a indústria, porém, reagem com lentidão. O planeta é nossa pátria,
nossa casa comum, nosso chão. É preciso pois um consenso mundial em favor da
vida no cosmos, uma nova solidariedade universal.
O Papa Francisco brindou-nos com a
carta-encíclica “Laudato Si” sobre o cuidado da casa comum. É uma contribuição,
um grito, um clamor para uma conversão, uma espiritualidade, uma cultura pela
salvação da criação e o advento de um mundo novo.Que sua voz não se perca no
deserto. Cada pessoa do planeta é convidada participar deste mutirão mundial em
favor da nossa sobrevivência na terra. Quem impede as mudanças são os poderosos
e os desinteressados. Sem cuidados ecológicos somos vitimas até do mosquito da
dengue, do zika, do chikungunya.
Estamos diante de uma “destruição sem
precedentes”. A espiritualidade do Advento e do Natal muito contribuem pela paz
e a vida no mundo.Nossas espadas, carros armados, aviões de ataques aéreos podem
ser substituídos por armas de paz. Nossas armas são o amor, a verdade, a
justiça, a liberdade. O Ano Santo sobre a misericórdia e a Conferência Mundial
sobre a Ecologia são chaves que podem abrir as portas dos corações, a porta da
justiça, e as portas do perdão e do diálogo, em vista novos horizontes para o
mundo inteiro. Ou mudamos ou perecemos. O tempo do Advento é um convite à
mudança do ódio para a misericórdia, da depredação para a preservação do meio
ambiente, do pecado para a graça, do consumismo para a partilha, das trevas
para a luz. Vem Senhor Jesus, vem nos salvar.
D.
Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina