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quarta-feira, 15 de março de 2023

AS 24 HORAS DA PAIXÃO

 Livro As 24 Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

foto:https://pt.churchpop.com/quero-te-ensinar-a-estar-comigo-a-mensagem-de-jesus-a-serva-de-deus-luisa-piccarreta/

A Serva de Deus, Luísa Piccarreta nasceu na cidade de Corato, na Província de Bari, Itália, na manhã de 23 de Abril de 1865, Domingo “In Albis” (actual Domingo da Festa da Divina Misericórdia) e no mesmo dia foi batizada; viveu sempre lá e morreu em conceito de santidade no dia 4 de Março de 1947. Os seus pais eram Rosa Tarantino e o senhor Vito Nicola Piccarreta, trabalhador de uma quinta da família Mastorelli. A pequena Luísa, a quarta de cinco filhas, era de temperamento tímido e medroso; no entanto, também era vivaz e alegre.

No Domingo “In Albis” de 1874, com nove anos, fez a Primeira Comunhão e no mesmo dia recebeu o Sacramento da Confirmação. Desde pequena que manifestava uma forte inclinação a dedicar bastante tempo à meditação e oração, tendo como elementos fundamentais da sua vida interior um amor ardente por Jesus sofredor na Sua Paixão e prisioneiro por amor na Eucaristia e uma devoção madura e sólida à Santíssima Virgem Maria. Os seus pais não prestavam atenção a estas suas afeições, até ao momento em que se começou a manifestar na sua filha uma misteriosa enfermidade que a obrigava a ficar de cama. Os médicos, não conseguindo encontrar a causa e de dar um diagnóstico, sugeriram a visita de um sacerdote. Ficaram admirados quando com o sinal da Cruz, Luísa recuperou do seu “estado habitual”, como ela própria o chamou anos depois, ao longo dos seus escritos.

Por volta dos dezoito anos, quando se encontrava em casa a trabalhar e meditava na Paixão de Jesus, sentiu um aperto no coração e dificuldade em respirar. Assustada, foi até à varanda e dali viu que a rua estava cheia de pessoas que empurravam Jesus que levava a cruz. Sofredor e ensanguentado, Jesus, então, levantou os olhos para ela dizendo estas palavras: “Alma, ajuda-me!”

Luísa entrou na sua habitação com o coração desfeito pela dor e chorando Lhe disse: “Quanto sofres, ó meu bom Jesus! Se eu pudesse ao menos ajudar-Te e libertar-Te desses lobos raivosos, oh como quereria sofrer as tuas penas, as tuas dores e fadigas em teu lugar, para, deste modo, Te aliviar mais…! Ah, meu Bem!, faz com que também eu sofra, não é justo que Tu sofras tanto por meu amor e que eu pecadora não sofra por Ti”. E desde aquele momento, repetindo sempre o seu FIAT (faça-se), tornaram-se mais frequentes os períodos em que ficava de cama até chegar à imobilidade por 62 anos.

Nesta “pequena prisão”, Jesus deu-lhe a conhecer o grande desejo do Seu Coração: que o homem viva na Sua Vontade, para regressar à ordem, ao lugar e à finalidade para a qual foi criado, isto é, aquilo que Ele mesmo nos ensinou a pedir no Pai Nosso: “Faça-se a tua Vontade assim na terra como no Céu”, deste modo depositou nela as suas maravilhosas verdades, para que por sua vez, como “Arauto do Reino”, depositária e secretária dos tesouros da Divina Vontade, desse a conhecer o Decreto Eterno da vinda do Seu Reino na Igreja e no Mundo inteiro.

A este respeito escreve S. Aníbal Maria Di Francia:

“Nosso Senhor, que de século em século aumenta sempre mais as maravilhas do seu Amor, parece que desta virgem, que Ele disse que é a mais pequena que encontrou na terra, sem nenhuma instrução, quis fazer dela um instrumento apto para uma missão tão sublime, que nenhuma outra se pode comparar a ela, ou seja, O TRIUNFO DA DIVINA VONTADE no universo, conforme aquilo que dizemos no Pai Nosso: FIAT VOLUNTAS TUA, SICUT IN COELO IN TERRA”.

Luísa, como filha da Igreja, foi-lhe sempre submissa e obediente. Desde o período de 1884 até à sua morte em 1947, esteve submetida ao cuidado e obediência de vários confessores enviados pelo Bispo da sua Arquidiocese. O seu segundo confessor, D. Gennaro di Gennaro em 28 de Fevereiro de 1899 deu-lhe a obediência de escrever tudo quanto acontecia entre Jesus e ela e as graças que continuamente recebia. Foi então que Luísa se dedicou a vencer a repugnância de tornar público aquilo que vivia no seu interior. E assim, com grande esforço, escreveu mais de 2.000 capítulos, recolhidos em trinta e seis volumes, sem contar centenas de cartas, “As Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, e “A Virgem Maria no Reino da Divina Vontade”.

Um dos seus confessores e promotor mais importante da Divina Vontade (a doutrina que Jesus ensinou a Luísa) foi S. Aníbal Maria Di Francia que foi o Revisor Eclesiástico dos volumes (deu o seu Nulla Obstat a 19 dos 36 volumes), e primeiro apóstolo do Reino do Fiat Divino (como Jesus mesmo o chama no volume 20 do seu diário, 6 de Novembro de 1926).

Luísa morreu antes de completar os oitenta e dois anos de idade, no dia 4 de Março de 1947, depois de uma curta, mas fatal pneumonia - a única enfermidade diagnosticada na sua vida -, entrou na Vida Eterna para continuar mergulhada na Divina Vontade no Céu, como o esteve em terra. Em 1993, os seus despojos mortais foram trasladados para o Santuário de Santa Maria Greca, graças ao seu último confessor D. Benedetto Calvi. No dia 20 de Novembro de 1994 – na Festa de Cristo Rei -, a Santa Sé deu o seu “Nulla Obstat” à Arquidiocese de Trani – Barletta-Bisceglie, guiada por Sua Excelência Mons. Carmelo Cassati, para a abertura oficial da Causa de Canonização. No dia 29 de Novembro de 2005 Sua Excelência Mon. Giovan Battista Pichierri - Arcebispo atual da Arquidiocese -, encerrou a fase diocesana, recolhendo imensos documentos e testemunhos sobre a fama de santidade da Serva de Deus, iniciando assim a fase romana da Causa, através da qual o Santo Padre a elevará às honras dos altares. Fonte:http://www.passioiesus.org/pt/luisa/biografia_luisa.htm

A Serva de Deus teve várias visões e revelações
sobre os sofrimentos de Jesus e de Maria
A vida de Luísa fora muito modesta; ela possuía pouco ou nada. Vivia em uma casa alugada, assistida amorosamente pela sua irmã Angelina e por algumas mulheres piedosas. Aquele pouco que ela possuía não lhe bastava sequer para pagar o aluguel da casa. Para sustentar-se, dedicava-se assiduamente aos bordados de almofadas, tirando daí aquilo que lhe bastava para manter a própria irmã, uma vez que ela não tinha necessidade de roupas nem de calçados. O seu alimento consistia de poucos gramas de vianda, que lhe eram oferecidos pela sua assistente Rosária Bucci. Luísa nada pedia, nada desejava e vomitava imediatamente o alimento que ingeria. O seu aspecto não era o de um moribundo, mas nem sequer o de uma pessoa perfeitamente sadia. Contudo, nunca estava inerte: as suas forças eram consumadas no sofrimento quotidiano ou no trabalho e, para quem a conhecia profundamente, a sua vida era considerada um milagre contínuo.

Era admirável o seu desapego de qualquer lucro que não proviesse do seu trabalho diário, Com firmeza, ela rejeitava o dinheiro e os vários presentes que lhe eram enviados com qualquer pretexto. Além disso, nunca aceitou dinheiro pela publicação dos seus livros. Santo Aníbal, que certo dia lhe queria entregar o dinheiro derivado dos direitos de autor, ela respondeu assim: «Não tenho qualquer direito, porque o que ali está escrito não é meu» (cf. «Prefácio» ao livro L’orologio della Passione, Messina 1926). Rejeitava indignada e restituía o dinheiro que às vezes as pessoas piedosas lhe enviavam.

A habitação de Luísa parecia um mosteiro, pois nenhum curioso tinha acesso à mesma. Ela estava sempre circundada por poucas mulheres, que viviam da sua própria espiritualidade, e por algumas jovens que frequentavam a sua casa para aprender a bordar almofadas. Era precisamente desse cenáculo que saíam numerosas vocações religiosas. Porém, a sua obra não se limitava às jovens, uma vez que muitos jovens também foram convidados por ela a entrar nos vários institutos religiosos e no sacerdócio.

O seu dia iniciava por volta das cinco horas da manhã, quando à sua casa chegava o sacerdote para abençoá-la e celebrar a Santa Missa, oficiada pelo seu confessor ou por algum seu delegado: privilégio que ela obteve de Leão XIII, confirmado por São Pio X em 1907. Depois da Santa Missa, Luísa permanecia em oração de ação de graças por cerca de duas horas. Por volta das oito horas iniciava o seu trabalho, que durava até ao meio-dia; após o almoço frugal, permanecia sozinha no seu quarto, em recolhimento. À tarde – depois de algumas horas de trabalho – recitava o Santo Rosário. À noite, por volta das vinte horas, Luísa começava a escrever o seu diário e adormecia por volta da meia-noite. De manhã, encontrava-se imobilizada, rígida, contraída na cama, com a cabeça dobrada à direita, e era necessária a intervenção da autoridade sacerdotal a fim de acordá-la para as suas ocupações diárias e colocá-la sentada na cama.

Luísa faleceu com a idade de 81 anos, 10 meses e nove dias, a 4 de março de 1947, depois de 15 dias uma forte pneumonia, a única enfermidade da sua vida. Ela morreu no fim da noite, na mesma hora em que todos os dias a bênção do sacerdote a libertava do seu estado de rigidez. Nessa época o arcebispo era D. Francesco Petronelli (25 de maio de 1939 – 16 de junho de 1947). Luísa permaneceu sentada na cama. Não foi possível estendê-la e – o que constitui um fenômeno extraordinário – o seu corpo não passou pela rigidez cadavérica e permaneceu na posição em que sempre estivera.






Sem apresentar sinais de corrupção, durante quatro dias, 

seu corpo foi velado e visitado por centenas de pessoas.








Assim que se difundiu a notícia a morte de Luísa, como um regato em cheia, toda a população acorreu à sua casa e foi necessária a intervenção da polícia para conter a multidão que, dia e noite, ia ver Luísa, mulher muito querida ao coração da população. Uma voz ressoava: «Morreu Luísa a Santa!». Para conter toda a multidão que ia vê-la, com o consentimento da autoridade civil e do oficial sanitário, o seu corpo permaneceu exposto por quatro dias, sem dar qualquer sinal de corrupção. Sentada na sua cama, vestida de branco, Luísa não parecia morta; parecia que dormia, uma vez que, como já se disse, o seu corpo não passou pela rigidez cadavérica. Com efeito, sem qualquer esforço era possível movimentar a sua cabeça em todas as direções, erguer os seus braços, dobrar as mãos e todos os dedos; podia-se também levantar as suas pálpebras e observar os seus olhos brilhantes não velados. Todos a consideravam ainda viva, imersa em um sono profundo. Uma equipe de médicos convocados de forma especial declarou, depois de atentos exames do cadáver, que Luísa estava realmente morta e que portanto se devia pensar em uma morte verdadeira e não a uma morte aparente, como todos imaginavam.

Luísa tinha afirmado que nasceu «ao contrário»; por isso, era justo que a sua morte fosse «ao contrário» em relação às outras criaturas. Ela permaneceu sentada, como tinha sempre vivido, e sentada teve que ir para o cemitério, em um ataúde especialmente construído, com as partes laterais e a frente feitas de vidro, de maneira que todos a pudessem ver, como uma rainha no seu trono, vestida de branco, com o Fiat no seu peito. Mais de 40 sacerdotes, o Cabido e o Clero local participaram no cortejo fúnebre; revezando-se as irmãs carregavam-na nos ombros, e uma imensa multidão de cidadãos a circundava: as ruas estavam apinhadas de maneira inverossímil; também as varandas e os tetos das casas estavam repletos de gente, e o cortejo prosseguia com grande dificuldade. As exéquias da pequena filha da Vontade Divina foram celebradas na Igreja Matriz por todo o Cabido. Cada um procurou levar para casa uma recordação, flores, depois de ter tocado o ataúde que, poucos anos mais tarde, foi trasladado para a paróquia de Santa Maria Greca.


Funerais de Luísa Piccarreta: ataúde especialmente feito para ela. 




Em 1994, no dia da solenidade de Cristo Rei na Igreja Matriz, Sua Excelência D. Carmelo Cassati, na presença de um público numerosíssimo e de representantes estrangeiros, abriu oficialmente o processo de beatificação da Serva de Deus Luísa Piccarreta.



Datas significativas (cronologia)

1865 Luísa Piccarreta nasceu no dia 23 de abril, domingo in Albis, em Corato, Bari (Itália), e os seus pais Vito Nicola e Tarantino Filomena, tiveram cinco filhos: Maria, Rachele, Filomena, Luísa e Angela.

Depois de poucas horas do nascimento de Luísa, o seu pai envolveu-a em uma coberta e levou-a à Igreja Matriz para ser batizada. A sua mãe não sofres as dores do parto; o seu nascimento foi indolor.

1872 Recebeu Jesus eucarístico no domingo in Albis e, no mesmo dia, foi-lhe administrado o sacramento da Crisma, pela mãos de D. Giuseppe Bianchi Dottula, então arcebispo de Trani.

1883 Com a idade de 18 anos, da varanda da sua casa vê Jesus curvado sob o peso da cruz, que lhe diz: «Alma, ajuda-me!». A partir desse momento, alma solitária, viveu em contínua união com os sofrimentos inefáveis do seu Esposo divino.

1888 Torna-se Filha de Maria e Terciária dominicana com o nome de Irmã Madalena.

1885-1947 Alma eleita, seráfica esposa de Cristo, humilde e piedosa, dotada por Deus de dons extraordinários, vítima inocente, para-raios da Justiça divina, nos 62 anos ininterruptos de cama, foi Arauto do Reino da Vontade Divina.

4.III.1947 Repleta de méritos, na luz eterna da Vontade Divina terminou – como viveu – os seus dias para triunfar com os anjos e os santos nos esplendores eternos da Vontade Divina.

7.III.1947 Por quatro dias, os seus restos mortais foram expostos à veneração de uma imensa multidão de fiéis, que iam à sua casa para ver pela última vez Luísa a Santa, muito querida ao seu coração. O funeral foi um verdadeiro triunfo; Luísa passou como uma rainha, carregada sobre os ombros, no meio de alas de gente. Todo o clero, secular e religioso, acompanhou o ataúde de Luísa. A liturgia fúnebre realizou-se na Igreja Matriz, com a participação do inteiro Cabido. Na parte da tarde, Luísa foi enterrada na capela gentílica da família Calvi.

3.VII.1963 Os seus restos mortais foram sepultados definitivamente em Santa Maria Greca.

20.XI.1994 Festividade de Cristo Rei. Na Igreja Matriz de Corato, na presença de um numerosíssimo público local e forasteiro, D. Cassati abriu de forma oficial o processo de beatificação da Serva de Deus Luísa Piccarreta.


A primeira imagenzinha da Serva de Deus Luísa Piccarreta, publicada em 1948, com o imprimatur de D. Reginaldo Addazzi, O.P.



Oração pedindo a glorificação da Serva de Deus: 

« Ó Santíssima Trindade,
Pai, Filho, Espírito Santo,
louvamos-Te, e damos-Te graças pelo dom da santidade
da tua Serva fiel Luísa Piccarreta.
Pai, ela viveu na Tua Divina Vontade,
movendo-se sob a ação do Espírito Santo,
conforme ao Teu Filho obediente até à morte de cruz,
Vítima e Hóstia a Ti agradável,
cooperando na obra da Redenção do género humano.
As suas virtudes de obediência, de humildade,
de amor total a Cristo e à Igreja
levam-nos a pedir-Te o dom da sua glorificação na Terra,
para que resplandeça diante de todos a Tua glória,
e que o Teu Reino de verdade, de justiça e de amor
se difunda, até aos confins da terra,
através do carisma particular
do Fiat Voluntas Tua sicut in Caelo et in terra.
Recorremos aos seus méritos para obter de Ti,
Santíssima Trindade,
a graça particular que Te pedimos
com a intenção de cumprir a Tua Divina Vontade. Amém

Três Glórias...
Pai Nosso...
Rainha dos Santos, rogai por nós.


+ Giovanni Battista Pichierri
Arcebispo de Trani-Bisceglie-Barlettta
Trani, 29 de Outubro de 2005

 fonte:http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/04/serva-de-deus-luisa-piccarreta-virgem-e.html

 O  prefácio  escrito pelo confessor da serva de Deus Luísa Piccarreta

Santo Aníbal Maria di Francia foto:https://arquisp.org.br/liturgia/santo-do-dia/santo-anibal-maria-di-francia

Aníbal Maria Di Francia (1851-1927)

Aníbal Maria Di Francia nasceu em Messina (Itália) aos 5 de julho de 1851. Foram seus pais, a nobre senhora Anna Toscano e o cavalheiro Francisco, marquês de S. Catarina de Jonio, vice-cônsul pontifício e capitão honorário da marinha.

Aníbal, terceiro de quatro filhos, ficou órfão aos 15 meses pela morte prematura do pai. A amarga experiência infundiu no animo precoce do menino, uma particular ternura e um especial amor para com os órfãos e crianças abandonadas que caracterizaram não só a sua vida, mas todo o seu sistema educativo.

Desenvolveu grande amor a Jesus Sacramentado, tanto que recebeu autorização - excepcional naquele tempo - de comungar diariamente. Muito jovem ainda, diante de Jesus Sacramentado solenemente exposto, recebeu a graça especial que podemos definir como a inteligência do Rogate (Rogai): «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai [Rogate], pois, ao dono da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita» (Mt 9, 38; Lc 10, 2). Estas palavras do Evangelho constituíram a intuição fundamental, o carisma ao qual dedicou toda a sua vida.

Dotado de grande genialidade e notáveis capacidades literárias, apenas ouviu a chamada do Senhor, respondeu pronta e generosamente, adaptando os talentos ao seu ministério. Completados os estudos, aos 16 de março de 1878, foi ordenado sacerdote. Alguns meses antes se encontrou providencialmente com um mendigo quase cego que lhe proporcionou a oportunidade de entrar em contato com a triste realidade social e moral da periferia mais pobre de Messina, as assim chamadas Casas Avignone que lhe abriu o caminho daquele imenso amor para com os pobres e órfãos que se tornou uma característica fundamental de sua vida. Com o consentimento de seu Bispo foi morar naquele gueto e empenhou todas as suas energias na redenção daqueles infelizes, que aos seus olhos se apresentavam com a imagem evangélica das ovelhas sem pastor. Foi uma experiência marcada por contradições, incompreensões e dificuldades de todo tipo, que superou com grande fé, vendo nos humildes e marginalizados o próprio Jesus Cristo realizando aquilo que definia «espírito de dupla caridade: evangelização e serviço dos pobres».

No ano de 1882 tiveram início seus orfanatos que em seguida colocou sob a proteção de Santo Antonio de Pádua, daí recebendo o nome de antonianos. Sua preocupação não consistia somente em dar aos órfãos pão e trabalho, mas, sobretudo em proporcionar-lhes educação integral especialmente no aspecto moral e religioso, oferecendo aos assistidos um verdadeiro clima de família que favorecesse o processo formativo de descobrir e realizar o plano de Deus.

Pelo seu espírito missionário desejava abraçar todos os órfãos e pobres do mundo. Mas o que fazer? A palavra Rogate abria-lhe esta possibilidade. Por isso escreveu: «O que é este punhado de órfãos que são evangelizados diante de milhões que se perdem e são abandonados como rebanho sem pastor? Eu procurava uma saída ampla, imensa e a encontrei nas adoráveis palavras de N. S. Jesus Cristo: Rogate ergo... e então me pareceu ter encontrado o segredo de todas as boas obras e da salvação de todos os homens».

Aníbal tinha intuído que o Rogate não era uma simples recomendação do Senhor, mas um comando explicito e um «remédio infalível». Razão pela qual seu carisma deve ser considerado principio animador de uma providencial fundação na Igreja. Outro aspecto a se destacar é que ele antecede o tempo ao considerar como vocações também os leigos engajados, pais, professores e até os bons governantes.

Para realizar na Igreja e no mundo seus ideais apostólicos, fundou duas novas famílias religiosas: em 1887 a Congregação das Filhas do Divino Zelo e, dez anos mais tarde, a dos Rogacionistas. Quis que os membros dos dois Institutos, aprovados canonicamente aos 6 de agosto de 1926, se empenhassem a viver o Rogate com um quarto voto. Assim o Di Francia escreveu numa suplica de 1909 a S. Pio X: «Dediquei-me desde a minha juventude à santa palavra do Evangelho: Rogate ergo. Nos meus mínimos Institutos de beneficência se eleva oração incessante e cotidiana dos órfãos, dos pobres, dos sacerdotes e virgens consagradas, com as quais se suplicam aos Corações Santíssimos de Jesus e Maria, ao Patriarca S. Jose e aos Santos Apóstolos para que queiram prover abundantemente a S. Igreja de sacerdotes eleitos e santos, de evangélicos operários da mística messe das almas».

Para difundir a oração pelas orações promoveu numerosas iniciativas, correspondia-se e teve encontros pessoais com os Sumos Pontífices de seu tempo, instituiu a Sagrada Aliança para o clero e a Pia União da Rogação Evangélica para todos os fiéis. Fundou o jornal com o significativo titulo «Deus e o Próximo» para envolver os fiéis na vivência dos mesmos ideais.

«É toda a Igreja - escreve - que oficialmente deve rezar para esta intenção, pois a missão da oração para obter bons operários é tal que deve interessar vivamente os bispos, os pastores do místico rebanho, aos quais são confiadas as almas e são hoje os apóstolos de Jesus Cristo». O Dia Mundial de oração pelas vocações, instituído por Paulo VI em 1964, pode considerar-se a resposta da Igreja à esta sua intuição.

Teve grandíssimo amor ao sacerdócio, convicto de que somente mediante a ação de numerosos e santos sacerdotes é possível salvar a humanidade. Empenhou-se fortemente na formação espiritual dos seminaristas que o Arcebispo de Messina confiou a seus cuidados. Com freqüência repetia que sem uma sólida formação espiritual, sem oração, «toda fadiga dos bispos e reitores de seminários se reduz geralmente a um cultivo artificial de padres...». Sua caridade, definida sem cálculos e sem limites, manifestou-se com conotações particulares mesmo para com sacerdotes em dificuldade e irmãs de clausura.

Durante sua vida terrena já se manifestava clara e genuína fama de santidade observável em todos os níveis, de tal modo que, - quando a 1 de junho 1927 morria santamente em Messina, confortado pela presença de Nossa Senhora que muito amara ao longo de sua existência, o povo repetia: «vamos ver o santo que dorme». Seus funerais foram uma verdadeira e própria apoteose que os jornais da época registraram com precisão não só com artigos, mas também com fotografias. As autoridades foram solícitas em permitir que fosse sepultado no Templo da Rogação Evangélica, cuja construção ele mesmo quis e que é dedicado exatamente ao divino preceito: «Rogai ao dono da colheita para que mande trabalhadores à sua colheita».

As Congregações religiosas dos Rogacionistas e das Filhas do Divino Zelo, fundadas por Padre Aníbal, estão presentes nos cinco continentes empenhadas conforme os ideais do Fundador, na difusão da oração pelas vocações através de centros vocacionais e editoras e na gestão de institutos-assistenciais a favor das crianças (Menores abandonados, meninos de rua, órfãos, surdos-mudos), centros nutricionais e de saúde, abrigos para anciãos e Casa para mães solteiras, escolas e centros de formação profissional...

A santidade e missão de Padre Aníbal declarado «insígne apóstolo da oração pelas vocações» são experimentadas hoje profundamente por todos que estão compenetrados das necessidades vocacionais da Igreja.

O Sumo Pontífice João Paulo II o proclamou Bem-aventurado aos 7 de outubro de 1990 definindo-o «autêntico antecipador e zeloso mestre da moderna pastoral vocacional».

fonte: https://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20040516_di-francia_po.html

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