Filhos e filhas
Um feliz e abençoado Ano Novo. Espero que todos tenham passado muito bem, na companhia da família, amigos e pessoas amadas. Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, onde podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom.
Começo o ano propondo a busca, o caminho da paz. Sei que foi o tema da minha última mensagem do ano, mas quero continuar nessa temática porque se estamos bem, se estamos equilibrados em Deus, podemos receber um desaforo sem reagir; podemos ser provocados, mas não levar a provocação adiante. É essa paz que nós temos que cultivar.
Se encontrarmos essa paz em Cristo, ao invés de sermos motivo de discórdia, seremos instrumentos da paz. Semeadores da concórdia, semeadores de um jeito diferente de viver. Para isso, primeiro temos que acreditar na paz, acreditar e saber de onde ela vem. E, ela vem de Deus, por Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai senão por Ele (cf. Jo 14,6).
Jesus se diz o caminho. Ele é a porta estreita, como diz em outro momento, a porta difícil de atravessar. Porém, para passar por Jesus é necessário entender sua proposta. O caminho que significa seguir os seus passos, e assumir as consequências do discipulado. O caminho que significa resignação, esvaziamento, obediência a Deus.
Precisamos ter confiança de que Ele nos auxilia. Precisamos confiar em Jesus, confiar no seu amor, confiar no seu ato redentor e salvífico. Podemos até achar que o mundo está perdido, que a humanidade está perdida, mas não está. Jesus já pagou um alto preço pela humanidade, um preço de sangue derramado na cruz. A humanidade não está caminhando para o caos, porque Ele já conseguiu a vitória.
O Reino já está no meio de nós. Embora, às vezes, não seja fácil enxergá-lo no meio de tantos valores contrários. O Reino de Deus está entre nós como uma semente lançada no coração de cada pessoa. A semente da Palavra já foi lançada na humanidade e em cada um, basta deixar a água que jorra do peito aberto de Cristo ser a primeira chuva para que esta semente germine.
É a água que brota do coração de Jesus, a água límpida, cristalina, repleta de minerais, de graças, de bênçãos, que fará brotar. É a confiança que fará brotar em nós a esperança, que fará brotar em nós os valores do Reino. Se deixarmos a semente do mal permanecer em nós e alimentarmos o vício do pecado, ele produzirá a morte.
Se, confiarmos em Jesus e permitirmos que a água que brota do seu coração venha a nós, o fruto da graça germinará. A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças.
Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!
Um abençoado ano de paz e união a todos!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 10 de Janeiro
Filhos e filhas
No calendário litúrgico já estamos no tempo comum, ou seja, liturgicamente o tempo das festas acabaram e vamos meditar todos os ensinamentos de Jesus através dos Evangelhos diários. A festa que marca essa transição é justamente o Batismo do Senhor, que este ano, atipicamente, foi celebrado na última segunda-feira, dia 08.
Antes de continuarmos, quero fazer um esclarecimento: Jesus não precisava ser batizado, Ele não se tornou o Messias nesta hora, já nasceu o Messias, o Filho de Deus! Ele se submeteu ao Batismo, não por necessidade, mas para inaugurar esse Sacramento. E celebrar o Batismo de Jesus nos faz recordar o nosso próprio batismo, que, geralmente, recebemos ainda crianças.
Isso sempre me é perguntado, sobre o Batismo de crianças. Essa é uma questão muito recorrente entre os temas mais questionados, sei que já foi amplamente respondido, mas aproveito a data para explicar por esta mensagem também.
Por que batizar crianças? Viver na graça de Deus é bom, não é? Então por que negar isso às crianças? O Batismo é uma graça para a vida humana e ninguém deve ser privado. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “O Batismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também daquele que vai receber o sacramento uma nova criatura, um filho adotivo de Deus, que se tornou participante da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito Santo” (CIC 1265).
E a própria Sagrada Escritura, inclusive, cita o Batismo de crianças: "Disse-lhes Pedro: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe - a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar'." (Atos 2,38-39). E cito também outros textos: At 16,14-15; At 16,33; At 18,8 e 1Cor 1,16.
A tradição da Igreja também ensina o Batismo de crianças, transcrevo aqui um testemunho de Orígenes, no ano 248. "A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foram dados os segredos dos divinos sacramentos, sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9).
É muito importante conhecermos a nossa Igreja, para não termos uma fé “cega”, pois como disse São João Paulo II, “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva em contemplação da verdade”
É dever do pai e da mãe educar os filhos na fé, e o primeiro passo para isso é o Batismo. Não se deve negar o Batismo para ninguém, as comunidades estão de portas abertas para proporcionar o melhor para os fiéis. Então, se tem alguma dúvida ou situação que possa causar certa insegurança sobre o Batismo, marque um horário e procure o sacerdote da sua paróquia ou um líder comunitário.
Não podemos privar as nossas crianças de serem filhos de Deus, o próprio Jesus nos ensina: "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas" (Lc 18,16).
Deus abençoe.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 24 de Janeiro
Filhos e filhas
A Igreja nessa semana celebra a Conversão de São Paulo (25/01), este grande Apóstolo que pregou a Boa Nova de Jesus Cristo aos não judeus, autor de diversas cartas que compõem a Sagrada Escritura.
Olhando para a vida desse homem que de perseguidor dos cristãos, tornou-se um seguidor e propagador de Cristo, vemos o quão transformador é o encontro com Jesus Cristo. Paulo foi resgatado por Jesus e soube se reinventar com base nesse encontro, que comprova ser possível deixar tudo para trás e se tornar uma pessoa nova, renovada em Cristo!
Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu. Caiu por terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora, levante-se, entre na cidade, e aí dirão o que você deve fazer”. Os homens que acompanhavam Saulo ficaram cheios de espanto, porque ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo se levantou do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então o pegaram pela mão e o levaram para Damasco. E Saulo ficou três dias sem poder ver, e não comeu nem bebeu nada. (At 9,1-9)
Note que Jesus não muda o nome de Saulo. Paulo era seu nome romano, que deriva do latim Paulus, cujo significado é “pequeno”. Depois de sua conversão, ele mesmo passou a usar esse nome.
Paulo foi restaurado em Cristo e a sua conversão o fez criar consciência dos seus erros e mudar de direção. Não basta o remorso, porque nesse caso a dor é logo esquecida e, no dia seguinte, praticamos os mesmos erros. Muitas vezes, a pessoa até sente remorso por ter mentido, traído ou roubado, mas esse arrependimento precisa se transformar em uma atitude de vida.
No caso se Paulo, o remorso e a consciência do pecado causaram dor, mas instigaram o derramamento do Espírito Santo e o batismo. O remorso foi apenas o passo inicial para uma guinada completa na sua trajetória.
Certamente no começo não foi nada fácil. Paulo começou a testemunhar que Jesus era o Filho de Deus na sinagoga de Damasco (At 9,20). Não pense que a conversão se faz com um simples “Aleluia, aleluia, amém!” ou “Encontrei Jesus, glória a Deus!”. Isso é fogo de palha. Paulo teve que desenvolver serenidade para compreender que as pessoas não esquecem com facilidade, e o fato é que seu passado depunha contra ele.
Devemos aprender com Paulo a ter discernimento, serenidade e força. Ele soube tirar proveito das lições recebidas. Encontrou dificuldade com os Apóstolos e se declarou o menor deles, indigno de ser chamado como tal porque perseguira a Igreja de Deus (cf. 1Cor 15,1-10). Tinha consciência de sua miséria e nunca esqueceu que foi um perseguidor.
A memória do erro permaneceu em Paulo, mas não o impediu de se tornar tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo. E assim devemos fazer também nós, que o nosso erro não nos impeça de sempre recomeçar. Se Paulo conseguiu, com Jesus, nós também conseguimos!
Finalizo esta mensagem pedindo pela cidade de São Paulo, que no dia 25, celebra mais um ano. Que a Luz do Espírito Santo ilumine os governantes e todos os habitantes para que possam, a cada dia, construir uma cidade mais cristã.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 07 de Fevereiro
Filhos e filhas
“Eu sou a água viva, se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37-38)
A devoção a Nossa Senhora de Lourdes, celebrada dia 11, exprime muito bem essa frase de Jesus Cristo. Em 25 de fevereiro de 1858, guiada por Nossa Senhora, Bernadete cavou a terra e, daquele pequeno buraco, começou a jorrar água, tornando-se uma fonte milagrosa. Há mais de 150 anos, um simples olho d’água jorra ininterruptamente.
Milhares de fiéis e, em particular, enfermos do mundo inteiro procuram a gruta de Lourdes, na França, em busca de cura para suas doenças até os dias de hoje. Não há explicação, é um fenômeno de fé. Tanto que, na época das aparições, o pároco local ficou desconfiado e pediu um sinal de que tudo o que ali acontecia era divino.
Deus atendeu seu pedido. Por mais de vinte anos um homem que todos conheciam na região, chamado Louis Bourriette, estava cego por ter perdido um olho numa explosão em uma mina. Por ser um homem de fé, Bourriette pediu a sua filha que trouxesse água da nova fonte de Lourdes e pediu que Nossa Senhora intercedesse pela sua cura. Após beber da água, lavou os olhos com ela e logo ele começou a gritar de alegria, pois tinha voltado a enxergar.
Os médicos que haviam atestado que ele jamais poderia recobrar a visão, examinaram o homem novamente, constataram e confirmara: era um milagre. Bourriette enxergava perfeitamente, embora as causas da cegueira continuassem ali: lesões profundas da ferida causada pela explosão e cicatrizes.
E são muitos os milagres que aconteceram e acontecem em Lourdes. Mas bem sabemos que nem todos os que vão até a gruta voltarão para casa com o milagre confirmado, porém não podemos nos esquecer de que não se trata apenas da cura das doenças do corpo, como também de muitos males da alma.
A própria Bernadete não foi poupada de ter um tumor na perna e sofrer por mais de nove anos, ela compreendeu que o poder da cura estava na própria dor, ao exclamar: “O que peço a nosso Senhor é que me fortaleça para suportar com paciência minha enfermidade e ofereço meus sofrimentos como penitência pela conversão dos pecadores”.
Por todos os doentes, do corpo e da alma, rezemos:
Ó, Virgem Imaculada de Lourdes,
mãe de misericórdia e saúde dos enfermos.
Vós conheceis nossas dores e tristezas,
dignai-vos lançar sobre nós o vosso olhar de mãe.
Aliviai nossos sofrimentos,
confortai nossos corações, avivai nossa fé.
Fazei que nossas dores, unidas à cruz do Senhor,
ajudem a diminuir os males do mundo.
Ó, Virgem Imaculada de Lourdes, vosso divino Filho nos ensinou:
'Vinde a mim, vós que estais tristes e sobrecarregados e eu vos aliviarei'.
Viemos implorar de Jesus, por meio do vosso coração de mãe,
a saúde e a fé cristã para todos os nossos queridos doentes.
Cheios de confiança, imploramos, ó, mãe querida,
consolo para os nossos doentes,
alívio nas suas dores,
santificação para suas almas.
Amém.
Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas
Convertei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1,15)
É isso mesmo, filhos e filhas, já estamos na Quaresma, tempo favorável para voltar para Deus! No primeiro dia desse tempo, recebemos as cinzas como sinal de que aceitamos e queremos fazer uma caminhada de purificação, de arrependimento e de conversão.
Ao recebermos a imposição das Cinzas, lembramo-nos da nossa condição humana, cheia de incoerências, fraquezas, infidelidade. O gesto da Imposição das Cinzas é externo, mas deve ser fruto de uma vontade interna de mudança e conversão.
As cinzas são dos ramos bentos do ano anterior e cada um, ao recebê-las, deve ter em seu coração a vontade de se voltar para Deus e se deixar reconciliar com Ele. É o próprio Deus quem nos dá essa oportunidade, esse presente e nos propícia essa reconciliação. Como diz São Paulo: “Em Nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20b).
Esse é o sentido da Quaresma: nos permitir reconciliar com Deus através daquilo que nos diz a profecia de Joel: rasgando o coração (cf. Jl 2,13). É muito forte! Não é abrir o coração, é rasgar o coração. É dizer: “Senhor, eu não sou nada. Eu rasgo meu coração e me derramo na Vossa presença. Eu rasgo meu coração e tiro todas as resistências à minha conversão”.
Jamais devemos olhar a Quaresma como um fardo pesado, mas sim como escreveu São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, que no momento favorável, Deus nos ouviu e, no dia da salvação, Ele nos socorreu. É agora o momento, é agora o dia da salvação (2Cor 6,2).
Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele. E por isso, nesse tempo, a Igreja indica jejum, oração e caridade.
Filhos e filhas, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno de ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.
Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.
Por isso, eu sugiro que o propósito para a Quaresma desse ano seja diferente. Além de suprimir comidas e bebidas específicas, mais que isso é fazer o sacrifício que Deus nos propõe. Até sugeri para os esposos que a esposa indique um propósito para o marido e vice-versa. Se não tem tanta abertura, escreva 3 sacrifícios e sorteie um. Deus age também no sorteio, veja como foi a escolha de Matias (cf. At 1,12-26).
Quaresma é tempo favorável para a graça. A cada ano, devemos ser pessoas melhores e esse deve ser também o intuito da Quaresma, criar novos hábitos, para sermos homens e mulheres renovados em Cristo.
Que saibamos viver bem esse tempo, muito propício para lembrar a infinita misericórdia de Deus.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 21 de Fevereiro
Filhos e filhas
Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.
Meus irmãos, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno para ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.
Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.
Deixemo-nos converter por Deus por meio de três práticas:
Oração
Nesse tempo, somos convidados a nos recolher interiormente e a refletir pela oração sobre como está nossa vida espiritual. Se você já reza, intensifique a oração. Não falte à missa, pelo menos as dominicais. Esse é um tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus. Reze com os Salmos e aprofunde-se nas leituras bíblicas. Procure fazer confissões. Participe da oração da Via Sacra. Se dedique àquilo que converge ao foco central desses quarenta dias: Jesus.
Caridade
É o convite a quebrarmos o orgulho e imitarmos a misericórdia do Senhor. Não se trata apenas de esmola material, mas da prática das obras de misericórdia com a caridade material, a escuta, o amor, a visita aos doentes e a solidariedade com os que sofrem.
Jejum
É a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. O jejum nos ensina que somos dependentes de Deus, nos exercita na disciplina, na força de vontade, nos torna sensíveis à fome dos irmãos e irmãs, aumenta nossa concentração e vigilância. Além de tudo isso, o jejum feito por amor a Cristo tem a função de nos unir a Ele, em Seu sofrimento.
Não se pede que ninguém passe fome no jejum Quaresmal. O jejum recomendado pela Igreja e todos os cristãos podem fazer, consiste em que se tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição completa, podendo escolher almoço ou jantar. A outra refeição será substituída por um lanche simples, que não seja igual em quantidade à habitual ou completa.
O importante é não comer nada além dessas três refeições. Estão obrigados ao jejum, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Estão dispensados grávidas e doentes, como também as pessoas que desenvolvem intenso trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.
A oração, aliada à caridade e ao jejum é o que nos prepara para viver a Páscoa do Senhor, fortalecendo nossa fé e esperança. Não há como separar a oração da caridade e ambas do jejum. Elas são inseparáveis e devem ser praticadas simultaneamente. Sobre isso, assim se expressou São Pedro Crisólogo: “O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto, quem reza, jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus, não feche o seu a quem o suplica’’.
Finalizo esse artigo citando novamente São Leão Magno: “Tempo de Quaresma é tempo de se viver a doçura, a humildade, a paciência e a paz”. Acima de tudo, é tempo de perdoar as injustiças, as afrontas e esquecer as injúrias. Tempo de combate espiritual. Tempo de jejum medicinal. Tempo de caridade reconciliadora.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 28 de Fevereiro
Filhos e filhas
Nós, da Obra Evangelizar é Preciso, rumo aos 20 anos, estamos vivendo o ano de São Pio de Pietrelcina, nosso intercessor. Ele esforçou-se para aliviar os sofrimentos e misérias de muitas pessoas, principalmente com a fundação da Casa Alívio do Sofrimento.
Inspirado em nosso intercessor, para vivermos melhor este tempo da Quaresma, proponho refletir sobre as Obras de Misericórdia, para assim colocá-las em prática.
As obras de misericórdia são quatorze. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais, que explanarei na próxima semana e sete espirituais, que são: instruir; aconselhar, consolar, confortar, perdoar, suportar com paciência e rogar pelos vivos e pelos mortos.
- Instruir (ensinar os que não sabem)
Instruir não é simplesmente transmitir conhecimentos, é também corrigir os que erram, doutrinar, ensinar os valores do Evangelho, formar na doutrina e nos bons costumes éticos e morais. Evangelizar é também instruir para a verdade, a luz que vem de Jesus Cristo. À comunidade de Colossenses, Paulo diz: “A palavra de Cristo permaneça em vós com toda sua riqueza, de sorte que com toda sabedoria possais instruir e exortar-vos mutuamente” (Col 3, 16a). Lembremos que toda instrução que brota da caridade, oração e paciência gera frutos em abundância.
- Aconselhar (dar bons conselhos aos que necessitam)
É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Jesus nos orientou e aconselhou a não sermos cegos guinando cegos (cf. Mt 15, 14), e também a primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois tirar o cisco do olho do irmão (Lc 6, 39). Apesar da força deste conselho e alerta de Jesus, não podemos nos eximir de dar bons conselhos àqueles que necessitam. Reforço, dar bons conselhos e não qualquer conselho. Para que isto aconteça é preciso mergulhar na graça do Espírito Santo, para perceber os sinais de Deus que nos auxiliam na compreensão dos fatos e discernimento da vida.
- Consolar (Aliviar o sofrimento dos aflitos)
Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos, principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). A atitude de consolar, apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.
- Confortar (Fortalecer os angustiados e abatidos)
Deus conforta os humildes (2Cor 7, 6). Também assim devemos agir, aperfeiçoando nossas virtudes. O próprio Jesus, no Getsêmani passou por momentos de angústias (Mt 26, 37ss), e foi confortado por um anjo do céu (Lc 22, 43).
Atualmente o desanimo, a angústia tem minado a vida de muitas pessoas, abatendo-as e levando-as até a um estado de depressão. É nosso dever cristão confortar os que necessitam. E, confortar não significa apenas dar o que é material, ou simplesmente tentar fazê-los esquecer do motivo de seu desânimo, mas estar ao lado deles em seu desânimo, tornando esses momentos mais amenos, revigorando-os na fé. Coloquemo-nos à disposição do Espírito Santo de Deus, para que Ele nos inspire e nos use para confortar aqueles que precisam.
- Perdoar (as injustiças de boa vontade)
O perdão é uma exigência do Evangelho e uma condição para entrar no Reino. Jesus nos dá essa lição ao ensinar a oração do Pai-Nosso: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6, 14-15). Se nós não perdoamos, impedimos que o perdão de Deus chegue a nós.
Pedir perdão a Deus é fácil, mas conceder o perdão aos outros na maioria das vezes é difícil, e agimos como o servo mau que foi perdoado no muito que devia, e não soube perdoar seu próximo no pouco que lhe era devido (Mt 18, 23-35). Negar o perdão nos leva um ato de injustiça com Deus, conosco e com os irmãos.
- Suportar com paciência (as adversidades e fraquezas do próximo)
Esta obra espiritual nos exorta a suportar com paciência os que estão próximos a nós, com todas as suas limitações, fraquezas, defeitos, adversidades e misérias. Isto não quer dizer que devemos nos omitir de orientar, encorajar, oferecer oportunidades e servir de suporte, para que, essas limitações e fraquezas sejam superadas.
São Pedro nos diz: “Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus” (1Pd 2, 20). Sejamos acolhedores e pacientes com todos.
- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
Na oração sacerdotal Jesus rogou a Deus pelos seus e por todos que em todos os tempos viriam a ser seus discípulos, isto é por todos nós (Jo 17). Através desta obra de misericórdia espiritual, somos exortados a rezar pela humanidade, rezar por aqueles que nem conhecemos; rezar pela reparação e expiação dos pecados do mundo; pela conversão dos pecadores; pelo Papa e ministros ordenados que conduzem a Igreja de Deus; pelas vocações sacerdotais e leigas; pelas autoridades; pelos que sofrem e pelos que se recomendam às orações.
Rezar pelas almas é o melhor meio de salvar a nossa, pois como nos ensinou Santo Ambrósio, "Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado".
Que as obras de misericórdia nos ajudem a sermos mais perfeitos e assim construirmos um mundo novo e bem melhor.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 06 de Março
Filhos e filhas
Estamos na terceira semana da Quaresma, um tempo que nos convida a escolher o caminho o qual percorrer. Tendo como foco que não existe outro caminho, senão Jesus Cristo, nós devemos aproveitar esse tempo que a Igreja nos propõe para escolher um caminho de purificação e iluminação, o caminho de Jesus Cristo.
Querendo ou não, somos bombardeados a todo momento por uma enxurrada de informações, muitas delas desencontradas, que podem nos confundir, não apenas quanto às nossas decisões humanas, mas também em nossa relação com Deus. Por isso, é muito importante purificarmos a fé, mantendo-a “limpa” das falsas verdades e dos incontáveis artifícios criados pelo Inimigo para nos ludibriar segundo seus interesses.
Sobre isso, Nosso Senhor alertou-nos, afirmando: “Muitos virão em Meu nome, dizendo: ‘Sou eu o Cristo’. E seduzirão a muitos” (Mt 24,5). Jesus ainda completou pedindo que não nos deixemos levar.
Isso significa que não podemos ser católicos pela metade, da mesma forma que não adianta o Brasil estar entre os países mais católicos do mundo se, no fim de semana, as pessoas não comungam e não confessam. Devemos escolher o caminho e ser fieis nesse caminho.
Deus é e sempre foi o mesmo, não muda. No entanto a revelação plena ocorreu por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Nesse processo, nós, cristãos, também podemos crescer no conhecimento em relação a Deus. Jesus O revelou completamente, mas quanto mais nós compreendemos as palavras do nosso Salvador, melhor é a compreensão de Deus e de Sua atuação em nossa vida, e assim, melhor podemos anuncia-Lo.
Encontramos tudo em Jesus Cristo. Ele quis fazer-se presente especialmente na Palavra e nos Sacramentos, por isso não perca seu tempo procurando respostas fora. Em Jesus está tudo o que precisamos para nossa vida. Tudo!
Sugiro aqui uma oração para que nossa fé seja firme, sem hesitações.
Senhor Jesus, Deus de infinita bondade, misericórdia e amor,
neste momento em que busco a experiência de um Deus verdadeiro,
purifica a minha fé.
Purifica todas as imperfeições da minha crença.
Purifica, no fogo do Teu Espírito,
tudo aquilo que vai se somando a minha espiritualidade,
mas a torna imperfeita.
Purifica as superstições e o ocultismo.
Purifica a tentação que tenho de dobrar meus joelhos aos ídolos.
Jesus caminho, verdade e vida.
Muitas vezes, num momento de desespero,
numa ânsia desenfreada de buscar respostas ás minhas dores,
Perco-me e meu coração acaba voltando-se para outros altares.
Reconduze-me – Senhor!!!!
Ajuda-me a buscar, na tua misericórdia, todas as graças de que necessito.
Manda teu Espírito sobre mim!
Espírito Santo, fonte de vida, de toda unção, graças e dons.
Espírito Santo – fonte de amor do Pai e do Filho,
Inspira-me sempre em toda a hora, palavras e atitudes.
Inspira-me o que fazer e como fazer.
Espírito Santo, com um raio de tua luz,
toca o meu coração e revigora-me na fé,
santifica-me no amor, unge-me na esperança.
Espírito Santo, força que me entusiasma, luz que me ilumina,
Vem resgatar aquilo que a vida levou a desilusão.
Vem trazer paz para meu coração e repousar sobre mim.
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
BOLETIM DO DIA 10 DE ABRIL
Filhos e filhas
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, recebereis” (Mt 21,22).
A oração é uma mão de duas vias, nós falamos, nós calamos, Deus nos fala, nós ouvimos. Porém, na maioria das vezes, para nós a oração é “eu falo, eu desabafo, Deus escuta”. Só que Deus também quer falar e não deixamos. Não esperamos para ouvi-Lo.
Na oração deve haver um diálogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o amado. Tomemos por exemplo um casal apaixonado. Às vezes, não precisam falar muito com palavras, pois se falam com o olhar. O amor se expressa pelos olhos. É tão bonito o amor. Quem nunca amou na vida vai morrer sem ter conhecido um dos grandes milagres de Deus, porque o amor verdadeiro é sublime.
O amor entre a alma e o amado, Deus. É o que diz São João da Cruz, num poema:
“Oh! Feliz ventura
Sair, indo à procura do amor,
do meu Amado!”
Nas Sagradas Escritura é só ler o Livro do Cântico dos Cânticos para entender o que é uma alma apaixonada por Deus.
Santa Tereza D’Avila nos ensina: “assim se espera na oração, ao meu ver é um comércio interior de amizade em que nós conversamos a sós com Deus, com esse Deus, que nós sabemos sermos amados, a oração busca do coração que é como o desejo de encontrar o amado”.
É isso que a oração faz, não tem água morna para quem reza, não tem só “mais ou menos”. Se nós conseguíssemos um pouquinho, uma centelha desse amor, uma faísca desse amor do Espírito Santo em nosso coração, então nossa oração seria fervorosa, nós gostaríamos de estar mais na presença do amor que é Deus, porque nossa alma sente necessidade.
O vazio que muitos sentem que não tem bem material que preencha, nem joia, nem roupas de grife. Esse vazio só Deus preenche, esse vazio é o lugar de Deus. A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.
Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.
Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
A oração é nosso combustível para a caminhada.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 17 de Abril
Filhos e filhas
Acredito que se o “capeta” tivesse mandamentos, o primeiro seria: “Nunca faça hoje aquilo que você pode deixar para fazer amanhã ou depois de amanhã.” Sem dúvida, essa é uma área de grande interesse do Inimigo, pois procrastinar as decisões espirituais e pessoais pode nos custar muito caro.
Para combater esse mal, evoco aqui o exemplo de Santo Expedito, que celebraremos dia 19 de abril, muito requisitado por ser o “santo das causas urgentes”. Esse título lhe foi merecidamente atribuído em razão de um episódio que ocorreu durante seu processo de conversão. Na ocasião, o Espírito Maligno apareceu em forma de corvo grasnando “Cras, cras, cras!”, que, em latim, significa “Amanhã, amanhã, amanhã!”. Eis a sugestão do Tinhoso: “Não tenha pressa! Agora não! Deixe para amanhã! Adie sua conversão!”
Expedito, que não era bobo, percebeu a jogada do Enganador e, no mesmo instante, pisoteou o corvo e o esmagou. Ao fazê-lo, gritou “Hodie!”, isto é, “Hoje!”. Portanto, busquemos nosso upgrade imediatamente. Nada de procrastinar! Em nossa vida, precisamos exterminar o “corvo” que nos aconselha a deixarmos qualquer tarefa, seja algo trivial ou mais “cabeludo”, para depois. O amanhã pode nunca chegar.
Há um ditado popular muito sábio que afirma: “Só não erra quem não faz.” Com fé, deixemos de lado a preguiça e o medo de errar e façamos nossa mudança hoje. “O caminho do preguiçoso é cercado de espinhos, mas a trilha dos retos é estrada plana” (Pr 15,19).
Isso me fez lembrar os ensinamentos do Padre Odilon, que, imbuído da sabedoria adquirida nos seus 88 anos de vida, sempre repetia em suas homilias: “Pior do que fazer o mal é deixar de fazer o bem”. Não se trata de um simples jogo de palavras, mas de uma crítica contundente ao hábito que temos de “lavar as mãos” ou nos mantermos inertes em vez de tomarmos uma atitude. Afinal, muitas vezes o mal também pode ser consequência da palavra que calamos ou do gesto que sonegamos.
O bem é fruto da escolha e da ação direta, contínua, voluntária. Quem adota uma criança, por exemplo, escolheu exercer a maior de todas as missões, que é formar uma família. Desse modo, não procuremos desculpas para procrastinar nossas boas ações. Se nos planejamos, fazemos acontecer.
Lembre-se: nunca deixe de agir, mas viva um dia de cada vez e sem medo do amanhã. O “não” nós já temos! Corramos, portanto, atrás do “sim”, e com a certeza de que seremos vitoriosos.
Para finalizar, sugiro a oração de Santo Expedito, para as causas justas e urgentes:
Oração de Santo Expedito
(Para problemas que precisam de solução urgente)
Oh! Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes,
intercede por mim junto a Nosso Senhor Jesus Cristo,
para que venha em meu socorro nesta hora de aflição e desesperança.
Meu Santo Expedito, tu que és o Santo guerreiro;
tu que és o Santo dos aflitos e desamparados;
tu que és o Santo dos desempregados;
tu que és o Santo das causas urgentes,
protege-me, ajuda-me,
concedendo-me força, coragem e serenidade.
Atende meu pedido! (Fazer o pedido.)
Meu Santo Expedito, ajudai-me a superar estas horas difíceis,
protegendo-me de todos os que possam me prejudicar,
protegendo minha família, atende meu pedido com urgência,
devolvendo-me a paz e a tranquilidade.
Meu Santo Expedito!
Estarei agradecido pelo resto de minha vida
e propagarei teu nome a todos os que tiverem fé.
Amém!
Santo Expedito, rogai por nós!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 24 de Abril
Filhos e filhas
A oração é uma mão de duas vias: nós falamos, nós calamos; Deus nos fala, nós ouvimos. Porém, na maioria das vezes, para nós a oração é “eu falo, eu desabafo e Deus escuta”. Só que Deus também quer falar e não deixamos. Não esperamos para ouvi-Lo.
Na oração, deve haver um diálogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o amado. Tomemos por exemplo um casal apaixonado. Às vezes, não precisam falar muito com palavras, pois se falam com o olhar. O amor se expressa pelos olhos. É tão bonito o amor! Quem nunca amou na vida, vai morrer sem ter conhecido um dos grandes milagres de Deus, porque o amor verdadeiro é sublime.
O amor entre a alma e o amado, Deus. É o que diz São João da Cruz, em um poema:
“Oh! Feliz ventura
Sair, indo à procura do amor,
do meu Amado!”
Nas Sagradas Escrituras, é só ler o Livro do Cântico dos Cânticos para entender o que é uma alma apaixonada por Deus.
Santa Tereza D’Ávila nos ensina: “assim se espera na oração, ao meu ver é um comércio interior de amizade em que nós conversamos a sós com Deus, com esse Deus, que nós sabemos sermos amados, a oração busca do coração que é como o desejo de encontrar o amado”.
É isso que a oração faz, não tem água morna para quem reza, não tem só “mais ou menos”. Se nós conseguíssemos um pouquinho, uma centelha desse amor, uma faísca desse amor do Espírito Santo em nosso coração, então nossa oração seria fervorosa, nós gostaríamos de estar mais na presença do amor que é Deus, porque nossa alma sente necessidade.
O vazio que muitos sentem que não tem bem material que preencha, nem joia, nem roupas de grife. Esse vazio só Deus preenche, esse vazio é o lugar de Deus. A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.
Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.
Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
A
oração é nosso combustível para a caminhada. E, por isso, peço orações
para o VII Evangelizar é Preciso Recife, que depois de quatro anos volta
a acontecer nas areias da Praia do Pina. Peço com humildade para que os
frutos do evento sejam de bênçãos e graças de Deus.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 1 de Maio
Filhos e filhas,
Primeiro boletim do mês de maio. Que Nossa Senhora nos cubra com seu manto protetor e interceda a Jesus por todos nós, seus filhos e filhas. Esse mês mariano que começa com a celebração do Dia do Trabalho, dia de São José trabalhador.
São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. E como é importante e necessário ter consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual São José é patrono e exemplo.
É própria da reflexão do dia de hoje que o trabalho faz parte da própria obra da salvação, é uma oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão.
O trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à separação. Por isso, todos os anos faço questão de rezar por todos os trabalhadores, empregados e empregadores.
A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho.
São João Paulo II na encíclica “Laborem Exercens” diz que o trabalho “comporta em si uma marca particular do homem e da humanidade, que determina a qualificação interior do próprio trabalho e, em certo sentido, constitui a sua própria natureza”.
Conhecendo a grande importância do trabalho, a Igreja, com toda a sabedoria, instituiu como padroeiro dos trabalhadores, São José. Ele, que ensinou ao Menino Jesus o seu ofício, intercede por todos os homens e mulheres que trabalham e também pelos que buscam um emprego.
Peçamos a São José Operário que nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!
"Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, dá-nos a graça de trabalhar com reconhecimento e alegria, podendo empregar e desenvolver os dons recebidos de Deus; de trabalhar com paz, responsabilidade, moderação e paciência.
Que o meu trabalho jamais seja fonte ou dê oportunidade à corrupção de bens morais e materiais.
Senhor, que o meu trabalho seja honesto, comprometido com o irmão necessitado e, assim, possa contribuir para o bem da humanidade, para a justiça social e para a glória de Deus.
Amém"
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 08 de Maio
Filhos e filhas,
Estamos na segunda semana de maio, mês mariano, prestes a celebrar o Dia das Mães. E aproveito para escrever sobre Maria, a Mãe de todas as mães, exemplo de fé e amor para todos nós, os seus filhos.
Concebida sem pecado, Maria é a serva fiel que se entregou totalmente a Deus e, aceitando ao convite da graça com seu “sim”, se torna um modelo de quem faz a vontade do Pai e imagem da comunidade comprometida com o plano da salvação.
Do Antigo ao Novo Testamento, muitos são os personagens exaltados, mas a nenhum outro foi reservado um papel tão especial na obra de salvação como foi o papel de Maria. Seu ventre foi o terreno fértil, no qual Deus, pelo Espírito Santo, fecundou o verbo. Jesus, Nosso Senhor e Salvador. No seio de Maria, Deus se fez uma criança e veio habitar entre nós.
O Magistério da Santa Igreja, no Concílio Vaticano II, apontou a Maria Santíssima como modelo de virtudes. A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si (cf. CIC 1803).
Na Santíssima Virgem, a Igreja já alcançou aquela perfeição sem mancha nem ruga que lhe é própria (cf. Ef. 5,27), os fiéis ainda têm de trabalhar para vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantam os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos (Lumen Gentium, 65).
Santo Tomaz de Aquino reforça e explica esse conceito: “A Bem-aventurada Virgem Maria é o modelo e o exemplo de todas as virtudes”. Maria foi a serva humilde que nunca atraiu para si mesma a atenção. Encontramos, na Bíblia, pouquíssimas palavras pronunciadas por Maria.
Ela foi preparada desde sempre para ser a Mãe do Filho de Deus, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“Ao longo de toda a Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão de santas mulheres. No princípio está Eva: a despeito de sua desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que será vitoriosa sobre o Maligno e a de ser a mãe de todos os viventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filho, apesar de sua idade avançada. Contra toda expectativa humana, Deus escolheu quem era tido como impotente e fraco para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de Samuel, Débora, Rute, Judite e Ester, e muitas outras mulheres. Maria se sobressai entre (esses) humildes e pobres do Senhor, que dele esperam e recebem com confiança a Salvação. Com ela, Filha de Sião por excelência, depois de uma demorada espera da promessa, completam-se os tempos e se instaura a nova economia”. (CIC 489)
Maria continuou com sua missão junto aos apóstolos: “Ao final desta missão do Espírito, Maria torna-se a ‘Mulher’, nova Eva, ‘mãe dos viventes’, Mãe do ‘Cristo total’. É nesta qualidade que ela está presente com os Doze, ‘com um só coração, assíduos à oração’ (At 1,14), na aurora dos ‘últimos tempos’ que o Espírito vai inaugurar na manhã de Pentecostes, com a manifestação da Igreja”.
Ela é a Mãe da Igreja, a mãe que intercede por nós junto a Jesus. Como nas Bodas de Caná, ela continua a ver nossas necessidades e leva-las ao Filho, ao mesmo tempo continua sempre a nos dizer: “Façam tudo o que meu Filho vos disser” (cf. Jo 2,5).
Termino citando São Francisco de Sales: “Não existe devoção a Deus sem amor à Santíssima Virgem”.
Deus abençoe e fortaleça todas as mães.
Padre Reginaldo Manzotti
Bo0letim do dia 15 de Maio
Filhos e filhas,
Estamos em uma semana muito particular e de grande riqueza para a Igreja. Acabamos de celebrar a Ascensão do Senhor, quando fomos impelidos por Jesus a evangelizar e propagar a Boa Nova do Evangelho para todos os povos. Essa também é a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, nos preparando para a vinda do Espírito Santo, somente Nele temos a unidade.
Então, filhos e filhas, nessa semana devemos pedir em nossas orações:
“Batiza-me, Senhor, no Teu Espírito!”
Devemos suplicar sempre:
“Vem Espírito Santo, e traz a nossa vida, nossa família, nossa comunidade e a Igreja, um novo vigor, um novo Pentecostes.”
Ao celebrarmos esta festa, devemos realmente viver um novo Pentecostes. Cada vez mais, nós católicos batizados, principalmente, nós que participamos da Igreja em diversas funções, deveríamos permitir e pedir que o Espírito Santo viesse sobre nós e queimasse o que é fútil, pueril, o que é máscara, o que é alma gelada e coração duro.
Estamos com as portas do coração fechadas e, às vezes, queremos também fechar as portas da própria Igreja, quando com tanto empenho nosso Papa e bispos nos colocam a necessidade de uma nova evangelização. Precisamos nos fazer e fazer discípulos de Jesus. Se não estamos conseguindo, alguma coisa está errada. Se não estamos conseguindo ajudar a construir um mundo melhor e a ser luz é porque não temos a luz.
E onde buscar essa luz? No Espírito Santo, da mesma forma que a Igreja nascente surgiu em Pentecostes, nós precisamos passar por essa transformação em nossas vidas, senão a Palavra de Deus não ecoa. A semente não brota, não produz. Nossas comunidades não afloram. Nossas pastorais não progridem. Nossa vida espiritual não decola para Deus. Estamos perdendo a noção do sagrado! Por isso não podemos nos fechar a esse fogo que queima e faz insuportável viver sem Deus.
Estamos nos preparando para a Festa de Pentecostes e sem dúvida, todos já ouviram a expressão: “Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos”. Ele nos capacita concretamente com os dons do Espírito Santo.
No rito do Batismo, dois óleos são usados, o primeiro ungindo o peito para nos lembrar de que o Cristo deve penetrar em nossa vida. E o segundo para ungir a cabeça, para derramar o Espírito Santo e nos fazer sacerdote profeta e rei. Por isso, quando o Bispo ministra o sacramento da Crisma, a isso é chamado também sacramento da Confirmação. É a confirmação do Espírito Santo que recebemos no batismo.
Mas será que estamos aproveitando esses dons? Quantas vezes escuto pessoas que dizem sentir um vazio muito grande em suas vidas. Não conseguem mais rezar e parece que nada os toca. Parece que não têm mais acesso às coisas de Deus. Quantas vezes ficamos numa vida cheia de caminhos sem saber qual escolher e não conseguimos achar um fio que nos conduza para fora desses labirintos.
Se soubéssemos nos apropriar dos dons do Espírito e deixássemos que eles agissem em nós seria diferente. Principalmente, o dom do Temor de Deus. Esse dom nos cura do orgulho que nos leva a achar que somos o fim, último de nós mesmos, porque não somos. Esse dom gera em nós a grande virtude da humildade.
Por isso, nessa preparação para Pentecostes, peçamos o que rezaremos na Sequencia de Pentecostes do próximo domingo: “Espirito de Deus, enviai dos céus um raio de luz”. E que raio de luz preencha nossa vida com todos os dons. Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo ManzottiBoletim do dia 29 de Maio
Filhos e filhas,
“Tomai e comei, isto é o Meu corpo. Tomai e bebei, todos vós, isto é o Meu sangue. O sangue da aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.” (Mt 26, 26-27)
Em nenhum versículo da Sagrada Escritura, a Eucaristia é apresentada como um mero “símbolo” do corpo de Cristo. Na verdade, nela está presente o próprio Cristo: corpo, sangue, alma e divindade. Essa é a verdadeira doutrina sobre a Eucaristia ensinada por Cristo e pelos apóstolos, até porque se a Eucaristia fosse apenas um “símbolo”, uma “lembrança”, ela não poderia se constituir em um alimento para a vida eterna.
A Eucaristia sempre foi considerada o “Sacramento da Igreja”, estando, portanto, no centro da vida paroquial e da comunidade que dela participa. Não se edifica uma comunidade se esta não tiver sua raiz e seu centro na Eucaristia, lembra o Concílio Vaticano II (Presbyterorum Ordinis 6).
Nosso Senhor Jesus instituiu a Eucaristia na noite em que foi entregue aos soldados romanos, enquanto ceava com os apóstolos. Inaugurou o rito eucarístico, oferecendo aos apóstolos o sacramento do pão e do vinho, Seu próprio corpo e sangue em comida e bebida, e mandando que fizessem o mesmo em Sua memória. Portanto, delegou o poder de realização deste sacramento até o Seu retorno.
São João Paulo II assim falou sobre a Eucaristia: “Debaixo das aparências do pão e do vinho consagrados, permanece conosco o mesmo Jesus dos Evangelhos, que os discípulos encontraram e seguiram, viram crucificado e ressuscitado, cujas chagas Tomé tocou, prostrando-se em adoração e exclamando: ‘Meu Senhor e meu Deus’”.
Tenho sentido, ultimamente, uma necessidade de valorizarmos mais ainda a Jesus Sacramentado. Nós, católicos, temos o privilégio de podermos adorar a Jesus. Mas tenho ressaltado que esse privilégio é também responsabilidade nossa de mostrar o real valor da Eucaristia.
Olhar para Jesus no Sacramento do Altar é ter a consciência de que somos amados por Deus e reconhecer os sinais desse amor presentes nos acontecimentos da nossa vida, em todos os pontos e vírgulas da nossa história.
Fazer uma experiência da presença real de Jesus é também amá-Lo e verificar se nosso coração está inteiro n’Ele ou dividido. É descobrir onde deixamos cada pedaço do nosso coração e pedir que o Espírito Santo revele qual parte dele não pertence ao Senhor.
É deixarmo-nos forjar no fogo do Espírito Santo, para que os pedaços do nosso coração sejam fundidos como uma única peça, uma única joia, a qual não mais se separe em pedaços e pertença inteiramente ao Senhor, um coração adorador.
Termino esta mensagem com uma das orações ensinadas pelo anjo em Fátima, Portugal, aos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco, que creio ser próprio de um coração adorador:
“Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.”
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 05 de Junho
Filhos e filhas,
Nesta sexta-feira, dia 7 de junho, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. E no sábado seguinte, teremos a Festa do Imaculado Coração de Maria. Na linguagem bíblica, o coração não simboliza apenas o aspecto afetivo, mas representa a totalidade da pessoa, incluindo sua inteligência, consciência, memória e escolhas.
Do lado aberto de Jesus, transpassado pela lança, saiu água e sangue. Desse manancial de graças, que é o Sagrado Coração de Jesus, um rio de misericórdia desce sobre o nosso coração ferido, endurecido e indiferente ao apelo e ao amor de Deus. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos ajuda a experimentar esse amor e depois testemunhá-lo. O amor leva nosso coração a bater no mesmo ritmo, pulsar na mesma frequência desse Sagrado Coração.
O coração de Maria era um lugar de encontro com Deus. No seu íntimo ela guardava e meditava todas as coisas que a poderiam afligir e confiava no seu Senhor (cf. Lc 2, 19 | Lc 2, 51). Por isso, este coração Imaculado é o modelo mais perfeito de coração humano. Aquele para o qual nós podemos olhar e o qual devemos imitar, para nos assemelharmos a Jesus e identificarmos também o nosso coração com o d’Ele.
Não sei se é uma linguagem poética ou se tem algum fundo científico, mas ouvi dizer que quando nos aproximamos de alguém que amamos e esse amor é recíproco, o coração dispara para depois acalmar-se e ambos batem na mesma frequência.
Como disse, não sei se é uma linguagem poética, mas não foi por acaso que, quando Maria chegou à casa de Isabel, a criança pulou de alegria no seu ventre (Lc 1,44). Também quando o discípulo amado reclinou sua cabeça no peito do Mestre, seu coração pulsou na mesma frequência que o Dele (cf. 13,23).
Então, quando chegarmos à presença de Jesus, deixemos nosso coração acelerar de alegria e quando se acalmar, pulsar no mesmo ritmo do coração de Jesus. Esta é a espiritualidade de quem quer viver a jaculatória lindíssima:
“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.”
Espiritualidade que nos leva a encontrar o verdadeiro sentido de ser, que significa permanecer afastado das perversões e das impurezas.
Para ter o coração como o de Jesus, não podemos permitir que a semente do mal, do joio, cresça e tome conta da nossa vontade. Temos que erradicar, tirar, cortar o mal pela raiz.
Se queremos ter o coração semelhante ao de Jesus, não podemos ter as mãos sujas pelas negociatas, sujas por tocar onde não devia, suja porque fomos coniventes com as injustiças, sujas porque cruzamos os braços quando alguém precisou. Mãos sujas porque faltamos com o respeito, pelo desacato, pela omissão.
Para nos ajudar a ter um coração semelhante ao de Jesus e Maria, sugiro esta oração:
Ó Jesus, no seu Sagrado Coração e no Coração Imaculado de Maria, confio as minhas intenções:
(Coloque a sua intenção agora)
Sagrado Coração de Jesus, fonte de todo o bem e de todas as graças, onde procurarei a não ser no tesouro que contém todas as riquezas de Vossa clemência e bondade? Onde baterei, a não ser à porta do Vosso Coração, pelo qual o próprio Pai vem a nós, e nós vamos a Ele?
A Vós pois, Sagrado Coração de Jesus, recorremos. Em Vós, Sagrado Coração de Jesus, encontro consolação quando aflito, proteção quando perseguido, força quando oprimido de tristeza. No Teu Coração Jesus, encontro luz, quando envolto nas trevas da dúvida.
Ó Maria, Vós que tendes um Coração suave e humilde lembrai-Vos de nós quando cairmos no pecado. Concedei que, por meio de Vosso Imaculado e Materno Coração, sejamos curados de toda doença espiritual.
Doce Coração de Jesus, sede o meu amor.
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
Amado seja por toda a parte o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.
Sagrado Coração de Jesus, Imaculado Coração de Maria, eu tenho confiança em Vós e por isso, neste momento, repito o meu pedido:
(Diga novamente sua intenção)
Sagrado Coração de Jesus, eu tenho confiança em Vós.
Sagrado Coração de Jesus, creio em Vosso amor para comigo.
Sagrado Coração de Jesus, coloque em nosso coração os sentimentos que tiveste: amor, paz, perdão e obediência ao Eterno Pai.
Imaculado Coração de Maria, fazei que possamos sempre contemplar a bondade de Vosso Materno Coração e nos convertamos por meio do Vosso Coração.
Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao Vosso.
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação!
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 19 de Junho
Filhos e filhas,
Admirar uma pessoa é reconhecer o que ela tem de bom. Invejá-la nos torna seus escravos.
A inveja se revela na tristeza sentida diante do êxito ou do bem-estar de outra pessoa, e no desejo incontrolável de se apropriar disso. É um sentimento amargo de desgosto em relação às vitórias, às conquistas, à felicidade ou, simplesmente, ao jeito de ser daquele que é invejado.
Não há pré-requisito para que a inveja se manifeste. Ela está presente em todas as classes e grupos sociais, incluindo os religiosos. No Antigo Testamento, há exemplos de homens que, movidos pela inveja, mentiram, roubaram e até mataram.
O coração do invejoso é egoísta. Quer só para si e por isso, às vezes, não basta ter, mas é preciso que o outro perca. Como está escrito no Livro dos Provérbios: “Um coração tranquilo é a vida do corpo, enquanto a inveja é a cárie dos ossos” (Pr 14, 30).
A inveja é um pecado capital, ou seja, geram outros pecados como a murmuração, que nada mais é do que falar sobre os outros de forma geral, mesmo que sejam fatos verdadeiros; a detração, que significa maldizer, difamar, mentir para prejudicar a imagem de alguém; o ódio; a exultação pela adversidade alheia (ficar feliz com a desgraça do outro); e, finalmente, aflição motivada pela prosperidade dos outros, quando o sucesso do próximo incomoda a tal ponto que leva o invejoso a tentar impedi-la. Por esse descritivo, fica evidente que a inveja possui um caráter gradativo, podendo evoluir da simples cobiça para um sentimento de posse (querer a qualquer custo) e até para algo mais destrutivo (“Se não posso ter, ninguém mais terá”).
Devemos entender que admirar a beleza, o sucesso, a inteligência e esforçar-se para também alcançá-los não significa ter inveja. Para que ela se configure, os comportamentos e subterfúgios mencionados devem estar presentes. Além de ferir o 10º Mandamento da Lei de Deus, a inveja é como uma doença que cresce silenciosa e quer tomar-nos por inteiro. Assim, é necessário extirpá-la completamente. E a melhor forma de combater a inveja é por meio da substituição dos defeitos por virtudes, transformando, por exemplo, materialismo exagerado, cobiça, sentimento de posse e aniquilação em seus opostos: altruísmo, generosidade, desapego, edificação, etc.
Santo Agostinho sugeriu transformar a inveja em admiração e imitação, isto é, em vez de nos entristecermos pelas qualidades e vitórias do próximo, temos de admirá-las e dar graças a Deus por elas. E mais: cada um deve estimular a si próprio a imitá-las. “Quem louva as qualidades dos outros, em vez de invejá-las, participa de seus méritos”, afirma Santo Agostinho. Já para convivermos com pessoas invejosas, o primeiro passo é seguir os princípios de Jesus e orar pelos nossos “inimigos”. Isso mesmo: antes de se virar contra aquelas pessoas que fazem mal a você, coloque a situação diante de Deus. Em seguida, busque algum tipo de aproximação para tentar enxergar um lado bom que, talvez, não esteja aparente. Parece contraditório, mas não é, porque as pessoas utilizam máscaras que só caem quando as conhecemos melhor. Muitas vezes, sob a "casca", percebemos que existe um coração, e o que parecia uma inimizade transforma-se numa grande amizade.
Cada um deve reconhecer, sincera e honestamente, o quanto há de inveja em seu coração e, confiante na misericórdia de Deus, combater esse sentimento. Reconhecendo nosso próprio valor, não nos sentiremos frustrados com os bens e a felicidade dos outros.
Em nossas orações devemos pedir que Deus nos livre da inveja, tanto externa, quanto interna.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 26 de Junho
Filhos e filhas,
Estamos na Semana do Sagrado Coração de Jesus e, nós aqui da Associação Evangelizar é Preciso e do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe e de Jesus das Santas Chagas, estamos nos preparando para as 24 Horas na Presença do Senhor.
Por isso, esse é o tema da mensagem dessa semana, o Coração que tanto ama a humanidade. E o farei a partir da Sagrada Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram” (Jo 19,31-37). Esse texto nos abre a reflexão sobre o coração transbordante de Jesus.
Desse manancial de Graças, que é o Sagrado Coração de Jesus, um rio de misericórdia desce sobre nosso coração ferido, o nosso coração endurecido e indiferente ao apelo e ao amor de Deus. Por isso, é necessário pedir constantemente que o nosso coração tenha os mesmos sentimentos que o de Jesus Cristo.
Do coração de Jesus, brotou água e sangue e, ao mesmo tempo, se cumpriu as escrituras: “Olharão para aqueles que transpassaram”. Os soldados não lhe quebraram as pernas porque o cordeiro tinha que ser perfeito, sem mancha, sem defeitos e transpassaram o coração que foi capaz de amar a humanidade sem limites. Que foi capaz de aceitar a encarnação, que já é um transbordar de amor. Esse coração capaz de amar até as últimas consequências ainda fez transbordar a água do Batismo, da purificação e o sangue da Eucaristia. O coração transbordante de Jesus fez nascer, no momento da cruz, a vida sacramental.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi muito bem pontuada através de muitos Escritos Papais e, particularmente, a Carta Encíclica “Haurietis Aquas” (Beberão águas), do Sumo Pontífice Pio XII, que trata da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus e exorta-nos a abrirmos ao mistério de Deus e de seu amor, deixando-nos transformar por Ele. A devoção ao Sagrado Coração é um dos grandes desafios da nossa fé, porque nos leva a contemplar, a experimentar e testemunhar o amor de Deus.
Todo cristão deve ter (ou, pelo menos, procurar ter) um conhecimento profundo de quem é Jesus Cristo, quais são seus ensinamentos, seus sentimentos e, na devoção ao Sagrado Coração, como nos ensina o ministério da Igreja, somos chamados a “experimentar” esse Jesus.
Olhar para Jesus no seu coração transpassado, no seu coração dilacerado, significa tentar perceber um movimento de encontro com o coração de Jesus. Contemplar o Coração de Jesus é contemplar sua própria pessoa; é no fundo contemplar o amor de Deus que se revela em Cristo, porque Deus é amor (1Jo 4,8).
Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo ManzottiBoletim do dia 03 de Julho
Filhos e filhas,
Nesta quarta-feira, dia 3 de julho, a Igreja celebra São Tomé, Apóstolo que eu carinhosamente chamo de Apóstolo das Santas Chagas. Ele é muito conhecido por ser o incrédulo, aquele que precisa “ver para crer”, mas esse fato que o torna famoso está em uma das passagens bíblicas que fundamentam a Devoção de Jesus das Santas Chagas, mais precisamente no Evangelho segundo São João, capítulo 20, versículos 24 a 29:
“Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!
Oito
dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé
com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles
e disse: A paz esteja convosco! Depois disse a Tomé: Introduz aqui o
teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas
incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!
Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem
ter visto!”
(Jo 20,24-29).
Baseado nesse texto, Tomé somos eu e você. Tomé é todo aquele que carrega uma certa suspeita, uma indecisão, mas devemos sempre nos lembrar, antes da profissão de fé vem a dúvida: “nós vimos o Senhor”, Tomé disse: “se eu não ver a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o dedo na marca dos pregos e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei”.
Agora, frente a essa situação, como é a ação de Jesus, sempre movido pelo amor. Com as atitudes, Ele diz: “se isso for preciso, eu vou tirar a tua dúvida Tomé, se for preciso te dar esse sinal, eu atenderei o seu pedido”. Jesus poderia ter ressuscitado sem marca nenhuma, mas quis manter as marcas da crucificação. Como escreve Santo Agostinho: “Cristo transpassado por nós e pregado com os cravos sobre a cruz, descido da cruz e sepultado, é a nossa salvação. Ele ressuscitou do sepulcro, curado dos ferimentos e mantendo as cicatrizes”.
E as suas Chagas Gloriosas tornam-se, para os discípulos, além da comprovação de que era o Mestre ressuscitado, também cura para a incredulidade, que o apóstolo Tomé teve a coragem de verbalizar, mas a dúvida deveria estar no coração dos demais.
Ainda nos diz Santo Agostinho: “Jesus quis de fato ajudar seus discípulos ao manter suas cicatrizes, para curar nos seus corações as feridas da incredulidade”. E, Santo Ambrósio escreveu: “Quem duvida que seja verdadeiro o corpo carnal de Jesus, apresentado aos apóstolos para ser tocado, no qual permaneceram os sinais dos ferimentos e os traços das flagelações? Com isso não só nossa fé é fortalecida, mas se exalta também a devoção. Ele ao invés de apagar dos seus membros os ferimentos que recebeu por nós, quis levá-los ao céu para mostrar ao Pai o preço da nossa libertação. E é neste estado que o Pai o entroniza à sua direita, enaltecendo o troféu da nossa salvação”.
Pelas suas Chagas fomos curados, pela sua cruz fomos libertados.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 10 de Julho
Filhos e filhas,
Nesta semana celebramos um santo conhecido, principalmente, pela proteção contra o mal, São Bento, abade (11/07). Nascido na cidade de Núrsia, Itália, São Bento viveu entre os anos de 480 e 547. Em 529, fundou o Mosteiro Monte Cassino, fundamento da Ordem Beneditina. Em 534, começou a redigir a Regra, uma regulamentação da vida monástica, sendo a mais conhecida delas “Ora et Labora” (Reza e Trabalha).
Durante sua vida, realizou diversos milagres e muitos exorcismos, levando os fiéis à conversão. São Bento foi alvo de muitas intrigas, motivadas por inveja e também pela discordância em relação às suas regras. Em uma primeira ocasião, tentaram matá-lo colocando veneno em seu cálice. Contudo, ao ser abençoado por São Bento, o cálice partiu-se em vários pedaços.
Na segunda investida, ao constatarem sua popularidade e o êxito dos trabalhos por ele desenvolvidos, tentaram arruiná-lo com todo tipo de calúnias, mas fracassaram. Desesperados, enviaram a ele um alimento envenenado, o qual foi retirado de suas mãos por um corvo e assim, mais uma vez, foi salvo.
Não por acaso, São Bento é autor de uma oração da qual, particularmente, gosto muito, e recomendo que seja adotada para a autoproteção, não apenas contra a inveja, mas também como forma de manter-se a salvo de todas as ciladas preparadas pelo Inimigo:
“A Cruz Sagrada seja a minha luz.
Não seja o dragão meu guia.
Retira-te Satanás, nunca me aconselhes coisas vãs.
É mau o que tu me ofereces.
Bebe tu mesmo o teu veneno.”
Essa oração está inscrita na famosa medalha de São Bento, e aqui faço um alerta, a medalha de São Bento não é um amuleto, mas um sacramental, como o escapulário, a água benta e outros, isto é, um sinal visível de nossa fé.
Usar regularmente a medalha nos coloca sob a especial proteção de São Bento. Isso é especialmente verdadeiro quando confiamos nos méritos desse grande Santo e na da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo! Muitos relatos maravilhosos são atribuídos a esta medalha, garantindo-nos ajuda poderosa contra as armadilhas do demônio e para alcançar graças espirituais, como conversão, vitória sobre tentações, reconciliação em inimizades, entre outros.
Porém, a medalha não age automaticamente contra as adversidades, como se fosse um talismã ou uma varinha mágica. Para escapar das ciladas do demônio, é crucial estar em graça e amizade com Deus. Isso significa servi-Lo e amá-Lo, cumprindo todos os deveres religiosos: oração, participação na Missa dominical, recebimento dos Sacramentos, cumprimento dos deveres de justiça e observância dos mandamentos da lei de Deus e da Igreja.
Quando a alma está verdadeiramente unida a Deus, nem o demônio, nem qualquer criatura têm o poder de prejudicá-la. Em suma, o efeito da medalha de São Bento depende muito das disposições da pessoa para com Deus e da observância dos requisitos mencionados acima.
Muitos costumam rezar a São Bento, especialmente no dia dedicado a ele, 11 de julho. Com a medalha em mãos, fazem a oração diante da porta de suas casas, suplicando proteção para o lar e no trabalho. Além da oração, outra jaculatória bastante usada é a seguinte:
“São Bento, água benta, Jesus Cristo no altar.
Que todo mal saia desta casa para eu poder morar”.
Para empresas, pode-se rezar da seguinte forma:
“São Bento, água benta, Jesus Cristo no altar.
Que todo mal saia desta empresa,
Para que todos possam trabalhar”.
São Bento, rogai por nós!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti Boletim do dia 17 de Julho
“Nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido a Vós,
Mãe do Escapulário, tenha ficado desamparado”.
Celebramos nessa semana, mais precisamente no dia 16 de julho, a festa da Madrinha da Obra Evangelizar é Preciso, Nossa Senhora do Carmo. A quem tenho muito carinho e devoção e para quem rezo a oração que comecei esta mensagem, pois Ela NUNCA me falhou.
A devoção a Nossa Senhora do Carmo começou na Idade Média, quando os monges atuavam como cavaleiros cruzados. Por volta de 1155, muitos deles, fatigados pelas batalhas empreendidas para conquistar a Terra Santa, fixaram-se no chamado Monte Carmelo, montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo e cujo nome significa “jardim” ou “campo fértil”.
Desejosos de uma vida autenticamente cristã, ali se estabeleceram e fundaram uma capela dedicada à Virgem Maria, razão pela qual ficaram conhecidos como Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Posteriormente, em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação oficial da Igreja à Ordem fundada pelos monges carmelitas.
Em 1235, os mouros voltaram à Terra Santa e promoveram brutal perseguição contra os cristãos. Para sobreviver, os monges separaram-se em dois grupos, cabendo a um deles a missão de defender o mosteiro, mas acabaram mortos e sua morada foi incendiada.
O outro grupo dispersou-se em três regiões distintas: Sicília, na Itália; Creta, na Grécia; e Aylesford, na Inglaterra. Nesta última localidade, em 1238, chegaram a fundar um mosteiro, porém não foram aceitos pelas autoridades eclesiásticas locais e enfrentaram a ameaça de extinção.
Em 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, durante oração feita a Nossa Senhora pelo superior da Ordem, São Simão Stock, pedindo um sinal de sua proteção que fosse visível aos inimigos, o Escapulário da Virgem do Carmo foi entregue por Nossa Senhora com a seguinte promessa:
“Recebe,
meu filho muito amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu
amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele
morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos
perigos, aliança de paz e de amor eterno”.
Após essa aparição, a perseguição deixou de ocorrer e a Ordem tornou-se conhecida em toda a Europa, atraindo muitos adeptos. O Escapulário, por sua vez, foi incorporado aos objetos de uso corrente dos cristãos, como sinal da manifestação do Amor da Virgem Maria e símbolo de vida cristã dedicada a Deus.
Escrever sobre a devoção à Nossa Senhora do Carmo, Mãe do Santo Escapulário é como descrever a relação com minha mãe biológica. Sempre terei a sensação de ter deixado para trás algum aspecto importante devido a tantos momentos de conforto, consolação e graças que d’Ela tenho recebido. Nesta devoção, lanço-me sem medo e a Ela recorro diariamente nas três Ave-Marias diárias e no uso ininterrupto do Santo Escapulário.
Nossa Senhora do Carmo, amparai e protegei a Obra Evangelizar é Preciso.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do di9a 24 de Julho
Filhos e filhas,
O mês de julho, a Igreja dedica ao preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. Essa devoção sempre esteve presente na Igreja, desde o início! São João Batista apresentou Jesus ao mundo dizendo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Sem o Sangue desse Cordeiro não há salvação. O Sangue precioso de Cristo foi prefigurado também naquele sangue do cordeiro pascal que os judeus colocaram nos umbrais das portas de suas casas, no dia da Páscoa, na saída do Egito, para que o anjo exterminador nenhum mal fizesse ao primogênito daquela casa. É sinal do Sangue do Cristo que nos protege de todos os males do corpo e da alma.
São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus mediante “a aspersão do seu sangue” (1Pe 1, 2). “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo” (1Pe 1,19).
São Paulo também nos diz: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5,8-9).
O Sangue de Cristo nos purifica de todo pecado: “Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1, 7).
“Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu Sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém.” (Ap 1, 5)
Por fim, gostaria de sugerir essa poderosa oração ao Preciosíssimo Sangue de Cristo e pedir humildemente que a rezem por mim e por todos que estarão no I Evangelizar João Pessoa neste sábado, dia 27. Para que seja um momento de graças e bênção e que pelo poder do Preciosíssimo Sangue, todas as muralhas sejam derrubadas.
Preciosíssimo Sangue de Cristo
Lava-me, Senhor, com Teu Sangue precioso, derrama o Sangue das Tuas Chagas, mãos, pés, do Teu lado aberto. Lava-me com Teu Sangue por inteiro: corpo, alma e espírito. Envolve com Teu Sangue, a minha mente, o meu coração, a minha vontade e os meus sentimentos. Estou pedindo: derrama o Teu Sangue precioso sobre toda a minha pessoa.
Senhor Jesus, que o Teu Sangue seja a minha defesa, minha fortaleza, minha guarda e que nada do maligno possa atingir a mim e a minha família, pelo poder do Teu Sangue precioso derramado sobre mim e sobre todos os que agora apresento em oração.
(Diga o nome das pessoas por quem oferece esta novena.)
Senhor Jesus, que derramastes Teu sangue precioso em remissão dos nossos pecados, humildemente peço essa graça que tanto necessito:
(Fazer o pedido.)
Agradecemos, Jesus, por Teu Sangue e por Tua Vida. Damos graças por termos sido salvos e sermos preservados de todo o mal. Damos graças pela redenção obtida por Teu Sangue.
A minha defesa é o Sangue de Jesus.
A minha proteção é o Sangue de Jesus.
A minha cura é o Sangue de Jesus.
A minha fortaleza é o Sangue de Jesus.
Diante do Teu Sangue, Jesus, o inimigo é repelido e foge. Todo joelho se dobra nos céus, na terra e nos infernos, porque esse Sangue tem poder. Amém.
Deus abençoe,
Boletim do dia 07 de agosto
Filhos e filhas,
Neste primeiro boletim do mês de agosto, mês vocacional, começo esclarecendo que todas as vocações são importantes e essenciais, mas nesta mensagem é a vocação à família que quero enfatizar, porque se a vocação sacerdotal está a serviço de todas as outras vocações, é da família que brotam todas elas.
A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e fraternidade, colaboradora da obra da Criação. Seu papel é fundamental na formação dos filhos, já que aos pais é dada a responsabilidade de formar pessoas conscientes e cristãs. Eles são representantes legítimos de Deus, perante os filhos, que devem ser conduzidos nos valores do Evangelho.
Começo ressaltando que a paternidade é muito mais do que simplesmente transmitir material genético na geração de outro indivíduo. Trata-se de um dom que o pai é convocado a viver, no seio da família. Isto é uma vocação e um chamado de Deus, colaborar com o Seu plano da criação. Por isto, no segundo domingo do mês de agosto, mês das vocações, celebramos o dia dos pais e iniciamos a Semana Nacional da Família.
E, que honra cabe aos pais serem chamados com o substantivo que Jesus nos ensinou a chamar Deus, Abá, Pai, Paizinho. Mas, também, que responsabilidade serem para seus filhos a primeira imagem que eles farão de Deus.
A figura do pai é tão importante no contexto familiar que Deus desejou que seu Filho Jesus, vindo ao mundo, tivesse um. José foi o escolhido para assumir a paternidade do menino Deus.
A sociedade de hoje dá pouco valor à família. É difícil ser um verdadeiro pai em um mundo de tantos contra valores, em que o amor acaba sendo medido pelos bens materiais. Por isto, tenho falado com muita insistência, os filhos precisam do conforto que os pais podem proporcionar. Mas precisam também, e muito, de carinho, afeto, amor, companheirismo, bom exemplo, correção e castigo, se merecido, como nos diz o Livro do Eclesiástico:
“Aquele que ama o seu filho, castiga-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde! Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele. E nele mesmo se gloriará entre os seus amigos! Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso e entre seus amigos será honrado por causa dele. O pai morre e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. Durante a sua vida viu o seu filho e nele se alegrou; quando morrer não ficará aflito. Não tem do que se envergonhar perante seus adversários. Pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos. Alguém que manifestará gratidão aos seus amigos. Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas”. (Eclo 30,1-7)
O Papa Francisco refletindo sobre a paternidade, ressaltou:
“A ausência da figura paterna na vida das crianças e dos jovens pode causar lacunas e feridas muito graves. Com efeito os desvios das crianças e dos adolescentes em grande parte podem estar relacionados com a carência de exemplos e de guias respeitáveis na sua vida de todos os dias, com a falta de proximidade, com a carência de amor por parte dos pais”.
Se, por um lado, o Papa chamou atenção para os efeitos maléficos da ausência da paternidade, por outro indicou o quanto é essencial, bela e insubstituível a presença do pais na formação dos filhos. Ou seja, da família.
Que Deus, por intercessão de São José, proteja e fortaleça todos os pais.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo ManzottiBoletim do dia 14 de agosto
Filhos e filhas,
Estamos na Semana Nacional da Família, um momento proposto pela Igreja no Brasil de destacar e valorizar a vocação matrimonial e familiar. Esta semana traz um grande apelo para que a família se volte ao essencial.
São João Paulo II expressou isso muito bem com a frase “Família volta a ser o que tu és”. Mas o que é a família? É lugar de amor, é sentimento de saudade, é cheiro de comida caseira. Um pai e uma mãe que conseguirem marcar um filho, a casa com boas lembranças, já marcou positivamente.
Família volta a ser o que tu és, uma transmissora de vida, um lugar da presença de Deus, lugar de comunhão. A família nasce do amor e só tem sentido no amor, pois vem de Deus. O Criador quis que o homem tivesse a mulher como companheira e participassem da obra da criação.
A família é a primeira escola a nos ensinar a ser comunhão de amor, onde pessoas devem educar e se educar, pois formam uma comunidade de pessoas que vivem em comunhão. É na família que se aprende a viver a generosidade, a unidade, a solidariedade, a partilha, a fé e crescer a consciência de serem administradores dos próprios bens e dos bens comuns e da natureza.
A família é lugar de comunhão porque não visa o bem individual, mas o bem uns dos outros. E, como núcleo de comunhão a família deve participar da vida da comunidade, trabalhando com outros, servindo como um só corpo.
O que sustenta essa missão de ser comunhão é o amor. O amor que deveria ser incondicional como nos ensina São Paulo. Um amor que é paciente, bondoso. Que não tem inveja, não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor 13,4-7).
Família volta a ser o que tu és, um lugar de crescimento. “A família é principal lugar de crescimento de cada um porque é através dela que o ser humano se abre à vida e à exigência natural de relacionar-se com os outros”. (Papa Francisco)
É no ambiente familiar que fazemos nossas primeiras experiências de vida, aprendemos a falar, a andar, a sorrir, a compartilhar as pequenas conquistas com aqueles que nos cercam. É também no ambiente familiar que aprendemos os valores morais, a usar corretamente a liberdade, a formar o caráter e, anos depois, nos tornarmos pessoas de bem, adultos maduros e capazes de contribuir com a construção de um mundo melhor.
Família volta a ser o que tu és, lugar de encontro. A família começa do encontro de duas pessoas que se amam e desejam formar uma só carne. A família é um lugar de encontro, de união e segurança.
Família volta a ser o que tu és, um lugar de superação de conflitos. O amor não é um sentimento, mas uma disposição de renunciar a si mesmo. Na família é necessário haver renúncias, senão, não sobrevive. Precisamos nos abrir e deixar Deus agir. Os familiares precisam estar dispostos a mudar uns pelos outros, para que haja harmonia e paz.
Não existem pessoas perfeitas, existem pessoas frágeis, limitadas. Valorizemos nossas famílias com seus defeitos e qualidades, suas alegrias e sofrimentos, erros e acertos, conquistas e conflitos. Acreditemos no amor que restaura e reconstrói, e deixemo-nos contagiar por esse amor de Deus, que tudo pode.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 21 de Agosto
Filhos e filhas,
No próximo domingo, dentro do mês vocacional, celebraremos o dia do leigo, que tem um papel fundamental na Igreja, que é missionária em sua natureza e que precisa de ousadia na evangelização.
“Ide vós também. A chamada não diz respeito apenas aos Pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas se estende aos fiéis leigos: também os fiéis leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo.”
Este trecho da Exortação Apostólica Christifideles Laici, escrita por São João Paulo II, fala especialmente da vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo. Ela nos mostra que os leigos também possuem um chamado de Deus e um papel importante na sociedade.
A Igreja está clamando aos fiéis, está clamando aos sacerdotes: “vão em missão”. Não dá para ficar de braços cruzados, não dá para sermos preguiçosos, não dá para sermos acomodados.
Seria, no mínimo, desrespeito à Igreja e um desrespeito ao Nosso Senhor Jesus Cristo que disse: “Ide e evangelizai fazei discípulos meus em todos os povos” (cf. Mt 28,19). O grande agente da evangelização é o Espírito Santo, porém, ele precisa de mim e de você.
Ele precisa que nós respondamos “sim”. Os leigos são protagonistas da evangelização, os casados, viúvos, solteiros, nas suas comunidades de vida, nas suas comunidades de aliança, seja na sua pastoral ou no seu movimento.
Precisamos abraçar a dimensão missionária e estar pronto para defesa quando alguém perguntar sobre a sua razão de esperança. O Apóstolo Pedro nos ensina que a razão de nossa esperança é aquilo que realmente acreditamos, aquilo que realmente nos leva à razão de existir. Aquilo que nos leva a ser Igreja, que nos leva à missão.
Não podemos ser incoerentes na fé. O Espírito Santo não aceita a nossa dualidade de vida, isso é um contra testemunho para os outros.
Quando as pessoas olham para nós, não devem lembrar-se daquilo que relata os Atos dos Apóstolos: “Vede como eles se amam” (At 2,42ss)? Mas atualmente eles nos olham e dizem: “Vejam como eles se perseguem, vejam como eles são fuxiqueiros, vejam como eles ficam numa luta de poder, vejam como a Sacristia, que era para ser lugar de oração, está sendo local de disputa por quem é mais querido pelo Padre”. Isso é ser um contra testemunho, isso nos afasta, nos divide e isso nos enfraquece.
Nós precisávamos passar por um processo sincero, verdadeiro e autêntico de conversão. Tudo deve convergir para o crescimento e renovação de nossas comunidades e, às vezes, nós somos um empecilho para o Espírito Santo e para a Igreja, porque não deixamos o Espírito Santo trabalhar em nós.
Tenho medo de ficarmos indiferentes ao sagrado, de lidarmos com o sagrado como objeto, como coisa e ele não nos tocar mais. Voltemos ao nosso primeiro amor, a redescobrir a pessoa de Jesus Cristo no poço da Samaritana porque a água que, talvez estejamos bebendo agora, não é mais a água viva, mas é uma água que tem muito mais do nosso “eu”, do que de Jesus Cristo. Esta água é perigosa.
Pelo Batismo, nos tornamos sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,12-16). E o sal não pode ser insosso e a luz não deve ficar escondida.
Que tenhamos a força e a coragem para sempre seguir evangelizando e tornando o nome de Jesus conhecido e amado.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 28 de Agosto
Filhos e filhas,
Estamos na semana que celebramos Santa Mônica e Santo Agostinho, dois grandes exemplos de persistência e conversão. Persistência e lágrimas de uma mãe que, por 30 anos, rezou pela conversão de sua família, em particular seu filho, Agostinho.
O próprio Santo Agostinho, nos seus escritos, interrompe a narrativa de sua vida para falar das lágrimas de sua mãe: “Minha mãe, tua fiel serva, chorava-me diante de ti muito mais do que as outras mães costumam chorar sobre o cadáver dos filhos, pois via a morte de minha alma com a fé e o espírito que havia recebido de ti" (cf. Confissões, III, 11).
Muitas vezes, filhos e filhas, somos como Agostinho, demoramos ouvir os apelos divinos, e queira Deus, com intercessão de Nossa Senhora, que quando realmente nos encontrarmos com Deus, tenhamos uma conversão como a de Santo Agostinho.
Quando não ouvimos os apelos de Deus em nossa vida, formamos um escudo em nós mesmos e a flecha divina tem dificuldade de penetrar, porque quanto mais sedimentados aos apegos das paixões, ao mundanismo, à satisfação pela satisfação, menos sensibilidade temos para Deus. E por isso sofremos. Quem dera se nós deixássemos nos encontrar com Deus!
E, filhos e filhas, a cada momento Deus tenta nos encontrar, mas nós, na maioria das vezes, nos esquivamos. Muitos perguntam, por que não progridem, não crescem, não se desenvolvem, não veem os frutos de sua santificação? Muitos estão ficando cada vez pior, velhos, enrugados e cada vez mais chatos, por quê? Um dos motivos é justamente pela postura assumida diante de Deus.
Devemos dizer:
“Senhor, eu sou necessitado. Eu preciso de Ti, eu preciso de Sua graça. Sozinho eu não sou ninguém. Não se ausente da minha vida, não me deixe cair em tentação, Senhor! Não me deixe só, porque eu sou fraco; não me deixe, Senhor, cair em tentação. Fica ao meu lado, me amparando, porque eu reconheço que fui feito de pó, pelas Suas mãos”.
Creio que muitos já tiveram o desprazer de conviver com uma pessoa que não acha necessário mudar, que está pronta, concluída e nada mais deve ser feito, se acha perfeita. Isso a torna horrível, pois ela acaba sendo um poço de arrogância, soberba e grosseria. Não há humildade, fragilidade e nem paciência com o erro do irmão. Essa pessoa fica muito distante de Deus. Mas como evitar isso?
Quem verdadeiramente ama, reza. Quem verdadeiramente reza, ama. Somos chamados a ser tocados pelo Senhor através de uma vida de oração, para que o amor Dele se manifeste em nós. Todos os dias somos chamados a estar na presença de Deus em oração. Mas para nos colocarmos diante Dele é preciso, primeiramente, silenciar o nosso interior, para então fazer uma oração.
É importante que, em cada oração, o coração esteja junto, aquilo que rezamos precisa ser nossa vida. Uma alma sem oração é como carro sem gasolina, ou seja, não funciona. O combustível mais seguro, para que Deus nos mantenha no caminho do bem, é a oração, a fé e o amor.
Ninguém experimenta o amor de Deus se não viver na Sua presença. Quem não leva a sério sua vida com Deus, se perde. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus, e se em algum momento da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos diante Dele e recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 25 de Setembro
Filhos e filhas,
Pelas suas Chagas fomos curados, pela sua cruz fomos libertados.
Eterno Pai, eu Vos ofereço as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristos, as Santas Chagas da nossa redenção, para a nossa salvação e cura de nossas feridas.
Perceba, filho (a), a profundidade dessa devoção: sobre o madeiro, Jesus levou nossos pecados, por isso ter um crucifixo dentro de casa não é idolatria, tanto que os santos quando passavam perto de um crucifixo beijavam as Santas Chagas.
Não por acaso na Sexta-feira Santa, na Celebração da Paixão do Senhor, é levantada por três vezes a Cruz para ser adorada. Sim, eu não errei na palavra adoracion, e depois dessa apresentação à assembleia, o sacerdote se prostra no chão para, em seguida, beijar as Santas Chagas do Crucificado.
O sentido não é adorar a cruz pela cruz, mas o madeiro onde esteve nosso Salvador, onde verteu Seu Sangue que nos purificou. Sobre o madeiro levou os nossos pecados, em Seu próprio corpo, a fim de que mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça.
“Carregou os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados”. (Is 53,5) A profecia de Isaías é citada por São Pedro com seu cumprimento em Jesus Cristo. Na sua Cruz, Cristo levou tudo que nos impedia da vida de filhos de Deus.
Apesar de nossa inclinação original para o pecado, sempre estará presente o ato redentor de Cristo e, nas Suas Chagas, podemos nos refugiar, colocando as nossas chagas e vergonhas, como maravilhosamente definiu São Bernardo de Claraval em um de seus sermões: “Onde encontrar repouso tranquilo e firme segurança para os fracos, a não ser nas Chagas do Salvador? Ali permaneço tanto mais seguro, quanto mais poderoso é Ele para salvar. O mundo agita, o corpo dificulta, o demônio arma ciladas; não caio, porque estou fundado sobre rocha firme. Pequei e pequei muito; a consciência abala-se, mas não se perturba, pois me lembro das Chagas do Senhor.”
Jesus poderia ter ressuscitado sem marca nenhuma, mas quis manter as marcas da crucificação. Como escreve Santo Agostinho: “Cristo transpassado por nós e pregado com os cravos sobre a cruz, descido da cruz e sepultado, é a nossa salvação. Ele ressuscitou do sepulcro, curado dos ferimentos e mantendo as cicatrizes”.
Ainda nos diz Santo Agostinho: “Jesus quis de fato ajudar seus discípulos ao manter suas cicatrizes, para curar nos seus corações as feridas da incredulidade”. E, Santo Ambrósio escreveu: “Quem duvida que seja verdadeiro o corpo carnal de Jesus, apresentado aos apóstolos para ser tocado, no qual permaneceram os sinais dos ferimentos e os traços das flagelações? Com isso não só nossa fé é fortalecida, mas se exalta também a devoção. Ele, ao invés de apagar dos seus membros os ferimentos que recebeu por nós, quis levá-los ao céu para mostrar ao Pai o preço da nossa libertação. E é neste estado que o Pai o entroniza à sua direita, enaltecendo o troféu da nossa salvação”. (340-397)
Por isso, e muito mais, que não me canso em propagar essa belíssima devoção de Jesus das Santas Chagas. Já estamos na 9ª edição da Festa de Jesus das Santas Chagas e, a cada ano, atrai mais e mais fieis devotos.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo ManzottiBoletim do dia 18 de Setembro
Filhos e filhas,
Estamos próximos da festa litúrgica de São Pio de Pietrelcina, celebrada dia 23 de setembro. Um santo do século XX, que escolheu ser Intercessor da Obra Evangelizar é Preciso. Eu tive a graça de celebrar, algumas vezes, na igreja onde ele mesmo celebrava, com a luva que ele usava para esconder os estigmas. Quanta emoção!
Filhos, nessas ocasiões, eu sempre ficava pensando que São Pio celebrava naquele altar às 5h, e lá em San Giovani Rotondo, neva e neva forte, e ainda assim, às 2h da madrugada, o povo já estava na praça em frente à igreja, e para ver o que? Para ver um homem rezar missa. Um homem santo que atraía para Jesus muitas e muitas almas.
São Pio nasceu dia 25 de maio de 1887 na cidade de Pietrelcina, filho de Grazio Forgione e Maria Giuseppa, seu nome de batismo era Francisco, Pio foi o nome que ele recebeu quando fez os votos na ordem franciscana. E me permito explicar que isso é um fato comum, no sentido de morrer o homem velho e nascer o homem novo. São Pio fez os votos solenes em 1907 e foi ordenado em 1910, ano que ficou doente e por isso voltou a Pietrelcina, e ficou lá com a família até 1916.
Filhos, eu acredito que Deus guia os nossos caminhos. Olha para a vida de São Pio, ele foi para a cidade de San Giovani Rotondo porque era um lugar que tinha um ar mais puro, por ser uma região mais alta que prejudicava menos os seus pulmões. Eu percebo esse fato como Deus dizendo: se você quiser me seguir eu vou fazer por você. Naquela região, São Pio abraçou ainda mais a santidade e fez muito pela cidade.
Se a doença fez São Pio ficar em San Giovani Rotondo, em 1956 ele fez um grande hospital, não somente em tamanho, mas em tecnologia e tratamento humanizado, tanto que se tornou referência na região e além. Isso, filhos, foi causa de perseguição dentro da Igreja que queria uma parte do dinheiro para ajudar na dívida do banco Ambrosiano. E São Pio recusou, disse que o dinheiro foi doado para os pobres e para os pobres tinha que ser destinado.
São Pio era um homem de muita oração e entrega. Ele rezava missa diária, atendia a confissão por até 18 horas, rezava a média de 30 terços por dia e uma vez perguntaram o que ele mais queria, e a resposta foi: “Ora, eu queria que as horas se multiplicassem para que eu tivesse mais tempo para rezar”. Outro ensinamento dele: “nos livros procuramos Deus, na oração nós encontramos Deus”. A oração é a chave que abre o coração de Deus.
E foi no coro do convento, rezando, que ele recebeu as cinco Chagas que ficaram nele por 50 anos. Por ordem do Vaticano, ele cobria as mãos e não mostrava a ninguém, São Pio obedeceu, depois por ciúmes e picuinhas, pediram que ele diminuísse o tempo das celebrações e ainda que ele não celebrasse mais em público. Foi quase suspenso e ficou calado, com humildade obediência, mas aqui filhos, ele realmente viveu o ensinamento de Jesus: quem quiser me seguir, tome a sua cruz e me siga.
São Pio é Apóstolo das Santas Chagas, intercessor da obra Evangelizar. Faleceu com 81 anos e, até hoje, opera milagres por todos que suplicam a intercessão dele.
Que aprendamos com São Pio a termos mais intimidade com Deus.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 02 de Outubro
Filhos e filhas,
Louvo e agradeço a Deus por tantas graças derramadas ao longo de toda a Festa das Santas Chagas que terminou no último domingo, dia 29. Agradecer a São Pio de Pietrelcina pela conquista da Terra Prometida e aqui quero, também, agradecer a todos que fizeram comigo a Ação de Oração “As Muralhas vão cair”. E já entregar a Nossa Senhora do Carmo todos os associados, juntos vamos conseguir pagar e tomar posse da Terra Prometida.
Sobre a conquista da Terra Prometida reservo outro momento, nesta mensagem quero me debruçar sobre os Arcanjos de Deus, celebrado dia 29 de setembro, e os Anjos da Guarda, dia 2 de outubro. Sim, filhos, os anjos existem e são citados na Sagrada Escritura.
Na passagem do Evangelho, quando Jesus vê Natanael e diz “eu te vi debaixo da figueira”, Ele está querendo dizer “Natanael, você está maravilhado porque eu te vi, eu te vejo sempre, eu te vejo na hora que você deita, quando você fuxica, fala mal dos outros, rouba. Eu vejo tudo, nada escapa do meu olhar, você pode se esconder dentro de um cofre de aço que eu te vejo. Você está maravilhado com isto, mais maravilhado ficará quando vir o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre filho do homem.” (cf. Jo 1,47-51).
Outro texto, Êxodo 23, 20-21: “Eu vou enviar um Anjo diante de ti, para que te proteja no caminho e te conduza até o lugar que te preparei. Respeita-o e escuta sua voz”. Então quer dizer que anjos realmente existem? Sim, todos nós temos nosso Anjo da Guarda. Existem Arcanjos sim, os Arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel, as potestades celestes, do bem e do mal (cf. Ef 6,10-12) porque é a batalha a que somos chamados a travar.
São Miguel é o grande chefe da milícia celeste. Seu nome em forma de pergunta: “Quem é igual a Deus?” Seria porque quando o anjo decaído Lúcifer, inflamado pelo orgulho, quis ser igual a Deus, o Arcanjo perguntou com voz forte: "Quem é igual a Deus?"
Quem dera tivéssemos a coragem de dizer: “São Miguel põe teu pé de Arcanjo sobre o homem velho que há dentro de mim, o homem mesquinho; põe teu pé nas minhas intenções erradas, no meu pensar equivocado; coloque o pé sobre os inimigos da minha família; coloque o pé e amasse a cabeça do Diabo que tenta a minha vida”.
São Rafael, cujo nome deste Arcanjo vem do hebraico Rafa, sinônimo de cura, e El, que significa Deus. “Cura de Deus” ou “Curador divino”, “Medicina de Deus”. Citado no Livro de Tobias, como seu companheiro de viagem (cf. Tb 5,16). Enviado por Deus para curar Tobit, pai de Tobias e livrar Sara do demônio, Rafael se revela como um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus (cf. Tb 12,11-15). É considerado o Anjo da Providência, que nos conduz pelos caminhos certos e cura os males do corpo e da alma.
São Gabriel é o “emissário do Senhor”, seu nome significa “Força de Deus”. É um dos Anjos que está sempre na presença de Deus (Lc 1,19). Foi ele quem disse a Zacarias que sua oração fora ouvida, e que Isabel, sua mulher, lhe daria um filho, e deveria se chamar João (cf. Lc 1,8-20). Porém, sua mais nobre missão foi a de anunciar à Virgem Maria, o maior acontecimento da história da humanidade: a encarnação em seu seio, do Verbo de Deus. (Lc 1,26-38). Por sua missão estar relacionada tanto no Antigo, como no Novo Testamento com a vinda do Salvador, São Gabriel é conhecido como Arcanjo da Redenção.
Queridos filhos e filhas, o amor de Deus é maior do que pensamos e Ele não nos deixa sozinhos nesta batalha. Não tenham medo, tomem as armas da luz. Não tenham medo do que o Inimigo de Deus pode fazer em nós, na humanidade. Deus nos deu tudo para que nos levantemos. Arcanjos do Senhor venham em nosso auxílio. Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 09 de Outubro
Filhos e filhas,
Nesta semana somos todos filhos entusiasmados por celebrar o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Digo que somos filhos, porque celebramos o dia da nossa Mãe que, com todo amor, estende seu manto por todos os brasileiros e brasileiras.
Tenho um grande amor por Nossa Senhora, você que me acompanha há mais tempo, sabe disso. E faço questão de celebrar e exaltar Nossa Senhora Aparecida, pois sou fruto e testemunha viva do seu poder intercessor. Se não conhece essa história, leia meu artigo da semana no site Aleteia.
Nesta mensagem destaco duas, entre tantas, virtudes de Nossa Senhora Aparecida que creio que mais inspiram o povo brasileiro: a ESPERANÇA e a FORTALEZA.
Maria é modelo da perfeita Esperança. Demonstrou isso desde sua juventude, quando ardentemente desejou a vinda do Messias. Depois, ao guardar o segredo da filiação divina de Jesus, esperançosa de que José a compreenderia assim que o próprio Deus lhe explicasse. Teve esperança em Deus quando precisou fugir para o Egito e salvar o Menino Jesus do extermínio imposto por Herodes aos recém-nascidos (Mt 2, 13-14), e novamente durante as Bodas de Caná, ao pedir para fazerem o que Jesus dissesse (Jo 2,5).
Imitar a esperança de Maria é esperar em Deus, não se desesperar nem desanimar diante das dificuldades e sofrimentos, mas, como Ela, voltar-se para Deus na oração, com a convicção de que Ele nos ajuda e só quer o nosso bem.
Maria nos ensina a Fortaleza, quando, ao ver todo o sofrimento do seu Filho, manteve-se firme e junto a Cruz (Jo 19,25), acompanhando-O em todas as suas provações. Essa presença silenciosa de Maria na hora da dor que devemos ter como exemplo em nossa vida.
Às vezes, nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, por doença ou acidente, e pelas quais já não podemos fazer mais nada, não encontrando palavras que confortem. Contudo, mesmo sem verbalizar, nossa presença é de grande ajuda, pois aquele que sofre sabe estar acompanhado em seu calvário. Maria entendeu isso e, diante da cruz, não pronunciou uma palavra sequer. Pelos Evangelhos sabemos que Jesus falou, enquanto Maria permaneceu de pé, forte, perseverante. Não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui, filho, estou ao Teu lado”.
Certamente não é fácil. Muitas vezes, dá até vontade de “dormir hoje e acordar apenas quando tudo passar”, como se diz popularmente, mas o exemplo de Maria ensina-nos a perseverar, mantendo-nos firmes em meio a pequenos e grandes sofrimentos.
São muitas virtudes que Maria têm, inúmeras... Mas nesta semana da padroeira do Brasil, destaco essas duas, para que seja inspiração para o povo brasileiro. E, pedindo a intercessão da Mãe, que tenhamos esperança de dias melhores para nossa nação e fortaleza para, juntos, construirmos um país justo e fraterno.
Não posso deixar de terminar esta mensagem sem, antes, pedir com muita humildade uma prece, uma Ave Maria, pelo XVII Evangelizar é Preciso Fortaleza, que vai acontecer no dia 26 de outubro, sábado, no Aterro da Praia de Iracema. Conto com sua oração para que seja um momento de graças e bênçãos a fortalecer a fé, a esperança e a fortaleza de todos os que lá estiverem, ou acompanharem em oração.
Que Deus, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, abençoe a todos nós.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 24 de Outubro
Filhos e filhas,
Jesus sempre fez a vontade do Pai e a Ele foi submisso. O amor ao Pai o levava a ser obediente até as últimas consequências. Os apóstolos perceberam essa intimidade de Jesus com o Pai e recorreram, pedindo: “Senhor, ensina-nos a rezar.” Após o pedido dos apóstolos, Jesus lhes ensinou a oração do Pai-nosso.
Segundo Tertuliano, o Pai-nosso é, na verdade, o resumo de todo o Evangelho. Nele, Jesus revela sua relação com o Pai e, graças ao Batismo, também a nossa: também nós somos filhos do Senhor. Além disso, na estrutura das petições dessa oração, Ele também expõe a ordem e o valor daquilo que devemos pedir.
A oração do Pai-nosso é composta por sete petições. Na primeira parte — “Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” —, nós nos colocamos na presença de Deus Pai para adorá-lo, amá-lo e bendizê-lo. Essa primeira parte é símbolo de louvor, uma declaração de amor.
Por outro lado, a segunda parte — “O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” — contém as petições que dizem respeito às nossas necessidades.
Nesta mensagem, quero me dedicar à última: “Livrai-nos do Mal”, por ser o tema do XVII Evangelizar é Preciso Fortaleza que vai acontecer neste final de semana no Aterro da Praia de Iracema. Já aproveito para pedir orações por todo o evento.
Segundo Santo Agostinho, esta última petição visa combater as diferentes espécies de males: os pecados, doenças, aflições etc.
Todavia, sem rodeios, digo que há nisso um denominador comum. Não se trata de uma influência negativa genérica. O mal a que nos referimos não é algo abstrato, e sim uma criatura que tem nome, codinome e apelido: Satanás, Tentador, Capeta, Cramunhão, Encardido, Fedorento...
O Maligno é quem se coloca na frente dos desígnios de Deus para nos tentar e nos desviar, e disso advêm todas as desgraças que são realmente dignas desse nome. Sua meta é nos tirar da obra de redenção de Cristo. Desde o princípio, ele é assassino, e nele não existe a verdade. É mentiroso e pai da mentira (cf. Jo 8, 22).
O diabo seduz o universo inteiro e sempre quis a derrota de toda a criação. Quer, obviamente, promover nossa perdição! No entanto, quem está em Deus e tem essa presença amorosa em sua vida não tem o que temer. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8, 31).
A oração do Pai-nosso nos lembra de que devemos nos revestir do amor de Deus. Ensinada por Nosso Senhor, ela abala o inferno, e certamente Satanás não quer que a rezemos. Sua força torna-se ainda maior por ser finalizada com a palavra “Amém”, cujo significado é “Assim seja”. Trata-se de uma oportunidade de reafirmar tudo o que pedimos ao Pai.
O tema do Evangelizar É Preciso Fortaleza, que já está na décima sétima edição, é “Livrai-nos do Mal”, com o lema “Jesus nos dá força e nos livra do mal” (2Ts 3,3). Jesus é a nossa força e com ele estamos sempre protegidos, que possamos cada vez mais nos aproximarmos de Cristo, do seu amor e da sua força. Assim, estaremos sempre protegidos de todo mal.
Peço novamente orações, com muita humildade, para que o XVII Evangelizar é Preciso Fortaleza tenha inúmeros frutos para o Reino de Deus.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
FINADOS
Boletim do dia 30 de Outubro
Filhos e filhas,
Louvo e agradeço a Deus por tantas graças e bênçãos derramadas durante o XVII Evangelizar é Preciso Fortaleza. Ainda ouviremos muitos testemunhos da misericórdia e da bondade de Deus.
É, filhos e filhas, o mês de outubro já se foi e novembro é o mês propício para refletirmos sobre a “santidade” como uma vocação à qual todos nós somos chamados. Afinal, no próximo domingo a Igreja celebra Todos os Santos.
Desde o Antigo Testamento, Deus chama Seu povo: “Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo” (Lv 11, 44-45). São Pedro confirma este chamado: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd 1,15-16). Jesus, nas “Bem-Aventuranças” nos dá a receita para a santidade.
Em Lucas, capítulo 6, dos versículos 20 ao 26, nos deparamos com um texto que vem suplantar a palavra e trazer a plena revelação de algo que já foi revelado! Moisés, depois de libertar o Povo de Israel que estava cativo no Egito, recebeu no Monte Sinai as leis que concretizaram o Código da Aliança e passaram a regular a vida do povo hebreu, indicando o caminho de fidelidade a Deus. Duas tábuas da “lei”, uma em relação a Deus, outra em relação ao próximo, às quais chamamos de Decálogo, os Dez Mandamentos.
Primeiro, é bom lembrar que os mandamentos da Lei de Deus não estão ultrapassados, ao contrário, são valores ou verdades que não estão sujeitos ao nosso querer, muito menos são influenciados pelos modismos de cada época. Inclusive, indico uma playlist do programa Fé em Debate no canal oficial do meu YouTube. Lá explico cada um dos mandamentos.
Jesus, o novo Moisés, não veio para mudar a antiga Lei, mas para aprimorá-la, Ele “alarga” a compreensão dos Mandamentos ao apresentar as Bem-aventuranças como caminho de santificação. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “as Bem-aventuranças ensinam-nos qual o fim último a que Deus nos chama: o Reino, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação, o repouso em Deus” (CIC 1726).
Se buscamos a santidade, temos que refletir o que está sendo empecilho para chegar a Jesus e fazer alguns questionamentos sobre como estamos vivenciando a nossa vida. Quando vamos tomar uma decisão, nós fazemos aquela pergunta: “o que Jesus faria?” Se fizéssemos isso seríamos mais santos e evitaríamos muitos erros...
Aproveito para dizer que muitos têm dúvidas sobre como fazer uma boa confissão e perguntam: “Padre, eu vou confessar o quê?” Outros preferem simplificar: “Não matei, o resto eu fiz de tudo”. Cuidado! Está errado. Este “tudo” é muito, precisamos ser mais específicos. Por isso, a recomendação de se fazer um bom exame de consciência à luz dos Mandamentos da Lei de Deus. Este discernimento sob o impulso do Espírito Santo, que nos leva a perceber onde estamos ferindo e falhando no cumprimento da Lei Divina é um elemento importantíssimo para o ato da reconciliação.
Lembro que Dia de Finados está chegando e é indicada a oração pelos mortos! Cristo venceu a morte. Pela Ressurreição de Jesus, acreditamos que a vida não é tirada, mas transformada. Assim como a semente que, ao cair na terra, morre e dessa morte brota a nova vida, cremos que a morte é a passagem para a ressurreição, a nova vida em Cristo.
Acreditando que Jesus venceu a morte e ressuscitou, convido-os agora a rezarmos por todos os falecidos uma oração que está no rito das exéquias:
Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma de todos os falecidos na firme esperança de que eles ressurgirão com Cristo no último dia. Escutai, ó Deus, na vossa misericórdia, as nossas preces: abri para eles as portas do paraíso e a nós que ficamos, concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé até que o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco. Amém
Que Deus nos abençoe e nos conduza à Santidade, amém.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 06 de Novembro
Filhos e filhas,
Já passamos a data de Finados e já podemos ver decorações natalinas ao nosso redor. Acho válido e indico decorar, ou pelo menos ter um enfeite de Natal em sua casa. É o externo nos recordando que estamos em um tempo especial.
Como Padre, não posso deixar de lembrar que devemos preparar a nossa alma para revivermos o mistério do Natal. E nada melhor para nos prepararmos do que uma boa Confissão. O Sacramento da Reconciliação é um convite a fazer a experiência da misericórdia pelo perdão, por intermédio do sacerdote que age em nome de Deus e da Igreja.
Nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo de nossas fraquezas, instituiu o Sacramento da Confissão e escolheu seus representantes, dando-lhes o poder de perdoar os pecados em Seu nome, como ensina São João: "Soprando sobre eles, dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos'" (Jo 20, 22b-23).
Jesus já havia dito em outra ocasião: "Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu, e tudo quanto desligardes na terra será desligado também no céu" (Mt 18, 18). Sendo assim, o sacerdote não age em seu nome, mas com a autoridade concedida por Jesus. Ou seja, mesmo sendo uma pessoa sujeita ao pecado, como todas as outras, ele atua em nome de Deus e da Igreja para absolver os pecados. É instrumento do perdão de Deus, e o fato de também possuir fraquezas o faz compreender a conduta humana e sua inclinação ao pecado, não se colocando na posição de juiz intransigente. Vale mencionar ainda que, segundo o cânon 1388, o segredo de confissão é inviolável.
Costumo dizer que a confissão é um banho espiritual que lava a alma. Da mesma forma que é preciso tomar banho todos os dias para manter o corpo limpo, há a necessidade de confessar-se para garantir a limpeza espiritual. A confissão apaga completamente os pecados, mesmo os mortais, e concede a graça santificante. Aumenta os méritos diante do Criador e permite desenvolver todas as virtudes, além de proporcionar tranquilidade de consciência, alívio das mágoas e consolo espiritual.
Para realizar uma confissão adequada, são necessárias, pelo menos, cinco condições:
- Fazer um exame de consciência, que consiste em lembrar os pecados mortais cometidos desde a última confissão. Para que seja caracterizado pecado mortal ou matéria grave (praticar ato que caracterize grande ofensa aos Mandamentos de Deus e da Igreja) é necessário: conhecimento (estar ciente, saber que o ato a ser praticado é pecado); consentimento (ter tempo para refletir e, mesmo assim, cometer o pecado por livre e espontânea vontade); quando falta um só adjetivo a esses 3 requisitos, é pecado venial ou leve.
- Estar sinceramente arrependido por ter ofendido a Deus e ao próximo.
- Ter o firme propósito de não cometer mais o(s) erro(s), confiando no auxílio da graça de Deus.
- Confessar objetivamente os próprios pecados e não os dos outros.
- Cumprir a penitência que o confessor indicar.
Muitas pessoas, de fato, não sabem confessar e usam a seguinte fórmula: “Não matei, não roubei, o resto fiz tudo”. Não é tão simples assim, nada melhor do que examinarmos nossa consciência, baseando-nos nos Dez Mandamentos da Lei de Deus:
1º) “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças”;
2º) “Não pronunciarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”;
3º) “Guardarás o domingo e dias santos de preceito”;
4º) “Honrarás pai e mãe”;
5º) “Não matarás”;
6º) “Não pecarás contra a castidade";
7º) “Não furtarás”;
8º) “Não levantarás falso testemunho”;
9º) “Não cobiçarás a mulher do próximo”;
10º) “Não cobiçarás as coisas alheias”.
Confesse seus pecados com a fé em Jesus Cristo. E lembre-se: “Se confessarmos nossos pecados, fiel e justo é Ele para perdoar-nos e purificar-nos de toda iniquidade" (1 João 1, 9).
Que o Espírito Santo ilumine e impulsione sempre à confissão. Amém.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 27 de Novembro
Filhos e filhas,
Nesta quarta-feira, dia 27 de novembro, a Igreja celebra Nossa Senhora das Graças. Isso porque no dia 27 de novembro de 1830, na capela das Irmãs Filhas da caridade de São Vicente de Paulo, a noviça Catarina Labouré teve uma visão de Nossa Senhora.
Nessa visão, a Virgem Santíssima estava em cima de um globo e tinha sob seus pés uma serpente. Das mãos de Nossa Senhora provinham raios luminosos, símbolo das graças que Ela derrama sobre quem suplica. E os raios opacos simbolizavam as graças que não eram pedidas.
Essa aparição, além de tanto simbolismo, nos lembra a importância de sempre rezarmos, suplicando, por intercessão de Maria, por nossas necessidades. Filhos, a oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.
Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus.
Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos. Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito.
Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma, não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
Muitos me perguntam: e quando a oração não é atendida? Como saber o que está errado? A oração é um combate e nós devemos lutar contra tudo aquilo que nos faz desanimar. Como a sensação de fracasso, ressentimento e decepção de não termos sido atendidos. Chamo a atenção para o que diz um dos Padres do Deserto: “Não te aflijas quando não receberes imediatamente de Deus, o objeto de teu pedido: é que Ele quer fazer-te ainda maior bem, por tua perseverança em permanecer com Ele na oração” (Evágrio Pôntico), “Ele quer que nosso desejo seja provado na oração. Assim Ele nos prepara para receber aquilo que Ele está pronto a nos dar” (Santo Agostinho).
Esses pensamentos dizem para não nos desesperarmos, a demora de Deus é uma provação da oração, nos prepara para a graça que vamos receber. Essa é a prática de esperar em Deus e a oração é uma espera em Deus que requer recolhimento. A meditação nos ajuda neste contexto de sempre voltarmos o pensamento para Deus e aumentar a esperança, sem cairmos em desespero.
Termino citando mais um grande Santo de nossa Igreja, Santo Afonso de Ligório: “É preciso que nos convençamos de que da oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti