Santa Elisabete da Trindade
Elevação à Santíssima Trindade
Esta oração de Santa Elisabete da Trindade, mais conhecida como “Elevação à Santíssima Trindade”, é uma obra da síntese teológica trinitária mais profunda que uma pessoa humana possa ter escrito. Não é um tratado, mas sim uma oração nascida da intensidade do amor, com uma lógica interna profunda. Ela nos toma pela mão e nos conduz nas profundidades do mistério do Deus único que transborda o seu amor no mistério dos “três”, onde tudo é harmonia, união.
Elisabete já está percebendo os passos violentos da doença no seu corpo, e no seu espírito experimenta a beleza da “solidão sonora, música silenciosa” na escuta-adoração do Deus vivo que nela habita. O silêncio desta monja mística não é fruto de falta de comunhão ou de intimismo, é colocar-se toda na escuta do Filho bem-amado que o Pai apresenta para que nós possamos escutar. É silêncio para ouvir o “balbuciar” do eterno em seu coração de mulher, mística. É apaixonada da adoração silenciosa, responde assim ao convite do Cristo: “o Pai procura adoradores em espírito e verdade”.
Elisabete provavelmente colocou no papel toda a efusão do seu espírito na noite do dia 21 de novembro de 1904, quando todo o Carmelo, depois da Oração da Noite, está no silêncio mais profundo. Ela, recolhida na sua cela onde “habita a Trindade”, num simples papel escreve o que mais percebeu durante o dia de adoração ao Santíssimo Sacramento.
Esta oração de adoração é um cântico de louvor, de ação de graças, mas principalmente é adoração silenciosa do mistério que invade, imerge e deixa a alma como que inebriada, embriagada de divino.
O pensamento amoroso de Elisabete se dirige ao Pai e pede que quer permanecer silenciosa, imóvel como se já estivesse na eternidade. Quer viver “aqui e agora” o paraíso, promessa de eternidade, mas que inicia no tempo.
Tomada pelo amor ao Cristo crucificado Elisabete pede que possa passar a vida toda na escuta do Verbo eterno. E que toda sua humanidade seja a grande hóstia, carne onde se realiza o que falta à paixão do Senhor.
No Espírito Santo ela deixa-se queimar de todos os defeitos para ser somente um hino de louvor, de glória. É nos “três” que ela se realiza.
A mesma Igreja no Catecismo toma as palavras experienciais de Elisabete para nos convidar a mergulhar-nos em Deus e a sentir em nós a presença viva dos Três. A meditação desta oração de Elisabete nos leva fora do tempo para que contemplemos o amor de Deus. Sem dúvida foi escrita num momento de Êxtase de amor.
Elisabete nos traça o caminho que devemos percorrer para ter deste já em nós o “paraíso” que é estar e permanecer em Deus-Trindade, acompanhemos o texto na íntegra:
Elevação à Santíssima Trindade
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz e nem me fazer sair de Vós, ó meu imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de Vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o Vosso céu, Vossa morada preferida e o lugar de Vosso repouso. Que eu jamais Vos deixe só, mas aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à Vossa Ação criadora.
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quisera ser uma esposa para Vosso Coração, quisera cobrir-Vos de glória, amar-Vos… Até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-Vos revestir-me de Vós mesmo, identificar minha alma com todos os movimentos da Vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-Vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de Vós. Depois, através de todas as noites, de todos vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em Vós e ficar sob Vossa grande luz; ó meu Astro amado, fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair de Vossa irradiação.
Ó Fogo devorador, Espírito de Amor, “vinde a mim” para que uma encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o Seu Mistério. E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre Vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com Vossa sombra vendo só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as Vossas complacências.
Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós qual uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, até que vá contemplar em Vossa luz o abismo de Vossas grandezas.
Fonte: Elisabete da Trindade – Obras Completas
fonte:https://otcarmo.org/elevacao-a-santissima-trindade/
Santa Elisabete da Trindade – Elisabete Catez – foi uma monja carmelita descalça, contemporânea de santa Terezinha. Nascida em 1880, na França, viveu e morreu em Dijon. Teve uma irmã 3 anos mais nova e seu pai morreu quando ela tinha 7 anos de idade, deixando sua mãe viúva com duas filhas para cuidar. Fez sua primeira comunhão com 11 anos, e esse fato a fez mudar completamente seu temperamento irascível. Conta-se que certa vez, quando ainda era criança, sua mãe deu um boneco seu para servir de Jesus Cristo no presépio da igreja. Quando o reconheceu, ela começou a gritar com o padre durante a Missa. Teve de ser tirada da igreja em meio a risos geral. Porém, sua mãe, percebendo isso, começou a lapidar sua filha para que não sucumbisse a esse temperamento, e o Santíssimo Sacramento foi o grande “milagre” para que ela conseguisse controlar a sua fúria. Mas teve que lutar durante muito tempo contra esse sentimento, mesmo depois da comunhão.
Com 14 ainda fez voto perpétuo de castidade e se sentiu chamada ao Carmelo. Porém, quando conta a sua mãe, ela não recebe muito bem a notícia, e diz que só poderá entrar com 21 anos. Para ela, foi um verdadeiro martírio a espera, mas aguentou tudo com resignação e paciência. Morreu quando tinha apenas 26 anos, com uma doença chamada mal de Addison – uma doença que atinge a glândula suprarrenal, afetando o metabolismo, onde o paciente não consegue se alimentar normalmente – fazendo com que santa Elisabete só se alimentasse de chocolates e queijos. Quando faleceu, havia perdido vários quilos e sofrido muito, mas com uma santa paciência, suportou tudo com muita virtude.
Sua mística se baseia na inabitação Trinitária. Seus textos se baseiam principalmente nas cartas paulinas, onde encontrou um rico tesouro. E para ela, a grande realização do homem, enquanto casa de Deus, é ser seu “louvor da glória” (Ef 1, 12), e essa seria sua missão na terra, e no Céu seria a de levar outras pessoas a serem-no. Mas para entender bem esse caminho é necessário recorrer a dois textos escritos pela própria santa, que encontram o centro de sua espiritualidade: o “retiro de como encontrar o Céu na terra” e o “último retiro”.
Seu primeiro retiro foi feito para sua irmã, e tem como principal foco o encontro do Céu que existe dentro de nós, onde Deus faz sua morada, um lugar tão íntimo que nem o próprio homem alcança, mas apenas Deus está, e é no centro da alma, como nos ensina são João da Cruz. Mas o homem deve permanecer nesse centro, para poder permanecer em Deus (cf. Jo 15,4). Para isso devemos, nas palavras da própria santa, “penetrar cada vez mais no ser divino pelo recolhimento”. Mas sempre lembrando que é Deus quem leva a alma a essa contemplação, pois é o Espírito que intercede por nós (cf. Rm 8, 26).
O segundo foi próximo à sua morte, e teve como principal objetivo mostrar seu caminho espiritual de “Laudem gloriae”, ou seja, como ser um verdadeiro louvor da glória de Deus. Mas para começar esse caminho é necessário calar as paixões, reunindo todas as potências para fazer apenas um único exercício: amar, permitindo ter um olhar simples que vê a luz de Deus que nos ilumina, e é pelo toque desse amor que o Senhor agirá em nós, como explica Elisabete.
Para finalizar, santa Elisabete tinha um grande amor por Nossa Senhora, em quem ela via um verdadeiro exemplo, o molde para a santidade. Dizia a santa que Maria era o perfeito modelo pois “guardava os segredos em seu coração e os meditava” ((Lc 2, 19), seguindo assim os Seus passos. Seus maiores exemplos carmelitas eram santa Teresa, são João da Cruz e santa Teresinha, que em sua época ainda não havia sido sequer beatificada, mas que santa Elisabete já conhecia e se inspirava.
Algumas curiosidades sobre santa Elisabete: ela conseguiu uma graça pela intercessão de santa Teresinha, quando pediu para conseguir andar para ir ao coro quando estava doente, e conseguiu esse grande pedido. Sabia tocar piano e cantar, e compôs várias músicas para o mosteiro, algumas em conjunto com algumas irmãs.
Por: Paulo Victor Queiroz Soares, postulante da Província Carmelitana de Santo Elias
fonte:https://carmelitas.org.br/conheca-a-historia-de-santa-elisabete-da-trindade/
12 frases de Santa Elisabete da Trindade
1. Deixo-te a minha devoção pelos Três (SSa. Trindade). Vive dentro de si mesmo com Eles, no céu de tua alma” (C 269).
2. Meu único exercício consiste em entrar em mim mesma e perder-me Naqueles que estão ai.
3. A Trindade, eis nossa morada, nosso lar, a casa paterna donde jamais devemos sair.
4. Morrer, não só pura como anjo, mas ainda transformada em Jesus Crucificado.
5. Coloco a fé de minha alma – quanto à vontade, não quanto á sensibilidade – em tudo o que pode imolar-me, destruir-me, rebaixar-me, porque quero dar lugar a meu Mestre.
6. É absolutamente necessário que eu chegue ao ponto de fazer sempre e em tudo o contrário de minha vontade.
7. Santa Teresa dizia com seu bom senso habitual: “Regalo e oração nunca andam juntas”.
8. Já que não posso, por ora, impor-me grandes sofrimentos, pelo menos a cada instante posso imolar minha vontade.
9. A carmelita é uma alma que contemplou o Crucificado, que o viu oferecer-se como Vítima ao Pai pelas almas… e quis também dar-se com Ele.
10. A intimidade com as três Pessoas divinas, constitui a verdade central de sua doutrina mística.
11. O que quero é conhece-Lo, comungar em seus sofrimentos, conformar-me com Sua morte (cf. Fil 3,10).
12. Eu bem sabia que São José viria buscar-me este ano, dizia alegremente. Ei-lo à porta!
fonte:https://cleofas.com.br/12-frases-de-santa-elisabete-da-trindade/
- Inabalável é minha confiança em tua divina Providência... Jesus, a ti me abandono por completo.
- A minha alma arde e queima com a tua chama incandescente e pura; ó Espírito Santo, consome-a no teu divino amor.
- Visto que é impossível impor a própria vontade aos outros sofrimentos, devo também convencer-me de que o sofrimento físico e corporal não passa dum meio, aliás precioso, para chegar à mortificação interior e ao pleno desapego de nós mesmos.
- A caridade é indispensável. Reconhecemos o cristão pela caridade que ele revela.
- Que alegre mistério a presença de Deus dentro de nós, nestes íntimos santuários de nossas almas, onde sempre podemos encontrá-lo, também quando experimentamos mais sensivelmente a sua presença!
- Procuremos Jesus mediante a pureza de nossa fé.
- Amo tanto a pureza deste mistério da Santíssima Trindade, pois é um abismo em que me perco!
- Deus tem desígnios que nem sempre compreendemos, mas que devemos adorar.
- O abandono, eis o que nos recomenda a Deus. Quando tudo se complica, quando o momento presente é tão doloroso e o futuro me parece mais escuro, fecho os olhos e abandono-me como uma criança no braço daquele Pai que está nos céus.
- Não há outro madeiro capaz, como o da cruz, de acender com grande intensidade na alma o fogo do amor!
- Mais do que a Eucaristia, parece-me que não há nada que nos possa dizer o amor que existe em Deus. É a união consumada, é ele em nós e nós nele.
- Como é lindo ser criança do bom Deus, sempre deixar que ele nos carregue, descansar no seu amor.
- Jesus é o meu tudo, o meu único tudo. Que alegria, que paz este pensamento proporciona a alma.
- A alma necessita de silêncio para adorar.fonte:http://fraternidadesaogilberto.blogspot.com/2011/11/frases-da-beata-elisabete-da-trindade.html
- O abandono, eis o que nos recomenda a Deus. Quando tudo se complica, quando o momento presente é tão doloroso e o futuro me parece mais escuro, fecho os olhos e abandono-me como uma criança no braço daquele Pai que está nos céus.
- Não há outro madeiro capaz, como o da cruz, de acender com grande intensidade na alma o fogo do amor!
- Mais do que a Eucaristia, parece-me que não há nada que nos possa dizer o amor que existe em Deus. É a união consumada, é ele em nós e nós nele.
- Como é lindo ser criança do bom Deus, sempre deixar que ele nos carregue, descansar no seu amor.
- Jesus é o meu tudo, o meu único tudo. Que alegria, que paz este pensamento proporciona a alma.
- A alma necessita de silêncio para adorar.
- O sofrimento é algo tão grande e divino! Parece-me que, se os bem-aventurados no céu pudessem invejar-nos algo, invejar-nos-iam este tesouro. É uma alavanca tão poderosa no coração do bom Deus!
- Jesus continua sempre vivo. Vivo no adorável sacramento do tabernáculo, vivo em nossas almas... Porque vive em nós, façamo-lhe companhia como o amigo faz com o amigo!
- Quanto mais damos a Deus, mais Ele se dá a nós.
- A vida do sacerdote, como a da carmelita, é um advento que prepara a Encarnação nas almas.
- Com que paz, com que recolhimento Maria se aproxima de tudo e fazia todas as coisas! Assim como as coisas mais banais eram, também, por ela divinizadas! Em tudo e por tudo, a Virgem permanecia em Adoração ao bom Deus. E isto não a impedia de prodigalizar-se extremamente, quando se tratava de exercitar a caridade.
- Visto que é o amor que une a alma a Deus, quanto mais intenso é o amor, mais ele entra profundamente em Deus e concentra-se Nele.
- A alma que quer servir a Deus noite e dia no seu templo, quero dizer o santuário interior de que fala São Paulo quando diz: “O templo de Deus é santo e esse templo sois vós”, esta alma deve estar decidida a tomar parte, realmente, na paixão de seu Mestre.
- A alma que vive unida a Deus não age senão sobrenaturalmente, e as ações mais corriqueiras, ao invés de separá-la Dele, aproximar-se-ão sempre mais.
- Oxalá soubesses como o sofrimento é necessário para que se realize em tua alma a obra de Deus!
- A meu ver a alma mais livre é aquela que mais esquece de si mesma. Se me perguntassem o segredo da felicidade, diria que consiste em não se preocupar mais consigo, desprendendo-o a todo momento. Eis uma boa maneira de fazer com que o orgulho morra. É como se o subjugássemos pela fome.
- Vivamos de amor para morrer de amor e glorificar a Deus, todo amor.18- O Rosário é a corrente que nos une a Maria, Com a prática da recitação do rosário... Maria nos estende a mão. Maria dirige a nossa barquinha sobre as ondas agitadas desta vida... E temos a certeza que chegaremos ao porto da salvação eterna.19- Deus em mim, e eu Nele – seja este o nosso lema.20- Encontrei meu céu na terra, nesta querida solidão do Carmelo onde estou sozinha com Deus somente.21-Faço tudo com Ele e a tudo me dedico com uma alegria divina. Qualquer limpeza, qualquer trabalho ou qualquer oração. Acho tudo belo e delicioso, porque é meu mestre que vejo por toda parte.22- É lá, aos pés da cruz, que sentimos a confiança em Cristo. Todas as obscuridades, todos os nossos sofrimentos acabam prendendo-nos ao nosso único tudo. Purificam-nos a alma para conduzir-nos à união.fonte:http://fraternidadesaogilberto.blogspot.com/2011/11/frases-da-beata-elisabete-da-trindade.htmlSanta Elisabete da Trindade, rogai por nós.
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8 de Novembro
Santa Elisabete da Trindade
Isabel Catez nasceu, no campo militar de Avor, perto de Bourges, França. O seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo que Isabel mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colérico. A sua mãe quando fala dela nalgumas cartas chama-a “autêntico diabinho”. E a sua irmã não hesita em escrever que era “um verdadeiro diabo”. Chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a ameaçaram enviar para uma casa de correção.
No entanto, a sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Isabel e fazer sobressair nela a ternura e docilidade. E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Isabel acontecia quando a sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Então, Isabel compreendia que não se tinha portado bem, e, meditando fazia exame de consciência e corrigia-se.
Isabel era ainda uma criança quando a sua família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Isabel perdeu o pai tão querido que a morte lhe roubou.
O dia da primeira comunhão, a 19 de Abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Isabel. Tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de Julho de 1880.
Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório, vindo a tornar-se uma “excelente pianista”, segundo expressão do seu professor de música. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina Catez chegava aos pedais do piano. Entre músicas e festivais, bailes, férias e diversões foram decorrendo os anos de Isabel.
Aos catorze anos sentiu-se irresistivelmente atraída por Jesus. Aos 18 a sua mãe pretendeu casá-la com um esplêndido noivo, mas Isabel respondeu:
“o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei dos reis, já dele não posso dispor“.
O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Isabel queria entrar no Carmelo, que tantas vezes tinham visitado, pois ficava ali a dois passos. A mãe apenas consentiu a entrada da filha no Carmelo quando alcançou a maioridade, aos 21 anos.
No dia 2 de Agosto de 1901, Isabel entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo que pela sua solidão e beleza a atraiu irresistivelmente. A partir de então o seu nome será Irmã Isabel da Santíssima Trindade.
“Gosto tanto do mistério da Santíssima Trindade! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n’Ele. É o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio! Mas é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado”.
A irmã Isabel tomou o hábito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura; foi o momento da purificação interior. Com a profissão religiosa, que fez a 11 de Janeiro de 1903, recuperou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irmã Isabel descobriu a sua vocação.
Lendo S. Paulo descobriu que ela devia ser o “louvor da glória de Deus”. Esta ideia e esta vocação serão o rumo e o norte de Isabel da Santíssima Trindade: “louvor de glória” é uma alma que mora em Deus e O ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sob o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas.
“Louvor de glória” é uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.
Seguindo o Caminho que é Cristo, a Irmã Isabel entrou no mistério de Deus através de Maria a quem gosta de chamar a Porta do Céu. Seguindo os nossos pais e mestres, Teresa de Jesus e, sobretudo, João da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Isabel mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela se sente envolvida por dentro e por fora.
Tal como S. João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Isabel da Trindade se sente atraída pela beleza de Deus. Isabel gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa que dizia que a alma é como um cristal que reflete a Deus. A nossa irmã deixou-nos este testemunho: “cada dia na minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminoso, mais envolto em paz e amor”.
Mas foi a vivência total daquela frase de S. João da Cruz: “a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite até naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz” que levou a Irmã Isabel a perder-se em Deus como uma gota de água no Oceano, segundo a sua própria expressão. Foi o perfeito louvor da glória de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: “tudo é calma, tudo fica tranquilo e é tão bom, a paz do Senhor“. Nos finais de Março de 1906, a Irmã Isabel foi colocada na enfermaria.
Sentia-se feliz por morrer carmelita e escreve esta frase que é uma cópia do verso de S. João da Cruz: “sem outro ofício senão o de amar, estou na enfermaria”.
As Irmãs rezavam pela sua cura e Isabel juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela. No dia 1 de Novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “é provável que dentro de dois dias esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante“.
Pouco antes da sua morte, Isabel disse as suas Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre:
“Tudo passa! No entardecer da vida só o amor permanece”.
Frase que se parece com aquela outra de S. João da Cruz, também muito bela e conhecida: “à tarde serás examinado no amor”.
A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Isabel sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos, e exclamou: “vou para a Luz, para o Amor, para a Vida“, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de Novembro de 1906.
Ó meu Deus, Trindade que eu adoro
Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente, para me estabelecer em vós, imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundeza do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada amada e o lugar de vosso repouso. Que nunca aí eu vos deixe só, mas que esteja lá inteiramente, toda acordada em minha fé, perfeita adoradora, toda entregue à vossa Ação criadora.
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quereria ser uma esposa para o vosso Coração, quereria cobrir-vos de glória, quereria amar-vos… até morrer de amor! Mas sinto a minha incapacidade e peço-vos para me «revestirdes de vós mesmo», para identificar a minha alma com todos os movimentos de vossa alma, me submergir, me invadir, e vos substituir a mim, a fim que a minha vida não seja senão uma irradiação da vossa Vida. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a escutar-vos, quero tornar-me inteiramente dócil ao vosso ensino, a fim de tudo aprender de vós.
Fonte: http://www.carmelitas.pt/site/santos/santos_ver.php?cod_santo=25
fonte:https://institutohesed.org.br/8038-2/
Santa Elisabete da Trindade, um coração inflamado pelo fogo do amor
Essa jovem carmelita e santa, não muito conhecida, foi uma mulher profundamente contemplativa, buscou em tudo estar mergulhada em Deus, escondida em Cristo.
Hoje, dia 08 de novembro, convido você a vir comigo, para sermos iluminados pela memória e testemunho de Santa Elisabete da Trindade. Essa fiel serva do Senhor nasceu em Avor, na França, no dia 18 de julho de 1880 e entrou para a Ordem do Carmelo aos 21 anos de idade. Sua páscoa aconteceu no dia 9 de novembro de 1906, com apenas 27 anos de idade. A Igreja, por meio do Papa São João Paulo II, reconheceu formalmente suas virtudes, em 1984. A cerimônia de sua canonização, porém, aconteceu 32 anos depois, no dia 16 de outubro de 2016. De fato, Elisabete é um modelo de amor esponsal para com Jesus, a Paz completa que tanto sentido deu à sua vida.
Soube de modo impressionante integrar suas dores e sofrimentos à sua relação com Deus. Quando lemos e meditamos sobre as intuições expressas em seus escritos, podemos sentir o forte perfume de esponsalidade que emanava de sua alma. Sem mais delongas, deixaremos à sua disposição as declarações efetuadas por ela mesma. Enquanto realiza a leitura dessas declarações, vá pedindo a Deus, por intercessão de Santa Elisabete, a graça de também você interpretar os acontecimentos de sua vida como sinais da ação misericordiosa de Deus.
fonte:https://comshalom.org/santa-elisabete-da-trindade-um-coracao-inflamado-pelo-fogo-do-amor/