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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

BOLETINS DO PADRE REGINALDO MANZOTTI - 2024

 




Filhos e filhas

Um feliz e abençoado Ano Novo. Espero que todos tenham passado muito bem, na companhia da família, amigos e pessoas amadas. Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, onde podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom.

Começo o ano propondo a busca, o caminho da paz. Sei que foi o tema da minha última mensagem do ano, mas quero continuar nessa temática porque se estamos bem, se estamos equilibrados em Deus, podemos receber um desaforo sem reagir; podemos ser provocados, mas não levar a provocação adiante. É essa paz que nós temos que cultivar.

Se encontrarmos essa paz em Cristo, ao invés de sermos motivo de discórdia, seremos instrumentos da paz. Semeadores da concórdia, semeadores de um jeito diferente de viver. Para isso, primeiro temos que acreditar na paz, acreditar e saber de onde ela vem. E, ela vem de Deus, por Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai senão por Ele (cf. Jo 14,6).

Jesus se diz o caminho. Ele é a porta estreita, como diz em outro momento, a porta difícil de atravessar. Porém, para passar por Jesus é necessário entender sua proposta. O caminho que significa seguir os seus passos, e assumir as consequências do discipulado. O caminho que significa resignação, esvaziamento, obediência a Deus.

Precisamos ter confiança de que Ele nos auxilia. Precisamos confiar em Jesus, confiar no seu amor, confiar no seu ato redentor e salvífico. Podemos até achar que o mundo está perdido, que a humanidade está perdida, mas não está. Jesus já pagou um alto preço pela humanidade, um preço de sangue derramado na cruz. A humanidade não está caminhando para o caos, porque Ele já conseguiu a vitória.

O Reino já está no meio de nós. Embora, às vezes, não seja fácil enxergá-lo no meio de tantos valores contrários. O Reino de Deus está entre nós como uma semente lançada no coração de cada pessoa. A semente da Palavra já foi lançada na humanidade e em cada um, basta deixar a água que jorra do peito aberto de Cristo ser a primeira chuva para que esta semente germine.

É a água que brota do coração de Jesus, a água límpida, cristalina, repleta de minerais, de graças, de bênçãos, que fará brotar. É a confiança que fará brotar em nós a esperança, que fará brotar em nós os valores do Reino. Se deixarmos a semente do mal permanecer em nós e alimentarmos o vício do pecado, ele produzirá a morte.

Se, confiarmos em Jesus e permitirmos que a água que brota do seu coração venha a nós, o fruto da graça germinará. A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças.

Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!

Um abençoado ano de paz e união a todos!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Boletim do dia 10 de Janeiro

Filhos e filhas

No calendário litúrgico já estamos no tempo comum, ou seja, liturgicamente o tempo das festas acabaram e vamos meditar todos os ensinamentos de Jesus através dos Evangelhos diários. A festa que marca essa transição é justamente o Batismo do Senhor, que este ano, atipicamente, foi celebrado na última segunda-feira, dia 08.

Antes de continuarmos, quero fazer um esclarecimento: Jesus não precisava ser batizado, Ele não se tornou o Messias nesta hora, já nasceu o Messias, o Filho de Deus! Ele se submeteu ao Batismo, não por necessidade, mas para inaugurar esse Sacramento. E celebrar o Batismo de Jesus nos faz recordar o nosso próprio batismo, que, geralmente, recebemos ainda crianças.

Isso sempre me é perguntado, sobre o Batismo de crianças. Essa é uma questão muito recorrente entre os temas mais questionados, sei que já foi amplamente respondido, mas aproveito a data para explicar por esta mensagem também.

Por que batizar crianças? Viver na graça de Deus é bom, não é? Então por que negar isso às crianças? O Batismo é uma graça para a vida humana e ninguém deve ser privado. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “O Batismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também daquele que vai receber o sacramento uma nova criatura, um filho adotivo de Deus, que se tornou participante da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito Santo” (CIC 1265).

E a própria Sagrada Escritura, inclusive, cita o Batismo de crianças: "Disse-lhes Pedro: 'Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe - a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar'." (Atos 2,38-39). E cito também outros textos: At 16,14-15; At 16,33; At 18,8 e 1Cor 1,16.

A tradição da Igreja também ensina o Batismo de crianças, transcrevo aqui um testemunho de Orígenes, no ano 248. "A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foram dados os segredos dos divinos sacramentos, sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9).

É muito importante conhecermos a nossa Igreja, para não termos uma fé “cega”, pois como disse São João Paulo II, “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva em contemplação da verdade”

É dever do pai e da mãe educar os filhos na fé, e o primeiro passo para isso é o Batismo. Não se deve negar o Batismo para ninguém, as comunidades estão de portas abertas para proporcionar o melhor para os fiéis. Então, se tem alguma dúvida ou situação que possa causar certa insegurança sobre o Batismo, marque um horário e procure o sacerdote da sua paróquia ou um líder comunitário.

Não podemos privar as nossas crianças de serem filhos de Deus, o próprio Jesus nos ensina: "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas" (Lc 18,16).

Deus abençoe.

Padre Reginaldo Manzotti

Boletim do dia 24 de Janeiro


Filhos e filhas

A Igreja nessa semana celebra a Conversão de São Paulo (25/01), este grande Apóstolo que pregou a Boa Nova de Jesus Cristo aos não judeus, autor de diversas cartas que compõem a Sagrada Escritura.

Olhando para a vida desse homem que de perseguidor dos cristãos, tornou-se um seguidor e propagador de Cristo, vemos o quão transformador é o encontro com Jesus Cristo. Paulo foi resgatado por Jesus e soube se reinventar com base nesse encontro, que comprova ser possível deixar tudo para trás e se tornar uma pessoa nova, renovada em Cristo!

Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu.  Caiu por terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora, levante-se, entre na cidade, e aí dirão o que você deve fazer”. Os homens que acompanhavam Saulo ficaram cheios de espanto, porque ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo se levantou do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então o pegaram pela mão e o levaram para Damasco. E Saulo ficou três dias sem poder ver, e não comeu nem bebeu nada. (At 9,1-9)

Note que Jesus não muda o nome de Saulo. Paulo era seu nome romano, que deriva do latim Paulus, cujo significado é “pequeno”. Depois de sua conversão, ele mesmo passou a usar esse nome.

Paulo foi restaurado em Cristo e a sua conversão o fez criar consciência dos seus erros e mudar de direção. Não basta o remorso, porque nesse caso a dor é logo esquecida e, no dia seguinte, praticamos os mesmos erros. Muitas vezes, a pessoa até sente remorso por ter mentido, traído ou roubado, mas esse arrependimento precisa se transformar em uma atitude de vida.

No caso se Paulo, o remorso e a consciência do pecado causaram dor, mas instigaram o derramamento do Espírito Santo e o batismo. O remorso foi apenas o passo inicial para uma guinada completa na sua trajetória.

Certamente no começo não foi nada fácil. Paulo começou a testemunhar que Jesus era o Filho de Deus na sinagoga de Damasco (At 9,20). Não pense que a conversão se faz com um simples “Aleluia, aleluia, amém!” ou “Encontrei Jesus, glória a Deus!”. Isso é fogo de palha. Paulo teve que desenvolver serenidade para compreender que as pessoas não esquecem com facilidade, e o fato é que seu passado depunha contra ele.

Devemos aprender com Paulo a ter discernimento, serenidade e força. Ele soube tirar proveito das lições recebidas. Encontrou dificuldade com os Apóstolos e se declarou o menor deles, indigno de ser chamado como tal porque perseguira a Igreja de Deus (cf. 1Cor 15,1-10). Tinha consciência de sua miséria e nunca esqueceu que foi um perseguidor.

A memória do erro permaneceu em Paulo, mas não o impediu de se tornar tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo. E assim devemos fazer também nós, que o nosso erro não nos impeça de sempre recomeçar. Se Paulo conseguiu, com Jesus, nós também conseguimos!

Finalizo esta mensagem pedindo pela cidade de São Paulo, que no dia 25, celebra mais um ano. Que a Luz do Espírito Santo ilumine os governantes e todos os habitantes para que possam, a cada dia, construir uma cidade mais cristã.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 



Boletim do dia 07 de Fevereiro
 

Filhos e filhas

“Eu sou a água viva, se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37-38)

A devoção a Nossa Senhora de Lourdes, celebrada dia 11, exprime muito bem essa frase de Jesus Cristo. Em 25 de fevereiro de 1858, guiada por Nossa Senhora, Bernadete cavou a terra e, daquele pequeno buraco, começou a jorrar água, tornando-se uma fonte milagrosa. Há mais de 150 anos, um simples olho d’água jorra ininterruptamente.

Milhares de fiéis e, em particular, enfermos do mundo inteiro procuram a gruta de Lourdes, na França, em busca de cura para suas doenças até os dias de hoje. Não há explicação, é um fenômeno de fé. Tanto que, na época das aparições, o pároco local ficou desconfiado e pediu um sinal de que tudo o que ali acontecia era divino.

Deus atendeu seu pedido. Por mais de vinte anos um homem que todos conheciam na região, chamado Louis Bourriette, estava cego por ter perdido um olho numa explosão em uma mina. Por ser um homem de fé, Bourriette pediu a sua filha que trouxesse água da nova fonte de Lourdes e pediu que Nossa Senhora intercedesse pela sua cura. Após beber da água, lavou os olhos com ela e logo ele começou a gritar de alegria, pois tinha voltado a enxergar.

Os médicos que haviam atestado que ele jamais poderia recobrar a visão, examinaram o homem novamente, constataram e confirmara: era um milagre. Bourriette enxergava perfeitamente, embora as causas da cegueira continuassem ali: lesões profundas da ferida causada pela explosão e cicatrizes.

E são muitos os milagres que aconteceram e acontecem em Lourdes. Mas bem sabemos que nem todos os que vão até a gruta voltarão para casa com o milagre confirmado, porém não podemos nos esquecer de que não se trata apenas da cura das doenças do corpo, como também de muitos males da alma.

A própria Bernadete não foi poupada de ter um tumor na perna e sofrer por mais de nove anos, ela compreendeu que o poder da cura estava na própria dor, ao exclamar: “O que peço a nosso Senhor é que me fortaleça para suportar com paciência minha enfermidade e ofereço meus sofrimentos como penitência pela conversão dos pecadores”.

Por todos os doentes, do corpo e da alma, rezemos:

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes,

mãe de misericórdia e saúde dos enfermos.

Vós conheceis nossas dores e tristezas,

dignai-vos lançar sobre nós o vosso olhar de mãe.

Aliviai nossos sofrimentos,

confortai nossos corações, avivai nossa fé.

Fazei que nossas dores, unidas à cruz do Senhor,

ajudem a diminuir os males do mundo.

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes, vosso divino Filho nos ensinou:

'Vinde a mim, vós que estais tristes e sobrecarregados e eu vos aliviarei'.

Viemos implorar de Jesus, por meio do vosso coração de mãe,

a saúde e a fé cristã para todos os nossos queridos doentes.

Cheios de confiança, imploramos, ó, mãe querida,

consolo para os nossos doentes,

alívio nas suas dores,

santificação para suas almas.

Amém.

Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti




Filhos e filhas

Convertei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1,15)

É isso mesmo, filhos e filhas, já estamos na Quaresma, tempo favorável para voltar para Deus! No primeiro dia desse tempo, recebemos as cinzas como sinal de que aceitamos e queremos fazer uma caminhada de purificação, de arrependimento e de conversão.

Ao recebermos a imposição das Cinzas, lembramo-nos da nossa condição humana, cheia de incoerências, fraquezas, infidelidade. O gesto da Imposição das Cinzas é externo, mas deve ser fruto de uma vontade interna de mudança e conversão.

As cinzas são dos ramos bentos do ano anterior e cada um, ao recebê-las, deve ter em seu coração a vontade de se voltar para Deus e se deixar reconciliar com Ele. É o próprio Deus quem nos dá essa oportunidade, esse presente e nos propícia essa reconciliação. Como diz São Paulo: “Em Nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20b).

Esse é o sentido da Quaresma: nos permitir reconciliar com Deus através daquilo que nos diz a profecia de Joel: rasgando o coração (cf. Jl 2,13). É muito forte! Não é abrir o coração, é rasgar o coração. É dizer: “Senhor, eu não sou nada. Eu rasgo meu coração e me derramo na Vossa presença. Eu rasgo meu coração e tiro todas as resistências à minha conversão”.

Jamais devemos olhar a Quaresma como um fardo pesado, mas sim como escreveu São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, que no momento favorável, Deus nos ouviu e, no dia da salvação, Ele nos socorreu. É agora o momento, é agora o dia da salvação (2Cor 6,2).

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele. E por isso, nesse tempo, a Igreja indica jejum, oração e caridade.

Filhos e filhas, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno de ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Por isso, eu sugiro que o propósito para a Quaresma desse ano seja diferente. Além de suprimir comidas e bebidas específicas, mais que isso é fazer o sacrifício que Deus nos propõe. Até sugeri para os esposos que a esposa indique um propósito para o marido e vice-versa. Se não tem tanta abertura, escreva 3 sacrifícios e sorteie um. Deus age também no sorteio, veja como foi a escolha de Matias (cf. At 1,12-26).

Quaresma é tempo favorável para a graça. A cada ano, devemos ser pessoas melhores e esse deve ser também o intuito da Quaresma, criar novos hábitos, para sermos homens e mulheres renovados em Cristo.

Que saibamos viver bem esse tempo, muito propício para lembrar a infinita misericórdia de Deus.



Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 


Boletim do dia 21 de Fevereiro

Filhos e filhas

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.

Meus irmãos, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno para ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Deixemo-nos converter por Deus por meio de três práticas:

Oração

Nesse tempo, somos convidados a nos recolher interiormente e a refletir pela oração sobre como está nossa vida espiritual. Se você já reza, intensifique a oração. Não falte à missa, pelo menos as dominicais. Esse é um tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus. Reze com os Salmos e aprofunde-se nas leituras bíblicas. Procure fazer confissões. Participe da oração da Via Sacra. Se dedique àquilo que converge ao foco central desses quarenta dias: Jesus.

Caridade

É o convite a quebrarmos o orgulho e imitarmos a misericórdia do Senhor. Não se trata apenas de esmola material, mas da prática das obras de misericórdia com a caridade material, a escuta, o amor, a visita aos doentes e a solidariedade com os que sofrem.

Jejum

É a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. O jejum nos ensina que somos dependentes de Deus, nos exercita na disciplina, na força de vontade, nos torna sensíveis à fome dos irmãos e irmãs, aumenta nossa concentração e vigilância. Além de tudo isso, o jejum feito por amor a Cristo tem a função de nos unir a Ele, em Seu sofrimento.

Não se pede que ninguém passe fome no jejum Quaresmal. O jejum recomendado pela Igreja e todos os cristãos podem fazer, consiste em que se tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição completa, podendo escolher almoço ou jantar. A outra refeição será substituída por um lanche simples, que não seja igual em quantidade à habitual ou completa.

O importante é não comer nada além dessas três refeições. Estão obrigados ao jejum, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Estão dispensados grávidas e doentes, como também as pessoas que desenvolvem intenso trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

A oração, aliada à caridade e ao jejum é o que nos prepara para viver a Páscoa do Senhor, fortalecendo nossa fé e esperança. Não há como separar a oração da caridade e ambas do jejum. Elas são inseparáveis e devem ser praticadas simultaneamente. Sobre isso, assim se expressou São Pedro Crisólogo: “O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto, quem reza, jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus, não feche o seu a quem o suplica’’.

Finalizo esse artigo citando novamente São Leão Magno: “Tempo de Quaresma é tempo de se viver a doçura, a humildade, a paciência e a paz”. Acima de tudo, é tempo de perdoar as injustiças, as afrontas e esquecer as injúrias. Tempo de combate espiritual. Tempo de jejum medicinal. Tempo de caridade reconciliadora.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Boletim do dia 28 de Fevereiro
Filhos e filhas

Nós, da Obra Evangelizar é Preciso, rumo aos 20 anos, estamos vivendo o ano de São Pio de Pietrelcina, nosso intercessor. Ele esforçou-se para aliviar os sofrimentos e misérias de muitas pessoas, principalmente com a fundação da Casa Alívio do Sofrimento.

Inspirado em nosso intercessor, para vivermos melhor este tempo da Quaresma, proponho refletir sobre as Obras de Misericórdia, para assim colocá-las em prática.

As obras de misericórdia são quatorze. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais, que explanarei na próxima semana e sete espirituais, que são: instruir; aconselhar, consolar, confortar, perdoar, suportar com paciência e rogar pelos vivos e pelos mortos.

- Instruir (ensinar os que não sabem)

Instruir não é simplesmente transmitir conhecimentos, é também corrigir os que erram, doutrinar, ensinar os valores do Evangelho, formar na doutrina e nos bons costumes éticos e morais. Evangelizar é também instruir para a verdade, a luz que vem de Jesus Cristo. À comunidade de Colossenses, Paulo diz: “A palavra de Cristo permaneça em vós com toda sua riqueza, de sorte que com toda sabedoria possais instruir e exortar-vos mutuamente” (Col 3, 16a). Lembremos que toda instrução que brota da caridade, oração e paciência gera frutos em abundância.

- Aconselhar (dar bons conselhos aos que necessitam)

É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Jesus nos orientou e aconselhou a não sermos cegos guinando cegos (cf. Mt 15, 14), e também a primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois tirar o cisco do olho do irmão (Lc 6, 39). Apesar da força deste conselho e alerta de Jesus, não podemos nos eximir de dar bons conselhos àqueles que necessitam. Reforço, dar bons conselhos e não qualquer conselho. Para que isto aconteça é preciso mergulhar na graça do Espírito Santo, para perceber os sinais de Deus que nos auxiliam na compreensão dos fatos e discernimento da vida.

- Consolar (Aliviar o sofrimento dos aflitos)

Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos, principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). A atitude de consolar, apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.

- Confortar (Fortalecer os angustiados e abatidos)

Deus conforta os humildes (2Cor 7, 6). Também assim devemos agir, aperfeiçoando nossas virtudes. O próprio Jesus, no Getsêmani passou por momentos de angústias (Mt 26, 37ss), e foi confortado por um anjo do céu (Lc 22, 43).

Atualmente o desanimo, a angústia tem minado a vida de muitas pessoas, abatendo-as e levando-as até a um estado de depressão. É nosso dever cristão confortar os que necessitam. E, confortar não significa apenas dar o que é material, ou simplesmente tentar fazê-los esquecer do motivo de seu desânimo, mas estar ao lado deles em seu desânimo, tornando esses momentos mais amenos, revigorando-os na fé. Coloquemo-nos à disposição do Espírito Santo de Deus, para que Ele nos inspire e nos use para confortar aqueles que precisam.

- Perdoar (as injustiças de boa vontade)

O perdão é uma exigência do Evangelho e uma condição para entrar no Reino. Jesus nos dá essa lição ao ensinar a oração do Pai-Nosso: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6, 14-15). Se nós não perdoamos, impedimos que o perdão de Deus chegue a nós.

Pedir perdão a Deus é fácil, mas conceder o perdão aos outros na maioria das vezes é difícil, e agimos como o servo mau que foi perdoado no muito que devia, e não soube perdoar seu próximo no pouco que lhe era devido (Mt 18, 23-35). Negar o perdão nos leva um ato de injustiça com Deus, conosco e com os irmãos.

- Suportar com paciência (as adversidades e fraquezas do próximo)

Esta obra espiritual nos exorta a suportar com paciência os que estão próximos a nós, com todas as suas limitações, fraquezas, defeitos, adversidades e misérias. Isto não quer dizer que devemos nos omitir de orientar, encorajar, oferecer oportunidades e servir de suporte, para que, essas limitações e fraquezas sejam superadas.

São Pedro nos diz: “Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus” (1Pd 2, 20). Sejamos acolhedores e pacientes com todos.

- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos

Na oração sacerdotal Jesus rogou a Deus pelos seus e por todos que em todos os tempos viriam a ser seus discípulos, isto é por todos nós (Jo 17). Através desta obra de misericórdia espiritual, somos exortados a rezar pela humanidade, rezar por aqueles que nem conhecemos; rezar pela reparação e expiação dos pecados do mundo; pela conversão dos pecadores; pelo Papa e ministros ordenados que conduzem a Igreja de Deus; pelas vocações sacerdotais e leigas; pelas autoridades; pelos que sofrem e pelos que se recomendam às orações.

Rezar pelas almas é o melhor meio de salvar a nossa, pois como nos ensinou Santo Ambrósio, "Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado".

Que as obras de misericórdia nos ajudem a sermos mais perfeitos e assim construirmos um mundo novo e bem melhor.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Boletim do dia 06 de Março

Filhos e filhas

Estamos na terceira semana da Quaresma, um tempo que nos convida a escolher o caminho o qual percorrer. Tendo como foco que não existe outro caminho, senão Jesus Cristo, nós devemos aproveitar esse tempo que a Igreja nos propõe para escolher um caminho de purificação e iluminação, o caminho de Jesus Cristo.

Querendo ou não, somos bombardeados a todo momento por uma enxurrada de informações, muitas delas desencontradas, que podem nos confundir, não apenas quanto às nossas decisões humanas, mas também em nossa relação com Deus. Por isso, é muito importante purificarmos a fé, mantendo-a “limpa” das falsas verdades e dos incontáveis artifícios criados pelo Inimigo para nos ludibriar segundo seus interesses.

Sobre isso, Nosso Senhor alertou-nos, afirmando: “Muitos virão em Meu nome, dizendo: ‘Sou eu o Cristo’. E seduzirão a muitos” (Mt 24,5). Jesus ainda completou pedindo que não nos deixemos levar.

Isso significa que não podemos ser católicos pela metade, da mesma forma que não adianta o Brasil estar entre os países mais católicos do mundo se, no fim de semana, as pessoas não comungam e não confessam. Devemos escolher o caminho e ser fieis nesse caminho.

Deus é e sempre foi o mesmo, não muda. No entanto a revelação plena ocorreu por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Nesse processo, nós, cristãos, também podemos crescer no conhecimento em relação a Deus. Jesus O revelou completamente, mas quanto mais nós compreendemos as palavras do nosso Salvador, melhor é a compreensão de Deus e de Sua atuação em nossa vida, e assim, melhor podemos anuncia-Lo.

Encontramos tudo em Jesus Cristo. Ele quis fazer-se presente especialmente na Palavra e nos Sacramentos, por isso não perca seu tempo procurando respostas fora. Em Jesus está tudo o que precisamos para nossa vida. Tudo!

Sugiro aqui uma oração para que nossa fé seja firme, sem hesitações.

Senhor Jesus, Deus de infinita bondade, misericórdia e amor,

neste momento em que busco a experiência de um Deus verdadeiro,

purifica a minha fé.

Purifica todas as imperfeições da minha crença.

Purifica, no fogo do Teu Espírito,

tudo aquilo que vai se somando a minha espiritualidade,

mas a torna imperfeita.

Purifica as superstições e o ocultismo.

Purifica a tentação que tenho de dobrar meus joelhos aos ídolos.

Jesus caminho, verdade e vida.

Muitas vezes, num momento de desespero,

numa ânsia desenfreada de buscar respostas ás minhas dores,

Perco-me e meu coração acaba voltando-se para outros altares.

Reconduze-me – Senhor!!!!

Ajuda-me a buscar, na tua misericórdia, todas as graças de que necessito.

Manda teu Espírito sobre mim!

Espírito Santo, fonte de vida, de toda unção, graças e dons.

Espírito Santo – fonte de amor do Pai e do Filho,

Inspira-me sempre em toda a hora, palavras e atitudes.

Inspira-me o que fazer e como fazer.

Espírito Santo, com um raio de tua luz,

toca o meu coração e revigora-me na fé,

santifica-me no amor, unge-me na esperança.

Espírito Santo, força que me entusiasma, luz que me ilumina,

Vem resgatar aquilo que a vida levou a desilusão.

Vem trazer paz para meu coração e repousar sobre mim.

Amém.



Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

BOLETIM DO DIA 10 DE ABRIL


Filhos e filhas

Tudo o que pedirdes com fé na oração, recebereis” (Mt 21,22).

A oração é uma mão de duas vias, nós falamos, nós calamos, Deus nos fala, nós ouvimos. Porém, na maioria das vezes, para nós a oração é “eu falo, eu desabafo, Deus escuta”. Só que Deus também quer falar e não deixamos. Não esperamos para ouvi-Lo.

Na oração deve haver um diálogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o amado. Tomemos por exemplo um casal apaixonado. Às vezes, não precisam falar muito com palavras, pois se falam com o olhar. O amor se expressa pelos olhos. É tão bonito o amor. Quem nunca amou na vida vai morrer sem ter conhecido um dos grandes milagres de Deus, porque o amor verdadeiro é sublime.

O amor entre a alma e o amado, Deus. É o que diz São João da Cruz, num poema:

“Oh! Feliz ventura

Sair, indo à procura do amor,

do meu Amado!”

Nas Sagradas Escritura é só ler o Livro do Cântico dos Cânticos para entender o que é uma alma apaixonada por Deus.

Santa Tereza D’Avila nos ensina: “assim se espera na oração, ao meu ver é um comércio interior de amizade em que nós conversamos a sós com Deus, com esse Deus, que nós sabemos sermos amados, a oração busca do coração que é como o desejo de encontrar o amado”.

É isso que a oração faz, não tem água morna para quem reza, não tem só “mais ou menos”. Se nós conseguíssemos um pouquinho, uma centelha desse amor, uma faísca desse amor do Espírito Santo em nosso coração, então nossa oração seria fervorosa, nós gostaríamos de estar mais na presença do amor que é Deus, porque nossa alma sente necessidade.

O vazio que muitos sentem que não tem bem material que preencha, nem joia, nem roupas de grife. Esse vazio só Deus preenche, esse vazio é o lugar de Deus. A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.

Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.

Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.

A oração é nosso combustível para a caminhada.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti