BOLETIM DO DIA 12 DE JANEIRO
Filhos e filhas,
Ainda estamos na segunda semana de janeiro, tempo de reflexão e planejamento. Por isso, nesta mensagem quero destacar o Dom da Sabedoria, tão importante para que nossos empreendimentos em todas as áreas da nossa vida, inclusive na vida espiritual, tenham bom êxito.
E para entender o que é a Sabedoria, transcrevo aqui um trecho do capítulo 8 do livro de Provérbios:
12 Eu, a Sabedoria, sou vizinha da sagacidade, e tenho o conhecimento e a reflexão. 13 Temer ao Senhor é odiar o mal. Por isso, eu detesto o orgulho e a soberba, o mau comportamento e a boca falsa. 14 Eu possuo o conselho e o bom senso; a inteligência e a fortaleza me pertencem. 15 É através de mim que os reis governam e os príncipes decretam leis justas. 16 Através de mim, os chefes governam e os nobres dão sentenças justas. 17 Eu amo os que me amam, e os que me procuram me encontrarão. 18 Comigo estão a riqueza e a honra, a prosperidade e a justiça. 19 O meu fruto vale mais do que ouro puro, e a minha renda vale mais do que prata de lei. 20 Eu caminho pela trilha da justiça, e ando pelas veredas do direito, 21 para levar riquezas aos que me amam e encher os seus cofres. (Pr 8,12-21)
A sabedoria vem antes da criação, como o Catecismo da Igreja Católica nos explica:
Cremos que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo não é o produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade: "Pois tu criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e foram criadas". (Ap 4,11). (CIC 295).
Ou seja, estamos refletindo sobre a sabedoria que, por instância divina, desvela o mundo e a vida para quem a busca. O Catecismo da Igreja aponta:
Antes de se revelar ao homem em palavras de verdade, Deus se lhe revela pela linguagem universal da criação, obra de sua Palavra, de sua Sabedoria: a ordem e a harmonia do cosmo que tanto a criança como o cientista descobrem, "a grandeza e a beleza das criaturas levam, por analogia, à contemplação de seu Autor" (Sb 13,5), "pois foi a própria fonte da beleza que as criou" (Sb 13,3).
A Sabedoria é um eflúvio do poder de Deus, emanação puríssima da glória do Todo-Poderoso; por isso nada de impuro pode nela insinuar-se. É reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e imagem de sua bondade (Sb 7,25-26). A sabedoria é mais bela que o sol, supera todas as constelações. Comparada à luz do dia, sai ganhando, pois, a luz cede lugar à noite, ao passo que, sobre a Sabedoria o mal não prevalece (Sb 7,29-30). Enamorei-me de sua formosura (Sb 8,2). (CIC 2500).
Que Deus abençoe e conceda sabedoria. Amém.
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 19 de Janeiro
Filhos e filhas,
Começo agradecendo todas as felicitações e principalmente orações pelos meus 27 anos de vida sacerdotal, que celebrei na última sexta-feira, dia 14. Sou muito feliz como padre e peço, com muita humildade, que rezem por mim.
Nos próximos dias, a liturgia nos reserva a memória de alguns santos mártires da Igreja: São Fabiano, São Sebastião (20/01) e Santa Inês (21/01). Aproveito para lembrar o que é o martírio de acordo com o Catecismo da Igreja Católica (n.2473):
“O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. ‘Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será concedido chegar até Deus’ - Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos, 4, 1: SC 10bis, p. 110 (Funk, 1, 256) ”. (CIC 2473)
Os mártires só alcançam essa graça, pois possuem uma profunda intimidade com Deus. É essa intimidade que nós também devemos buscar, para sempre testemunharmos Jesus Cristo no mundo. E para alcançar essa intimidade, a oração é fundamental no processo.
A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona. Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus.
Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, mas sim porque não deixamos, nós não O escutamos. Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção que buscamos manter a sobrevivência do corpo buscássemos manter a sobrevivência da alma, não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
A oração é um combate e nós devemos lutar contra tudo aquilo que nos faz desanimar. Como a sensação de fracasso, ressentimento, decepção, de não termos sido atendidos. Chamo a atenção para o que diz, um dos Padres do Deserto: “Não te aflijas quando não receberes imediatamente de Deus, o objeto de teu pedido: é que Ele quer fazer-te ainda maior bem, por tua perseverança em permanecer com Ele na oração” (Evágrio Pôntico).
Termino citando mais um grande Santo de nossa Igreja, Santo Afonso de Ligório: “É preciso que nos convençamos de que da oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 09 de Fevereiro
Filhos e filhas,
Estamos nos aproximando do dia de Nossa Senhora de Lourdes, dia 11/02, quando também é celebrado o Dia Mundial do Enfermo, sendo este ano o 30º. Em sua mensagem para esse dia, o Papa Francisco escolheu como tema “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
Assistir os enfermos é uma das Obras de Misericórdia. Lembrando que essas obras são inspiradas na Palavra de Deus e são tradição da Igreja (CIC § 2447), sete são obras de misericórdia espirituais e sete corporais.
Os Evangelhos relatam, abundantemente, momentos em que Jesus acolhe, atende, socorre e cura os doentes. Às vezes eram levados a Ele no entardecer (cf. Mc 1,32-34), em outras pediam que Ele fosse até a casa do enfermo, como fez o oficial que pediu a cura do filho que estava morrendo (cf. Jo, 4, 46-53). Vale lembrar a ação de Jesus, quando na casa de Pedro, cura sua sogra (cf. Mt 8, 14-15). Jesus se desdobrou em misericórdia para com os doentes.
A obra de misericórdia assistir os doentes começa na família quando se lida com doenças prolongadas e, às vezes, irreversíveis. Seja em qualquer idade ou por qualquer problema de saúde, que podem ser, entre tantos.
Trata-se também de um trabalho voluntário em hospitais, asilos e casas de recuperação terapêutica. Estende-se a uma pastoral urbana que visite e acompanhe aqueles que, nos grandes centros urbanos vivem a dor de sua enfermidade na solidão e no esquecimento.
De forma profética, esta obra de misericórdia questiona a ausência de uma pastoral de saúde, tanto em nossas comunidades paróquias, como nos hospitais, que efetivamente possam marcar presença nestes momentos de fragilidade e vulnerabilidade do ser humano.
Muitos se perguntam: o que fazer para um doente gravemente enfermo? A resposta é simples, às vezes nada, apenas “estar” presente junto ao que sofre. Misericórdia e solidariedade é estar perto de quem sofre, mesmo sem entender a extensão do sofrimento, pois o pulsar e o latejar da dor é próprio só de quem está machucado.
Assistir os doentes até o fim é uma obra de misericórdia conflitante a toda e qualquer ideia de eutanásia e similares. Implica inclusive em oferecer, além de recursos físicos e terapêuticos necessários, a assistência religiosa e espiritual. Fato este que familiares estão se esquecendo e negligenciando.
Tudo isso na gratuidade em servir os mais necessitados e sofredores, sabendo que Nossa Senhora nunca abandona o cuidado com os seus filhos. Por isso, convido a todos a rezarmos pelos enfermos, pedindo a intercessão de Nossa Senhora de Lourdes:
Nossa Senhora de Lourdes, Virgem Santíssima e Mãe,
Vós que aparecestes a Bernadete em uma gruta, mostrando que no silêncio da vida encontramos o Deus revelado.
Nossa Senhora de Lourdes, quando ela cavou o chão, viu brotar o olho d'água, lembrando Jesus, fonte de Água Viva.
Nossa Senhora, milhares e milhares de pessoas, durante todo o ano, se dirigem à gruta de Lourdes, em macas, cadeiras de rodas, levadas pela motivação da restauração da fé e da recuperação da saúde.
Nossa Senhora, intercedei perante Deus por todos os enfermos, de um modo particular aquelas que estão num leito de hospital.
Sim, Virgem, aqueles que hoje irão fazer uma cirurgia e pediram nossas orações.
Todos os que estão abandonados pelas famílias, aqueles que estão nas UTIs, nas enfermarias, nos leitos das casas, nos corredores dos hospitais.
Aqueles que não têm a oportunidade de ter um tratamento digno, aqueles que estão desenganados dos médicos.
Nossa Senhora de Lourdes, fazei derramar a graça de Deus sobre estas pessoas.
Virgem Mãe, intercedei por nós e obtende a graça de que necessitamos.
Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós e por todos os enfermos.
Amém.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 11 de Maio
Filhos e filhas,
Nesta sexta-feira, dia 13, vamos celebrar 105 anos da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos 3 pastorinhos. Vale lembrar que Jesus é a plena revelação, nada mais pode ser acrescentado. Mas, por sua infinita misericórdia, Deus permite que Nossa Senhora oriente seus filhos para o caminho do céu.
“Não tenhais medo, não vos faço mal. Sou do céu.”
Com estas palavras iniciais, Nossa Senhora interfere na história humana para, em um ambiente de guerra, trazer mensagens de Paz e salvação. Já em sua saudação, repete o que seu Filho tantas vezes repetiu de forma insistente: “Não tenhais medo” (Mt 14, 27).
De todas as aparições, está foi a que Maria mais falou e aconselhou, além de ser a aparição que mais se tem registros e escritos, isto devido também ao fato de ser recente, em 1917, e pelo fato de ter os desígnios de Deus, permitido que Lúcia vivesse tantos anos entre nós. Sua morte aconteceu no dia 13 de fevereiro de 2005, como idosa monja Carmelita enclausurada.
Em Fátima, Portugal, Maria falou do céu e do inferno como uma realidade indiscutível. Jesus já havia falado “Eu voltarei para o Pai e vos prepararei um lugar” (Jo 14, 2-3). Fala do céu à Jacinta como um sim e à Francisco como condição de seu muito rezar o terço. À Lucia, garante o céu após muitas tribulações. Fala do inferno numa prece que brota de seus próprios lábios e coração materno.
Quando hoje para muitos o céu e o inferno são tidos como uma fantasia, fruto de discursos inflamados de pregadores alienados, somos instigados por Maria, na aparição em Fátima, a buscar o céu como uma realidade dos bem-aventurados e a romper com todo e qualquer pacto com o Inimigo de Deus.
Em Fátima, Maria fala de Paz, em particular o fim da 1ª Guerra Mundial. Mas, em um contexto atual, exorta que os conflitos e verdadeiras guerrilhas rurais, urbanas, familiares e pessoais serão pacificadas quando no coração humano pulsar os sentimentos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria.
Nossa Senhora de Fátima prenunciou a queda dos muros que dividiam nações e nos apresenta um desafio continuo para um empenho pessoal de construir pontes em situações de abismos.
Na última aparição em Fátima, Nossa Senhora traz o Menino Jesus e, quando se despede, insiste veementemente na recitação do terço.
O sol estremece mediante as bênçãos que são derramadas sobre o mundo por intercessão de Maria, pelo próprio Jesus Cristo Senhor Nosso.
Fico a refletir que se até o sol (astro maior) se abala diante das bênçãos de Deus, quanto mais nossas frágeis vidas e nosso mísero coração.
Nesta aparição, há algo muito importante a ser destacado: Maria não só insistiu na necessidade de rezar, mas também ensinou uma oração que posteriormente foi incorporada na recitação do terço. Disse Maria, em Fátima:
“Quereis aprender uma oração? Quando rezais o terço, dizei em cada mistério: Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, Livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém!”
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 16 de Junho
Filhos e filhas,
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida" (Jo 6,54-55).
Começo essa reflexão com um versículo sobre o Pão da Vida, que é Jesus, para nos lembrarmos de que Corpus Christi, celebrado nesta quinta-feira. Este dia não é somente um feriado, já que para nós católicos é um dia de manifestarmos publicamente nossa fé em Jesus Cristo, presente na Sagrada Eucaristia.
Em minhas homilias e reflexões tenho falado do privilégio e da responsabilidade de sermos a única Igreja em que Jesus se faz presente em corpo, sangue, alma e divindade em nossos sacrários. Tenho exaltado a importância de que em toda quinta-feira faça-se uma visita a Capela do Santíssimo, prestar alguns minutos, pelo menos, de adoração.
Reforço essa recomendação porque é na Eucaristia, filhos e filhas, que Jesus oferece a si mesmo como força espiritual para nos ajudar na caminhada rumo ao céu, principalmente a colocar em prática o mandamento de amar uns aos outros como Ele nos amou.
No capítulo 6 do Evangelho segundo São João, conhecido como discurso do “Pão da Vida”, Jesus afirma que ele é “o pão vivo que desceu do céu”, ou seja, Ele nos diz que o Pai o enviou ao mundo como o alimento de vida eterna e por isso Ele vai sacrificar a si mesmo, a sua carne.
Na cruz, Jesus deu o seu corpo e derramou o seu sangue. O Filho do homem crucificado é o verdadeiro Cordeiro pascal, que nos faz sair da escravidão do pecado e nos apoia no caminho para a terra prometida. E a Eucaristia é o Sacramento da sua carne, dada para vivificar o mundo. Quem se nutre deste alimento permanece em Jesus e vive por Ele.
Nutrir-se de Jesus na Eucaristia significa abandonar-nos com confiança a Ele e deixar-nos guiar por Ele. Trata-se de acolher Jesus no lugar do próprio “eu”. Desta forma, o amor gratuito recebido de Cristo na Comunhão eucarística alimenta o nosso amor por Deus e pelos nossos irmãos que encontramos no cada dia.
Por fim, finalizo esta mensagem com um trecho da belíssima Lauda Sion, de São Tomás de Aquino, para nossa reflexão nesta Solenidade de Corpus Christi:
Faz-se carne o pão de trigo,
faz-se sangue o vinho amigo:
deve-o crer todo cristão.
Se não vês nem compreendes,
gosto e vista tu transcendes,
elevado pela fé.
Pão e vinho, eis o que vemos;
mas ao Cristo é que nós temos
em tão ínfimos sinais...
Alimento verdadeiro,
permanece o Cristo inteiro
quer no vinho, quer no pão.
É por todos recebido,
não em parte ou dividido,
pois inteiro é que se dá!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas,
Tenho convicção de que para Deus nada é impossível. Ele está sempre pronto a nos escutar e não é indiferente às contingências da nossa vida, especialmente aquelas que nos impõem maior dificuldade.
Trago esse tema inspirado na santa que a Igreja celebra no próximo domingo, dia 22 de maio, Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis. Ela traz esse título porque em sua própria vida enfrentou provações que pareciam intransponíveis, mas confiando na ação divina, venceu todas.
O exemplo dela só reafirma que, quando Deus permite a ocorrência de uma provação, Ele está agindo como Pai zeloso, que utiliza esses desafios para nosso amadurecimento e para nos transmitir lições valiosas, porque nos ama. Como afirma a Carta aos Hebreus: “O Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho. E qual é o filho que não é corrigido pelo pai? Pelo contrário, se vocês não são corrigidos como acontece com todos, então vocês são bastardos e não filhos” (Heb 12, 6-8).
Vale lembrar que mesmo as situações difíceis podem trazer boas oportunidades, já que muitas pessoas crescem e conseguem se estabelecer em tempos de crise. Espiritualmente, também podemos colher bons frutos, pois toda tribulação traz consigo um estímulo à verdadeira conversão, levando-nos à perseverança e a uma profunda experiência com Deus.
Cabe a nós não dar ouvidos às investidas do Inimigo e manter a serenidade. Se ficarmos apavorados, imersos em pensamentos negativos — “Deus se esqueceu de mim!”, “Deus não me ama!”, ou “Por que Deus não me escuta?” —, estaremos agindo exatamente como o Diabo quer.
Não há montanha que o Deus do impossível não consiga mover. Se a graça está demorando é porque o Altíssimo está caprichando e preparando o melhor para nós. A oração que sai de nosso coração não passa despercebida e atinge o coração de Deus.
Acredite: Ele tem os melhores planos para nós, conforme revelou o profeta: “Sim, eu conheço os desígnios que formei a vosso respeito — oráculo do Senhor —, desígnios de paz e não de desgraça, para vos dar um futuro e uma esperança. Vós me invocareis, vireis e rezareis a mim, e eu vos escutarei. Vós me procurareis e me encontrareis, porque me procurareis de todo coração; eu me deixarei encontrar por vós” (Jr 29, 11-14).
Façamos, portanto, uso daquilo que o Senhor quer dar. Não me refiro a bens materiais, mas à força, à paz e à serenidade para carregarmos a cruz de cada dia. Sigamos o conselho do apóstolo Paulo: “Não vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. Então, a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus” (Fl 4, 6-7).
Quando existe fé verdadeira, não há lugar para incertezas. Todos os dias, somos chamados a reagir de diferentes modos diante das dificuldades e o Senhor Jesus está a garantir: “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (2 Cor 12, 9a).
O sofrimento aproxima-nos d’Ele e é n’Ele que devemos depositar nossa confiança. Isso significa que, para superarmos esses momentos de tribulação, não devemos concentrar nossa atenção nas dificuldades e sim na presença de Jesus, que disse: “Neste mundo, tereis aflições, mas tende coragem; eu venci o mundo” (Jo 16, 33).
Jesus é nosso parceiro de caminhada, assim como foi de Santa Rita de Cássia, dando-nos força e segurança. Ele venceu a morte e prometeu estar conosco até o fim. Com Ele nos amparando, não há o que temer. No amor a Jesus, pelas Suas Santas Chagas, a vitória chegará.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 27 de Julho
Filhos e filhas,
São Pio, protetor da Obra Evangelizar, nos convida: “Contemplemos com devoção o sangue de Jesus derramado até a última gota por nós na cruz pela redenção da humanidade”.
Já estamos na última semana de julho, mês que a Igreja se dedica ao Preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. Essa devoção sempre esteve presente na Igreja, desde o início! São João Batista apresentou Jesus ao mundo dizendo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Sem o Sangue desse Cordeiro, não há salvação. O Sangue precioso de Cristo foi prefigurado também naquele sangue do cordeiro pascal que os judeus colocaram nos umbrais das portas de suas casas, no dia da Páscoa, na saída do Egito, para que o anjo exterminador nenhum mal fizesse ao primogênito daquela casa. É sinal do Sangue do Cristo que nos protege de todos os males do corpo e da alma.
Na tradição da Igreja, São Gaspar de Búfalo propagou fortemente esta devoção, tendo a aprovação da Santa Sé; por isso, é chamado de o “Apóstolo do Preciosíssimo Sangue”. O Papa Bento XIV (1740-1748) ordenou a missa e o ofício em honra ao Sangue de Jesus, que foi estendida à toda Igreja por decreto do Papa Pio IX (1846-1878).
São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus mediante “a aspersão do seu sangue” (1Pe 1, 2). “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo” (1Pe 1,19).
São Paulo também nos diz: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5,8-9).
O Sangue de Cristo nos purifica de todo pecado: “Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1, 7).
“Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu Sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém” (Ap 1, 5).
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 3 de Agosto
Filhos e filhas,
Estamos iniciando o mês de agosto, mês vocacional. Quando se fala em vocação, já se pensa em uma vocação específica para o sacerdócio, vida familiar, leiga ou vida religiosa. E é lícito, homenagear e celebrar, a cada domingo uma vocação específica. Nesta mensagem, gostaria de ressaltar que todos nós somos vocacionados.
A primeira grande vocação humana é a vida. Não existimos por “acaso”, Deus nos chama à vida: “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus” (Ef 2,10). Não somos uma existência aleatória, somos criaturas de Deus. Não existe pessoa que não seja convidada ou chamada por Deus a viver na liberdade.
A outra vocação comum a todos nós é a vocação de batizados, a vocação à santidade. E aceitamos essa vocação pelo Batismo, fonte de todas as vocações. Somos chamados à fé pelo Batismo e assim passamos a fazer parte do tríplice múnus de Cristo: sacerdote, profeta e rei (cf. 1Pd 2,9). Toda pessoa batizada torna-se um seguidor, um discípulo de Cristo.
Por santidade entendemos: a vontade de chegar à perfeição no seguimento a Cristo, anunciando seu Evangelho por onde formos, sendo testemunhas Dele, fazendo parte de uma comunidade de fé, como membro de sua Igreja.
Frente a essas duas vocações, comum a todos, será que estamos sendo um testemunho ou um contratestemunho? Neste sentido somos provocados pela Palavra de Deus: “Escutai sempre e estai sempre prontos a responder pela vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito” (1Pd 3,15).
Estar sempre “pronto” quer dizer resolvido. No seu estado de vida, no seu ambiente, estar certo de que Jesus é nosso salvador e nos chama para proclamar a Boa Nova. A Igreja reforça a cada dia a necessidade de ser uma Igreja em saída, clamando a todos os fiéis: “vão em missão”. Não podemos ficar de braços cruzados, preguiçosos, acomodados. Seria, no mínimo, desrespeito à Igreja e um desrespeito ao Nosso Senhor Jesus Cristo que disse: “Ide e evangelizai fazei discípulos meus em todos os povos” (cf. Mt 28,19).
O grande agente da evangelização é o Espírito Santo. Porém, ele precisa de mim e de você, Ele precisa que nós respondamos “sim”. Todos nós devemos ser protagonistas da evangelização, seja casado, viúvo, solteiro; em nossos ambientes, nas comunidades de vida, de aliança, também nas pastorais e movimentos, devemos abraçar a dimensão missionária e estarmos prontos para defender quando alguém perguntar sobre a razão da nossa esperança.
O Apóstolo Pedro nos ensina que a razão de nossa esperança é aquilo que realmente acreditamos, aquilo que realmente nos leva à razão de existir. Aquilo que nos leva a ser Igreja, que nos leva à missão.
Se conseguíssemos conduzir as pessoas a colocarem sua fé em Jesus Cristo e, consequentemente, na Igreja, nós estaríamos numa nova evangelização. São pontos tão simples, porém, como é desafiador. Partilho um exemplo pessoal. Eu fui muito estimulado a ser Padre, através do testemunho de vida de um sacerdote. Muita gente não entende porque eu entrei no seminário aos 11 anos. Para mim, foi uma coisa muito natural, nunca fui forçado, não fugi de nada. Minha família sempre foi e até hoje é maravilhosa.
Então, me dei conta de que foi por causa do meu pároco Monsenhor Sétimo Giacobo. Foi esse homem, um italiano, excelente Padre, excelente orador, um grande homem dedicado à liturgia, que tocava piano, um homem erudito, que eu, olhando para ele quando criança, fui estimulado a ser Padre. A partir disso, confesso que o meu maior anseio é um dia ouvir um jovem me dizer: “Eu olhei para o seu sacerdócio e desejei ser Padre”.
Da mesma forma, nós deveríamos ter esta mesma perspectiva de querer que na vida que levamos diante de Jesus, sejamos para alguém um estímulo e que alguém, olhando para nossa comunidade, para nossa busca pela santidade, se torne um cristão católico mais fervoroso. Isso é gerar filhos do Espírito, que deveríamos ter como meta.
Que Deus nos dê a graça de vivermos um frutuoso mês vocacional.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 20 de Julho
Filhos e filhas,
No próximo domingo, dia 24, celebraremos o 2º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, também chamado de Jornada. Instituído pelo Papa Francisco no ano passado, a data tem como objetivo destacar o quanto os avós e idosos são um valor e um dom, para a família e para a sociedade.
Eu sou muito feliz em ser o embaixador da Pastoral da Pessoa Idosa. Por isso. nesta mensagem quero destacar alguns pontos da Mensagem do Papa Francisco para o 2º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, a começar pelo tema:
“Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15).
Filhos, a velhice não é algo inútil, pelo contrário, é abençoado! O Santo Padre nos exorta: “chegada a velhice e os cabelos brancos, o Senhor continuará a dar-nos a vida e não deixará que sejamos oprimidos pelo mal. Confiando n’Ele, encontraremos a força para multiplicar o louvor (cf. Sal 71, 14-20) e descobriremos que envelhecer não é apenas a deterioração natural do corpo ou a passagem inevitável do tempo, mas também o dom duma vida longa. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!”
Isso é um alerta para todos nós que vivemos em uma sociedade, que parece ter repulsa da velhice. Todos nós somos convidados a fazer, junto com os idosos e avós, a Revolução da Ternura. E esse é o segundo ponto da mensagem do Papa Francisco.
Em um mundo tão seco, desidratado de Deus, desidratado de amor, temos a missão de sermos, parafraseando Francisco, somos chamados a ser artífices da revolução da ternura através da oração. “Tornemo-nos, também nós, um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina”.
Como é edificante uma família que valoriza os avós, pois nesse caso, todos ganham! As crianças são beneficiadas porque convivem com gerações diferentes, aprendem a valorizar os idosos e mantêm o sentimento de pertença familiar. Alguns estudos indicam até que a convivência com os avós, fornece valores sólidos e apoio emocional aos netos.
E repito, feliz é a família que valoriza os avós, sejam idosos ou não, pois já nos ensina o livro dos Provérbios: “Os netos são a coroa dos anciãos, e os pais são a honra dos filhos” (Pr 17,6).
Então, nesse dia mundial dos avós e dos idosos, convido que cada um tire um tempo do seu final de semana para estar com os avós, ouvindo suas histórias, façam coisas juntos! E sejamos todos artífices da Revolução da Ternuna!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 14 de Setembro
Filhos e filhas,
Já estamos em meados de setembro. Hoje, dia 14, celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz, e amanhã, dia 15, Nossa Senhora das Dores. Pode parecer estranho celebrar um a cruz e o sofrimento, mas a festa não é isso! Devemos dar um passo além, Jesus amou-nos tanto que deu sua vida por nós.
Foi uma entrega, Deus tornou-se humano para vencer a última barreira, a morte. A cruz está vazia, Jesus Ressuscitou e é isso que celebramos, esse amor que vai até as últimas consequências. E nós, criaturas, somos atraídos por esse amor.
O ser humano, a natureza humana tem sede de Deus. Esta é uma verdade que temos que aceitar, nossa alma tem fome de Deus, tem sede de Deus. Nossa natureza humana busca o Seu Criador. Isso não tem relação com as teorias de onde, como ou quando surgiu o ser humano. Todo ser humano é um desdobramento de Deus. Quando nós falamos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança é o mesmo que dizer que Deus nos fez como parte Dele.
E interessante perceber que o ser humano, independente de todas as análises, todo estudo feito sobre o Gêneses, todas as teorias, o fato é que o ser humano, era um ser feito de uma matéria e a partir de uma intervenção de Deus, esse ser humano tomou a consciência. O ser humano se tornou racional, fato esse que não aconteceu com os outros animais.
Muitas são a teorias, mesmo partindo do princípio de que o homem descende de algum animal, houve um princípio e chegou o momento e, é o momento de Deus, onde este animal deu um salto qualitativo, deu um salto que os outros não deram até hoje, um salto da razão, um salto da consciência, um salto da percepção da sua existência, isso é inegável, isso é latente para todos nós.
Não vamos discutir o Gêneses. Se foi de barro, se foi o hálito, o ruah, o sopro da vida, que são imagens simbólicas de uma verdade incontestável num determinado momento, não se sabe como nem quando, nem de que forma, Deus o Criador interveio. Isso nos faz perceber que somos o que somos, porque Deus quis assim. Somos o que somos, porque Deus nos fez, portanto, nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus e por mais que alguns não aceitem, nós temos saudades do Criador.
Está em nossa natureza, em nossa essência, em nossa matéria. Então quando dizemos “tenho saudades de Deus”, “tenho fome de Deus e eu anseio por Deus” é antropológico, é da natureza.
O Salmista expressa esse nosso grande anseio: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3). Depois da criação, ninguém mais viu a face de Deus e o grande anseio é encontrar essa face.
A vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus, Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!
Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).
Que Nossa Senhora das Dores nos ajude nessa busca e encontro, com a certeza de que a vitória vem depois da cruz.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Exaltação da Santa Cruz
Pelo sinal da santa cruz; livrai-nos Deus Nosso Senhor; dos nossos inimigos.
Senhor Jesus por Tuas chagas fomos curados!
Por Tua cruz fomos libertados!
Jesus que em seu próprio corpo levou nossos pecados ao madeiro a fim
de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por Tuas
chagas fomos curados. (1Pe 2,24)
Ó Jesus, em cujos ombros foram abertas feridas por causa do peso da cruz, feridas causadas pelo madeiro e pelos nossos pecados,
Se a cruz pesar seja nosso Cirineu,
Se a cruz pesar e eu cair, ajuda-me a levantar,
Que a Tua cruz seja a minha salvação.
***
Ó Santa Cruz bendita onde a humanidade foi redimida e o Filho do
homem teve suas mãos transpassadas e o seu peito aberto de onde jorrou
água e sangue.
Ó Santa Cruz, instrumento de morte e de castigo, mas que pelo Sangue Redentor tornou-se sinal de nossa salvação.
Jesus na Tua cruz eu coloco a minha cruz.
(Coloque sua intenção)
Salve, ó cruz, doce esperança, concede aos réus remissão;
dá-nos o fruto da graça, que floresceu na Paixão.
Louvor a vós, ó Trindade, fonte de todo perdão
aos que na Cruz foram salvos, dai a celeste mansão.
Jesus dai-nos a graça de viver os frutos da Tua redenção. (3x)
Amém.
fonte: https://www.padrereginaldomanzotti.org.br/novena/da-exaltacao-da-santa-cruz/
Boletim do dia 06 de Outubro de 2022
Filhos e filhas,
Nos próximos dias, vamos celebrar duas datas marianas: dia 7, quinta-feira, Nossa Senhora do Rosário e no dia 12, próxima terça-feira, dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil. Celebraremos o dia da nossa Mãe que, com todo amor, estende seu manto por todos os brasileiros e brasileiras.
Tenho um grande amor por Nossa Senhora. Você que me acompanha a mais tempo, sabe disso. E faço questão de celebrar e exaltar Nossa Senhora Aparecida, pois sou fruto e testemunha viva do seu poder intercessor.
Nessa mensagem destaco duas, entre tantas, virtudes de Nossa Senhora que creio mais inspiram o povo brasileiro: a ESPERANÇA e a FORTALEZA.
Maria é modelo da perfeita Esperança. Demonstrou isso desde sua juventude, quando ardentemente desejou a vinda do Messias. Depois, ao guardar o segredo da filiação divina de Jesus, esperançosa de que José a compreenderia assim que o próprio Deus lhe explicasse.
Teve esperança em Deus quando precisou fugir para o Egito e salvar o Menino Jesus do extermínio imposto por Herodes aos recém-nascidos (Mt 2, 13-14), e novamente durante as Bodas de Caná, ao pedir para fazerem o que Jesus dissesse (Jo 2,5).
Imitar a esperança de Maria é esperar em Deus, é não se desesperar nem desanimar diante das dificuldades e sofrimentos. Mas, como Ela, voltar para Deus na oração, com a convicção de que Ele nos ajudará e só quer o nosso bem.
Maria nos ensina a Fortaleza quando, ao ver todo o sofrimento do seu Filho, manteve-se firme, de é junto à cruz (Jo 19,25), acompanhando-O em todas as suas provações. Essa presença silenciosa de Maria, na hora da dor, que devemos ter como exemplo em nossa vida.
Às vezes, quando nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, por doença ou acidente e pelas quais já não podemos fazer mais nada, não encontramos palavras que confortem. Contudo, mesmo sem verbalizar, nossa presença é de grande ajuda, pois aquele que sofre sabe estar acompanhado em seu calvário.
Maria entendeu isso e, diante da cruz, não pronunciou uma palavra sequer. Pelos Evangelhos sabemos que Jesus falou, enquanto Maria permaneceu de pé, forte, perseverante. Não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui, filho, estou ao Teu lado”.
Certamente, não é fácil. Muitas vezes, dá até vontade de “dormir hoje e acordar apenas quando tudo passar”, como se diz popularmente. Mas, o exemplo de Maria nos ensina a perseverar, nos mantendo firme em meio a pequenos e grandes sofrimentos.
São muitas virtudes que Maria tem, inúmeras, mas nessa semana da padroeira do Brasil, destaco essas duas, para que seja inspiração para o povo brasileiro. E pedindo a intercessão da Mãe, que tenhamos esperança de dias melhores para nossa nação e fortaleza para, juntos, construir um país justo e fraterno.
Que Deus, por intercessão de Nossa Senhora, abençoe a todos nós. Amém
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 02 de Novembro
Filhos e filhas,
Estamos no início do mês de novembro, quando celebramos a Solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados. Esses dois eventos nos levam a refletir sobre a efemeridade da vida e como salientou o Papa Emérito Bento XVI: “A Solenidade de Todos os Santos é a ocasião propícia para elevar o olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, à dimensão de Deus, à dimensão da eternidade e da santidade”.
É importante reforçar que todos nós temos a vocação à santidade. Toda a Sagrada Escritura é um chamado à santidade, ela exorta que a santidade de Deus deve ser imitada. Muitos têm a concepção de que santos são aqueles que tiveram feitos extraordinários, que fizeram milagres e por isso estão nos altares de nossas igrejas. Porém, é possível se santificar pela pequena via, como fez Santa Terezinha do Menino Jesus.
É possível nos santificar vivendo a nossa realidade do dia a dia. Sempre digo que os grandes gestos nos tornam heróis e os pequenos nos tornam santos. A santidade consiste em buscar a face de Deus e ser santo como Ele é Santo (Mt 5,48). Somos o que somos, porque Deus quis, somos o que somos porque Deus nos fez, portanto, nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus.
Viemos de Deus e nossa alma anseia por Deus. Pode o ser humano, nas suas diversas culturas, aceitar ou não: nós temos saudades do Criador, está em nossa natureza, está em nossa essência, está em nossa matéria.
É da natureza humana a fome de Deus, a fome de eternidade, a fome de encontrar o Criador, que só Jesus vem saciar. Ele nos disse: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6,25).
Para nós que nessa luta pela santidade, todo dia procuramos saciar o latente desejo que temos de Deus, Jesus se dá Ele mesmo em comida e bebida (cf. Jo 6,52-59). Então, Jesus nos nutre naquilo que somos por excelência, aquilo que fomos e um dia seremos, face a face com o Criador.
Não
posso deixar de exortar uma prece por todos os falecidos. Para aqueles
que acreditam na ressurreição, a vida não é tirada, mas transformada.
Assim como a semente que, ao cair na terra morre e dessa morte brota a
nova vida, cremos que a morte é a passagem para a ressurreição, a nova
vida em Cristo.
Acreditando que Jesus venceu a morte e ressuscitou, convido-os agora a rezarmos por todos os falecidos uma oração que está no rito das exéquias:
Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma de todos os falecidos na firme esperança de que eles ressurgirão com Cristo no último dia. Escutai, ó Deus, na vossa misericórdia, as nossas preces: abri para eles as portas do paraíso e a nós que ficamos, concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé até que o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco. Amém
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Filhos e filhas,
Estamos vivendo um tempo rico na espiritualidade mariana. Dia 08, celebramos a Imaculada Conceição, enquanto que no dia 12, Nossa Senhora de Guadalupe. Além disso, Maria é uma das figuras centrais no Advento. E não tem outra forma de vivermos esse tempo se não, no colo da Virgem Maria, porque Ela, filhos e filhos, nos leva sempre na presença de seu Filho Jesus. Onde está a Mãe, está o Filho, onde está o Filho, está a Mãe. Não nos esqueçamos disso jamais.
Maria nos convida, todos os dias, a estar na presença de Deus. E ela, todos os dias, nos chama a oração. O Santo Rosário, ou as Mil Ave Marias, como rezamos no Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, são orações cristocêntricas, rezamos a Jesus com Maria.
Para se colocar diante de Deus, é preciso silenciar o interior. Não precisa falar nada, deixe que Jesus fale com você. Mas se for para falar, que em cada palavra o coração esteja junto, ou seja, aquilo que rezamos precisa ser nossa vida.
Alguns padres do deserto nos ensinam esse itinerário para Deus, um caminho sem atalho. São Nilo, padre do deserto, dizia: “Você está triste, desanimado, depressivo? Eu lhe dou um remédio: a oração”. Mas o que rezar? Rezar a Palavra de Deus, rezar a sua vida, pedir mais graças santificantes que temporais. Uma alma sem oração é como carro sem gasolina, não funciona. O combustível mais seguro para que Deus nos mantenha no caminho do bem é a oração, a fé, é o amor
Ninguém experimenta o amor de Deus se não viver na Sua presença. Temos que sempre olhar a bússola de Deus para sabermos para onde estamos indo. Se você tem um problema espiritual, dê a devida atenção. Está em risco a sua salvação. Se procura uma cura, comece pela cura espiritual.
Não tem como curar a vida espiritual se não passar pela confissão, por bom exame de consciência. Quem não confessa, não comunga. Não adianta fazer 12 anos de terapia com um psicólogo se a vida espiritual está cheia de orgulho, egoísmo. Então, faça uma boa confissão.
A cura que queremos está mais próxima do que imaginamos. O dia a dia santifica. Santa Teresa vivia um problema no Carmelo, as monjas não queriam cozinhar, só queriam ficar diante do Santíssimo, achavam que era mais importante aqueles que estavam diante do Santíssimo. Santa Teresa disse: “quando Deus quer nos encontrar, Ele nos encontra quando fazemos tudo com perfeição. Entre as panelas está o Senhor”. O nosso dia tem que ser santificado. Deus caminha conosco no dia a dia. A santidade vem no dia a dia de nossa vida.
Nós queremos que Deus faça a nossa hora. A hora é de Deus. Saiba esperar mesmo na aflição, mesmo não compreendendo, persevere até o fim. Não desista! Se a cura não está completa, acredite que uma ferida foi curada, a cicatrização vem de dentro para fora.
Perdoe as pessoas que estão do seu lado. Quanto mais perdoamos, mais felizes somos. Quem tem dificuldade de perdoar está buscando sua própria amargura. A vingança nunca edifica, o perdão cura. Quanto mais você perdoa, mais pleno de Deus você estará.
Que nos preparemos bem para o Natal do Senhor.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
Boletim do dia 14 de Dezembro
Filhos e filhas,
Já nos aproximamos do 4º Domingo do Advento. Estamos quase às portas do Natal e somos convidados a acolher aquele que vem ao nosso encontro. O Senhor está à porta e bate!
A figura da Virgem Maria, grávida, simboliza a Igreja inteira à espera do Salvador. Maria é a terra fecunda para acolher a semente do Reino, é a imagem do povo da antiga Aliança à espera do Salvador.
O Beato Paulo VI, em sua exortação apostólica Marialis Cultus nos ensina:“no tempo do Advento a Liturgia recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo no período de 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor.
Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, "bem vigilantes na oração e... celebrando os seus divinos louvores". (MC 3,4).
Maria é sempre caminho que leva a Cristo. Nenhum encontro com ela pode deixar de ser encontro com o próprio Cristo. No seio de Maria, Deus se fez uma criança e vem habitar entre nós. Isso a torna a nova arca da aliança. A obra da redenção teve início no ventre de Maria.
Neste peregrinar, rumo a salvação, nós temos o amparo de Nossa Senhora; não para o passado, tentando encontrar Jesus na gruta de Belém do ontem, mas é um peregrinar para a gruta de Belém do amanhã, onde nós, de fato, devemos contemplar Deus face a face.
Deus que sabe da nossa fragilidade, Ele foi gente de carne e osso e foi tão humano, tão humano que só podia ser Deus.
Sabendo que nós, nessa caminhada capengamos, caímos. Por isso, todo ano, Ele nos dá esta oportunidade de fazer novamente brilhar a luz e que se por acaso, nós estivermos em caminhos errados ou tortuosos, retomemos o caminho para gruta, retomemos e condicionemos a nossa vida pessoal e familiar na busca desde Deus.
E Maria, sempre está ao nosso lado. No Natal, quem nasce não é mais um dos grandes personagens, é Nosso Deus. Ou partimos do princípio que, quem nasce é o Deus Encarnado, ou a nossa fé é vã.
Que, sempre amparados por Nossa Senhora, possamos viver intensamente essa preparação para termos um santo e feliz Natal.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
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